Crise alimentar é gravíssima e Cuba pede ajuda à ONU e a nações amigas

Caos do socialismo: a comida simplesmente acabou em CUBA - Terra Brasil  Notícias

Cubanos sabem que precisam de ajuda alimentar externa

Ángel Bermúdez Role
BBC News Mundo

A ilha vive uma recessão econômica há vários anos que afeta a produção de alimentos, a disponibilidade de medicamentos, e é acompanhada por uma inflação na casa dos três dígitos. O peso cubano está em constante desvalorização. Há apagões. A economia não tem um aliado internacional que permita um alívio financeiro. Há também protestos sociais e emigração em massa.

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, reconheceu em sua conta no X (antigo Twitter) que “várias pessoas manifestaram insatisfação com a situação do serviço de energia elétrica e de distribuição de alimentos”, mas acusou os inimigos da Revolução de tentarem se aproveitar deste contexto para fins desestabilizadores.

SITUAÇÃO COMPLICADA – Segundo Pavel Vidal, professor de economia da Universidade Javeriana de Cali, na Colômbia, a situação que a ilha atravessa hoje tem algumas semelhanças com a crise dos primeiros anos da década de 1990, logo após o colapso da União Soviética, chamada de Período Especial, que deixou Cuba sem o seu principal apoio político e econômico no exterior.

“São mais atingidos os pensionistas e funcionários do Estado que dependem de uma renda fixa em pesos cubanos que não foi reajustada pela inflação… não há dados oficiais, mas acredito que os números da pobreza são alarmantes. Principalmente no que se refere aos aposentados, cuja situação é agravada pelo envelhecimento da população. Aí existe uma situação muito complicada”, afirma.

Ao mesmo tempo, há cubanos que recebem auxílios em dólares enviados por parentes no exterior. Estas desigualdades entre os diferentes setores da sociedade cubana são uma das razões de a situação atual ser mais dura do que a vivida na década de 1990, com o fim do apoio da União Soviética.

CRISE MAIS GRAVE – O economista Ricardo Torres, pesquisador do Centro de Estudos Latino-Americanos e Latinos da American University, nos EUA, argumenta que é preciso levar em consideração alguns aspectos qualitativos “para compreender o fardo sobre as pessoas, e como a crise pode ser sentida”.

Torres destaca, por exemplo, que o Período Especial foi precedido por uma fase de crescimento econômico, enquanto a atual conjuntura se dá “após quase 30 anos de crise permanente”.

“Nos anos 1990, o país apresentava um certo bem-estar que tinha sido alcançado na década de 1980, tanto em termos de consumo quanto em termos de qualidade e profundidade dos serviços sociais, de educação, de saúde, com conquistas esportivas a nível mundial. E tudo isso em uma sociedade muito mais igualitária em termos de rendimentos do que a que existe agora. Não quer dizer que não havia problemas, mas era definitivamente muito mais igualitária em termos de rendimentos”, aponta.

RETROCESSO BRUTAL – Isso indica que embora a partir de 1994 o PIB tenha começado a crescer novamente, houve muitas áreas da economia, da sociedade e de da população que nunca recuperaram o padrão de vida e os níveis de atividade da década de 1980.

“A infraestrutura de Cuba, construída depois de 1959, estava praticamente recém-construída na década de 1990. Pense nas centrais elétricas, nas estradas. Agora essa situação é muito diferente. As centrais elétricas estão há mais de 30 anos em funcionamento, talvez já excedendo os parâmetros para os quais foram concebidas. Muitas estradas, por exemplo, nunca tiveram manutenção nos últimos 30 anos”, afirma.

“Então, a infraestrutura física está em um estado muito mais lamentável agora, mais deteriorada do que nos anos 1990. Talvez a única infraestrutura que esteja relativamente melhor hoje seja a das telecomunicações, já que certamente se expandiu a disponibilidade de celulares e, inclusive, o acesso à internet.”

ECONOMIA FRACA – Torres acrescenta que a ilha perdeu capacidade produtiva. “Há muito menos usinas açucareiras, muito menos indústrias de manufatura, menos agricultura e pecuária, por exemplo. Há mais hotéis e aeroportos, e alguns deles são mais modernos do que os que existiam na década de 1980, mas o equilíbrio em termos de infraestrutura não é favorável”, destaca.

Há migração em massa e nestas três décadas a ilha perdeu muito capital humano, além do envelhecimento da população.

“Durante o Período Especial, o atendimento hospitalar sofreu, claro, mas nada a ver com a situação que vivemos hoje. O mesmo pode ser dito da educação. Cuba estava com um sistema educacional robusto, com muito capital humano. Isso não é mais verdade. Pelo contrário, tem havido uma emigração em massa de professores bem qualificados que afeta todos os níveis”, diz ele.

FALTAM ITENS BÁSICOS – Além disso, ele afirma que a assistência material que as pessoas podem receber do Estado foi reduzida, não só em termos de medicamentos que podem estar disponíveis num hospital, por exemplo, como também de itens básicos que a população recebe por meio da libreta (caderneta de racionamento), sistema criado para controlar a distribuição destes produtos para a população.

