Novos ataques misóginos e racistas contra Kamala sugerem desespero de Trump

Após atentado, Trump confirma candidatura à Casa Branca

Trump que repetir a campanha de baixo nível de 2016

Lúcia Guimarães
Folha

A intensidade dos ataques misóginos e racistas contra Kamala Harris surpreende até os pessimistas observadores da política americana. A eleição, até há dias definida pela idade avançada de dois homens brancos, virou a disputa de um idoso declarado culpado de estuprar uma jornalista contra a filha de um economista jamaicano e de uma cientista indiana que, à época em que foi promotora, colocou vários patifes como Trump na cadeia.

Sem noção de vergonha, sentimento hoje extinto entre a ultradireita, os capangas de Donald Trump e seus simpatizantes da mídia escolheram a nova Geni e começaram a apedrejar a vice-presidente com insultos de cunho sexual e étnico.

DIFAMAÇÃO – Ela teria dormido com poderosos para chegar ao topo (mentira: Harris namorou publicamente o ex-prefeito de San Francisco quando ele já estava divorciado da mulher); a advogada, duas vezes vencedora da difícil eleição para procuradora-geral do estado quase nação da Califórnia que, em seguida, elegeu-se senadora, teria virado vice de Joe Biden como uma empregada DEI (acrônimo para diversidade, equidade e inclusão).

É o cúmulo dizer que a nativa californiana não poderia se eleger presidente porque seus pais nasceram no exterior (a Constituição garante: qualquer pessoa nascida nos EUA pode se candidatar). Repetir o “birtherismo” que tentaram com Obama, nascido no Havaí, parece desespero.

A hostilidade havia começado já na campanha Biden-Harris de 2020, e o vice da chapa de Trump deixou uma trilha de migalhas de pão digitais para provar.

MAIS IMPOPULAR – Como J.D. Vance é o candidato a vice mais impopular desde 1980, é possível que ele tire mais jovens e minorias de casa para votar contra republicanos arrotando chocalhos raciais como acusar a democrata de “não sentir gratidão” por viver nos Estados Unidos.

Um eleitor negro ouve esse comentário e arrasta até a avó de 90 anos para as urnas.

Como o destrambelhado Trump sofre de incontinência verbal e seu vice é um consumado lambe-botas, ambos não param de facilitar novos comerciais da campanha democrata. Nesta semana, Trump anunciou triunfal num comício que “Kamala não será a primeira mulher presidente”.

MAIS BAIXARIAS – Ele erra a pronúncia —Kâmala— e se refere a ela como Kamála para humilhá-la pela origem imigrante. E ainda arrematou, “não vamos ter uma presidente socialista, especialmente se for mulher”.

Um vídeo ridículo de J.D. Vance voltou a circular, no qual ele diz que a nova geração democrata, mencionando nominalmente Harris, a deputada latina Alexandria Ocasio-Cortez e o secretário de Transportes gay Pete Buttigieg, não passa de um bando de estéreis criadoras (no feminino) de gatos.

Harris tem dois enteados com o marido Doug Emhoff, Buttigieg adotou gêmeos e Ocasio-Cortez está noiva.

O fato é que 2024 não é 2016, quando Hillary Clinton enfrentou uma artilharia de misoginia escatológica como nenhuma outra política de projeção nacional nos EUA.

PELA VAGINA – 2016 foi a campanha do áudio em que Trump se vangloriou de agarrar as mulheres pela vagina.

Nestes oito anos, as mulheres americanas se organizaram melhor, disputaram e venceram mais eleições e estão em pé de guerra contra a volta da criminalização do aborto, cortesia da jurássica Suprema Corte.

Kamala Harris espera a baixaria que virá nos próximos cem dias. Mas uma filha de imigrantes, escoltada ainda criança para a escola no fim da segregação racial, não vira promotora se fica facilmente intimidada.

4 thoughts on “Novos ataques misóginos e racistas contra Kamala sugerem desespero de Trump

  1. A jornalista Lúcia Guimarães, atualmente morando nos EUA, brilhantemente, expôs o desespero de Donald Trump, um misógino declarado ao atacar dia sim, dia não, com adjetivos sexistas, a candidata Kamala Harris. Primeiro disse que ela ria muito, não colou. Depois chamou a adversária Kamala de lunática, não pegou porque lunático é a cara dele. Não conseguindo colar as mentiras de criança mimada, o ogro golpista chamou Kamala de marxista leninista xiita, também não deu liga. O homem da direita extrema está ficando desesperado, faltando pouco para atear fogo as vestes, vendo o sonho de voltar a presidência escorrer pelos dedos.

    Trump se arrepende de passar do tom nos ataques a Joe Biden, principalmente nas críticas sobre a idade avançada de Joe e nos esquecimentos de Biden, que trocou o nome do Zelensk chamando- o de Putin. Esses detalhes, aprofundados por Trump, foram a o motivo principal da entrada em cena de Kamala Harris, após a desistência de Biden, domingo passado.

    Agora, vemos um senhor de 78 anos, Donald Trump, sem ação, um semblante preocupado, triste, uma papada enorme, cabeça virada para o lado, pensando no jogo que virou contra ele.
    Kamala Harris, gentil e educada, nada falou sobre os 78 anos de Trump. Nem precisa, porque ele troca nomes em profusão e no momento, treme de medo de enfrentar Kamala Harris no debate. Trump já declarou, que não pretende debater com ela, pois vai ser arrasado inapelavelmente. Provavelmente, Trump vai desistir, quando Kamela botar 10% na frente das pesquisas. Falta muito pouco. No momento, com cinco dias de campanha, Kamala Harris aparece em empate técnico.

    Trump cantou vitória antes do tempo. Não esperou a chegada do segundo turno e vai perder no tempo normal do jogo. Para Trump, não terá prorrogação.

    Restará a esse mentiroso contumaz, apelar para fraude nas Urnas. Que papelão. Para que esse hercúleo esforço, se ele não fez nada de bom no primeiro mandato?

    Os americanos sabem, que Trump é um perigo para a Democracia nos EUA e no mundo.

  2. Extraído do Globo:
    … …
    Lula: Sabe, porque… até a Clara Ant (…) porque fica procurando o que fazer. Faz um movimento da mulher contra esse f****. Porque ele batia na mulher, levava ela pro culto, deixava ela se f****, dava chibatada nela. Cadê as mulheres de grelo duro do nosso partido?

    Vanucchi: É isso aí. Sua fala foi muito boa.

    A divulgação da conversa provocou a reação e indignação imeadiata dos internautas:

    A indignação ganhou força, também, após a liberação de uma outra conversa de Lula, dessa vez com a presidente Dilma Rousseff. Por telefone, o ex-presidente conta que quando a cinco policiais federais foram à casa de Clara Ant, atual diretora do Instituto Lula, ela estava dormindo sozinha e se assustou com a chegada dos agentes, acreditando ser um “presente de Deus”, o que arrancou gargalhadas da presidente, mas não da internet:

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