Pepita Ortega
Estadão
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, tenente-coronel Mauro Cid, compareça à Corte na próxima quinta-feira, 21, para esclarecer “contradições existentes entre os depoimentos do colaborador e as investigações realizadas pela Polícia Federal”.
Em despacho assinado nesta terça-feira, 19, depois de Cid ter dado novo depoimento, Moraes ressaltou que a oitiva está relacionada aos “termos da colaboração (regularidade, legalidade, adequação e voluntariedade”.
ANULAÇÃO DA DELAÇÃO – Mais cedo, a PF informou à Corte que Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, descumpriu as cláusulas de seu acordo de delação premiada, abrindo brecha para uma eventual rescisão do pacto fechado no inquérito das milícias digitais.
A indicação foi feita após a corporação tomar o depoimento do delator nesta tarde, em meio à Operação Contragolpe que prendeu quatro militares e um agente da PF por envolvimento com um plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de seu vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O Estadão apurou que o depoimento que Cid prestou na PF nesta terça foi encaminhado à Corte máxima com a anotação da corporação sobre “omissões e contradições” em alguns pontos da oitiva.
NO GABINETE – O documento está no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos que foram abastecidos pela delação de Cid. O ministro vai ouvir o procurador-geral da República Paulo Gonet antes de decidir sobre o futuro da delação – incluindo sua eventual rescisão.
Na ação desta terça-feira, 19, a Polícia Federal mirou um general da reserva, o ex-ministro interino de Bolsonaro Mário Fernandes, além de militares das Forças Especiais, os chamados “kids pretos” e um policial federal.
Segundo a corporação, o planejamento para executar a chapa eleita em 2022, que também mirava o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi identificado a partir de mensagens apagadas do celular de Mauro Cid.
CID ENVOLVIDO – Os arquivos foram recuperados pela investigação e motivaram a Operação Contragolpe, que apura os responsáveis por um plano conhecido como “Punhal Verde e Amarelo”.
Segundo a Polícia Federal, a reunião na casa de Braga Netto ocorreu no dia 12 de novembro. No encontro, o “planejamento operacional para a atuação dos ‘kids pretos’ foi apresentado e aprovado”.
A reunião contou com a participação dos tenentes-coronéis Mauro Cid e Hélio Ferreira Lima e do major Rafael Martins de Oliveira.
DELAÇÃO EM RISCO – Agora, Cid corre o risco de ter anulada sua delação, aceita pela corporação em setembro do ano passado, anulada.
Se as contradições não forem superadas no depoimento desta quinta-feira, o tenente-coronel poderá perder os benefícios negociados pela colaboração premiada.
O conteúdo dela, porém, não deve ser anulado, e continuará integrando o relatório da investigação.
“Eles (agentes da PF) estão com a narrativa pronta.
Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles.
Entendeu?
É isso que eles queriam.”
Mauro Cid em áudio.
Em outra gravação, Mauro Cid afirma:
“Alexandre de Moraes já está com a sentença pronta sobre a investigação a respeito da tentativa de golpe.”
“O Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta, acho que essa é que é a grande verdade.
Ele já tem a sentença dele pronta. Só tá esperando passar um tempo. O momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR acata, aceita e ele prende todo mundo.”
Mauro Cid.
Será que eles vão ser mesmo presos?
A interpretação à época foi de que Mauro Cid, manipulador, falava para seus parceiros.
Se não pegarem os peixes grandes, Moraes e companhia provam por A + B, para os incautos e bobalhões que ainda se deixam enganar, que não merecem nenhuma credibilidade.
Todos com “culpa no cartório’, no caso do golpe, e que ainda não foram presos, devem sofrer como se fosse uma ‘tortura chinesa’ a execução de Moraes, que, embora demorada, seria estrategicamente planejada e executada no tempo certo.
Será que Moraes vai “chegar” no GDias?
Depois de Moraes colocar generais e coronéis na cadeia, sem a menor cerimônia, como deve estar se sentindo o capitão?
O couro dele já foi negociado, vamos aguardar a entrega.