“Embora o governo não divulgue números oficiais a este respeito, sabe-se que os níveis de desigualdade já eram muito altos em 2019. Isso significa que um grupo importante da população chega a esta crise atual com o padrão de vida bastante deteriorado, com carências importantes em termos de moradia, de acesso a serviços sociais. Então, eles chegam com muita desvantagem, e esta crise os atinge duramente. E eles não têm nenhum tipo de recurso ou reserva para enfrentar essa situação”, explica.

ABASTECIMENTO – A situação geral do abastecimento na ilha costuma ser considerada um assunto sensível — e um segredo estratégico

A estes elementos, devemos acrescentar o que os economistas consideram erros nas políticas internas, como a recente “reforma monetária” (uma tentativa fracassada de unificar o câmbio); um conjunto de reformas econômicas parciais e incompletas, como a iniciativa do ex-presidente Raúl Castro de entregar em usufruto as terras improdutivas para os agricultores, destaca Pavel Vidal.

“O usufruto não dá ao agricultor a segurança que ele precisa, porque ele não tem a propriedade da terra. Há milhões de limitações para, por exemplo, erguer construções nessas terras e, além disso, a compra forçada por parte do Estado de uma parte importante da produção a preços ridículos torna a atividade agropecuária financeiramente inviável”, explica.

CRISE MULTISSISTÊMICA – “Trinta anos depois, se tornou uma crise multissistêmica. É uma crise política, social, sanitária e econômica. E todos estes fatores juntos geraram esta tempestade que neste momento se vê nesta explosão social que está acontecendo em diferentes locais do país”, acrescenta, fazendo referência aos protestos que ocorreram na ilha no dia 17 de março.

Torres  e Vidal concordam que o problema subjacente é um modelo econômico que “não funciona”.

“A evidência histórica é esmagadora em termos de que esses modelos de economia centralmente planificadas, sobretudo no estilo soviético, não deram resultado em nenhum dos países em que foram adotados. Observe que a própria China e o Vietnã, apesar de ainda terem partidos comunistas no poder, há mais de três décadas reconheceram que este modelo não era funcional, e o abandonaram”, destaca Torres.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Pela primeira vez na História, o governo cubano pediu à ONU ajuda alimentar para combater a fome do povo. A Venezuela, apesar da crise, tenta ajudar, o México, também, e o Brasil já enviou um avião com 80 toneladas de alimentos. Mas é pouco, muito pouco para as reais necessidades do povo. (C.N.)

Economia e governo vão bem, quem está mal é o próprio presidente Lula

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Eliane Cantanhêde
Estadão

É bem possível que os ministros não entendam nada de comunicação, mas o grande problema do governo não é esse, mas sim que o presidente Lula se comunica excessivamente e mal, dando uma bola fora atrás da outra. As duas últimas vindo a público são a história do sumiço de 261 móveis, obras e objetos do Alvorada e a notícia de que, ora, ora, o governo Lula decreta cem anos de sigilo para 1.339 pedidos de informação, como Bolsonaro fazia, sob chuvas de protestos.

Seria uma irresponsabilidade inadmissível se qualquer um, mas é muito grave quando o presidente mais do que insinua, praticamente acusa o antecessor de ter levado embora até o mobiliário do palácio residencial. Irresponsável, grave e sujeita a processo, a declaração fica ainda pior porque os novos móveis foram comprados sem licitação e tem efeito colateral depois de revelado que estava tudo lá, o tempo todo: o uso político de Bolsonaro e bolsonaristas.

RIDICULARIZAÇÃO – O MP já tinha embolado “importunação de baleia” com fraude em atestado de vacinas, uso indevido do cartão corporativo, tentativas de embolsar e contrabandear joias das Arábias, além, obviamente, a trama do golpe.

Depois de tudo embolado, a cada notícia sobre os Bolsonaro, inclusive o indiciamento pelos atestados falsos, a reação de advogados, amigos e militantes é a mesma: acusar “perseguição política” e ridicularizar, comparando com a ação da baleia.

A partir de agora, a baleia volta para águas profundas e, na narrativa bolsonarista, emergem os móveis do Alvorada. Misturam-se realidade, delações e provas contra Bolsonaro com a acusação leviana de Lula.

ARMAS E MUNIÇÃO – E, assim, Lula dá armas e munições para o inimigo, a quem, inclusive, chamou de “covardão” por não ter ido até o fim com o golpe. Onde Lula está com a cabeça?

E essa história dos cem anos de perdão, ops!, de sigilo? Algum gênio lança a ideia, acha que ninguém vai ver e o presidente repete o que ele e todos os demais criticávamos em Bolsonaro.

Ainda não aprenderam que, não importa quem seja presidente, mais cedo ou mais tarde, alguém descobre móveis e sigilos escandalosos, assim como foram revelados joias cravejadas de diamantes e atestados falsos inseridos na rede oficial do SUS. Nem tentativa de golpe, liderada pelo então presidente e envolvendo altas patentes militares, escapou.

