Alta da dívida pública é preocupante, mas Lula insiste em arrombar o teto

Tribuna da internet: "O esquema internacional das dívidas públicas transforma os países em reféns", por M.L.Fattorelli - Auditoria Cidadã da DívidaDeu em O Globo

Um item das finanças públicas deveria interessar a todo cidadão: a dívida bruta do governo geral, que inclui governo federal, INSS, governos estaduais e municipais. Medido como proporção do PIB, esse número indica o peso do endividamento público e traduz seus principais efeitos negativos, em particular o volume de recursos necessários para pagar juros.

Para pagar o que deve, o governo tem dois caminhos: gerar resultado fiscal positivo ou tomar mais dinheiro emprestado no mercado, pagando juros mais altos para isso. Com a sucessão de déficits fiscais nos últimos anos, o endividamento tem atingido patamares a cada dia mais preocupantes.

ACIMA DO RAZOÁVEL – O Banco Central divulgou na semana passada o número para 2023. Com um aumento de 2,7 pontos percentuais em relação ao ano anterior, a dívida bruta alcançou 74,3% do PIB, ou R$ 8,1 trilhões — quase R$ 40 mil por brasileiro. É um resultado bem acima do considerado razoável para países emergentes com as características do Brasil.

É preciso reconhecer que existem vários senões sobre o salto registrado entre 2022 e 2023. De certa forma, o último ano do governo Jair Bolsonaro foi atípico. O BNDES pagou antecipadamente R$ 83,2 bilhões em dívidas que tinha com o Tesouro Nacional, e a inflação mais alta ajudou a elevar o PIB, o denominador no cálculo do endividamento, contribuindo para reduzi-lo.

 Ainda assim, o resultado do primeiro ano de Lula é motivo de inquietação e reforça a necessidade, reiterada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de buscar equilíbrio nas contas públicas.

PIORA FISCAL – O déficit do governo foi de R$ 230 bilhões em 2023, ante superávit de R$ 46 bilhões em 2022 — piora fiscal de R$ 276 bilhões, aproximadamente os 2,7% do PIB adicionados à dívida. O governo atribui, com razão, grande parte dessa piora à gestão anterior, que legou as obrigações de compensar estados e municípios pela redução do ICMS e de zerar as dívidas sem possibilidade de recurso na Justiça, os precatórios. Mesmo com ajustes, a piora fiscal foi da ordem de 1,2% do PIB.

A situação fiscal permanece inalterada: as contas públicas fecharam o ano no vermelho, e a dívida cresceu. Haddad tem dado repetidas provas de estar atento ao problema. Conseguiu aprovar no Congresso um novo marco de controle fiscal e diversas medidas para aumentar a arrecadação.

Dentro do governo, tem resistido e mantido a meta de zerar o déficit em 2024. Isso é fundamental para manter a credibilidade. “Se o governo não conseguir cumprir a meta no primeiro ano, a distância para o ano seguinte vai aumentar”, diz o economista Manoel Pires, coordenador do Observatório de Política Fiscal do Ibre/FGV.

PROBLEMA É GRAVE – Nos próximos meses, é até possível que as receitas adicionais resultantes das medidas tributárias surpreendam e fiquem acima do previsto. Mas isso não deveria servir para escamotear o problema: a resistência do governo a controlar despesas.

Cardeais do PT teimam em contradizer todo o conhecimento acumulado no Brasil e no mundo, criticando sistematicamente a austeridade por reduzir o crescimento da economia. Todas as evidências mostram que, sem equilíbrio fiscal, não há confiança. E, sem confiança, não há investimento, condição necessária para o crescimento do PIB (e redução do endividamento).

Para avaliar o desempenho da gestão petista na economia, será preciso acompanhar com atenção a trajetória da dívida bruta.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Estamos num país surreal. O ministro da Fazenda se preocupa em conter o déficit e controlar a dívida, mas o presidente da República não está nem aí. Quem entende uma administração desse jeito? (C.N.)

5 thoughts on “Alta da dívida pública é preocupante, mas Lula insiste em arrombar o teto

  1. O pior de tudo é estarmos nos endividando em bola de neve apenas para pagar benefícios de toda a sorte, salários de servidores públicos (sem redução mesmo na pandemia trancafiados em casa), aposentadorias MIL e juros. Isso mesmo; pegando emprestado para pagar juros vencendo. Investimento que é bom , NADA! Com investimentos públicos que atraiam ainda mais investimentos do setor privado teríamos um efeito multiplicador. Estradas, portos, ferrovias, hidrovias, aeroportos e etc beneficiam nossos produtores e atraem turistas. Não vejo solução com esse baixo nível educacional das massas e com essa classe política rasteira, incapaz e egoísta!

  2. Senhor Carlos Newton , não seria o caso de o ministro da economia Fernando Haddad, vir a público e denunciar essa sangria criminosa na economia do país , esses crimes de ” lesa-pátria ” da dívida pública de mais 60% do OGU á fundo perdido , ao invés de buscar equilíbrio nas contas públicas , ser humilhado e chantageado pelos congressistas federais e pelo próprio presidente Lula e membros do seu partido PT , que o estão sabotando a olhos nus .

  3. Economista de verdade se preocupa com justiça social, além de seguir cegamente essa cartilha liberal fiscalista.

    A evolução da dívida me pareceu natural depois do desastre armado pela dupla bolsoguedes, e com a retomada de investimentos em vários setores sucateados como pesquisa, e a manutenção do bolsa família em 600 reais (é conveniente lembrar que no orçamento de 2023 do bolsoguedes não tinha bolsa família de 600 reais não.. Mas pode acreditar, ele ia fazer sim…).

    Só a bolsa de pesquisa de vários amigos quase que dobrou logo quando Lula entrou. No desgoverno bolsonaro chegou a atrasar umas 2x o pagamento.

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