Tribunal sofre ‘apagão’ e pode não ter quórum para julgar cassação de Moro

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR), alvo de duas ações que pedem cassação do mandato

Senador Sérgio Moro pode dormir tranquilo, por enqaunto

Rafael Moraes Moura
O Globo

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) corre o risco de passar por um “apagão” já na próxima semana, o que pode inviabilizar, na prática, o julgamento de duas ações que pedem a cassação do mandato do senador Sergio Moro (União Brasil-PR).

O risco de um apagão preocupa os autores das ações – o PT do presidente Lula e o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro – e vem sendo discutido reservadamente por fontes que acompanham de perto o caso, por conta da proximidade do fim do mandato do juiz Thiago Paiva, representante da classe dos advogados. O mandato dele se encerra na próxima terça-feira, dia 23 de janeiro, um dia depois da retomada das sessões presenciais do TRE paranaense neste ano.

COM O RELATOR – O relator das ações que ameaçam o mandato de Moro, desembargador Luciano Carrasco Falavinha, ainda não liberou os processos para julgamento e nem pediu a inclusão deles na pauta do tribunal, mas sinalizou a interlocutores que deve fazê-lo “em breve”.

Para a análise de casos como a eventual cassação de Sergio Moro, a legislação eleitoral exige que o TRE tenha quórum máximo, ou seja, reúna sete julgadores. “As decisões dos tribunais regionais sobre quaisquer ações que importem cassação de registro, anulação geral de eleições ou perda de diplomas (mandatos) somente poderão ser tomadas com a presença de todos os seus membros”, diz o Código Eleitoral.

Thiago Paiva ocupa desde dezembro de 2019 uma das vagas do TRE-PR reservadas a juízes oriundos da advocacia – ele foi reconduzido ao cargo pela última vez por Jair Bolsonaro, em 2021.

SUBSTITUIÇÃO – Em tese, Paiva poderia ser substituído por dois colegas, que também são oriundos da advocacia, e que integram o “banco de reservas” do TRE paranaense: José Rodrigo Sade e Roberto Aurichio Junior.

Mas tanto Sade quanto Aurichio Junior também terminarão o mandato na próxima semana, quatro dias depois da despedida de Thiago Paiva do tribunal – no dia 27 de janeiro, no sábado.

Ou seja: se as ações de Moro não forem julgadas na semana que vem, antes do fim do mandato dos substitutos de Paiva, o TRE-PR não vai conseguir reunir o quórum exigido por lei para discutir o caso do ex-juiz da Lava-Jato.

NAS MÃOS DE LULA – Caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por Moro no âmbito da Lava-Jato, nomear quem vai para a vaga de juiz titular no lugar de Thiago Paiva. Mas para isso é preciso que o TSE aprove a lista tríplice já enviada pelo TRE paranaense, que contém os nomes de Sade e Junior.

Em tese, qualquer um dos dois substitutos pode ser efetivado como titular no lugar de Paiva, mas Lula não pode fazer a nomeação antes de receber a lista tríplice do TSE, a quem cabe analisá-la e aprová-la.

Dentro do PT, Sade é considerado o favorito a ser nomeado – e mais inclinado a votar pela cassação de Moro, já que Aurichio Junior impôs multas a aliados do partido de Lula nas eleições de 2022.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como se vê, a novela dos pedidos de cassação de Moro ainda está nos primeiros capítulos. No mês passado, o Ministério Público Eleitoral pediu a cassação de Moro e sua inelegibilidade por oito anos por prática de abuso do poder econômico nas eleições de 2022, animando lulistas e bolsonaristas. Mas foi ilusão à toa, ainda vai rolar muita água debaixo dessa ponte. Com a Presidência sendo exercida por um ex-presidiário, Moro realmente não merece ser cassado. Seria um escárnio, mais uma vergonha perante o mundo. (C.N.)

4 thoughts on “Tribunal sofre ‘apagão’ e pode não ter quórum para julgar cassação de Moro

  1. Senhor Carlos Newton , lembre-se que Lula e seus comparsas do STF , STJ ,TSE e demais tribunais do país são criativos e peritos em burlarem as leis , bastam criarem e empossarem os juízes ” substitutos tampões ” , dos juízes que sairão de seus cargos na semana que vem , aí poderão se vingarem do ex-juiz Sérgio Moro , tal como fizeram com Deltan Delagnol recentemente .

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *