Helio Schwartsman
Folha
Encerrei uma coluna anterior afirmando que a meritocracia é um mito. Ato contínuo, leitores me escreveram contestando a asserção ou, ao menos, cobrando esclarecimentos. Vamos a eles. A meritocracia em sua acepção forte sustenta que os recursos e as oportunidades que a sociedade oferece devem ser distribuídos segundo as competências de cada indivíduo e que utilizar tal critério significa fazer justiça, já que recompensa os méritos e deméritos de cada um.
Esse raciocínio está errado. Características socialmente valorizadas como inteligência, beleza e habilidades específicas não refletem nenhum tipo de virtude pessoal. Elas se devem a combinações variadas da loteria genética com a roda das oportunidades.
EXEMPLOS REAIS – A Gisele Bündchen não fez nada para nascer bonita, assim como Messi não fez nada para possuir um talento futebolístico extraordinário. Mas eles se dedicaram às suas carreiras e treinamentos, exibindo disciplina, força de vontade e disposição para o trabalho, dirá o meritocratista empedernido. Verdade.
Ocorre que disciplina, força de vontade e disposição para o trabalho são, como todas as outras características humanas, resultado de forças que não controlamos. Quem nasce com os genes errados e ainda sofre abusos na primeira infância não terá muita chance.
Isso significa que devemos ignorar a competência e transformar o mundo num imenso sistema de cotas? É claro que não.
BUSCAR A EXCELÊNCIA – Há muitas situações em que devemos buscar a excelência, mas por uma questão de eficiência, não de justiça.
Uma universidade que deseje desenvolver um programa científico competitivo em nível global deve recrutar os melhores, sejam eles brancos, pretos ou azuis. E vale notar que nem precisam ser pessoas boas.
Os EUA levaram o homem a Lua entre outras razões porque trouxeram para seu programa espacial Wernher von Braun, o responsável pelos ataques nazistas com foguetes V-2 contra Londres.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Essa opinião do sempre brilhante Helio Schwartsman pode provocar uma discussão inacabável. É óbvio que um pedreiro que assenta 50 tijolos/dia não é igual a quem assenta 100 tijolos/dia. Os salários deveriam ser iguais? (C.N.)
É óbvio que um pedreiro que assenta 50 tijolos/dia não é igual a quem assenta 100 tijolos/dia. Os salários deveriam ser iguais? (C.N.)
Depende, se o pedreiro que assenta cincuenta tijolos garante que a casa não caia, talvez seja um trabalho melhor executado do que aquele que assenta 100 tijolos com pressa e sem critério, feito nas “coxas” e a casa vai pro espaço no primeiro temporal.
“Todo es según el color del cristal con que se mira.”
Ramón de Campoamor.
Um forte abraço, Sr. Carlos Newton.
Declaração de um integrante de um governo de um país conhecido:
“IGUALDADE (EQUIDADE), NÃO IGUALITARISMO
No caminho do igualitarismo você não vai muito longe, mas revertê-lo é sempre mais difícil do que compreendê-lo.
É preciso reconhecer que “a distribuição da riqueza, em correspondência com a complexidade, quantidade e qualidade do trabalho prestado, como a expressão concreta da equidade”.
Devem ser criadas condições, por meio diferenciações de remunerações monetárias, para superar os efeitos nocivos do igualitarismo e realizar o princípio “de cada um de acordo com sua capacidade, cada um de acordo com seu trabalho”.
Os subsídios aos produtos ou gratuidade ou outros subsídios que contemplem igualmente a todos, levam ao caminho do igualitarismo, quando o melhor é o subsídio planejado às pessoas, máxima que parte da igualdade e da justiça social.”
Culpem-se o espermatozoide mais veloz e o óvulo da vez.
O Hélio não faz a barba com qualquer barbeiro que encontrar pela frente.
Acho que a defesa que ele fez de sua tese, não vingou.
“O 171 é competente em enganar, portanto deve ser recompensado por isso”.
“O assaltante é competente em violentar, ameaçar e roubar, portanto merece recompensa e não sanção penal”
E os maiores estelionatários e assaltantes não estão condenados, presos ou desmascarados.
O “bom ladrão” deveria ser o que se arrepende e não o que engana e se safa.
