Leonel Brizola previu que Lula e o PT iriam se tornar “a esquerda que a direita gosta”

Pompeo de Mattos on X: "Contrariando o que dizia o Dr Brizola, o PT abomina a traição, mas convive muito bem com os traídos que lhes bajulam e são servil. Não importa

Brizola, um político que realmente deixou saudades

José Carlos Werneck

Diante da carência de líderes políticos no Brasil, é sempre bom recordar Leonel Brizola, um líder que sucedeu Getulio Vargas e João Goulart na defesa do trabalhismo, mas não conseguiu chegar à Presidência, mas deixou seu nome na História.

Como todo grande político, sofreu incompreensões, injustiças e perseguições devido a seu ideário trabalhista, do qual nunca abriu mão. Ele teve uma vida pública pautada pela coerência e pela ética.

NO CAMINHO DO BEM – Para Leonel Brizola, o trabalhismo foi avançando pelos caminhos da solidariedade, do humanismo, da justiça social, do igualitarismo e dos direitos humanos que basearam as raízes de sua concepção.

Para os trabalhistas, o PT de Lula, foi uma força política que surgiu para forçar um divisionismo no pensamento progressista brasileiro.  Sua concepção ignorando as biografias pretéritas, conjeturando a luta de classe a partir de sua criação, demonstrou toda empáfia em seu próprio DNA.

Brizola contava: “Quando cheguei do exílio fui visitar o Lula, que me recebeu como se fosse um imperador, existe uma incompatibilidade entre nós, ali vi que Lula é um homem do sistema.”

Essa percepção de Brizola foi confirmada com a chegada do PT e de Lula ao poder em 2003.

REFÉM DO MERCADO – Conforme ficou constatado, ao chegar ao Planalto Lula se tornou refém do mercado. Na promiscuidade do poder, o antigo líder metalúrgico esqueceu os trabalhadores e Ali abraçou as velhas oligarquias pátrias, como Sarney, Jucá, Renan, Michel Temer, Eduardo Cunha, dentre outros.

Elogiado pelos banqueiros e empreiteiros, seu discurso ético caiu como castelo de areia. Em vários aspectos, demonstrou o PT ser mais do mesmo, confirmando outra reflexão de Leonel Brizola, que ponderou: “O PT é que nem galinha: cacareja na esquerda, mas bota ovo na direita.”

O PT se incorporou à política das velhas oligarquias e do monopólio da mídia. Projetou frequentar a Casa Grande, porém nunca foi aceito.  Lula, apesar de sua cooptação, jamais fez parte dos endinheirados oligárquicos. Era apenas usado.

ESPUMA DA HISTÓRIA – Mais uma vez, Brizola provou sua sensibilidade, ao dizer que o PT é a espuma da História, pois os petistas nunca se aprofundaram na compreensão das diferenças ideológicas entre um pensamento progressista e a tradição conservadora, que não se misturam, são inconciliáveis.

Os petistas denunciam o golpe publicamente, mas no privado fazem acordo com seus supostos algozes, o PP e o próprio PL.  Qual PT é o verdadeiro, o público ou o privado?

Esta obsessão por boquinhas, por cargos, por poder sem lastro, talvez seja uma das principais patologias que o PT devia enfrentar.

UM PARTIDO ARROMBADO – Cadê a coerência do PT? Onde estão a hombridade e o discurso progressista? Não há mais a dignidade que a corrente política de seus fundadores demonstrava.

Talvez Darcy Ribeiro estivesse com a razão, quando dizia: “O PT é uma droga. É a esquerda que a direita gosta.”

E como faz falta a coerência política… Para mim, particularmente, a melhor frase de Brizola é esta: “Talvez Darcy Ribeiro esteja com a razão”: “O PT é um a droga. É a esquerda que a direita gosta.”

24 thoughts on “Leonel Brizola previu que Lula e o PT iriam se tornar “a esquerda que a direita gosta”

  1. Quando falam que o Lula é refém do centrão, pergunto aqui como que governa sem ele sendo minoria no legislativo. Pergunta honesta sobre o nosso presidencialismo de coalizão.

    E antes uma esquerda que a direita gosta que chegar a esse nível de requintes de crueldade que só a direita consegue nos proporcionar:

    https://extra.globo.com/blogs/extra-extra/post/2023/09/projeto-que-extingue-a-uerj-sera-votado-nesta-semana-em-comissao-da-assembleia.ghtml

    • A direita só gosta quando o PT se submete ao sistema. Quando age contrário aos interesses minoritários é uma gritaria só, muito amplificada pela mídia tradicional.

      Mesmo assim, os poucos ganhos que a maioria levou, devem-se à ideologia da privilegiar o lado mais social.

      Se eu queria mais? Claro, mas percebo que tal desejo é dificílimo.

      Nas duas últimas eleições, no primeiro turno votei no Ciro, o qual acho um político muito preparado. Porém também entendo que suas ideias são muito difíceis de implementar.