ERROS DEMAIS – A lista de erros de Lula é longa: Venezuela, Nicarágua, comparar Israel com nazismo, acusar os EUA, sem provas, de ter se “mancomunado com a Lava Jato”, jogar uma dinheirama na refinaria Abreu e Lima, de péssima memória, interferir na Petrobras, usar o Banco dos Brics e a Vale para “reabilitar” Dilma Rousseff e Guido Mantega, desautorizar Fernando Haddad…

Na comparação dos dois balanços, dos erros de Lula e o distribuído na reunião de segunda-feira sobre os feitos do governo, o governo vai bem, quem vai mal é o presidente. Para desespero, aliás, de quem morre de medo da volta do bolsonarismo.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Excelente artigo de Eliane Cantanhêde, atônita com a confusão mental de Lula. Já explicamos aqui na Tribuna da Internet que a culpa é da dona Janja da Silva. Se ela mandar parar os remedinhos que Lula está tomando para aumentar o pique e aguentar a correria presidencial, a confusão mental deve diminuir. Mas quem se interessa? (C.N.)

Rússia prende onze suspeitos após atentado em Moscou, com 115 mortos

Estado Islâmico reivindica atentado em Moscou

Mais de 6 mi pessoas foram atacadas nesta casa de shows

Deu no Estadão
Associated Press

Onze pessoas foram detidas depois que homens armados invadiram uma casa de shows em Moscou e abriram fogo contra a multidão, disse o chefe do Serviço Federal de Segurança da Rússia ao presidente Vladimir Putin no sábado, 23, segundo a agência de notícias estatal russa Tass.

Pelo menos 115 pessoas foram mortas no ataque, incluindo três crianças. Imagens compartilhadas pela mídia estatal russa no sábado mostraram veículos de emergência ainda reunidos em torno do Crocus City Hall, uma sala de concerto ao lado de um shopping que fica 20 km a noroeste do Kremlin, o coração da capital russa, com capacidade para mais de 6 mil pessoas.

O PIOR ATAQUE – O ataque de sexta-feira ocorreu poucos dias depois de o presidente Vladimir Putin conquistar mais seis anos de mandato em uma eleição presidencial manipulada e sem concorrentes relevantes. O ataque foi o mais letal na Rússia em 20 anos, e ocorreu no momento em que a luta do país na Ucrânia se arrastava pelo terceiro ano.

Vídeos postados on-line mostraram homens armados no local atirando em civis à queima-roupa. O teto do teatro, onde multidões haviam se reunido na sexta-feira para uma apresentação da banda de rock russa Piknik, desabou nas primeiras horas da manhã de sábado, enquanto os bombeiros passavam horas combatendo um incêndio que irrompeu durante o ataque.

Quatro dos detidos estavam diretamente envolvidos no ataque, informou a Tass. O grupo Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelo ataque em uma declaração publicada em canais de mídia social afiliados, embora nem o Kremlin, nem os serviços de segurança russos tenham atribuído oficialmente a culpa pelo ataque.

ESTADO ISLÂMICO – Em uma declaração publicada por sua agência de notícias Aamaq, a afiliada do Estado Islâmico no Afeganistão disse que havia atacado uma grande reunião de “cristãos” em Krasnogorsk. Não foi possível verificar imediatamente a autenticidade da alegação.

No entanto, um funcionário da inteligência dos EUA disse à The Associated Press que as agências de inteligência dos EUA confirmaram que o EI foi responsável pelo ataque.

A autoridade disse que as agências de inteligência dos EUA haviam reunido informações nas últimas semanas de que a filial do EI estava planejando um ataque em Moscou e que as autoridades dos EUA haviam compartilhado em particular a inteligência no início deste mês com as autoridades russas.

ONU CONDENA – Na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU condenou “o ataque terrorista hediondo e covarde” e destacou a necessidade de responsabilizar os autores. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, também condenou o ataque terrorista “nos termos mais fortes possíveis”, disse seu porta-voz.

Enquanto isso, em Moscou, centenas de pessoas fizeram fila na manhã de sábado para doar sangue e plasma, informou o Ministério da Saúde da Rússia.

Putin, que estendeu seu controle sobre a Rússia por mais seis anos na votação presidencial desta semana após uma ampla repressão à dissidência, denunciou publicamente os alertas ocidentais sobre um possível ataque terrorista como uma tentativa de intimidar os russos.

DISSE PUTIN – “Tudo isso se assemelha a uma chantagem aberta e a uma tentativa de amedrontar e desestabilizar nossa sociedade”, disse ele no início desta semana.

Em outubro de 2015, uma bomba plantada pelo Estado Islâmico derrubou um avião de passageiros russo sobre o Sinai, matando todas as 224 pessoas a bordo, a maioria delas russos em férias que voltavam do Egito.

O grupo, que opera principalmente na Síria e no Iraque, mas também no Afeganistão e na África, também reivindicou vários ataques no volátil Cáucaso russo e em outras regiões nos últimos anos. O grupo recrutou combatentes da Rússia e de outras partes da antiga União Soviética.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Vivemos num mundo cão, que ainda vai demorar muito até poder ser considerado realmente civilizado. Por enquanto, o mundo tem apenas alguns bolsões de civilização, como dizia o grande historiador britânico Kenneth Clark: “Civilização? Nunca encontrei nenhuma. Mas tenho certeza de que, se algum dia encontrar, saberei reconhecê-la”. (C.N.)

