Mario Sabino
Metrópoles
Os jornalistas brasileiros estão excitadíssimos com o indiciamento de Jair Bolsonaro et caterva. Chega a ser comovente. Um deles comparou o que não existiu com o que existiu e disse que o “golpe de Bolsonaro seria mais violento do que o de 1964” (peço desculpas pelo arroubo do colega aos parentes das centenas de torturados e mortos pela ditadura militar).
Outro aventou que o nome “Punhal Verde Amarelo”, escolhido pelos kids pretos para a sua ação golpista, poderia ser uma referência à “Noite dos Longos Punhais” — que ele definiu como “o maior expurgo de opositores e pessoas que não compartilhavam da ideologia nazista” (o expurgo foi principalmente interno ao partido nazista, com a eliminação de Ernst Röhm, chefão das SA, e os seus asseclas, mas história não é o forte dos jornalistas brasileiros).
POLÍTICO MORTO? – Há também aqueles que já declaram Jair Bolsonaro morto politicamente, esquecendo que as ressurreições e encarnações são milagre cotidiano neste Brasil espírita.
A excitação é tão grande, que ninguém está nem aí, outra vez, com o fato de uma das vítimas na mira dos golpistas ser o juiz que os sentenciará — uma dessas inovações jurídicas que só cabem no Estado de Direito tabajara sob o qual vivemos.
Os jornalistas que não se incomodam com a inovação — pelo contrário, até a aplaudem entusiasticamente — são os mesmos que ficaram indignadíssimos com o fato de o então juiz Sergio Moro conversar fora dos autos da Lava Jato com o então procurador Deltan Dallagnol, o que constituiria gravíssimo atentado contra o Estado de Direito.
DESVÃOS TABAJARAS – O Estado de Direito, porém, não faltou ao chamamento dos filhos deste solo e de mãe gentil.
Nos seus desvãos tabajaras, o hackeamento do aplicativo de mensagens do procurador produziu provas cuja ilegalidade foi contornada com muita criatividade, coragem e determinação pelo nosso STF para soltar Lula e anular outras condenações no maior esquema de corrupção da história brasileira e quiçá mundial.
Quem acabou punido foi Deltan Dallagnol, cujo registro de candidato a deputado federal foi cassado também criativamente pelo TSE. Quanto a Sergio Moro, ele que fique esperto com a clava engenhosa da Justiça.
NOBRE REVANCHISMO – Os jornalistas estão excitadíssimos e alguns deles, armados do mais nobre revanchismo nascido em 1964, comemoram a humilhação a que Jair Bolsonaro e os kids pretos submeteram as Forças Armadas, que se deixaram enredar nessa história suja.
Que tenham sido elas a fazer-se de surdas aos apelos golpistas de integrantes seus, garantindo a manutenção da democracia, dentro do seu papel constitucional, isso é coisa de somenos, assim como a Constituição.
Tabajaras nascemos, tabajaras morreremos.
A prova da existência de um “plantado” Agente Duplo(informante=o dedo duro=armador de situações comprometedoras), na equipe de “confiança” de Bolsonaro: “Segundo a decisão de Moraes, o crime não teria se consumado porque o ministro não utilizou a rota esperada pelos investigados.”
PS. Como Moraes soube?
É só o A_Lei_xandre de Moraes que acha que ainda temos democracia no Brasil.
Brasil vive declínio da economia e da democracia, diz Wall Street Journal: ‘República das bananas’
https://www.conexaopolitica.com.br/politica/milei-reposta-video-abracado-com-bolsonaro-mas-distante-de-lula-longe-de-comunista/
Tem mais é que ficar comovida, pois se o golpe fosse consumado nem comoção teria direito de ter, ou esquecem que o COISO detestava a imprensa.
Se tudo o que vem sendo apresentado for considerado verdadeiro.
A burrice dos gestores é muito mais perigosa do que a maldade.