      No segundo turno, não tive nenhuma dúvida, pois pesquiso o suficiente para saber o que nos reservava caso boçalnaro vencesse.

      Assim, gostei quando li que Ciro se reuniu com Mercadante e a diretoria do BNDES para discutir a reiindustrialização do país. É o que se espera de um patriota.

  2. Recentemente o SINISTRO “terrivelmente evangélico”, andré mendonça, usou palavras de Darcy Ribeiro para justificar o injustificável “marco temporal”

    … agora isso.

    Vivemos tempos medíocres onde “A conversão do Diabo”, de Leonid Andreiev mostra-se atualíssimo.

    Arre, égua!

  3. “COMO A DIREITA GOSTA”
    Leonel Brizola, domingo, 27/02/1994, Folha

    Há tempos, nesta Folha, procurei analisar onde estavam, em nosso país, direita e esquerda –estes conceitos que, apesar das afetações dos intelectuais neoliberais, continuam dividindo as águas da vida política.

    Restou-nos, naquela ocasião, expor as razões que nos levam a excluir o PT do campo da esquerda. Diga-se logo que não julgamos assim a maioria das bases, militantes e simpatizantes, mas as cúpulas dirigentes e aparelhos, responsáveis pelo que, de fato, representa o PT na política brasileira.

    Diz o professor Darcy Ribeiro que “o PT é a esquerda que a direita gosta”. Longe de ser um simples jogo de palavras, a afirmação de Darcy traz uma lógica flagrante para quem se disponha a observar o comportamento do conservadorismo e de sua poderosa mídia frente ao petismo, desde sua criação.

    Mas vamos aos fatos e às inequívocas conclusões. Ninguém pode negar o caráter autêntico, democrático e popular dos movimentos grevistas do ABC, dos quais surgiram Lula e alguns dos fundadores do PT. O ABC –como, dez anos antes, as greves de Osasco, lideradas por José Ibrahim– foi uma das mais importantes contestações à ditadura, cujos ideólogos, daqui e do exterior, como Golbery e outros, logo passaram a recolher preciosos ensinamentos.

    Desde aqueles primeiros momentos, formou-se uma espécie de redomoinho à volta dos sindicalistas. A eles juntaram-se intelectuais e grupos religiosos (a teologia da libertação) que, progressivamente, foram emprestando ao conjunto uma orientação elitista e pretensiosa, ao mesmo tempo em que revestiam de sofisticações a imagem do movimento e iniciavam o que seria um processo de tutela ideológica sobre aqueles trabalhadores. Tudo regado pela mídia e generosos patrocínios, daqui e do estrangeiro. Em plena ditadura, quando falar em Brizola, desterrado, dava censura ou cadeia, Lula era capa de revista…
    Nós, que voltávamos do exílio, víamos com esperança e admiração o que se passava no ABC. Para nós, a resistência dos trabalhadores e o surgimento de lideranças eram sinais de que o trabalhismo, este grande movimento popular e nacional contra o qual se fez 64, estava vivo nos sentimentos e na consciência de nosso povo.

    Nada poderia nos surpreender mais, portanto, que a atitude hostil e presunçosa com que passou a se comportar a cúpula do que viria a ser o PT. Renegavam as lutas sociais do passado (“populismo, pelegos do Ministério do Trabalho etc. etc.”), pretendendo que começasse ali e com eles o movimento das forças do trabalho no Brasil, como quem tenta cortar com uma tesoura o fio da história.

    A princípio, nossa reação foi de tolerância e compreensão. Imaturidade política, julgávamos, simples infantilismo… Em nossa boa-fé, ignorávamos as evidências de que o PT era um instrumento em processo de montagem, uma peça à qual o sistema destinara um papel na chamada abertura: o de impedir, pela divisão e pelo confusionismo, o ressurgimento do trabalhismo que, desde 64, quis extirpar da cena política e social. Como na manutenção, por parte do conservadorismo, da geléia geral do velho MDB e na usurpação da sigla PTB, todo estratagema valia para evitar que o povo trabalhador reencontrasse a força histórica e a coerência do trabalhismo.
    Assim, seguimos nós em nossa ingênua credulidade. Superamos incompreensões, sabotagens, arrogância e até ofensas pessoais, sempre com esperança de reunirmo-nos todos num grande movimento pela redenção de nosso povo, para derrubar o modelo econômico colonial que nos impuseram desde a 2ª Guerra, pela recuperação de nossa soberania, pelas reformas profundas que a nação precisa para voltar a sonhar com um futuro digno. Repetíamos, candidamente, que eram nossos primos-irmãos, de calças curtas, com suas tolices, mas, no fundo, membros de nossa família popular e socialista.
    Hoje, quem observa as contorções do PT entre suas origens históricas e sua ânsia de integrar-se e servir ao mundo das elites, vê um exemplo de como o tempo e o processo social dissolvem tudo o que não é intrinsecamente coerente. Basta notar como vacila o PT na defesa da escola pública e gratuita, na preservação do patrimônio público representado pelas empresas estatais estratégicas, o seu subalternismo frente à questão do monopólio dos meios de comunicação e tantas outras. Ou o que fez seu braço sindical, a CUT, destruindo o sindicalismo brasileiro, hoje mais desprestigiado do que nunca.