Nos EUA, devaneios titatoriais do STF contra Allan dos Santos soam ridículos

O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos -- Metrópoles

Allan dos Santos é idiota, mas tem direito de se expressar

Mario Sabino
Metrópoles

O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos é uma figura execrável. Ele mente, difama, calunia, tem um vocabulário imundo e os seus modos causam asco. Fui alvo dele, assim como fui e voltei a ser alvo de outra gente asquerosa: os blogueiros petistas.

O ministro Alexandre de Moraes quer prender Allan dos Santos, mas ele fugiu para os Estados Unidos. Os repórteres Mariana Hollanda e Renato Machado noticiaram que, no segundo semestre do ano passado, agentes do FBI e da imigração americana vieram ao Brasil para discutir o assunto com representantes do Ministério da Justiça e da PF.

“SÓ PALAVRAS…” – As autoridades brasileiras exibiram um vídeo, legendado em inglês, com as falas de Allan dos Santos pregando golpe. Para a irritação dos brasileiros, um dos americanos disse que não havia crime ali, só palavras.

Allan dos Santos é acusado no Brasil de crimes de opinião que os americanos julgam ser apenas o exercício da liberdade de expressão. Não será possível extraditá-lo, portanto, pela sua boca suja.

Os americanos concordaram, no entanto, em dar continuidade ao procedimento de repatriação de Allan dos Santos pelas acusações de lavagem de dinheiro e de formação de organização criminosa. Enviaram questionamentos às autoridades brasileiras, mas não obtiveram resposta. De acordo com os repórteres, o processo está parado no STF.

ASILO POLÍTICO – Enquanto isso, Allan dos Santos parece ter pedido asilo político nos Estado Unidos. A minha aposta é que conseguirá, a menos que haja provas robustas de crimes cometidos por ele que não sejam os de opinião. Pelo jeito, essas provas robustas inexistem até o momento. É caso de se perguntar se existirão algum dia.

O encontro entre as autoridades brasileiras e as americanas foi um choque de culturas, talvez até de civilizações. Do lado do Brasil, tem-se uma visão sobre liberdade de expressão que, de restritiva, passou a ser francamente autoritária; do lado dos Estados Unidos, a visão é que a liberdade de expressão deve ter garantias absolutas, seja para o bem como para o mal.

Nos Estados Unidos, cabe à sociedade distinguir a boa opinião e a opinião deletéria. Se a sociedade não o faz, será ela a arcar com as consequências e, quem sabe, aprender com isso. Ninguém tem o direito de tutelar a liberdade de expressão, preceito fundamental que hoje, com Donald Trump, passa por uma prova de fogo. A história de sucesso dos Estados Unidos aponta que o caminho deles é o correto, com todas as dores que implica.

EXISTE CRITÉRIO – Como resumiu o advogado André Marsiglia, um dos maiores especialistas em liberdade de expressão do Brasil, o episódio envolvendo Allan dos Santos mostra que os americanos têm critério.

“Para eles, historicamente, expressar-se sem uma ação é mero uso da ‘palavra’, coberto pela Primeira Emenda, pela Constituição. Como no Brasil não temos critério, deixamos aos juízes e governantes nos dizerem o que devem ser nossas liberdades. Qualquer democracia que se preze não deixa exclusivamente na mão de suas autoridades o critério para estabelecer liberdades fundamentais como a de expressão e de imprensa”, escreveu André Marsiglia no X.

Como eu disse no início, o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos é execrável, assim como os blogueiros petistas. O problema não é eles existirem, é existir gente que os ouça. Contra esse fato inescapável da realidade, os devaneios autoritários são inúteis — e perigosos, porque quem quer calar uns poucos termina querendo calar todos.

Moraes silencia sobre sua reunião com Bolsonaro que Mauro Cid quis delatar

Alexandre de Moraes derruba autuações da Receita Federal contra a Globo |  VEJA

Moraes se recusou a dar declarações à Folha

Constança Rezende
Folha

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), não quis se manifestar sobre a declaração do tenente-coronel Mauro Cid de que o magistrado teria se encontrado com Jair Bolsonaro (PL). Moraes foi questionado pela Folha para comentar o assunto, nesta sexta-feira (22), por meio da assessoria de imprensa do STF. Disse que não se manifestaria.

Em áudio revelado pela revista Veja, Cid citou o suposto encontro sem dar maiores detalhes. Ele também afirmou que a Polícia Federal tem uma narrativa pronta nas investigações sobre o ex-presidente.

DESCONCERTADOS – “Eu falei daquele encontro do Alexandre de Moraes com o presidente, eles ficaram desconcertados, desconcertados. Eu falei: Quer que eu fale?”, diz o trecho da gravação.

O ex-ajudante de Bolsonaro também se disse pressionado nos depoimentos e fez críticas a Moraes, que homologou sua delação premiada.

