Gravação prova que Heleno é um idiota e achava que a eleição iria ser fraudada

Tribuna da Internet | General Augusto Heleno precisa ser ouvido e responsabilizado pela arapongagem

Charge do Aroeira (Brasil247)

Carlos Newton

As provas apresentadas pela Polícia Federal sobre os preparativos para o golpe são muito interessantes e reveladoras, porque a maior parte são gravações, feitas até mesmo numa reunião ministerial em julho de 2022, com presença de aproximadamente 40 pessoas, além dos garçons do cafezinho – aliás, os únicos que não podem faltar.

Por óbvio, é preciso ser completamente alienado mental para tratar de preparativos para um golpe de estado num evento desse porte. Portanto, fica evidente que os assuntos tratados nessa reunião pouco tinham a ver com a trama golpista, propriamente dita.

ESPIÕES DA ABIN – O maior destaque dessa gravação é o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno, ao sugerir que fossem infiltrados agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas campanhas de Bolsonaro (à reeleição) e de seu principal adversário, Lula da Silva.

“Dois pontos para tocar aqui, presidente. Primeiro, o problema da inteligência. Eu já conversei ontem com o Victor [Felismino Carneiro], novo diretor da Abin, nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados vão fazer”, revelou Heleno.

“O problema todo disso é se vazar qualquer coisa. Muita gente se conhece nesse meio. Se houver qualquer acusação de infiltração desse elemento da Abin em qualquer um dos lados…”, prosseguia Heleno, mas foi interrompido por Bolsonaro.

DISSE BOLSONARO – O então presidente pediu que Heleno interrompesse a fala naquele momento, porque havia possibilidade de vazamentos, o assunto devia ser tratado em reunião privada, longe dos demais ministros.

“General, eu peço que o senhor não fale por favor. Peço que o senhor não prossiga mais na sua observação, não prossiga na sua observação. Se a gente começar a falar ‘não vazar’, esquece. Pode vazar. Então a gente conversa particular na nossa sala sobre esse assunto”, diz Bolsonaro.

Após a cautelosa observação de Bolsonaro, Heleno passa a tratar de um “segundo ponto” –, a necessidade de que o governo agisse antes mesmo das eleições para evitar um revés na votação.

NÃO TEM VAR – “O segundo ponto é que não tem VAR nas eleições. Não vai ter segunda chamada na eleição, não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa, é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições. Depois das eleições, será muito difícil que tenhamos alguma nova perspectiva”, diz Heleno.

“Até porque eles vão fazer tão bem feito que essa conversa do Fachin, foi exatamente com os embaixadores para que elimine a possibilidade de o VAR acontecer. No dia seguinte, todo mundo reconhece e fim de papo”, prosseguiu, acrescentando:

“Isso aí tem que ficar bem claro, acho que as coisas têm que ser feitas antes das eleições. Vai chegar um ponto em que não vamos poder mais falar, vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e determinadas pessoas, isso para mim é muito claro. Só isso.”

ELEIÇÕES FRAUDADAS – O assunto era a eleição presidencial, não se fala em golpe. A discussão era sobre o que fazer para garantir a vitória na eleição. O general Heleno mostra que estava mesmo convicto de que as eleições seriam fraudadas para haver vitória de Lula. E o próprio Bolsonaro também achava que poderia perder, porque haveria fraude, pois àquela altura, em julho, as pesquisas de forma alguma indicavam que a disputa já estivesse garantida a Lula,

Como chegou a essa conclusão, somente o próprio Heleno poderá explicar em seu depoimento. Mas ninguém pode lhe negar o direito de pensar assim e acreditar que as eleições seriam fraudadas.

No Brasil, ainda não é proibido pensar. Se fosse assim, não existiriam tantas teorias conspiratórias, e muitas deles transitam aqui na Tribuna, que as aceita por trafegar sob o signo da liberdade.

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P.S.
– Não se deve apressar as coisas e ter opiniões precipitadas. Essa gravação é excelente, traz indicações importantes, mas a reunião ministerial não funciona como prova material, porque não traz evidências sobre o golpe propriamente dito. Só serve para provar que Augusto Heleno e Jair Bolsonaro são dois idiotas e acreditavam mesmo na possibilidade de fraude eleitoral. (C.N.)

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