Eliane Cantanhêde
Estadão
Foi numa confraternização a dias do Natal, mas não exatamente natalina, que o presidente Lula abriu os cofres do governo e o presidente da Câmara, Arthur Lira, destravou a pauta econômica aos 45 minutos do segundo tempo, antes do início do recesso parlamentar. Enquanto os dois fechavam a contabilidade política, os relatores e líderes no Congresso ajustavam o texto da reforma tributária, finalmente aprovada após décadas de debates vazios.
Venceram Lula, Lira, Rodrigo Pacheco e os dois relatores, Eduardo Braga, no Senado, e Aguinaldo Ribeiro, na Câmara, mas os mais aliviados eram o mentor intelectual da reforma, Bernardo Appy, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que passou poucas e boas, mas encerra o ano com a vitória da reforma tributária e da joia da coroa do seu plano de arrecadação: a revisão dos incentivos de empresas via ICMS, com previsão de receita de R$ 35 bilhões. O saldo é positivo no Congresso, como na própria economia.
AVANÇO HISTÓRICO – A reforma pode não ser a ideal, o que é um debate para economistas e setores atingidos, mas foi a politicamente possível e é um avanço histórico em relação ao emaranhado de impostos, taxas e contribuições que ninguém entende e, principalmente, ninguém gosta. Agora, vem a regulamentação, a definição de alíquotas dos novos impostos e o chororô dos setores que se sentem prejudicados. Faz parte.
Os efeitos são a simplificação, maior transparência na cobrança, mais justiça entre pobres e muito ricos e atração de empresas estrangeiras, que sempre se ressentiram da loucura tributária do Brasil e dos gastos extras com contabilidade e equipes jurídicas para, primeiro, entender e, depois, lutar contra algo tão confuso, complexo e desanimador
A péssima notícia foi no último minuto: as armas foram retiradas da lista de “impostos seletivos”, ou “do pecado”, com alíquotas maiores, agora, só para produtos danosos à saúde e ao ambiente e extrativos (combustíveis e mineração).
ÚLTIMA SEMANA – Pense bem: qual o setor mais nocivo deles, o que efetivamente mata? Mas… quem pode pode. E a “bancada da bala” pode. Assim como a “bancada do boi”, ou da agricultura, que comanda as tropas do Congresso contra Supremo e governo pelo marco temporal das terras indígenas.
Nesta última semana parlamentar de 2023, a pauta também vai ser quente. O Congresso promulga a reforma tributária, que dispensa sanção presidencial, e Haddad buscará no Supremo uma liminar para ganhar tempo e negociar com os líderes a desoneração da folha de pagamento, com a reoneração gradual em até cinco anos. O ano está acabando, mas não acabou, e é bom ficar de olho, para jabuti não subir em árvore.
1) Congresso Democrateiro… só pensa em dinheiro !
Bom texto, porque não escreveu sobre privatização e mercado financeiro.
O clã Bolsonaro festejou a retirada das armas da lista dos impostos seletivos.
Claro que quem vive num universo paralelo essa retirada das armas dos impostos seletivos foi o mais importante dessa Reforma Tributária.
Quero ver agora Bolsonaro juntar sua turma da extrema direita e ir à Argentina desfilar com Milei pelas ruas ou supermercados.
Milei foi votar para presidente do Boca Júnior. Chegou lá encapuçado e saiu embaixo de vaias. Isso com uma semana de governo.
Quem acha que Milei não vai ficar um ano no governo, vai errar, um ano é muito para o povo argentino. No Congresso argentino não tem centrão