O ministro expediu novo mandado de prisão preventiva contra Cid nesta sexta. A medida ocorreu após o vazamento dos áudios. De acordo com o gabinete de Moraes, o militar foi preso por “descumprimento das medidas cautelares e por obstrução à Justiça”.

JUSTIFICATIVA DA PRISÃO– Segundo integrantes da PF, o tenente-coronel feriu o acordo de confidencialidade da colaboração premiada, o que foi considerado como o descumprimento de uma medida cautelar. Ele fez isso, avaliam investigadores, para tentar atrapalhar a apuração, sendo suspeito de obstrução de Justiça.

O Supremo também informou que está sob análise a homologação da delação feita pelo militar, já que os termos não foram tratados pela corte, e sim pelos investigadores.

Mauro Cid passou por exame de corpo de delito no Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal e foi encaminhado à Polícia do Exército.

NARRATIVA DELES – Nos áudios revelados por Veja, Cid afirma que os policiais só queriam “confirmar a narrativa deles” e a todo momento davam a entender que ele poderia perder os benefícios da delação premiada a depender do que contasse.

O militar também teria feito duras críticas a Moraes. “O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, afirma.

E prossegue: “O Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta, acho que essa é que é a grande verdade. Ele já tem a sentença dele pronta. Só tá esperando passar um tempo. O momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR [procurador-geral da República] acata, aceita e ele prende todo mundo”.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
As denúncias de Mauro Cid desmoralizaram o pau-de-arara do século 21 que o Supremo utiliza. Notem que a repórter da Folha não comprou apressadamente a versão de Moraes de obstrução da Justiça e descumprimento de medida cautelar. A exclusividade servil da Organização Globo faz muito mal ao país. Em fevereiro, Moraes derrubou as autuações da Receita à Globo por sonegação no caso dos “empregados pessoas jurídicas”. O fato concreto é que aumenta cada vez mais a percepção de que o inquérito do fim do mundo é ditatorial e a Polícia Federal virou um joguete nas mãos de Moraes. (C.N.)

Piada do Ano! PF suspeita que fugitivos de Mossoró tenham corrompido policiais

Mossoró: cão farejador chega ao esgotamento físico nas buscas | Metrópoles

As equipes estão esgotadas e ainda não encontraram nada

Bruna Lima e Guilherme Amado
Metrópoles

Um dos grandes entraves nas buscas pelos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), Deibson Cabral e Rogério Mendonça, tem sido a falta de confiança entre os policiais envolvidos na operação para recaptura, que nesta quinta-feira (21/3) entra em seu 37º dia.

Segundo policiais que atuam na operação, um dos principais pontos de desconfiança parte dos policias federais e rodoviários federais em relação a integrantes das polícias locais.

DEIXARAM ESCAPAR – Eles acreditam que possa ter havido, nas primeiras horas da fuga, uma inércia proposital por alguns policiais militares em Mossoró, para que os dois fugissem com mais liberdade. Os agentes da Polícia Federal e da Rodoviária só chegariam bem depois a Mossoró para atuar nas buscas, quando o Ministério da Justiça determinou a entrada das duas corporações nos esforços para recaptura.

Essas primeiras horas podem ter sido estratégicas para Cabral e Mendonça se distanciarem do presídio com rapidez, com pouca chance de serem abordados.

Além disso, no decorrer dos dias, também houve alguns episódios de falta de comunicação entre as forças federais e a PM local que levantaram a suspeita de envolvido.

DIZ A PM – A Polícia Militar do Rio Grande do Norte repetidas vezes afirmou que seus homens vêm trabalhando com toda a seriedade e dedicação e que está tão empenhada nas buscas quanto os demais colegas.

Os dois presos, que pertencem ao Comando Vermelho, fugiram do presídio federal se segurança máxima no dia 14 de fevereiro. Nesta sexta-feira, dia 22, a força-tarefa entrou no 38º dia de caçada aos dois fugitivos.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Dizer que há suspeitas de que houve cumplicidade policial é Piada do Ano. É claro que houve suborno, e correu solto, tal a facilidade da fuga. Continuar perseguindo é uma perda enorme de tempo e dinheiro, usando helicópteros, drones e cães farejadores. É claro que foi um plano perfeito de escape e do lado de fora havia cúmplices aguardando a fuga, para dar seguimento. Quem está determinando a continuidade das buscas é o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que está bem instalado em seu gabinete refrigerado no Palácio da Justiça, em Brasília. (C.N.)

Venezuela cria o estado de Essequibo e aumenta o risco de invadir a Guiana

Maduro adota tom mais ameno e fala em 'sentar e conversar' com a Guiana  sobre Essequibo | Jovem Pan

Nicolás Maduro já está divulgando o novo mapa da Venezuela

Isabella de Paula
Gazeta do Povo

Mesmo com julgamento em andamento na Corte Internacional de Justiça, órgão judicial máximo da ONU, a Venezuela decidiu criar o novo estado de Essequibo, zona disputada com a Guiana que representa 70% do território vizinho.

