Lourival Sant’Anna
Estadão
A ofensiva de Israel contra o Hezbollah eleva o risco não só da expansão do conflito no Oriente Médio, mas de uma possível guerra em escala mundial. As estratégias de permanência no poder de governantes de países-chave, combinadas com a rede de alinhamentos e a interdependência entre contestadores da ordem mundial, levam a essa sombria constatação.
O Hezbollah intensificou os ataques em resposta à campanha de Israel contra a Faixa de Gaza, por sua vez uma reação aos atentados terroristas do Hamas de 7 de outubro. A milícia xiita afirma que não voltará ao status quo anterior de guerra de atrito enquanto não houver um cessar-fogo no território palestino.
SEM TRÉGUA – O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, não pode firmar um cessar-fogo com o Hamas. Seus ministros das Finanças, Bezalel Smotrich, e da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, ambos líderes dos colonos judeus na Cisjordânia ocupada, rejeitam qualquer acordo com o Hamas e defendem a expulsão dos palestinos e anexação dos dois territórios.
O impopular Netanyahu depende do apoio desses dois ministros. Seus partidos reúnem 13 das 64 cadeiras que apoiam o governo no Parlamento, do total de 120. Sem esse apoio, Netanyahu não só iria para a oposição, mas potencialmente para a prisão. Tramitam na Corte Suprema processos contra ele por corrupção, razão pela qual o primeiro-ministro tentava antes da guerra aprovar uma reforma que retirava a autonomia do tribunal.
Essa reforma provocou os maiores protestos da história de Israel, só comparáveis aos que ocorreram há duas semanas, contra a prioridade que Netanyahu tem dado à destruição do Hamas, em detrimento de um acordo para libertar os cerca de 100 reféns israelenses. Outra fonte de frustração é o deslocamento de mais de 60 mil israelenses do norte de Israel, por causa dos ataques do Hezbollah com mísseis e foguetes.
DOIS OBJETIVOS – A ofensiva contra a milícia xiita atende a dois objetivos de Netanyahu: recuperar o apoio da população e prolongar o conflito que, enquanto durar, protegerá o primeiro-ministro de um movimento parlamentar ou judicial para retirá-lo do cargo.
A igualmente impopular teocracia iraniana também depende das tensões com Israel para justificar sua manutenção no poder, aparato repressivo e programa nuclear. O Irã demonstra que uma guerra total com Israel não lhe interessa neste momento.
O país não cumpriu as ameaças de retaliar Israel de forma contundente por humilhações recentes, como o ataque ao seu consulado em Damasco e o assassinato do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, no dia da posse do presidente iraniano em Teerã.
PODER E VIOLÊNCIA – Com as 36 mortes nos últimos dias causadas pelas explosões de pagers e walkie-talkies, e o assassinato de Ibrahim Akil, comandante das forças especiais do Hezbollah, junto com mais 13 pessoas, as humilhações vão se acumulando. Humilhações têm limite no Oriente Médio, cuja cultura associa poder e violência.
O Hezbollah, com seus estimados 150 mil mísseis e foguetes e 100 mil combatentes, também não reagiu à altura. O assassinato de Fuad Shukri, comandante militar do grupo, em Beirute, no dia 30 de julho, parece não ter provocado uma sanha de vingança.
Uma eventual escalada envolvendo o Irã arrastaria de forma direta ou indireta a Rússia, que depende dos mísseis e drones iranianos para conduzir sua guerra contra a Ucrânia. Assim como depende de mísseis e munição de artilharia da Coreia do Norte, que também contesta a ordem internacional. Diante de todo esse cenário, o risco de uma conflagração em maior escala é crescente.
A guerra Israel X Hamas praticamente já dura 1 ano. Áreas que os FDI “limparam”, o Hamas está voltando a ocupar. Nessa semana o Hamas disparou foguetes contra Israel, como é essa plataforma de lançamento entrou na Faixa de Gaza?
Se Israel não consegue dar conta do Hamas, imagina eles se meterem com Hezbollah que é muito mais forte que o Hamas. Israel não tem estrutura física e econômica para uma guerra de atrito e pior ainda atuando em duas frentes, já seus adversários contam com isso.
Temos muitos anos de guerra na região e Netanyahu com sua sede de poder e medo de não ser preso faz de Israel um eterno estado de guerra. Hoje estamos muito próximos do uso de armas nucleares pois Netanyahu se encurralado fará uso delas.
Israel tinha a opção de usar e ficar cobrando duro da ONU para libertar os reféns e punir os terroristas, optou pela guerra e agora não tem jeito, tem que ir até o fim e destruir Hamas e Hesbolah. Custe o que custar.