No Dia do Poeta, um soneto autobiográfico de Efigênia Coutinho

Efigenia Coutinho (Mallemont)

Efigênia, em sua Antologia de 2014

Paulo Peres
Poemas & Canções

Hoje é o Dia do Poeta e, para marcar a data, publicamos a definição de “Ser Poeta”, na visão da artista plástica e poeta Efigênia Coutinho, nascida em Petrópolis (RJ). A seu ver, a poesia será sempre um meio de comunicação de sentimentos na escrita. “Tenho um ritmo pessoal, operando desvios de ângulos, mas sem perder de vista a tradição, procurando atingir o núcleo da ideia essencial, a imagem mais direta possível, abolindo as passagens intermediárias”, revela.

SER POETA
Efigênia Coutinho

A noite sempre cálida me espera,
Tenho em versos a recente emoção
Da inquietude que abraça a quimera,
Enquanto no meu peito pulsa a oração.

A noite ouve o acalanto, esta voz
Que brada a rima solta, e então viajo;
E busco o sopro terno do ninar em nós,
Onde se farta o frêmito voraz, que trajo.

Lá, ao vento espalhado, e envolto,
Meu verso solto, que diz: mortal, eu sou
Na arte que te fecunda e faz envolto…

Porque ser poeta é ser alguém que embelezou
A prosa e o lado vil do caso vário,
E deu-se a Deus que equilibra este rosário.

2 thoughts on “No Dia do Poeta, um soneto autobiográfico de Efigênia Coutinho

  1. Fernando Pessoa
    As coisas que errei na vida
    São as que acharei na morte,
    Porque a vida é dividida
    Entre quem sou e a sorte.
    As coisas que a Sorte deu
    Levou-as ela consigo,
    Mas as coisas que sou eu
    Guardei-as todas comigo.
    E por isso os erros meus,
    Sendo a má sorte que tive,
    Terei que os buscar nos céus
    Quando a morte tire os véus
    À inconsciência em que estive
    in “vinte anos de poesia ortónima –IV 1934-1935”

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