A decisão foi aprovada por unanimidade durante sessão na Assembleia Nacional, controlada pelo ditador Nicolás Maduro, nesta quinta-feira (21).

SOLUÇÃO PACÍFICA – A criação do novo estado é uma prova de que o regime chavista está ignorando as conclusões do encontro entre as lideranças de seus países, o presidente guianense, Irfaan Ali, e o ditador Nicolás Maduro. Em dezembro, os lados se comprometeram a buscar uma solução pacífica para a disputa, embora tensões e dúvidas permanecessem.

À época, o ministro venezuelano das Comunicações, Freddy Ñáñez, divulgou um vídeo na rede social X com Ali e Maduro trocando um aperto de mão. Na publicação, ele escreveu que a reunião bilateral foi “bem-sucedida” e “a única forma de resolver a controvérsia territorial é o diálogo, com compreensão e respeito, livre de interferências, priorizando o bem-estar” da região.

Ainda, depois do encontro, os países divulgaram um comunicado conjunto afirmando que concordaram que “direta ou indiretamente, não ameaçarão ou usarão a força uma contra a outra sob quaisquer circunstâncias, incluindo aquelas decorrentes de qualquer disputa existente entre ambos os Estados”.

TRIBUNAL LENTO – A decisão final sobre o futuro da região de Essequibo, rica em petróleo, deve ser definida pela Corte Internacional de Justiça, apesar da falta de reconhecimento da Venezuela sobre a legitimidade do órgão da ONU. O processo pode levar vários anos para ser decidido.

Na terça-feira (19), a Assembleia Nacional (AN) da Venezuela já havia aprovado, em segunda discussão, os artigos finais da Lei Orgânica de Defesa da Guiana Essequiba.

Um dos artigos que passaram prevê que quem apoiar a posição de Georgetown nessa questão não poderá concorrer a cargos públicos na Venezuela, mais um sinal do autoritarismo do atual regime chavista.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O ditador Nicolás Maduro é como o Homer Simpson, personagem de desenho animado, e diz que “o país é meu e eu coloco ele onde quiser no mapa”. Mas pode ter uma decepção, porque o governo Biden está doido para desembarcar os marines e dar um show pré-eleitoral. Como todos sabem, o eleitor norte-americano adora filme de guerra. (C.N.)

Já era esperado! Moraes, o vingador, manda Mauro Cid ser preso de novo

Alexandre de Moraes está sob pressão militar para soltar Mauro Cid | Metrópoles

Cid desmaiou ao saber que estava sendo preso outra vez

Constança Rezende e Julia Chaib
Folha

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), teve mandado de prisão preventiva expedido novamente nesta sexta-feira (22) pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.

De acordo com o gabinete de Moraes, Cid foi preso por “descumprimento das medidas cautelares e por obstrução à Justiça”. Ele será encaminhado o Instituto Médico Legal, segundo o gabinete de Moraes.

BUSCA E APREENSÃO – A Polícia Federal também cumpriu nesta sexta-feira um mandado de busca e apreensão na casa do ex-assessor de Bolsonaro. Segundo integrantes da PF, o tenente-coronel feriu o acordo de confidencialidade da colaboração premiada, por isso foi considerado o descumprimento de uma medida cautelar. Ele fez isso, avaliam investigadores, para tentar atrapalhar a apuração, o que leva à acusação de obstrução de Justiça.

Cid será preso preventivamente aos cuidados da polícia do Exército. O Supremo também informou que está sob análise a homologação da delação feita pelo militar, já que os termos não foram tratados pela corte e, sim, pelos investigadores.

A medida ocorreu após Cid prestar depoimento no Supremo, conduzido pelo desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete do ministro de Moraes.

PASSOU MAL – Funcionários do tribunal informaram que Cid passou mal e desmaiou ao saber da ordem de prisão, mas logo depois se recuperou. Ele chegou a ser atendido por brigadistas no local.

A audiência foi agendada após a revista Veja divulgar áudio em que Cid afirma que a Polícia Federal tem uma narrativa pronta nas investigações sobre o ex-presidente. Ele se disse pressionado nos depoimentos e fez críticas a Moraes, que homologou sua delação premiada.

“Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo”, disse o ex-ajudante de ordens.

APÓS O DEPOIMENTO – De acordo com a revista, a gravação é da semana passada e ocorreu após Cid prestar depoimento por nove horas à Polícia Federal.

Integrantes da PF dizem que a delação premiada do tenente-coronel pode ser anulada a depender de apuração a respeito dos áudios.

Investigadores dizem que vão analisar o teor das gravações e, se comprovado que as declarações se deram dessa forma e nesse contexto, a colaboração premiada corre grande risco de ser anulada.

NARRATIVA DELES – Nos áudios, ele afirma que os policiais só queriam “confirmar a narrativa deles” e a todo momento davam a entender que ele poderia perder os benefícios da delação premiada a depender do que contasse.

Cid também teria feito duras críticas a Moraes. “O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, afirma.

