Cúpula da Amazônia mostrou que há conscientização na luta contra o desmatamento

Cúpula da Amazônia divulga comunicado conjunto | Agência Brasil

Cúpula da Amazônia teve um resultado que não foi notado

Matheus Leitão
Veja

O engenheiro florestal Tasso Azevedo, especialista do Observatório do Clima e ex-diretor do Serviço Florestal Brasileiro, avaliou à coluna que, apesar da frustração com o não avanço de questões como desmatamento zero e a exploração do petróleo, a Cúpula da Amazônia teve um “vetor superpositivo”.

“As frustrações são menores em relação ao grande avanço: o reconhecimento por parte dos oito países de que há um ponto de não retorno na Amazônia, que esse ponto está próximo e que precisamos agir para evitá-lo. Isso seria impensável há alguns anos, mas agora estamos respondendo ao que a ciência tem apresentado”, afirmou Tasso.

EM 15 ANOS – Até por isso, o engenheiro florestal comemorou o fato de que, agora, é possível levar decisões baseadas na ciência para dentro de política pública. “A gente estima que esse ponto de não retorno está entre 20% e 25% de desmatamento na Amazônia. E a região amazônica como um todo, com os oito países, já perdeu 17% da cobertura. Ou seja, no ritmo de desmatamento atual, cruzaríamos 20% daqui a 15 anos”, explica.

Por isso, na avaliação de Tasso Azevedo, o entendimento de todos os países na Cúpula da Amazônia vem em tempo de frear o processo antes de ultrapassarmos os 20% do desmatamento. “Para mim, de longe, é a questão mais importante”. 

O especialista do Observatório do Clima diz que a Cúpula da Amazônia ainda gerou uma série de indicativos e oportunidades para colaborações entre os países para, por exemplo, a contenção de crimes.

GARIMPO ILEGAL – Tasso Azevedo acredita que uma cooperação contra o garimpo ilegal pode evitar que o ouro escape de um país para o outro, continuando o triste histórico de não haver origem definida para as pedras preciosas.

“Outra possibilidade é o monitoramento das florestas como um todo. O Brasil e Colômbia tem sistemas de monitoramento das florestas, mas os demais países não têm sistemas robustos, sistemáticos para a região. E isso pode ser feito facilmente com uma força de tarefa regional”, garante.

O engenheiro floresta diz, contudo, que a “prova de fogo” acontecerá daqui a dois anos, na próxima Cúpula da Amazônia, quando se saberá se houve avanço em todas as áreas, incluindo a questão do ponto de não retorno. Se sim, o Brasil e a América do Sul estarão no caminho certo.

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