Decisões judiciais e políticas facilitam a expansão do narcotráfico no Brasil

Nani Humor: Tiras - legalização da maconha

Charge do Nani (nanihumor.com)

Leonardo Desideri
Gazeta do Povo

Diversas medidas recentes do Poder Judiciário e do Executivo favorecem o narcotráfico. O julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) da descriminalização das drogas, que deve ser retomado nos próximos dias, pode ser mais um passo nesse sentido. O aumento do tráfico de drogas é uma consequência esperada em caso de vitória do voto até agora majoritário, em favor da descriminalização.

Essa pode ser mais uma das diversas medidas judiciais recentes que facilitam a vida de traficantes. Tanto o STF como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) têm emitido uma série de decisões favoráveis aos criminosos, anulando, por exemplo, provas evidentes de crimes cometidos por traficantes.

EXEMPLOS CLAROS – Recentemente, o STF liberou dois traficantes que carregavam 695 quilos de cocaína encontrados pela Polícia Federal (PF) no Porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, porque os policiais teriam entrado no local sem um mandado de busca e apreensão. O STJ, por sua vez, absolveu em maio um homem condenado por tráfico de drogas porque ele teria confessado o crime sob “estresse policial”.

Em abril, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apresentou ao STF um relatório recomendando restrições a operações policiais nas favelas, no âmbito da ADPF 635, conhecida como “ADPF das Favelas”.

E desde 2020, decisões do STF que restringiram operações policiais em favelas e vedaram o uso de helicópteros têm resultado em aumento do poderio do crime organizado nas favelas cariocas.

PROCURADOR PROTESTA – “Hoje, o Supremo Tribunal Federal atende a todas as demandas do tráfico de drogas. É isso o que o Supremo faz objetivamente. Eu não estou dizendo que eles atendem porque eles querem atender, porque eles estão em conluio com o tráfico. Eles podem ter as melhores intenções – aí eu já não sei, não posso ler a mente dos ministros. Mas o que eu estou dizendo é que, do ponto de vista objetivo – não da intenção deles, mas do ponto de vista objetivo –, o Supremo atende a todas as demandas do crime organizado, em especial do tráfico”, afirma Marcelo Rocha Monteiro, procurador de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

Uma das decisões recentes mais negativas do Judiciário, segundo Monteiro, foi a da restrição do uso de helicópteros pela polícia. “Na geografia do Rio, em geral, o criminoso está no alto de um morro, em posição de superioridade com relação à polícia. O helicóptero quebra isso, e quem passa a ter posição de superioridade é a polícia. O helicóptero é um tremendo reforço para a atividade policial e um tremendo prejuízo para o tráfico. O que o Supremo faz? Proíbe, restringe, dificulta a realização de operações policiais de helicóptero”, critica.

NARCOESTADO – Eduardo Matos de Alencar, doutor em sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), presidente do Instituto Arrecife e autor do livro “De quem é o Comando? O desafio de governar uma prisão no Brasil?” (Record, 2019), afirma que a expressão “narcoestado” pode ser usada “para definir uma situação institucional em que o Estado está rendido para grupos criminosos”.

Essa influência, segundo ele, pode se dar sob um ponto de vista mais explícito, como no caso da Colômbia, ou com envolvimento mais discreto, como no caso da Venezuela, em que militares de alto escalão estão cooptados pelo narcotráfico.

No caso do Brasil, as propostas de políticas para segurança pública e o discurso do presidente Lula e do ministro da Justiça, Flávio Dino, deixam clara uma tendência de vilanização das forças policiais, o que pode contribuir para a consolidação de um narcoestado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Mais um artigo importante, enviado por Mário Assis Causanilhas. O narcotráfico, a corrupção e a criminalidade desafiam a nação. A profissão mais perigosa no mundo é ser policial militar no Brasil. Mas quem se interessa? (C.N.)

10 thoughts on “Decisões judiciais e políticas facilitam a expansão do narcotráfico no Brasil

  1. O que desafia a nação é a falta de oportunidades. As desigualdades tremendas. A falta de tecnologia, a desindustrialização.

