A história do pracinha brasileiro que se apaixonou pela Gioconda na II Guerra

Inspiração da canção "Mia Gioconda"

O soldado brasileiro casou-se com a Gioconda

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor (tenor), ator e compositor carioca Antônio Vicente Felipe Celestino (1894-1968) lançou um estilo caracterizado pelo romantismo exacerbado, comovendo e arrebatando um grande público durante a primeira metade do século XX, através do teatro, do rádio, de discos e do cinema nacional.

“Mia Gioconda” é uma belíssima canção que conta a estória de amor entre uma jovem italiana e um pracinha brasileiro, na Itália, durante a participação da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial. A música lançada por Vicente Celestino, em 1946, pela RCA Victor, cantada em português e italiano, é um verdadeiro documento histórico sobre a FEB.

MINHA GIOCONDA
Vicente Celestino

Do dia que nascemos e vivemos para o mundo
Nos falta uma costela que encontramos num segundo.
Às vezes, muito perto desejamos encontrá-la,
No entanto é preciso muito longe ir buscá-la.
Vejamos o destino de um pracinha brasileiro:
Partindo para a Itália transformou-se num guerreiro
E lá muito distante, despontar o amor sentiu
E disse estas palavras a uma jovem quando a viu:

“Italiana,
La mia vita oggi sei tu!
Io te voglio tanto bene,
Partiremo due insieme.
Ti lasciar non posso più.
Italiana,
Voglio a ti piccola bionda,
Ha il viso degli amori,
La tue lapri son due fiori.
Tu sarai mia Gioconda”.

Vencido o inimigo que antes fora varonil,
Recebeu ordem de embarcar para o Brasil.
Dizia a mesma ordem: “Quem casou não poderá
Levar consigo a esposa, a esposa ficará”.
Prometeu então o bravo, ao dar baixa e ser civil:
“Embarcarás amada, para os céus do meu Brasil!”
E, enquanto ela esperava lá no cais napolitano,
Repetia estas palavras no idioma italiano:

“Brasiliano,
La mia vita oggi sei tu!
Io te voglio tanto bene,
Chiedo a Dio que tu venga.
Ti scordar non posso più!
Brasiliano,
Sono ancora tua bionda!
Mio sposo hai lasciato,
Questo cuore abandonato
Che chiamasti di Gioconda.
Di Gioconda!
Di Gioconda!”

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