Vera Rosa
Estadão
Enquanto as investigações sobre a tentativa de golpe no País atingem o ex-presidente Jair Bolsonaro, o Centrão se articula para ficar mais turbinado e dar as cartas da direita na próxima disputa pelo Palácio do Planalto, em 2026.
O plano dos principais partidos do grupo (PP, União Brasil e Republicanos) é de formar uma superfederação, tendo na mira não apenas a eleição para o comando da Câmara e do Senado, daqui a 11 meses, como também o fortalecimento do trio para enfrentar a provável candidatura de Lula da Silva à reeleição. Juntas, as três siglas controlam hoje cinco ministérios e estão de olho na Saúde, pasta que é dirigida por Nísia Trindade e tem orçamento de R$ 232,06 bilhões.
DEPOIS DAS ELEIÇÕES – As negociações para criar o consórcio partidário vêm ocorrendo há tempos por uma questão de sobrevivência política do grupo, até agora liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (AL). Dirigentes das legendas admitem, no entanto, que a estratégia só começará a sair do papel depois das eleições para as prefeituras.
Se o PP, o União Brasil e o Republicanos já estivessem juntos, teriam no Congresso uma bancada de 149 deputados e 17 senadores, que lhes daria mais dinheiro público para financiar campanhas, além do maior tempo de rádio e TV na propaganda eleitoral.
Não é fácil, porém, conciliar interesses de candidaturas regionais às vésperas das corridas para as prefeituras, mesmo porque o modelo de federação aprovado em 2021 obriga que a aliança entre os partidos dure no mínimo quatro anos.
DIVÓRCIO LITIGIOSO – Além disso, o União Brasil protagonizou um divórcio litigioso que ainda não se resolveu totalmente: contrário à proposta de federação, o presidente do partido, Luciano Bivar, foi substituído, no último dia 29, pelo ex-deputado Antonio Rueda.
O mandato de Bivar, no entanto, só vence em 31 de maio e ele promete entrar na Justiça contra seus adversários. Há dossiês com denúncias de uso irregular do fundo partidário para todos os lados.
“Quando decidimos fazer a convenção, eu disse claramente que só tínhamos dois caminhos: ou era a concertação ou todo mundo se abraçaria e se jogaria no precipício”, afirmou ACM Neto, ex-prefeito de Salvadore eleito vice-presidente do União Brasil, partido formado há dois anos com a fusão entre o DEM e o antigo PSL de Bolsonaro. “Então, se Bivar judicializar contra uma convenção convocada por ele mesmo, respeitando todas as exigências do nosso estatuto, temos certeza de que o Judiciário não vai reformar um procedimento assim”, completou Neto.
E TARCÍSIO – As fileiras do Centrão também abrigam o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tanto pode concorrer a novo mandato no Palácio dos Bandeirantes, em 2026, como ao Planalto.
Nos bastidores, porém, a migração de Tarcísio para o PL de Bolsonaro é vista como certa.
Lula vai dando corda para todo mundo enquanto aposta na melhora da economia para chegar ao quarto mandato. Até lá, o Centrão pressionará o governo por mais cargos e emendas parlamentares, o PT continuará vociferando contra a autonomia do Banco Central e Lira, que já começa a ficar com a caneta sem tinta, pode até ganhar um ministério. Quem sabe?
O eleitor mediano [creio ser a maioria(?)] acredito está a olhar o que vêm fazendo os candidatos à pretensa reeleição… partidos estão p-a-r-t-i-d-o-s…
Na minha visão o objetivo do Centrão e ter o poder nas mãos e nesse caso ter o cargo de Primeiro-Ministro (presidência da Câmara) e em segundo lugar a presidência do Senado. Centrão ter um Presidente da República não está nos planos.
Arthur Lira pinta e borda e quem aparace é Lula e Bolsonaro, mas quem manda mesmo é Arthur Lira. Qual o objetivo de ser presidente da República? Manda pouco, quem comando o orçamento secreto é Arthur Lira e Presidente da República é sempre vitrine.
O negócio e ter maioria na Câmara e Senado e pedir dinheiro para cada voto dado.