    Sem focarmos nas causas que faz os jovens migrarem ao crime, qual a esperança de acabar com o narcotráfico?

    Descriminalização de consumo de drogas? Já há uma lei capenga que fala sobre isso, mas não estipula a quantidade. O legislativo deveria fazer isso, porém está se omitindo há muitos anos. O STF está fazendo isso, pois as cadeias já estão superlotadas e uma decisão dessas pode ajudar um pouquinho a diminuir o ingresso à prisão que hoje, apenas serve para alistar mais gente no crime organizado.

  2. Lá do além, NhôVitor, meu saudoso avô materno, estará pressupondo:
    Acaso estariam pensando em criar o Ministério das Drogas e entre tantos usados “veículos”, quem poderá ser o indicado como ministro?

  3. Enquanto não houver um trabalho serio de inteligência policial, uso de tecnologias como drones, rastreamento de celulares para prender os chefes das organizações criminosas, chegar nas favelas metendo balaço do helicóptero, do caveirão e do escambau será completamente inútil. Até porque os chefões não estão na favela, mas nos bairros chiques.

    Sem falar que as armas do tráfico são desviadas de dentro da própria PM e das FAs.

  4. Uma das decisões recentes mais negativas do Judiciário, segundo Monteiro, foi a da restrição do uso de helicópteros pela polícia. “Na geografia do Rio, em geral, o criminoso está no alto de um morro, em posição de superioridade com relação à polícia. O helicóptero quebra isso, e quem passa a ter posição de superioridade é a polícia. O helicóptero é um tremendo reforço para a atividade policial e um tremendo prejuízo para o tráfico. O que o Supremo faz? Proíbe, restringe, dificulta a realização de operações policiais de helicóptero”, critica

    Muito cedo, este menino – Marcelo Rocha Monteiro – será “lateralizado”, uma outra forma de “escanteado”. Disse tudo que se deveria dizer.

    • Daqui a pouco, os velhos velhacos dirão que a Globo já perdeu vários helicópteros derrubados por filmarem traficantes e ladrões de caminhões nas favelas.

      Acreditem (nele) se quiserem.

  5. A Síndrome de Estocolmo, o eleitor, o “sapo barbudo” e os poderes da República.

    Insistimos que a mentira tem pernas curtas, mas muitos ainda insistem em uma defesa suicida dos agressores, bem ao estilo da Síndrome de Estocolmo, descrita pelo criminalista e psiquiatra Nils Bejerot, em 1973, analisando o mecanismo psicológico de defesa do agredido por medo de retaliação do agressor. Bem nessa linha a política brasileira se encontra repleta de exemplos onde não faltam políticos farsantes e eleitores candidatos a papéis nesse teatro dos absurdos.

    Tinha por hábito a leitura atenta dos colunistas do jornal Tribuna da Imprensa online, versão moderna da antiga Tribuna da Imprensa, Estado do Rio de Janeiro, do jornalista Hélio Fernandes. O jornalista – de verdade – era um arquivo da história política brasileira, mas com idade muito avançada faleceu aos 100 anos de causas naturais. Dos autênticos jornalistas pouco temos, portanto, a Tribuna da Internet segue sob o signo da liberdade, dando sua importante contribuição ao debate nacional dentro de uma pluralidade de opiniões, num esforço hercúleo em meio a muitos veículos de comunicação que se perderam na busca pelas “gordas verbas publicitárias” notadamente egressas dos cofres públicos.

    Relendo artigos daqueles tempos, deparei-me com um muito bem redigido, como sempre, por um grande jornalista colaborador sob o título “O governo Dilma e a Síndrome de Estocolmo”.

    Em dado momento, claro, relembrou ao leitor que a denominação Síndrome de Estocolmo, conforme ficou conhecida, se tratava de uma espécie de vínculo emotivo entre sequestradores e uma jovem sequestrada, por ocasião de um roubo a banco na capital da Suécia, em 1973.

    Complementamos, que enquanto estado psicológico, a Síndrome de Estocolmo funciona como um batismo, uma digital, um nome dado a um “estado psicológico em que uma pessoa, submetida há um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor”.

