Mateus Camillo
Folha
O presidente ultraliberal Javier Milei anunciou nesta quarta-feira (20) em rede nacional um “megadecreto” que declara emergência e revoga ou altera mais de 300 leis para desregular a economia argentina, dez dias após assumir o poder.
As leis se referem a temas como controles de preços, aluguéis, indústria, privatizações de estatais e “modernização do regime trabalhista”.
BLOQUEIO DE RUAS – A tensão na Argentina já vinha crescendo desde a manhã desta quarta-feira (dia 20), quando entraria em vigor um novo protocolo de segurança de Milei, que não permite o bloqueio de ruas.
Com as medidas anunciadas, no entanto, uma nova onda de protestos tomou conta da Argentina. O Congresso Nacional, na região central de Buenos Aires, tradicional ponto de manifestação na capital, ficou tomado de pessoas.
A oposição ao governo Milei deverá ocupar as ruas mesmo sob as ameaças do presidente, como ocorreu em plena madrugada, que até lembra as apaixonadas torcidas de futebol do país vizinho. Os manifestantes pedem greve geral.
PROTESTOS – Houve panelaços contra as medidas adotadas por Milei em Buenos Aires e em outras províncias, como Santa Fe e Mendoza. E em cidades como La Plata.
Os argentinos têm um histórico de mobilizações, como na época da ditadura e em pautas sociais, o que ajuda a explicar o tamanho desta mobilização em apenas dez dias de governo Milei.
Assim como foi na posse, o assunto é tema dominante no X (ex-Twitter), no Brasil e na Argentina. Para alguns internautas brasileiros, a classe trabalhadora na Argentina possui mais “consciência de classe”. O que faz com que sintam vontade de ser argentinos.
REDES AGITADAS – A polarização argentina chegou ao Brasil. A esquerda brasileira apoia os críticos de Milei, enquanto bolsonaristas endossam o presidente recém-eleito. Isso faz com que os debates floresçam nas redes por aqui.
Nessa polarização, fatos passados da política brasileira aparecem o tempo inteiro. Não só fatos passados. As medidas de austeridade de Milei são vistas como prejudiciais às classes mais pobres.
Os liberais brasileiros, no entanto, veem como a oportunidade de a Argentina resgatar a força econômica do século 19, que teria sido destruída pelas forças peronistas e kirchneristas. O discurso de 15 minutos de Milei, em que anuncia o ‘megadecreto’, foi visto como histórico.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A grande surpresa é o fato de Milei ter um projeto para tirar o país da crise. Esse megadecreto pode mudar muita coisa, até porque nenhum país tem crises intermináveis. Basta lembrar o que já aconteceu na Alemanha antes de Hitler, no Brasil, a partir da derrocada do regime militar, e na recente bancarrota da Grécia. Vamos torcer pelos argentinos neste Natal. (C.N.)
Gostei dos dizeres de uma faixa no protesto: “Al final “las castas” es el pueblo”.
Não sei quanto dessas medidas contidas no decreto serão implementadas. Talvez algumas. É a velha historia do bode na sala.
Algumas coisas são inviáveis e esse decreto revogando leis, parece ser inconstitucional. Será que o legislativo e o judiciário aceitarão? Parece ser coisa de ditador.
Talvez no final, como a faixa diz, o povo mais pobre pagará a conta. Trabalhadores e aposentados idem.
José Vidal, o decreto de Milei foi editado um pouco antes do recesso parlamentar e na Argentina, se não houver manifestação do Congresso ficam aprovado as medida do decreto.
No Brasil é o contrário um decreto do presidente só passa
valer, se for aprovado pelo Congresso.
E já anunciou: tolerância zero com quem reclamar.
23:59: “viva la libertad, carajo”
00:00: “libertad é o carajo”
Como sempre esquerdista mentindo.
O que foi proibido foi fechar ruas e impedir o ir e vir dos demais.
O direito de protestar não está acima do direito de ir e vir dos demais.
Aliás em qualquer país civilizado, se vc impede as pessoas de se deslocarem a polícia desce o sarrafo.
Só na americana latina e principalmente no Brasil, vc pode impedir os outros de circularem.
O plano real funcionou, mesmo sob o ataque da esquerda e revolta dos sindicatos e foi inspirado no plano adotado pela Alemanha diante da hiperinflação nos anos 1920.
https://www.dw.com/pt-br/plano-real-foi-uma-c%C3%B3pia-do-modelo-alem%C3%A3o-pela-metade/a-49515537
O tal projeto do Melei não tem nada de surpresa, é o tal receituario liberal exportado para os terceiro mundistas da america latina, cortar na carne da população. O plano:
– Aumentar a inflação de propósito
– Cortar diversos contratos e vínculos, mandando milhares pro desemprego
– Subir impostos
– Tirar subsídios que vão aumentar conta de luz, água e combustíveis
Nas palavras do ministro da economia argentino, vamos aumentar drasticamente a inflação, aumentar o desemprego, aumentar a miséria generalizada e se tudo der certo daqui há 2 anos começaria uma suposta melhoria.
Mas tudo bem, se não der certo lá na frente será porque não liberalizou o suficiente, e não terá sido um liberal de verdade.
Simplificando, a esquerda não vai deixar o cara governar.
A política que Milei quer implementar é a política de choque, arrasar o país para depois com o povo na miséria e desesperado durante vários anos, começar do zero com uma nova política, que é geralmente uma ditadura de estrema direita. Não creio que o povo argentino vai deixar.
Pinochet fez isso no Chile, destruiu o país, depois entregou tudo às multinacionais e a iniciativa privada , como educação, saúde etc
Depois de alguns anos para cá com uma nova Constituição é que o Chile vem recuperando o país e os direitos dos trabalhadores.
Assim como no Brasil Bolsonaro levou a extrema direita à sua desmoralização e continua sendo desmoralizada, o mesmo vai acontecer com a Argentina.
Direta e extrema direita só interessa aos ricos, à castas, ao capitalismo selvagem e aos incautos fascinados por dois despreparados Milei e Bolsonaro.
Senhor Carlos Newton , onde se lê “modernização do regime trabalhista” , leia-se extinção do direitos sociais , trabalhistas e previdenciários , só que o povo Argentino são mais esclarecidos , politizados e não cruzam os braços , já o povo Brasileiro , somos umas verdadeiras ” bananas podres ” , que nada fizemos quando usurparam a maioria das Cias. públicas e Estatais Brasileiras , através das privatizações criminosas e perca de nossos direitos previdenciários e trabalhistas .
Alguém lembra de quem adorava governar por MP?
Até 2001 elas eram reeditadas sem fim.
Poder moderador de 1824 mandou lembranças.
O Plano Collor foi muito mais bizarro e mais parecia um decreto imperial, ainda ilimitado, para o estúpido congelamento (confisco) de ativos.
Cabe recordar que Argentina e Brasil têm suas histórias amarradas.
A estabilização da moeda nos anos 1990, com semelhanças, diferenças e tragédias argentinas, foi do Cavallo ao corralito.
Estamos num ápice dos juros americanos, mas não temos bola de cristal.
A moeda de uma economia concentrada, como a commodity, oscila tanto quanto o que produz e vende.
Olho vivo com a inflação, porque a estabilização é frágil e apenas aparente.
Excelente medida. Parabéns, Milei.