Carlos Andreazza
Estadão
Luís Roberto Barroso deu entrevista à Folha. Aula de indeterminação, ou não teria meios de defender-avalizar o colega. Informou-nos de que “vazamento é vazamento”. Não é, não. Alexandre de Moraes não “está investigando um vazamento” – não um de que se possa omitir o complemento.
Está investigando o vazamento de mensagens em que assessores seus articulam como esquentar ordens suas, instrumentalizado o poder de polícia do TSE. O vazamento de mensagens em que é a voz – o delegado – que se ocultava, em proteção ao juiz-total. Ele, Moraes.
TUDO ERRADO – Por que o inquérito sobre esse vazamento está no STF, se o assessor investigado – escolhido por Moraes para a fachada do órgão de combate à desinformação do TSE – não tem foro por prerrogativa de função?
Não há impedimento para a encarnação do estado democrático de direito. Sob o 8 de janeiro permanente: Moraes investiga o que quer; tem a jurisdição que quiser; o Supremo lhe sustentando a liberdade até de censurar em defesa da democracia. Ele é a democracia; e estamos em vigília contra o golpe. A democracia que censura. Justificada.
Falta a vítima. Ele [Moraes] não é vítima do crime. A vítima do crime é a administração da Justiça quando há um vazamento ilegal. Ele não é vítima do vazamento. Quem é a vítima do que os diálogos vazados revelam na forja – “use a criatividade” – de relatórios para lavar encomendas do juiz à alfaiataria? A Justiça no Brasil investiga apenas o vazamento. Não o que expõe. Barroso considera “tempestade fictícia” o que as mensagens evidenciam.
AMPLIDÃO TOTAL – A jurisdição xandônica – o direito de escolher o que e como investigar – é produto dos experimentos tocados via inquérito-pai, o das Fake News, onipresente e infinito, que Moraes preside desde março de 2019. Tudo bem para Barroso. “Eu acho que a duração prolongada do inquérito se deve à sucessão de fatos” – justifica o presidente do STF.
Os fatos em sucessão raramente teriam a ver com o argumento fundador do inquérito. O bicho foi instaurado – sob torção do regimento do STF – para apurar notícias fraudulentas, falsas comunicações de crime, denúncias caluniosas, ameaças e outras infrações caluniosas, difamatórias ou injuriosas contra o Supremo e seus ministros. Esse vago, frouxo, é o seu objeto inicial; em que tudo passaria a caber.
Em defesa da integridade de Dias Toffoli, desonrado pela revelação de que era o amigo do amigo (Lula) do pai de Marcelo Odebrecht, uma reportagem da Crusoé seria censurada. O inquérito tinha um mês. O conceito de honra é elástico quando sob a caneta de um poderoso. Não foi a sucessão de fatos o que prolongou o inquérito. O inquérito se tornou permanente porque seu objeto jamais deixou de se expandir-adaptar à volúpia da democracia.
Quem “respalda” Moraes?
Quem é o “cabeça”, que permite isso, pois se trata de alguém que se sente “poderoso” e crê ter suas razöes pra bagunçar o coreto com toda essa liberdade e acima de qualquer “fôrça”!
“A Função da(o) Cabeça”!
“A cabeça é o único membro pensante de um corpo. É a cabeça que tem o comando e controle de todo o corpo. A cabeça ordena, e o corpo obedece. Pernas não andam sozinhas pela rua, levando junto de si o corpo, sem que haja ordem e determinação da cabeça. O coração acelera por ordem da cabeça, ou desacelera quando a cabeça está calma, a respiração pode parar por ordem da cabeça ou prosseguir, sempre controlada pela cabeça. O corpo, com todos os seus membros, somente obedece às ordens e controle da cabeça. Os membros do corpo não são órgãos pensantes ou com poder próprio de decisão, senão apenas obedecem à cabeça. A cabeça tem igualmente a propriedade de planejar, o que não é uma propriedade do corpo. A cabeça planeja, e o corpo somente executa o planejamento da cabeça.
A origem de todas as coisas está na Cabeça, e não no corpo. Qualquer membro do corpo que tenha atitudes independentes da Cabeça, certamente não irá executar a vontade da Cabeça, trazendo sérios problemas para si mesmo e para o corpo.”
PS. Busca-se, “O Cabeça”!
Quem respalda? Nós! Nos que ficamos nos digladiando em polarizações idiotas entre nomes de vigaristas, Lularápio ou Cupim, Boulos ou Marçal, nós que aceitamos um estado corrupto e espoliador, nós que batemos palmas para charlatães populistas e oportunistas, nós que dizemos amem a uma constituição que permite que um presidente indique seu advogado para ser o juiz que poderá julgá-lo lá na frente, nós uma sociedade submissa e conivente por conservadorismo, conservadorismo das benesses conseguidas.
Todos coniventes Nané
Vamos aguardar, de repente teremos novidades. Sua chandidade espera que não.
Hacker derruba endereços do STF, Anvisa, PF e escritório de Moraes
https://www.youtube.com/watch?v=DGh8mRq44z0