Na nuvem do Banco Central, Selic e inflação descem, mas juros reais sobem

Charge do Sinfrônio (humornanet.com)

Pedro do Coutto

O Banco Central reduziu de 13,75% para 13,25% os juros da taxa Selic que se mantinham elevados há praticamente três anos. O voto de desempate, surpreendentemente, foi de Roberto Campos Neto, que comandava a resistência a qualquer recuo da taxa. Tornou-se assim alvo do presidente Lula e do governo, pois se transformou num verdadeiro líder da oposição no universo monetário no país.

À primeira vista, a decisão foi recebida com alívio, um avanço para facilitar o acesso ao crédito tanto por parte das empresas que querem investir quanto da população que deseja consumir. Entretanto, examinando-se bem a questão, verifica-se que a influência da redução de 0,5% não alcançará efeito concreto na distensão de uma política de concentração de renda. Isso porque vamos comparar os números mais recentes entre a inflação e a Selic fixada pelo BC.

JUROS REAIS – Dentro da relatividade, constatamos que em 2021 para uma inflação de 10,6%, a Selic alcançou 13,75%. Logo, os juros reais estão em cerca de 3%. Em 2022, o IBGE estimou a inflação em 5,7%, e a Selic continuou em 13,75%. Os juros reais foram de 8% ao ano. Agora, na previsão para 2023, a inflação está calculada em 3,2%. A Selic passou para 13,25%. Portanto, os juros reais do mercado subiram e não desceram, atingindo dez pontos percentuais. Não há como negar esse resultado. Continua a ser ótimo para que o pequeno grupo de empresas e pessoas mantenham lucros elevados fomentando a política de concentração de renda.

A posição assumida por Campos Neto, elogiada por Fernando Haddad, é apenas uma cortina de fumaça para ocultar a verdadeira face da questão. Devemos observar paralelamente que o governo Lula não tocou em salários e a remuneração do trabalho humano. Pelo menos numa escala que não perca para o processo inflacionário é fator decisivo para o combate à fome, à insegurança alimentar e para o desenvolvimento social do país.

A compressão social era tão grande que se refletiu no número de 74 milhões de pessoas com dívidas vencidas a pagar. O governo teve que desencadear a operação “Desenrola” para aliviar uma situação que também inclui o risco de se eternizar, pois uma vez reabilitados no crédito, uma tendência inevitável será a de que uma parcela muito grande da população venha a contrair novas dívidas. A propaganda é intensa nesse sentido e os apelos são fortíssimos ao consumo e ao acesso aos cartões de crédito.

OFENSIVA – Os bancos mantêm a ofensiva da oferta dos cartões, não se incomodando muito com o cadastro das pessoas que possam contratá-los. O problema, assim, continua e a nuvem sobre o Bacen, a qual me refiro, assemelha-se às nuvens brancas do inverno que tornam o panorama de rara beleza em que permitem que o sol chegue suavemente nas praias, nas praças e nas ruas das cidades.  

A sensação do sol de inverno assemelha-se à da redução nominal dos juros da Selic, mas é preciso confrontar os juros da Selic com a inflação, uma vez que eles são feitos para remunerar credores e investidores dos títulos que lastreiam uma dívida interna de R$ 6 trilhões. A resolução do problema social brasileiro não avançou com a falsa diminuição dos juros cobrados. Ao contrário, representa um artifício conservador para transmitir uma sensação de falso avanço nas contas públicas.

ASPECTO POSITIVO – As reportagens foram amplamente publicadas na imprensa. Na Folha de S. Paulo, foi de Nathalia Garcia, no O Globo, de Renan Monteiro, e no Estado de S. Paulo, de Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues. Míriam Leitão em seu artigo no O Globo, focaliza bem o tema e destaca como um aspecto positivo a perspectiva de reduções seguidas de meio ponto percentual.

Cada meio ponto percentual, acentuo, equivale a uma redução de R$ 30 bilhões nas despesas do Tesouro com os juros da dívida. A projeção de juros até o final deste ano é observada também por Juliana Causin e João Sorima Neto, O Globo. A perspectiva é favorável, creio, inclusive, que seja a única possível. A força do mercado é muito grande e esse mercado, conforme já me referi, pode ser simbolizado na mão de um tigre.

