Fernanda Strickland e Júlia Portela
Correio Braziliense
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, condicionou o apoio do partido a candidatos às presidências da Câmara e do Senado que se comprometam a defender o projeto de lei da anistia, que pretende livrar os golpistas do 8 de janeiro. A proposta, na avaliação do dirigente, é um caminho para reverter a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O chamado PL da Anistia está em análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Segundo Costa Neto, o texto é um ponto-chave na sucessão das presidências das duas Casas. “Não tenha dúvida disso”, frisou, em entrevista à CNN Brasil.
ESTÁ CONFIANTE – Costa Neto foi enfático ao afirmar que a inelegibilidade de Bolsonaro será revertida. Ele comparou a situação do ex-presidente com a do atual chefe do Executivo federal, Luiz Inácio Lula da Silva, que também enfrentou restrições legais antes de concorrer novamente à cadeira do Palácio do Planalto.
“Vamos lutar para incluir Bolsonaro”, frisou, em relação ao projeto de lei, “porque a condenação dele foi simplesmente absurda. Só porque conversou com embaixadores e disse que era contra as urnas. É a opinião dele, que tem de ser respeitada. Na opinião do dirigente, o caminho legislativo para reverter a inelegibilidade é mais “fácil” do que tentar uma decisão favorável na Justiça Eleitoral.
“O projeto de lei não trata do assunto do Bolsonaro. Vamos ter de fazer isso no andar da carruagem. E temos de pôr isso na pauta do presidente da Câmara e do presidente do Senado, a serem eleitos”, destacou.
INELEGÍVEL – Bolsonaro está inelegível por oito anos. Em 2023, ele foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político na corrida eleitoral de 2022. Em julho daquele ano, o então presidente fez uma reunião com embaixadores na qual colocou em dúvida a lisura do processo eleitoral, sem apresentar provas.
Apesar do aparente entusiasmo, Costa Neto admitiu que convencer a Câmara a apoiar o PL da Anistia será tarefa complicada. “Agora, nós temos que convencer os deputados a votarem”, afirmou.
Na Câmara, o PL conta com 92 parlamentares, a maior bancada da Casa. No Senado, o partido tem 14 integrantes. Embora as eleições para as duas presidências estejam previstas apenas para fevereiro de 2025, as articulações em torno da sucessão do deputado Arthur Lira (PP-AL) e do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) estão em pleno andamento nos bastidores do Congresso.
CANDIDATOS – Para a sucessão na Câmara, há três candidatos: Hugo Motta (Republicanos-PB), Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antonio Brito (PSD-BA). Motta corre por fora, com acenos de que será o candidato de Arthur Lira, atual presidente.
Já Nascimento e Brito se juntaram em uma aliança: o candidato que tiver mais apoio com a chegada da eleição será o escolhido para continuar a campanha, com o apoio do outro.
Nesta semana, deputados do PT se reuniram para discutir quem a sigla deve apoiar. A bancada tem 68 deputados, só perdendo para o PL. O líder da legenda na Câmara, Odair Cunha (MG), afirmou, na terça-feira, que o apoio pode ir para Motta.
MAIOR DISCUSSÃO – “O PT está discutindo qual é a tese que nós vamos decidir. Se vamos decidir pela manutenção e pela permanência no blocão ou se vamos produzir um novo bloco aqui na Casa. Essa é a discussão central. E nessa tese de permanência, temos uma candidatura que significa a convergência dessas forças políticas, que é a do Hugo Motta”, disse Cunha.
Nesta quinta-feira, Lula disse que pretende ficar fora das discussões. “Tenho como prática política não me meter na escolha do presidente da Câmara. Isso é uma coisa do Congresso Nacional. Como eu respeito a autonomia de cada Poder, o meu presidente será aquele que for eleito”, garantiu, em entrevista a uma rádio baiana. “Goste eu dele ou não, vou conversar e tratar como presidente da Câmara.”
Já Elmar Nascimento busca apoio por fora. Na segunda-feira, ele se reuniu com membros do MST e foi a São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, para um encontro com metalúrgicos.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Se Lula foi descondenado por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, hipoteticamente Bolsonaro também poderia ser anistiado, mas o ministro Alexandre de Moraes já avisou que o Supremo não aceitará tal decisão. E agora? (C.N.)
Para o país “acordar politicamente” é importante que o Bolsonaro continue inelegível, pois esta é umas das poucas formas de acabarmos com o radicalismo irracional que tanto prejudica o desenvolvimento do país, pois com a ausência do Bolsonaro o Lula jamais será reeleito (a candidatura de um serve para viabilizar e potencializar a candidatura do outro) e nenhum dos dois tem qualquer projeto de governo e sobretudo qualquer programa de longo prazo para o país, fazendo com que o país não aproveite as oportunidades que tem surgido nos últimos anos.