O militar também diz que teria havido um encontro do magistrado com Bolsonaro, sem dar maiores detalhes. “Eu falei daquele encontro do Alexandre de Moraes com o presidente, eles ficaram desconcertados, desconcertados. Eu falei: ‘Quer que eu fale?’.” E prossegue: “O Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta, acho que essa é que é a grande verdade. Ele já tem a sentença dele pronta. Só tá esperando passar um tempo. O momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR [procurador-geral da República] acata, aceita e ele prende todo mundo”.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Moraes é um péssimo juiz, que age movido pela raiva. Deveria, primeiro, tratar de saber se a denúncia de Cid tem procedência. Se as palavras do tenente-coronel forem verdadeiras, Moraes terá de agradecer a ele por ajudar a limpar a Polícia Federal. Mas é claro que Moraes jamais admitiria estar errado. Ele se julga o máximo, mas procede como fosse o mínimo. (C.N.)

Piada do Ano! Diretor da PF processa Cid ao invés de conferir as gravações

Andrei Passos é confirmado para a chefia da PF e associações esperam que corporação volte a atuar como órgão de Estado - Brasil 247

Andrei Passos pediu imediatamente a abertura de inquértto

Míriam Leitão
O Globo.

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, me informou que fez uma representação contra Mauro Cid no Supremo Tribunal Federal (STF) por ele ter dito que foi forçado a falar o que está dizendo na delação. A representação foi feita na noite de quinta-feira, logo após a divulgação dos áudios de uma conversa de Cid com um amigo pela “Veja”.

– Vimos com gravidade o que as falas acusam. Representamos ao STF para que ele esclareça, já que somos levianamente acusados. Ninguém acusará a PF e o STF dessa forma, e ficará incólume –  diz Rodrigues.

ÁUDIOS COMPROMETEDORES – A “Veja” trouxe áudios de uma conversa de Mauro Cid com um amigo em que ele diz que está sendo forçado a dizer que o que está falando, e no qual faz acusações à Polícia Federal e até ao ministro Alexandre de Moraes.

Em um dos trechos, ele fala: “O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”.

Em um outro trecho, Cid diz que houve um encontro de Moraes com o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Eu falei daquele encontro do Alexandre de Moraes com o presidente, eles ficaram desconcertados, desconcertados. Eu falei: ‘Quer que eu fale?’.”

JOGO DUPLO – O fato é que os áudios mostram que Mauro Cid tentou negar o que já disse e tentou fazer um jogo duplo. Ele levantou três afirmações muito graves à Polícia Federal. E, ao mesmo tempo, tudo o que ele falou acabou sendo corroborado pelos fatos. Porque, como se sabe, a delação não é a prova, é o caminho para encontrar a prova e ela só se sustenta se tiver elementos que confirmem aquela fala.

No caso, por exemplo, das vacinas que ele foi indiciado, há provas concretas de fraude e adulteração como uma declaração falsa de vacinação em seu benefício, do ex-presidente Bolsonaro e da filha do presidente.

O que Cid falou se comprovou também pelos depoimentos dos outros que estão sendo ouvidos. Agora ele tem que explicar porque deu essa versão tão torta e tão cheia de acusações contra a Polícia Federal e até contra o ministro Alexandre de Moraes.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Miriam Leitão, que foi torturada quando era presa política na ditadura militar e estava grávida, apressadamente toma as dores da Polícia Federal. Com todo respeito a seu enorme prestígio de jornalista, Miriam Leitão melhor faria se permanecesse neutra e exigisse os áudios completos dos depoimentos, para saber se Mauro Cid estava mentindo ou não. Quanto ao diretor da Policia Federal, Andrei Passos, também deu mancada. Ao invés de representar contra o réu, deveria liberar as gravações da íntegra dos depoimentos, o que automaticamente aconteceria, caso estivéssemos numa verdadeira democracia. (C.N.)

Petistas reprovam a insistência de Lula em seus ataques gratuitos a Bolsonaro

Charge do Caio Gomez (Correio Braziliense)

Denise Rothenburg
Correio Braziliense

Muitos petistas ficaram meio atônitos ao ver o presidente Lula chamando Jair Bolsonaro de “covardão” quando comentou a tentativa de golpe. A avaliação geral é a de que, em suas falas de governo, Lula precisa esquecer o seu antecessor, que está inelegível e não pode ser candidato em 2026.

O melhor é guardar os ataques pessoais para os palanques Brasil afora, na temporada oficial de campanha. No governo, porém, é preciso dedicar discursos para falar dos programas em curso e, nos estados, mostrar o que o governo vem fazendo.

PRÉ-CAMPANHA – Afinal, não adianta, avaliam os próprios petistas, convocar uma reunião ministerial para tratar dos projetos do governo e Lula jogar tudo por terra, falando do adversário e da tentativa de golpe.

Em tempo: com Bolsonaro percorrendo o país em pré-campanha, a ala mais à esquerda do PT considera que não dá para o presidente Lula esquecer o ex-presidente. Afinal, alguns petistas consideram que a polarização ajudará a eleger os seus filiados tal e qual ajudou Lula em 2022.

