Vem aí um “pacote fantasma” para cortar gastos, que ainda nem existe

Tribuna da Internet | Das cinco medidas para “cortar gastos”, sobra uma,  que não tem a ver com isso…

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Andreazza
Estadão

A blitz de Fernando Haddad está na pista. De Haddad e Simone Tebet. Blitz de propaganda. O pacote relevante de cortes de gastos vem aí — prometeram. Coisa de volume entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões — plantou-se. Não será mais um pente-fino — informam. Uma só das ações pode chegar a R$ 20 bilhões. Uau!

Os ministros reagem à desconfiança. A reforma do Imposto de Renda — a isenção para quem ganha até R$ 5 mil — estava à frente. Vinha ainda em 2024. Para sacrifício de receita da ordem de mais de R$ 40 bilhões por ano. Sem anúncio crível de compensação para o rombo. O mar, que já não era bom, crispou-se.

TUDO MUDOU – Então, de repente, ficou para 2025. O pacote rigoroso de cortes de gastos, que não estava previsto uma semana atrás, tomou a frente. Virá ainda neste ano — comunicaram Haddad e Tebet.

Cortes de gastos estruturais. No (pelo) governo Lula. Prepara-se cardápio para ele. Que é simpático às medidas — apregoa-se. Lula, a favor de cortes severos, mesmo com a popularidade insegura e ante os resultados das eleições municipais.

Alguns banqueiros se reuniram com o presidente. Saíram confiantes. Lula tem “firme compromisso” com a necessidade de conter despesas. No mundo real das fés, o dólar mostra os dentes e o Tesouro capta dinheiros a custo crescente. A isso reagem Haddad e Tebet.

NEM EXISTE – Vem aí o pacote relevante de cortes de gastos. Que ainda não existe. Donde ainda não apresentado a Lula. Que lhe é simpático — asseguram. Não o conhece e lhe é simpático. Por precaução, os ministérios, em atividade clandestina, estudam-medem a forma como mostrá-lo ao presidente.

Não basta ser extenso o menu — para ele cortar os cortes. A embalagem tem de ser palatável a Lula. Que é — propaga-se — a favor das medidas de cortes de despesas estruturais. A favor, exceção àquelas que mexam com gastos que considera investimentos.

Haddad e Tebet confiam — e querem confiança — em que sobrará alguma coisa. Sobrando, confiam em que a porção parlamentar do pacote, ao menos parte dela, seja aprovada em 2024. Talvez a mais parecida com… pente-fino. O pesado ficando para depois.

E AS EMENDAS? – O pacote — que ora inexiste e que, existindo, dependeria do aval de Lula — a ser votado neste resto de ano em que a agenda do Congresso precisará cuidar de Lei Orçamentária e da reforma tributária, mantida ainda aberta a LDO, corpo em que se malocará o interesse maior do Lirão: a superfície de atividade para o orçamento secreto em 2025. Talvez haja negócio.

Talvez uma dessas casas de apostas pudesse abrir jogatina sobre o que não faltará no pacote: revisão dos supersalários da máquina federal. Tudo a ver com propaganda.

Faria bastante espuma e rapidamente. Parco o impacto fiscal. Bacana a foto.

3 thoughts on “Vem aí um “pacote fantasma” para cortar gastos, que ainda nem existe

  1. Para Lularápio , PT e Dilmanta “gasto é vida”. Sempre com dinheiro alheio ou endividamento coletivo, claro! Essa gente é como praga em lavoura. Sujeito ara, planta, rega (reformas) e na hora de colher, a praga na lavoura chamada líderes do partido dos trabalhadores (que não trabalham como dizia “Bob Fields”) vão e roem tudo . Deixam só o bagaço em forma de recessão, desemprego e dívida pública explosiva.

  2. Pura adivinhação esse texto. É a tal coisa, crítica sem nexo. Dizer que uma coisa não existe, porque ele desconhece é algo constrangedor para quem lê.

    Mas é isso mesmo, esse pessoal quer mesmo é que se cortem despesas naqueles setores mais vulneráveis, mas ficam com essas desculpinhas, evitando escrever explicitamente onde querem que hajam os cortes.

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