Ao invés de “culpar” fake news, é melhor debater projetos já existentes em Porto Alegre

Afinal, onde fica a Lagoa dos Patos e por que tem esse nome? - NSC Total

Já existem estudos para construir três canais de escoamento

Luís Ernesto Lacombe
Gazeta do Povo

Não, não estamos num concurso para saber quem ajuda mais e quem atrapalha mais no socorro ao Rio Grande do Sul. Que bom que a verdadeira sociedade civil está empenhada, entregando-se à solidariedade. Se há dificuldades impostas pela tragédia em si, parece claro que há também obstáculos que poderiam ser evitados.

É um absurdo que tentem impedir que haja relatos contra a burocracia estatal, que haja denúncias de uso político da tragédia, críticas ao trabalho de resgate, acolhimento e proteção dos atingidos. É preciso que entendam que o povo gaúcho tem pressa, que a resposta de todos, de todos, tem de ser rápida.

COBRAR SOLUÇÕES -Apontar possíveis erros, falhas, equívocos, omissões, falta de comprometimento, de organização e planejamento, de qualquer um, em qualquer situação, é uma forma de conduzir a soluções.

Esse movimento é essencial para que o sofrimento dos atingidos pelas enchentes seja reduzido, nesse cenário terrível de calamidade completa.

O que se deve fazer, portanto, é não considerar que as críticas são levianas e têm como objetivo atacar um grupo político, atacar o Estado. Toda denúncia deveria ser investigada, e não descartada como fake news ou, pior, criminalizada. Se a acusação não procede, que se prove o contrário, com informações claras, fundamentadas.

NOTÍCIAS REAIS – Não era mentira que caminhões com mantimentos para o Rio Grande do Sul estavam sendo multados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres. Foi a partir da reportagem do SBT que a ANTT baixou portaria para acabar com esse absurdo.

Não é mentira que a ministra do Planejamento disse que “o dinheiro vai chegar no tempo certo, que não é agora”. Não é mentira que Simone Tebet afirmou que “os prefeitos não sabem o que pedir porque a água não baixou”.

Também não é mentira que a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, queria priorizar o socorro a ciganos e quilombolas. Está no artigo 5.º da Constituição, que já tinha sido rasgada e agora deve estar debaixo d’água: “Todos são iguais perante a lei”.

PRECISAM DE AJUDA – A turma que veste colete, mesmo que num gabinete refrigerado, que faz pose para fotos, que grava vídeos dispensáveis, que troca a imagem de perfil nas redes sociais precisa abandonar a autopromoção, seus interesses políticos, e entender que todos os atingidos precisam de ajuda. E, sem a liberação rápida de verbas, tudo se torna muito difícil.

Os pagadores de impostos, certamente, não querem bancar o Congresso mais caro do mundo, o segundo Judiciário mais caro do mundo…

Só o TSE consome quase R$ 12 bilhões por ano, mesmo quando não há eleições… O fundo eleitoral carrega quase R$ 5 bilhões. O Fundo Partidário arrasta R$ 1,2 bilhão. O Estado gasta muito, e gasta mal.

EXISTEM SOLUÇÕES – E os “ambientalistas” que anunciam o fim do mundo para daqui a dez anos, renováveis por mais dez indefinidamente, não deveriam se opor aos estudos que apontam soluções para as enchentes na região de Porto Alegre.

Hoje, a única ligação da Lagoa dos Patos com o oceano é um estreito canal na sua extremidade sul. Há um projeto para a construção de três canais em outros pontos da lagoa, com comportas que seriam abertas quando houvesse temporais e a água subisse rapidamente.

É preciso que haja prevenção, é preciso que se fale sobre isso. Certamente, a interdição do debate, seja qual for o tema, vai sempre nos condenar, sem distinção, ao flagelo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Importante o artigo enviado por Mário Assis Causanilhas. Mostra que já existem estudos para escoadouros. Além disso, é preciso haver desassoreamento permanente do complexo hídrico, uma medida barata e eficaz. (C.N.)