AO QUE CONSTA, no Brasil, o primeiro concurso público foi realizado pelo IAPI (Instituto de Aposentadoria dos Industriários), em 1937, e foi tão bem-sucedido que serviu de base a todos os demais concursos públicos, que, embora tenha sofrido deturpações com o passar do tempo e adquiridos alguns vícios politiqueiros que precisam ser sanados pelo carro-chefe do conjunto da sociedade, a Política, o gerente do patrão, sua Majestade o Povo, organizado em Estado, continua sendo a melhor, mais democrática e mais eficiente forma de contratação de servidores interessados em exercer cargos públicos no sentido lato. Nesse sentido, diz o artigo da advogada Marcela Barreta, especialista em concursos públicos, que ” a origem histórica dos concursos públicos no Brasil remonta ao período colonial, mas foi a partir do século XIX que ganharam maior relevância e formalização, impulsionados por uma necessidade premente de promover a igualdade de oportunidades e a meritocracia no ingresso aos cargos públicos. Durante o Brasil Império, a ocupação de cargos públicos frequentemente se dava por critérios de apadrinhamento, favorecimento político e indicações pessoais, o que resultava em uma administração pouco eficiente e permeada por práticas antiéticas. Com a promulgação da Constituição de 1824, a ideia de adotar concursos públicos como meio de seleção para cargos ganhou espaço como um mecanismo para minimizar esses problemas. A necessidade de proporcionar igualdade de oportunidades a todos os cidadãos interessados em ingressar na função pública, independentemente de relações pessoais ou influências políticas, foi um dos pilares que motivaram a realização de concursos públicos. Essa abordagem visava democratizar o acesso aos cargos estatais, abrindo caminho para que talentos e competências individuais fossem reconhecidos e aproveitados. Aprofundando ainda mais, a busca por selecionar os mais capacitados e competentes dentre os interessados também emergiu como um fator crucial. A administração pública necessitava de servidores que atendessem aos requisitos técnicos e profissionais, garantindo a eficiência na prestação de serviços à sociedade. A realização de concursos públicos se configurou como uma maneira objetiva de avaliar o conhecimento, as habilidades e a adequação dos candidatos aos cargos disponíveis. Ademais, o contexto de reformas administrativas e modernização das estruturas governamentais, influenciado por tendências europeias, fortaleceu a adoção dos concursos como um instrumento de seleção alinhado com princípios republicanos e de transparência. A necessidade de evitar contratações antiéticas e baseadas em interesses políticos também foi um fator determinante. Os concursos públicos proporcionavam um ambiente em que os candidatos fossem avaliados de forma imparcial, reduzindo a interferência de influências externas nas decisões de contratação. Dessa forma, a busca pelos melhores talentos e pela imparcialidade na seleção tornou-se parte intrínseca da cultura de concursos públicos no Brasil. Portanto, a origem histórica dos concursos públicos no país está ancorada na necessidade de oferecer oportunidades iguais a todos os interessados, de selecionar os mais qualificados e de evitar práticas antiéticas nas contratações, promovendo uma administração pública eficiente, justa e orientada para o bem-estar da sociedade”. E é por aí, nessa coluna evolutiva da administração pública, que a Democracia Direta com Meritocracia, no bojo da Revolução Pacífica do Leão, a mega solução, via evolução, com o megaprojeto novo e alternativo de política e de nação, a nova via política extraordinária, que propõe o novo caminho para o possível novo Brasil de verdade, com Democracia Direta e Meritocracia, a nova política de verdade, com Deus na Causa, amarra o seu burro, com a pergunta seguinte: por que não então, por questão de eficiência e economia, o concurso público tb para os empregos públicos políticos se, no frigir dos ovos, são todos e todas servidores do mesmo patrão, o povo ? Daí a ideia cujo tempo chegou, para moralizar todos os demais concursos, tipo extrair da própria cobra o antídoto contra o veneno da dita-cuja, instituir o Concurso Público Padrão para a contratação de políticos, que seja o mais rigoroso de todos, para moralizar e corrigir todos os demais concursos, tendo em vista que os interessados vagas são os responsáveis pelo comando da administração pública e, sobretudo, dos destinos do conjunto da sociedade, e que seja o mais democrático possível, aberto à participação de todos, independentes de partidos, com mandatos de no máximo 5 anos, sem reeleição, eleições gerais, fazendo destas um olimpíada do saber ao invés de corridas malucas influenciadas, manipuladas e dominadas pela esperteza, por mentiras, dinheiro, ignorância, safadeza em prol de espertalhões e de resultados pra lá de negativos em detrimento da boa-fé, do méritos das pessoas, dos resultados positivos e dos dias melhores que continuamos esperando há trocentos anos. Portanto, acredito que a Meritocracia acoplada à Democracia Direta, no bojo da RPL-PNBC-DD-ME, representação a instrumentalização e a formatação capaz de elevar o Brasil e o povo brasileiro não apenas ao primeiro mundo mas tb à condição de vanguarda democrática do mundo civilizado. Portando, me parece de bom alvitre que as pessoas que se proponham falar ou escrever sobre a Meritocracia, a favor ou contra, que o façam de boa-fé, com honestidade intelectual e, de preferência, com conhecimento de causa, até para que possamos transformar o Brasil num grande canteiro de pessoas e coisas boas no lugar de coisas e coisos ruins que aí estão prosperando em abundância e divididas entre o ruim e o pior.