Pedro do Coutto
Faltando dez dias para as eleições, Ricardo Nunes, de acordo com pesquisa do Datafolha, deve ser reeleito, uma vez que segue à frente com 51% das intenções de voto, ante 33% do deputado Guilherme Boulos. O cenário permaneceu estável ante ao que o Datafolha verificou há uma semana, quando 55% diziam votar no candidato à reeleição e 33%, no psolista. A oscilação negativa de Nunes ocorreu dentro da margem de erro, mas seus votos não foram para Boulos e sim para a rubrica brancos e nulos, que ganhou os quatro pontos percentuais perdidos pelo prefeito, indo de 10% para 14%. Indecisos seguem sendo 2%.
Desde que o apagão que deixou milhares de pessoas sem energia, o controle da crise virou o tema central da campanha e foi abordada de maneiras distintas pelos rivais, em especial na propaganda eleitoral obrigatória. Nunes buscou se vender como um gestor aplicado e atacou Boulos de forma direta, associando ao deputado a falta de iniciativas parlamentares sobre o tema, e indiretamente, criticando o governo federal pela falta de ação contra a concessionária Enel —ainda que a fiscalização recaia mais sobre a agência reguladora Aneel, com mandato independente.
OUTRA VEZ – Nesta quinta-feira, Ricardo Nunes não compareceu ao terceiro debate do segundo turno, promovido pela Folha/UOL/Rede TV!. Em comunicado, Nunes alegou não poder participar em razão de uma reunião sobre o apagão com o governador do estado, Tarcísio de Freitas. A justificativa não cola, mas não abalou a sua liderança nas intenções de votos.
Já ontem, cancelou a participação em mais um debate televisivo que aconteceria no SBT, em parceria com o portal Terra e Rádio Nova Brasil. Segundo a emissora, a campanha de Nunes avisou ao departamento de jornalismo que ele não iria ao encontro, mas não apresentou justificativa para a ausência. Os organizadores do evento disseram que o prazo estabelecido pelo pool de veículos para uma definição da participação do prefeito chegou a ser prorrogado, a pedido da campanha dele, mas Nunes recusou o convite depois disso.
De outro lado, Lula, que tinha assumido o compromisso de apoiar Boulos, deve participar neste sábado de uma carreata. Mas o presidente não está se empenhando na campanha como era esperado. Talvez tenha sentido a pressão negativa e mais uma vez se distanciou do calor final da disputa. Lula já parece conformado com a derrota de Guilherme Boulos e tentará nos próximos dois anos fortalecer o seu esquema político para que possa disputar, aí sim com entusiasmo, a sucessão presidencial de 2026. Coisas da política.
Nunes, o fujão.
Mas ir ou não ir não faria diferença mesmo. Aliás não entendo quem acha que a performance nos debates afetaria o desempenho de algum candidato nas intenções de voto, ainda mais em tempos de redes sociais.
Pelo menos em São Paulo, o menos pior irá ganhar. Nunes é um mal menor, Boulos seria um desastre catastrófico.
Que sistema não quer Boulos e opta por Nunes?
O mestre Pedro do Couto, sempre analisando com maestria, suscita um turbilhão de comentários, a partir do tema principal em tela, para seus leitores. Vamos lá:
A alta rejeição de Boulos, prejudica a sua arrancada na reta final. O eleitor foi massificado pela estratégia de Nunes, associando o candidato do PSOL como radical de esquerda, isso assustou a classe média e até eleitores da periferia.
Nem a gestão incompetente de Nunes no Apagão Elétrico, ao não retirar em tempo hábil, as árvores caídas nas vias urbanas e culpando exclusivamente a ENEL, deu os resultados esperados por Boulos. Na última pesquisa,no prefeito recuou apenas 4 %, nas pesquisas.
Nunes inteligentemente, dispensou o apoio de Bolsonaro, com alta rejeição na capital, o que poderia contaminar o prefeito, como um negacionista, reacionário , golpista e anti ciência, a marca do Zorrobolso.
Nunes preferiu colar no governador privatista e atual queridinho dos poderosos empresários da Avenidas Faria Lima.
Aliás, o sucesso nas pesquisas do candidato Nunes, tem sido colocado na conta de Tarcísio, o que tem deixado Jair Bolsonaro, uma fera ferida, porque gregos e troianos do Poder político e empresarial, já elegeram o governador como futuro presidente.
Bastou Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, expressar o óbvio, que Tarcísio e o candidato da Direita para 2026, dando como certa a inelegibilidade do senhor Jair, para abrir um clarão no climão entre Bolsonaro e Valdemar. O chefe do clã, ameaçou abandonar o PL e criar um Partido para chamar de seu. Valdemar quase teve um infarto do miocárdio. Tentou botar panos quentes, incluindo o filho Eduardo Bolsonaro como um bom nome para presidente, mas Bolsonaro ficou ainda mais irritado, ainda, porque o número um da Direita é ele e o plano B, sempre foi Flávio Bolsonaro, o senador.
No campo da Esquerda, Boulos foi praticamente abandonado pelo PT e por Lula, que nunca acreditaram na viabilidade do candidato do PSOL.
O PT está um pote até aqui de lágrimas, com o eleitor paulista, que não crê como antes no sonho das propostas petistas, defasadas com os novos desafios de um tempo tecnológico, de IA e do empreendedorismo, tão bem percebido e explorado pelo enganador e encantador de serpentes, Pablo Marçal.
Lula fará hoje, uma caminhada com Boulos pela capital paulista. Muito pouco, para alavancar o candidato do PSOL. Lula não entendeu, que a derrota de Boulos será também uma derrota dele e de toda a Esquerda. É melhor perder, sabendo que tudo foi feito para ganhar, do que fingir que apoia, para não ficar atrelado a um perdedor.
Nesse ponto, Lula agiu covardemente com Boulos, como Bolsonaro fez com Nunes.
Bolsonaro fincou um pé na canoa de Nunes e outro pé na canoa de Marçal. Lula tirou os dois pés da canoa de Boulos, e tenta desesperadamente na última semana antes do segundo turno, para colocar uma das mãos lá, sabendo de antemão, que não dá mais.
Em eleição, não se pode recuperar o tempo perdido, se errar, só na próxima eleição, se tiverem humildade para reconhecer os erros e mudar radicalmente de rumos, caso contrário, vão perder novamente e de maneira avassaladora.
Sobre o climão entre Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto, o cacique do PL:
Valdemar não entendeu, que um Rei, sempre elege seu príncipe mais capaz para sucede- lo ao trono. No caso, o ungido de Bolsonaro é o senador Flávio Bolsonaro seu primogênito.
Logo, o lindão de Mogi, Valdemar, cometeu um erro ao apostar em Tarcísio, o nome soprado para ele, pelos donos do capital de São Paulo. Bolsonaro não gostou. A divisão no PL foi exposta para o distinto público.
Tarcísio se finge de morto, expõe sua fidelidade ao Mito, da boca para fora, porque trata-se de um carreirista e sentiu que sua hora é agora ou nunca.
Bolsonaro já sentiu isso e suas expressões valem mais do que mil palavras. Bolsonaro não consegue esconder suas insatisfações e isso é um traço positivo da sua personalidade.
Para que fingir, não é mesmo? Ponto para o Mito.