6 thoughts on “Ao invés de “culpar” fake news, é melhor debater projetos já existentes em Porto Alegre

  1. Gostei desse parágrafo:
    “EXISTEM SOLUÇÕES – E os “ambientalistas” que anunciam o fim do mundo para daqui a dez anos, renováveis por mais dez indefinidamente, não deveriam se opor aos estudos que apontam soluções para as enchentes na região de Porto Alegre.”
    Eu nunca levo a sério esses catastrofistas.
    Na nossa mídia amestrada tem jornalista e dono de jornal que são proprietários das catástrofes, e de acordo com sua ideologia ele vão plantando catástrofes onde e quando querem desde que seja vantajoso em termos políticos e ideológicos.
    O fruto do catastrofismo já se desenha sem rascunho: “Vamos comprar zilhões de toneladas de arroz.”
    A hora e a vez do cavalo no telhado já chegou e já tem gente fazendo foto com a cara ao lado da cara do cavalo.
    Meu medo é que descubram um ornitorrinco ilhado nas enchentes e algum deputado da esquerda resolva fazer uma campanha, chamando Greta, Raoni, Xuxa, di Caprio, Macron para levantar fundos (epa) no salvamento dos ornitorrincos gaúchos. As baleias assediadas por Bolsonaro já foram salvas graças a esses salvadores da pátria.
    A falta de vergonha na cara já foi dita por Capistrano de Abreu.

    O cearense Capistrano de Abreu foi um dos maiores historiadores brasileiros.
    Não cultivava a fama, nem buscava a glória. Ao final de sua vida, tinha uma profunda descrença no progresso e com a razão iluminista. Estes, pareceriam mais lusco-fuscos do que faróis. Percebia uma crescente perda dos valores – sem nada realmente importante posto no lugar – só futilidades.
    Vivia espremido entre uma sociedade semi-analfabeta e a sombra do Estado, representado por oligarquias carcomidas e corruptas, que ele odiava.
    Defendia uma reforma na Constituição, pela qual a Carta teria apenas dois artigos:
    “Artigo 1º – Todo brasileiro deve ter vergonha na cara.
    Artigo 2º – Revogam-se as disposições em contrário.”
    Ao ser instado a inscrever-se na Academia, respondeu: “fui inscrito na Academia Humana independente de consulta e já acho excessivo.”

    Minha opinião sobre os fatos, viveríamos mais felizes que o país das maravilhas de Alice, se a cada Loola existente vivesse um Capistrano de Abreu junto.
    Hehehe

    • Aqui fizeram a cidade ao lados de rios, Tietê e Pinheiros e seus afluentes….

      São décadas e décadas de enchentes aos longo dos rios, ou melhor, esgotos…

      Grande Abraço.

  2. Trabalhei nas dragagens submarinhas nos três Estados da região Sul do país , ou seja , Paraná , Santa Catarina e Rio Grande do Sul , e já íamos com projetos prontos para serem aplicados em cada estado de caso a caso , sendo que dos últimos projetos realizados foi a abertura de um novo canal de navegação marítima de acesso ao porto de São Francisco do Sul , o aprofundamento do Itajaí -SC em Salseiro , sendo que este tipos de atividades preventivas foram literalmente desprezadas e jogadas no lixo , só se lembram em momentos críticos e trágicos , mas logo , logo caí no esquecimento .

  3. Antes a politica preventiva , era uma regra e considerada salutar para o país , mas de uns tempos pra tornaram-na ” exceção ” , e passaram a beneficiar as politicas ” emergenciais ” na gestão pública , favorecendo a dispensa das legítimas ” licitações públicas ” , para aquisição de ” bens e serviços ” , facilitando o roubo do dinheiro público , portanto toda essa tragédia no RS é parte dessas tramas criminosas dos diferentes agentes públicos , desonestos e corruptos , que deixam de propósito de manter , reformar e recuperar o patrimônio público , até deixando-o cair .

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