Eliane Cantanhêde
Estadão
Foi uma semana dramática para o Congresso, particularmente para a Câmara dos Deputados, que misturou personagens absurdos, decisões inacreditáveis e momentos chocantes que só pioram a imagem e a credibilidade dos políticos e da política. Que tal a profunda falta de ética em pleno Conselho de Ética, com troca de insultos, palavrões, empurrões?
Quando André Janones e Nikolas Ferreira ameaçam trocar chutes e sopapos, diante de celulares ávidos por momentos picantes para animar as torcidas da internet e atrair cliques, a primeira pergunta que vem à mente é quem são esses deputados, de onde saíram? Ambos emergiram para a política, para eleições e para o Congresso graças exatamente à internet, incubadora de “influencers”, “coachs” e outras coisas do gênero.
INDISPENSÁVEIS – Foi assim que Janones se tornou indispensável na campanha de 2022 do presidente Lula, e Ferreira, na do então presidente Jair Bolsonaro: para nadar de braçadas num mar cheio de tubarões e de fake news, ataques, exaltação a aliados e desconstrução de adversários, custe o que custar. A honra? Às favas essa tal de honra.
Além de Janones e Ferreira, também estava no ringue do Conselho de Ética um deputado chamado Zé Trovão, tão caricato quanto o próprio nome, conhecido pelo chapelão e, até pouco tempo, portador de uma tornozeleira eletrônica, além do “coach” Pablo Marçal que, apesar de ex-deputado, usava botom e ocupava assento no conselho como se deputado ainda fosse. Todos gritando com todos, todos ameaçando troca soco com todos. E a ética? Foi varrida para debaixo do tapete.
Comportamentos assim têm um nome bem conhecido, “falta de decoro parlamentar”, passível de punião até com cassação de mandato. Mas quem vai entrar contra quem, e onde, no Conselho de “Ética”? Janones contra Nikolas Ferreira e Nikolas Ferreira contra Janones? Atire a primeira pedra!
PRISÃO E ANISTIA – Enquanto isso, a Polícia Federal deflagrava uma operação para prender duas centenas de criminosos do 8 de Janeiro que não cumpriam medidas cautelares e estavam (muitos ainda estão) foragidos, inclusive na Argentina, com a suspeita de apoio ilegal de parlamentares bolsonaristas. Mas, na Câmara, que foi um dos alvos atingidos em cheio pela selvageria, articula-se justamente a anistia dos que tentaram anular eleições legítimas e dar um golpe de Estado.
A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) é a deputada Caroline de Toni, do PL de Bolsonaro, totalmente desconhecida até assumir essa posição-chave na Câmara. F
oi ela quem anunciou, na última quarta-feira, o deputado bolsonarista Rodrigo Valadares (União-SE) para relatar o projeto. E de quem é esse projeto? Do ex-deputado Major Vitor Hugo, que não é apenas do PL como foi da tropa de choque do governo Bolsonaro.
ANISTIA TOTAL – O texto, apresentado por ele em novembro de 2022, “concede anistia a todos os que tenham participado de manifestações em qualquer lugar do território nacional do dia 30 de outubro de 2022 ao dia de entrada em vigor desta lei”. Leia-se: trata-se de um projeto para blindar, de caminhoneiros bolsonaristas que bloquearam estradas a, preventivamente, os vândalos que viessem a cometer atos como os de 8/1.
Também ao longo de uma semana inimaginável, a grande surpresa do pedido de urgência para um velho projeto, de 2016, vetando a delação premiada de presos. Urgência para um projeto de nove anos?!
Sim, porque as delações que antes pegaram de jeito Lula e seus aliados, hoje pegam Bolsonaro e aliados. Os líderes governistas vão ter de se virar para derrubar o pedido, com um detalhe: o autor do projeto foi o ex-deputado Wadih Damous, do… PT.
