Se o Congresso limitar supersalários, o país passaria a economizar R$ 3,9 bilhões/ano

Altamiro Borges: Os supersalários e os privilégios dos juízes

Charge do Custódio (www.custodio.net)

Deu em O Globo

Mexer na remuneração de servidores beneficiados com supersalários é sempre um tabu para a classe política, devido às pressões exercidas pelas poderosas corporações do funcionalismo. Mas precisa ser enfrentado, especialmente num momento em que o país busca espaço fiscal para atender a população carente em suas necessidades mais básicas.

Um estudo do Centro de Liderança Pública (CLP) mostra que seria possível economizar R$ 3,9 bilhões por ano se fosse respeitado o teto, hoje em R$ 41.650, valor pago aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

PESQUISA NACIONAL – Segundo o levantamento, 25.300 servidores dos três níveis de governo recebem em média R$ 12.685 acima do teto. A maioria (15.300) está lotada nas repartições estaduais, gerando um gasto de R$ 2,54 bilhões além-teto; outros 7.700 são funcionários públicos federais (R$ 900 milhões); e 2.275 ocupam cargos nos municípios (R$ 440 milhões). Os cálculos foram feitos com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE em 2022.

Mesmo ponderando que parte das remunerações acima do teto seja legítima, como indenizações devidas, o impacto ainda é considerável. É verdade que servidores com supersalários correspondem a apenas 0,23% dos 11 milhões de estatutários no país, mas o percentual não torna a distorção menos absurda.

Não só por uma questão de moralidade pública, mas também porque o respeito ao teto liberaria recursos para áreas essenciais como educação, saúde, segurança etc.

NO CONGRESSO – Como aponta o estudo, uma forma de corrigir essas distorções seria a aprovação no Congresso do Projeto dos Supersalários, que regulamenta o teto do funcionalismo, disciplinando o pagamento de auxílios que driblam os limites constitucionais. O PL hoje está parado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Infelizmente, a classe política segue em sentido contrário. Em vez de priorizar a aprovação de um projeto que reduziria injustiças no setor público e daria destinação melhor aos recursos, trabalha para aumentar regalias — e, consequentemente, os gastos.

Um exemplo é a PEC que tenta ressuscitar o adicional por tempo de serviço para juízes. Extinto em 2006, garantia promoções automáticas num valor que chega a R$ 10 mil mensais. Não bastassem os auxílios de todo tipo, uma ação da Associação dos Juízes Federais (Ajufe) no STF reivindica a volta dos pagamentos suspensos — com efeito retroativo. Poderia representar despesa extra de R$ 1 bilhão para o Tesouro.

TETO CONSTITUCIONAL – Parece óbvio que, se existe um teto constitucional para os salários dos servidores, ele deve ser cumprido, caso contrário não precisaria haver um teto. Mas nada é óbvio no país em que as exceções viram regra.

Não faz sentido permitir que penduricalhos engrossem os salários de castas do funcionalismo que já ganham muito bem enquanto existem tantas demandas por todos os cantos do país. Não faltam áreas carentes de investimentos nos três níveis de governo.

Essa situação desalentadora deveria instar o Congresso a aprovar logo o projeto que disciplina os supersalários. Os R$ 3,9 bilhões gastos hoje para pagar excessos à elite do funcionalismo poderiam melhorar a vida de muita gente em todos os estados da Federação.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGO projeto está parado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, quando deveria ser a prioridade número um do Congresso. Estamos num fase de total inversão de valores. Os parlamentares não defendem o interesse público, preferem cuidar dos próprios interesses. (C.N.)

7 thoughts on “Se o Congresso limitar supersalários, o país passaria a economizar R$ 3,9 bilhões/ano

  1. Porquê uma pessoa para ter uma vida normal precisa precisa ganhar R$ 41.650?
    Porquê a cúpula dos três poderes, parlamentares e juízes, precisam de vários penduricalhos, como se não bastasse os altos salários que são em média 30 vezes o salário mínimo.

    há muito, tenho defendido uma reforma salarial em que ninguém ganhasse em demasia, ninguém ganhasse muito pouco e acabasse com excesso de penduricalhos.
    Com esse Congresso, que está mais preocupado com seus bolsos, com as emendas parlamentares, cargos etc do que com o futuro do país e dos trabalhadores assalariados. Infelizmente, isso é um sonho impossível de ser realizado; a ganância fala mais alto.

  2. Difícil alguém ter colhões pra atacar essa mamata, mais difícil ainda acabar com os privilégios intermináveis dos militares.

    E já que estamos falando em custos que conforme dito poderiam melhorar a vida de muita gente em todos os estados da Federação, imagina o montante que se economizaria se a taxa SELIC fosse mantida num patamar mais racional?

  3. Precisamos de um presidente de VERDADE!

    Eleito pelo conjunto da sociedade, com milhões de votos a mais do que qualquer congressista, teria condições de falar a VERDADE, somente a VERDADE!

    Assim, não precisará do centrão, do centrinho e das duas pontas extremas que desejam tomar conta de tudo. Precisará só do povo que o elegeu!!!

    “Os parlamentares não defendem o interesse público, preferem cuidar dos próprios interesses. (C.N.)”

    Se não resolvem um probleminha destes, como resolverão os grandes?

    E mais: quem gastou 5,7 bilhões, em quatro meses, numa campanha eleitoral de mentiras, o que fará com a economia de uns míseros 3,9 bilhões?

    Mais do que falta de conhecimentos e juízo, o povo brasileiro tem falta de “vergonha na cara”!!!

    Fallavena

  4. Senhor Nélio Jacob, no antigamente, muito no antigamente, o cidadão ia para o purgatório e de acordo com o número de orações a seu favor, ia pagando seus pecados e de repente, ganhava/pagava a condição de ir para o paraíso.
    Deste modo, necessitava ganhar lícita ou ilícitamente, muito $$$$ para pagar para que não esquecessem de orar por ele.

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