  4. O Advogado e comentaristas dessa e única TRIBUNA DA IMPRESSA.
    O senhor WERNECK,nos brinda com esse primor de texto.

    Guardarei essa relíquia..

    PS: Saliento,o seu Tio Lacerda,era muito culto,gostava de narrar as histórias de Shakespeare.
    Mesmo adversário do trabalhismo,tinha o viés humanístico.

    Digo sempre,sem fanatismo..
    O Estado do RJ, só teve dois Governadores.BRIZOLA/Lacerda/Lacerda/Brizola.
    Independente das incompreensões.

    Obrigado pelo reconhecimento…
    Forte Abraço..

    • Luiz Fernando Souza POA RS,
      Prezado amigo,
      Esclarecendo:
      Carlos Lacerda não era meu tio e sim primo e muito amigo de meu pai,Geraldo de Andrade Werneck,jornalista do extinto “Correio da Manhã”.
      Muito grato por seu pertinente comentário.
      Cordiais saudações,
      Werneck.

  5. Carlos Lacerda, maior líder fascista brasileiro, certamente teria votado em Bolsonaro em 2018 e 2022 nos 2 turnos e, assim como o fascista Sérgio Moro, daria apoio total à tentativa de golpe do 8 de janeiro, assim como seu jornal, do qual, coincidentemente, esse blog é sucessor. Lacerda, Sílvio Frota, Moro, Fleury, Brilhante Ustra, João Paulo Moreira Bournier, que explodiria o Gasômetro em junho de 68 se não fosse a ação corajosa do capitão Sérgio Carvalho, todos os torturadores da ditadura de 64, os facínoras que puseram bombas na OAB, no Riocentro, falharam em colocar a bomba no aeroporto de Brasília no Natal do ano passado, todos, em comovente união e coesão, apoiariam a implantação do fascismo no Brasil em 8 de janeiro, contra a democracia e o Presidente Lula, legitimamente eleito.

  6. A direita só gosta quando o PT se submete ao sistema. Quando age contrário aos interesses minoritários é uma gritaria só, muito amplificada pela mídia tradicional.

    Mesmo assim, os poucos ganhos que a maioria levou, devem-se à ideologia da privilegiar o lado mais social.

    Se eu queria mais? Claro, mas percebo que tal desejo é dificílimo.

    Nas duas últimas eleições, no primeiro turno votei no Ciro, o qual acho um político muito preparado. Porém também entendo que suas ideias são muito difíceis de implementar.

    No segundo turno, não tive nenhuma dúvida, pois pesquiso o suficiente para saber o que nos reservava caso boçalnaro vencesse.

    Assim, gostei quando li que Ciro se reuniu com Mercadante e a diretoria do BNDES para discutir a reiindustrialização do país. É o que se espera de um patriota.

  7. “Al-verga”, mas vai acabar quebrando, babando raivosamente dessa forma!
    Bah! Não percebeu que Lula é TANBÉM um meliante de alta periculosidafe e que todos tem uma só agendada idéia, ditada por quem os alça, paga regiamente, os desalça e os torna inimputáveis?

  8. A política é dinâmica, os momentos da vida política, são distintas.
    Naquele momento tudo que Brizola falou do Lula e do PT foi verdade, estava certo, eu apoiei.

    O momento hoje é outro, às eleições atual de 2022 entre Lula e Bolsonaro, quem tinha consciência politica, votou em Lula em defesa da democracia e quem votou em Bolsonaro e o apoia até hoje, queriam uma ditadura com Bolsonaro no poder. São traidores da pátria
    Dos males o menor, como diz o ditado

    • 1) Concordo Nélio Jacob, me parece que hoje, a maioria dos comentaristas da TI são adeptos do citado ex-presidente último. Saudosistas de 1964.

      2) “Cada momento é único”, assim falava o meu Mestre Buda. Não se pode comparar.

      3) “A realidade é muito dinâmica”, idem. Recentemente o presidente do Banco Itaú disse o trimestre que passou foi muito bom… em termos econômicos…

      4) É a economia, Ministra Tebnet também elogiou…

      5) O Presidente Lula tem sorte ! já disseram…

    • Concordo, Nélio Jacob.

      Minhas duas postagens anteriores NÃO endossam o presente artigo. Antes, criticam-no.

      No segundo turno votei no “ungido” por Golbery/ Emílio Odebrecht CONTRA o ungido pelos frotistas.

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