Futuro presidente da Câmara precisa reduzir atual estresse com o Planalto

Charge do Gomez (Correio Braziliense)

Dora Kramer
Folha

À primeira vista a cena da sucessão na presidência da Câmara ficou mais obscura, mas à luz da realidade da Casa a coisa clareou e se encaminha para a tentativa de construir um consenso. Não como previsto no roteiro até então apresentado ao público. Nele, Arthur Lira (PP-AL) colocaria o deputado Elmar Nascimento (União-BA) debaixo do braço e goela abaixo do governo e demais políticos a ele resistentes.

Agora o jogo é pela busca da acomodação de forças de governo e oposição em torno de Hugo Motta (Republicanos-PB). Não foi bem uma reviravolta clássica, porque o nome dele figurava há pelo menos três meses como uma espécie de reserva técnica para o caso de não se chegar a um entendimento forte o suficiente para não representar risco de derrota para Lira.

UM PRAGMÁTICO – Amigo de Elmar, o presidente da Câmara é, antes de qualquer coisa, um pragmático. Percebeu que a hora é de aliviar tensões.

Até para manter intactos os interesses dos deputados num Legislativo poderoso, é preciso observar limites para evitar que em algum momento a corda excessivamente esticada arrebente em forma de escândalos.

O cenário hoje é muito diferente daquele em que Arthur Lira venceu o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, na base do enfrentamento e, assim reeleito, manteve-se desde então reafirmando sempre sua liderança interna na base do confronto. Ora implícito, ora explícito.

QUATRO NA DISPUTA – Das várias candidaturas iniciais, sobraram as de Marcos Pereira (Republicanos-SP), Antônio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento. O primeiro desistiu, o segundo é arma de negociação de Gilberto Kassab (PSD-SP) e o terceiro padeceu por força da sede ao pote e de confiança na amizade de Lira. Seria também um perfil agressivo, inadequado à necessidade do momento.

Daí retirou-se da prateleira o nome de Motta, dono de quatro mandatos apesar da pouca idade (34 anos), de figurino moderado, com trânsito no baixo clero (veio de lá).

Agora, é o preferido dos mandachuvas que apostam nele para inaugurar uma fase, senão de paz absoluta, ao menos que permita a troca da pressão constante pelo hábito da negociação permanente.

4 thoughts on “Futuro presidente da Câmara precisa reduzir atual estresse com o Planalto

  1. Reduzir o stress sugnifica ser submisso em outras palavras. Esse País é uma vergonha com presidentes do senado e Câmara não cumprindo suas obrigacoes

  2. Um Congresso com menos pilantras não aceitaria os desmandos do judiciário e do executivo.
    Muitos outros pilantras já teriam sido defenestrados.
    No panorama atual o desenho é todo mundo com os rabos sujos entrelaçados e o equilíbrio se dá com se cair um o efeito dominó derruba o resto.

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