Flávio Ferreira e Artur Rodrigues
Folha
Três dias antes da eleição, no momento em que retirava de um depósito da estatal Codevasf um trator doado pela empresa pública a uma associação de agricultores, o então candidato a vereador Zelito do Povo (PT) não se identificou com seu verdadeiro nome e ainda tentou impedir o repórter da Folha de fazer fotos de um carro repleto de adesivos da campanha dele que escoltava a máquina. A cena na porta do depósito, na cidade baiana de Guanambi (a 620 km de Salvador), é um exemplo de como a Codevasf foi apropriada pelos políticos e expõe como o governo Lula (PT) repete a farra de distribuição de bens da estatal iniciada na gestão de Jair Bolsonaro (PL).
Naquele momento do último dia 3, uma quinta-feira, indagado pela reportagem sobre a doação à entidade de Rio do Antônio (BA), o candidato não escondeu que a máquina que ele mesmo dirigia tinha sido obtida com recursos de emenda parlamentar do deputado federal Charles Fernandes (PSD-BA).
MEIO BILHÃO – Os números da empresa pública revelam que as distribuições para os redutos eleitorais de deputados federais e senadores em 2024 ultrapassaram R$ 500 milhões, em valor similar ao ocorrido no mesmo período na gestão bolsonarista.
Neste ano, da primeira eleição municipal sob grande impacto da injeção de emendas parlamentares, as doações de máquinas, equipamentos e materiais pela estatal chegaram a R$ 547 milhões até o dia 14 de setembro. No período eleitoral de 2020, durante o governo de Bolsonaro, a transferência de bens atingiu R$ 529 milhões, o que corresponde a R$ 572 milhões, em valores corrigidos, até o fim do mesmo mês.
Criada na década de 1970 para promover projetos de irrigação no semiárido brasileiro, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) foi transformada em uma espécie de loja de políticos.
MUITAS EMENDAS – Nela os congressistas despejam valores bilionários de emendas parlamentares e passam a operar os recursos em um sistema similar ao dos cartões pré-pagos, indicando de forma parcelada à estatal, por meio de ofícios, quando e quais bens devem ser entregues aos municípios onde estão seus aliados.
Nessa tarefa de escolha, os deputados e senadores contam até com um catálogo de produtos semelhante aos de concessionárias de máquinas ou revendedores de materiais. O modelo é alvo de questionamentos no STF (Supremo Tribunal Federal), que entrou em embate com o Congresso sobre respeito do tema.
Lula e seus aliados prometeram acabar com esse emendoduto durante as eleições de 2022 e o processo de transição governamental, mas a situação não mudou na atual gestão. A Codevasf é comandada por aliados de líderes do centrão, que foram nomeados Bolsonaro e mantidos no governo Lula.
MÁQUINAS PESADAS – O grosso das entregas em 2024 é de máquinas pesadas, como retroescavadeiras, tratores e veículos, como caminhões, que concentram 84% das doações, em valores absolutos. Há também muitos casos de itens mais baratos, como caixas-d’água, que foram distribuídos às centenas em meio à campanha.
A cidade mineira de Montes Claros, onde fica uma das superintendências regionais da Codevasf, é a principal beneficiada, com R$ 9,5 milhões em bens. Logo atrás, vêm Macapá (AP) e Campo Formoso (BA).
A reportagem localizou R$ 170 milhões em bens enviados para entidades privadas, como associações comunitárias, sindicatos e conselhos, entre outros. O envio para associações ocorre, muitas vezes, quando parlamentares querem obter dividendos políticos em alguma cidade onde a prefeitura não está nas mãos de seu aliado político.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Antes de Lula, a Codevasf já era um tremendo escândalo. E agora, com Lula no poder, esperava-se que o escândalo acabasse, mas ele se tornou ainda maior. É desalentador, mas não traz nenhuma surpresa, sem novidades no front ocidental. (C.N.)
Pelo que entendi, essas máquinas doadas a municípios são fruto de emendas parlamentares. O Executivo pode se meter nisso? Pergunto sinceramente.
José, o título é preconceituoso e desinformativo. Dizer “Lula repete Bolsonaro e fez farra de doações” quando depois se lê lá em baixo que Lula “prometeu acabar com esse emendoduto” e não conseguiu, emendoduto, que foi criado por Bolsonaro quando entregou a Cpdevasf ao Centrão em busca de apoio e reforçado pela cobiça do Congresso em aumentar ao máximo sua gestão sobre as emendas é colocar na conta do atual presidente uma culpa que não é dele, porque não em no Congresso maioria suficiente para procurar corrigir nada disso.
É muito mais fácil arrombar uma represa, como Bolsonaro fez, do que estancar o sangramento depois disso.
Esperam algum tipo de caráter dessa escória?
Tá na cara a mentira grotesca para os bozos com deficiência cognitiva aplaudirem.
O que é perdoável,burros são burros, mas mentir sabendo que mente é coisa de vagabundo sem vergonha.
Não é sobre poder ou não se meter…
É questão de desonestidade, falta de vergonha na cara, falta de noção da realidade, da canalhice, da patifaria enfim, de tantas barbaridades cometidas por esta corja de vagabundos (todos eles), que vergonhosamente dominam este paiseco de mer*** !
Credo !
Hoje saiu uma matéria é um comentário, foi sobre a opção de ter mais mulheres na política. Sou contra esse tipo de cota. O que temos de fazer é acabar, como disse a alma mais honesta, extirpar os corruptos de qualquer tipo de eleição
Oportuno e esclarecedor:
https://x.com/velhonajanela/status/1709908306880249957