BLUSINHAS E PRAIAS – E o que dizer dos dois novos imbróglios que sacodem a República? A “PEC da Blusinhas” e a “PEC das Praias”. Um divide o próprio governo (por exemplo, com Fernando Haddad de um lado e Janja da Silva de outro); a Câmara e Senado; produtores nacionais e compradores do que Lula chama de “bugigangas” da China.
Lula fez um acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira, pela taxação de 20%. O relator no Senado derrubou a taxação e o acordo. Lira tirou um torpedo do seu “escaninho de maldades” e rapidamente fez-se a luz. O projeto foi aprovado.
O outro projeto é o que, assim, do nada, privatiza as praias brasileiras. Em resumo, usa as praias como mais uma poderosa ferramenta para aprofundar a já cruel e inaceitável desigualdade social brasileira. Num país onde homens brancos e ricos podem tudo e as mulheres pobres e pretas não têm nenhum direito, praias são como votos. Ali, todos são iguais: brancos, pretos, indígenas, mulheres, homens, gordos, magros, ricos e pobres. Até isso querem tirar do povo brasileiro?! Tá difícil, gente!
“….criminosos do 8 de Janeiro…”
Se fossem assassinados, traficantes ou ladroes, a Catanhede os chamaria de acusados, mas como são bolsonaristas a imprensa amestrada já julgou e condenou e agora exige o justiçamento, a lei é o processo penal que se dane.
Há “zorra”(arroz), em:
https://youtu.be/o_eDoTXsd_c?si=vQGhkQTtqTF4cMA7
Como dizia e repetia o coronel Kurtz ( Marlon Brandon) em Apocalypse Now, horror, horror e é mesmo um horror. Estou pensando seriamente em deixar de acompanhar o noticiário político, mas é difícil largar vícios de longa data.
Essa mulher é louca, credibilidade de políticos, isso não existe mais aqui nesse país conseguiram avacalhar tudo. Por que não fala do escândalo do arroz, versão atualizada do escândalo dos respiradores
Essa semana foi terrível no Congresso.
Parece um inferno de más práticas legislativas.
Anistia para criminosos, saidinhas, privatização das praias, liberação de fakenews, uma farra do boi, inacreditável.
Dizem, que os vândalos do oito de Janeiro, estão aplaudindo de pé o que tem acontecido dentro do Congressos. Os criminosos quebra tudo que vem pela frente, acham que a direita extremada tem dado razão a eles, pelo que está acontecendo. Com medo de uma nova onda da Selma em direção a Praça dos Três Poderes, suas excelências, senhores deputados e senadores, acenam com uma anistia ampla e irrestrita.
Salve se quem puder. Apertem os cintos, que vem turbulência braba por aí, não só no Brasil, trata-se de um fenômeno mundial.
Não é um bom sinal.
Caro Roberto Nascimento, o movimento mundial à direita populista (extrema), se deve majoritariamente à situação econômica e em parte à insegurança da população. Então pautas como imigração, proteção da economia nacional, negação da proteção ambiental, são exploradas para ganhar votos da população insatisfeita.
Claro, isso muda com o tempo, ao ser percebido que a opção não foi a melhor.
Calma, Sr. Lacerda
Temos que ter esperança que Dona Eliana vá jogar a toalha…
Concordo José Vidal.
No entanto, se torna doloroso para o povo a recuperação do tempo perdido. Muitas vidas ficam pelo caminho.
Quando a sociedade retoma a consciência, ao perceber o erro cometido, também entende que não conseguirá restabelecer o estado das coisas anterior.
A vida se tornou tão difícil e o tempo passou. Aí, vem uma depressão e descrença com políticos de uma maneira geral. Logo, abre uma porteira para soluções autoritárias, do naipe da Ditadura de 1964, de triste memória.
64 foi laboratorial “balão de ensaio”, tanto quanto o destrambelhado evento que multilateralmente à quase tudo fez aderir e continua avançando “khazarianamente” sob ordens e agenda dos mesmos riquíssimos e exigentes patrões, do “Barba & Má Companhia Ilimitada”!