    Defendeu o articulista, que de semelhante comportamento, digo, síndrome, em tese, pode estar sendo acometidos cidadãos brasileiros incautos e abstraídos da realidade. E justifica, com toda razão, que diante de tanta rapinagem perpetrada por componentes de governos, ainda insistem numa defesa suicida, revelando um vínculo emocional, ao ponto de apaixonadamente renegarem provas e decisões judiciais, como se tudo e todos estivessem à caça de “seus heróis e impolutos pares”. Registre-se, que preteritamente, essas decisões judiciais realmente existiram e quase ninguém nega. Estão nos diários oficiais e fecham com o publique, registre e cumpra-se.

    Em dias atuais, por outro lado, o Supremo Tribunal Federal promoveu um contorcionismo jurídico e anulou, por exemplo, condenações de Lula da Silva, o “Sapo Barbudo”, consoante alcunha dada pelo astuto político Leonel de Moura Brizola, mas sem absolvê-lo, o que o esforço verbal de jornalista televisivo, usando a força de audiência de rede de televisão nacional, não tem como mudar.

    E seguimos nós, acreditando que “vaca dá leite”, ignorando é preciso sair para ordenhá-la. Um filme repetido onde os protagonistas aplicam as mesmas práticas esperando resultado diferente sob a complacência do cidadão-contribuinte-eleitor, como dizia o grande jornalista Hélio Fernandes, que parece anestesiado pelo encarceramento psicológico e temendo retaliação (repetição) e os mesmos sofrimentos, advindos dos confusos e desarmônicos poderes.

  6. Pois é: pra alguns essa é não só a profissão “mais perigosa do país” – assim como deve ser condecorada por mais assassinatos que cometa.

    E haja criminosos nas corporações militares!

    O que Pablo Escobar não conseguiu na Colômbia, o Rio de Janeiro com suas milícias (toleradas, incensadas, temidas…) serviu/serve de laboratório para um Estado narcomilicomiliciano e neo-evangélico.

    Doutrinados que foram ao longo do Tempo para serem sabujos do que havia de pior nos porões dos porões da ditadura milico-servil, poucos conseguiram/conseguem resistir a tal lavagem cerebral.

    Policiais militares e civis que sejam minimamente servidores públicos a serviço da população brasileira são como peixes fora d’água.

    Infelizmente a maioria absoluta das forças de segurança desse país se comporta como jagunça de uma minoria inescrupulosa encastelada nas elites dominantes.

  7. O texto, é um análise simplista de combate o narcotráfico.
    Se a polícia ir às favelas combater o narcotráfico resolvesse, há décadas a polícia faz isso e o narcotráfico fica mais forte. Toda ação tem reação.

    Combate-se o narcotráfico com inteligência e leis, Cito um exemplo: Em 2020 o Exército editou portarias que tratavam do rastreamento, identificação e marcação de armas, munições e demais produtos controlados. Isso é uma das medidas inteligentes para evitar que armas cheguem aos traficantes. Bolsonaro revogou essas portarias e fez o contrário, flexibilizou o uso de armas. Hoje temos mais de 6000 armas provenientes da flexibilização que não se sabe o paradeiro.

    Helicóptero, é um alvo fácil. Imaginem um helicóptero sendo atingido e caindo sobre as casas e explodindo. Naturalmente acham que quem mora na favela não é importante.

    Enquanto houver consumidor de drogas o narcotráfico vai existir.
    Levar o viciado a uma clínica do governo por tempo determinado para tratamento, seria a medida mais importante para salvar o viciado da dependência da droga e combater o tráfico. Sem consumidor, não há vendedor.
    Emprego, salários dignos e principalmente escolas de tempo integral ajudaria muito o combate a todo tipo de crime

  8. Pois é , infelizmente não existe ninguém no congresso nacional Brasileiro , capaz e honrado o suficiente para intervir com apoio das FFAs. no poder judiciário destituir todos os ministros/juízes do STF e nos demais tribunais do país e também destituir todos os parlamentares comprovadamente corruptos e ladrões , pois urge o necessário basta , ás sanhas criminosas de alguns membros dos três poderes da república.

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