ZAMBELLI – A deputada Carla Zambelli levou o hacker Walter Delgatti ao encontro do ex-presidente Jair Bolsonaro numa tentativa de fraudar as urnas das eleições de outubro e de preparar uma armadilha para o ministro Alexandre de Moraes. A Polícia Federal, diante das afirmações de Zambelli, quer ouvir novamente o ex-presidente da República.

No O Globo, a reportagem é de Paola Serra, Daniel Gullino, Eduardo Gonçalves e Daniel Saboya. Na Folha de S. Paulo, de Fábio Serapião. No Estado de S. Paulo, escreveram Pepita Ortega e Levi Teles.

ENCONTRO – Walter Delgatti, inclusive, diz ter se encontrado com Jair Bolsonaro no Palácio Alvorada, levado por Carla Zambelli. Delgatti é investigado por vazamento de dados da Lava Jato e outras atividades ilegais na internet. Não conseguiu penetrar nas urnas eletrônicas, principalmente porque elas não estão interligadas ao sistema eletrônico das redes sociais.

Estava tentando, sem conseguir, acessar dados pessoais do ministro Alexandre de Moraes. Como é possível, cabe a pergunta, o então presidente da República receber o hacker no Palácio Alvorada? Surgem novos caminhos que levam à invasão de Brasília e à tentativa de um golpe contra o presidente Lula.

6 thoughts on “Na nuvem do Banco Central, Selic e inflação descem, mas juros reais sobem

  1. “A resolução do problema social brasileiro não avançou com a falsa diminuição dos juros cobrados. Ao contrário, representa um artifício conservador para transmitir uma sensação de falso avanço nas contas públicas.”

    Quem lê, pensa que o militante petista Pedro do Coutto está preocupado com o “falso avanço nas contas públicas”. Ele não está nem aí, já que apoia deslavadamente o governo do narcotraficante Lula da Silva. Fosse verdadeira, Pedro do Coutto estaria criticando o aumento dos gastos públicos com a criação de ministérios e cargos para acomodar os quadrilheiros petralhas e os seus cupinchas.Estaria criticando a gastança com as hospedagens de luxo do turismo sexual da Esbanja, a marmita de presidiário.

    • Você pode provar o que diz sobre Lula? Os crimes que vc imputa a ele em sua fala, vc consegue provar? Pq sabe que a gente ainda está num Estado Democrático de Direito e imputar crime e não provar pode ser problemático a quem afirma. A pergunta é: vc pode provar ou não?!

      • Desde sempre o Partido dos Traficantes (PT), chefiado pelo ladrão Lula da Silva, recebeu grana de origem ilícita (do “irmão” Kadafi, dos sequestradores, do Fidel, do Chaves, do Maduro, das FARCs, etc). A então senadora PETISTA denunciou as malas com “os dólares do narcotráfico” que Lula recebia.

        O Hugo Carvajal, o “El Pojo”, ex-aliado do narcotraficante Maduro, começou a cantar na Espanha, agora que foi extraditado para os USA mostrará as provas para a CIA. O filho do traficante colombiano amigo do Lula já caiu … a emissária do pedófilo Bidê está no Brasil.

        Lula é o “capo” do narcotráfico bolivariano no Brasil.

  2. Minha interpretação sobre o artigo, a redução da taxa Selic segundo o articulista não valeu de bosta nenhuma, antes era a cabeça de burro enterrada, agora parafraseando Rita Lee, a taxa Selic também virou bosta. Tudo vira bosta, ouçam a canção.
    Quanto ao hacker agora transformado em um bem aventurado vai ser o Torquemada que fritará na santa fogueira da esquerda o maior golpista do século.
    Bolsonaro não sabe dar golpe, é um burro, quem sabe dar golpe são os mesmos que deram em Dilma segundo o Dom $talinacio Curro de la Grana, o Barba.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *