Pedro do Coutto
As eleições municipais não são marcadas, embora isso aconteça em casos isolados, por critérios ideológicos. Não se pode, portanto, dizer que o PL , o PT ou o PSD, por exemplo, levaram a melhor nas disputas recentes em virtude do caráter partidário presente nos pleitos. A eleição para prefeito segue sempre um critério comunitário.
Superada a primeira fase das eleições municipais, verificou-se uma preponderância do embate sobre as questões municipais, deixando para o segundo plano os reflexos sejam eles estaduais ou federais. Na maioria dos municípios assinala-se que não estava em jogo o poder federal representado pelo presidente Lula da Silva ou pelo bolsonarismo tendo como representante o ex-presidente Bolsonaro, ficando acentuado o caráter doméstico da eleição.
BEM ESTAR – Conforme já dito em artigos anteriores, na política ninguém mora no estado ou na União Federal, mas sim no município. Assim, a preocupação com o bem estar nas cidades prevalece na consciência do eleitor. Não quer dizer que não tenha havido um duelo empolgante em São Paulo, entre Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, com Pablo Marçal perdendo fôlego na chegada em virtude, provavelmente, do atestado falso contra Boulos.
Em São Paulo, o presidente Lula participou de uma carreata para pedir apoio a Guilherme Boulos e até apontou Ricardo Nunes como responsável pelo apagão na cidade nos últimos dias. Nunes reagiu e realmente apontar o prefeito como culpado não é uma colocação correta que possa ser feita. A participação do prefeito na questão da energia é muito pequena para poder ser apresentado como culpado. Mas isso faz parte do jogo eleitoral. Ao que tudo indica, Nunes deverá conquistar a reeleição.
Fica um exemplo marcante de como se revestem as eleições municipais. Lula deveria ter apoiado Boulos de fato e participado de forma mais efetiva na campanha. Agora, parece que as ações são tardias, ainda que arrebate alguns votos. Dificilmente reverterá as perspectivas das pesquisas. Apesar de tudo, ninguém pode se considerar vitorioso antes do resultado final.
Pedro do Couto tem razão, quando diz, que as eleições municipais, tem um viés comunitário. É a vida cotidiana das pessoas, os munícipes, que importam para o eleitor.
No entanto, a interferência de deputados e senadores, alavancando seus candidatos, com milhões das Emendas PIX, Orçamento Secreto e Emendas de Comissão/ Bancada, praticamente atrela essa eleição a próxima em 2026.
É esse exército de prefeitos e vereadores eleitos agora, que vão trabalhar para seus mecenas, os deputados federais, estaduais, senadores e governadores.
Vou dar um exemplo: Alguém dúvida, que Ricardo Nunes deixará de usar a máquina da prefeitura de São Paulo, visando o apoio a reeleição do governador Tarcísio de Freitas?
Bem, isso se Nunes consiga a vitória sobre Boulos no próximo domingo.
Então, é nesse sentido, que a eleição municipal funciona como uma prévia da eleição geral.
Por essa razão, que a Direita vitoriosa na eleição municipal, deu a largada para sair na frente da Esquerda em 2026, que perdeu de Norte a Sul, principalmente no Nordeste.
Neste segundo turno, três concorrentes de Bolsonaro, estão pelo fio do bigode:
Ronaldo Caiado governador de Goiás, precisa vencer em Goiânia, através de seu candidato Sandro Mabel.
Romeu Zema está fora do segundo turno, o seu candidato do Partido Novo ficou em segundo lugar. O atual prefeito de Belo Horizonte, Fuad, deve ser reeleito contra o deputado do PL apoiado por Bolsonaro.
Ratinho Júnior, o governador do Paraná, tem chances de ter uma vitória com seu candidato do PSB em Curitiba. Mas, a candidata do PMB, apoiada por Bolsonaro, vem ganhando musculatura nessa reta final .
Portanto, uma realidade se impõe, me refiro a distância do presidente Lula, no apoio a seus candidatos tanto do PT como da base aliada. O presidente preferiu se abster de ir para o corpo a corpo. Uma pena.
Prezado mestre, Pedro do Couto, me permita comentar na sua cidadela de hoje, a entrevista do ex- presidente do Uruguai Pepe Mujica
Mujica explicou, para uma plateia estupefata, que depois de quarenta anos, não participou da campanha política. Motivo: está, segundo o líder da esquerda uruguaia, no fim da sua vida.
” Quando eu não estiver mais aqui e o fim se aproxima, meus braços inertes se multiplicarão em vários braços, porque uma vantagem da minha vida, foi criar outros líderes para continuar a luta em favor do povo uruguaio”.
Sensacional e emocionante esse depoimento de Mujica, que não se tornou um cacique, que impede a ascensão de novas cabeças pensantes.
No Brasil, quando o líder se vai, tudo se acaba, o Partido e as ideias morrem junto com o caudilho.
Um exemplo: com o suicídio de Getúlio Vargas, sem um herdeiro preparado, o PTB ( Partido Trabalhista Brasileiro) também morreu.
O brizolismo, sem Leonel Brizola é um retrato na parede e como dói.