Na reunião ministerial desta semana ficou claro que o Planalto espera uma melhoria da avaliação da gestão Lula a partir do próximo semestre. Coincidentemente, é quando o PT estará mais focado na batalha eleitoral. Não é apenas a questão eleitoral deste ano que leva o governo a agir para tentar elevar os índices de aprovação. É que, quanto melhor estiver o governo, menos os adversários do governo (e alguns aliados) vão se animar em concorrer em 2026.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Temos comentado aqui na Tribuna da Internet que Lula não está bem. Parece descompensado – ou está agressivo demais, esculhambando Bolsonaro sem parar, ou está engraçado demais, falando até nas calcinhas das eleitoras. O fato concreto é que a idade não perdoa, Lula está cansando e vem tomando antidepressivos com efeitos colaterais. É melhor dona Janja da Silva mandar trocar o remedinho. (C.N.)

Advogado de Bolsonaro sobre áudios de Mauro Cid: “E um fato gravíssimo”

Fábio Wajngarten diz que Bolsonaro "jamais acessou ConecteSUS"

A imprensa notou que havia discrepâncias, diz Wajngarten

Leonardo Meireles
Metrópoles

Em publicação no Twitter, Fabio Wajngarten, advogado e ex-secretário  de Comunicação Social do governo Jair Bolsonaro, afirmou ter ficado surpreendido com o que chamou de “potencial jogo duplo” do tenente-coronel Mauro Cid, após áudios do militar terem sido divulgados.

Nas gravações, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro critica a Polícia Federal e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

“Ainda não tenho opinião formada, nem juízo de valor, diante de tantas possibilidades que podem ter ocorrido”, aponta Wajngarten.

DIRECIONANDO A FALA – Em um dos áudios, divulgados pela revista Veja, Mauro Cid afirmou que os investigadores da PF queriam que ele falasse “coisas que não aconteceram”.

“Eles não aceitavam e discutiam que a minha versão não era verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo. Eles já estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade”, disse Cid a um interlocutor de seu círculo próximo, afirmando depois se tratar de um desabafo.

Wajngarten chama a atenção para o fato de que a imprensa retratou, durante a semana, possível discrepância entre o que o Cid falou para a PF e o depoimento posteriormente divulgado.

ÁUDIOS NA ÍNTEGRA – “Isso é gravíssimo. O levantamento do sigilo das gravações dos depoimentos dele, na íntegra, poderá dirimir potenciais dúvidas e dará a transparência necessária para a elucidação de parte dos fatos”, escreveu.

Segundo o advogado, se o vazamento dos áudios for uma estratégia da defesa de Cid, ele não crê que tenha sido oportuna. “De todo modo, a defesa do presidente [Bolsonaro] tomará as devidas providências ao longo do dia”, conclui.

Na semana passada, a coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles, já tinha noticiado que Cid vinha reclamando do que chamava de “narrativas” construídas pela PF. Por causa disso, o militar pediu à Polícia Federal acesso à íntegra dos vídeos de seus depoimentos.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Bem, a solução do problema é simples e já foi proposta. Basta o ministro Alexandre de Moraes levantar o sigilo e liberar a íntegra das gravações dos depoimentos. Imediatamente ficaremos sabendo quem esta mentindo – Cid ou os federais? (C.N.)

Piada do Ano! STF reinicia investigação sobre Moraes no aeroporto de Roma

Imagem do relatório da Polícia Federal com o suposto tapa do empresário Roberto Mantovani no advogado Alexandre Barci de Moraes, filho do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes

PGR alega que a agressão foi de ‘gravidade considerável”

Pedro Vilas Boas
Folha

O ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que a Polícia Federal retome as investigações sobre a suposta agressão à família de Alexandre de Moraes. O caso aconteceu no aeroporto de Roma, na Itália, em julho do ano passado. Toffoli atendeu a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), em determinação assinada na quarta-feira (20) e publicada nesta quinta-feira (21).

A Procuradoria discordou do argumento apresentado pela PF no inquérito, de que não poderia haver indiciamento, já que se trata de crime de menor potencial ofensivo praticado no exterior.

ATOS DE GRAVIDADE – “Há elementos de convicção sobre ter havido, na data e local indicados, atos de hostilidade de gravidade considerável por parte de Alex Zanatta Bignotto, Roberto Mantovani Filho e Andreia Munarão contra o ministro Alexandre de Moraes”, diz o pedido enviado a Toffoli.

A PGR pede ainda que o empresário Roberto Mantovani Filho seja ouvido novamente pela corporação. O objetivo é esclarecer se o vídeo gravado do momento da discussão, encontrado em um celular na casa de Mantovani, foi “manipulado para retratar um cenário fantasioso”.

A manifestação da Procuradoria ainda diz que as supostas ofensas contra Moraes “escaparam” do relatório da PF. O posicionamento afirma que a suposta conduta dos investigados autoriza a “extraterritorialidade da lei penal brasileira”, portanto, o indiciamento mesmo em caso de crime no exterior.

PF DIZ O CONTRÁRIO – A defesa de Roberto Mantovani disse ao UOL só se manifestar quando tiver acesso à íntegra da manifestação da PGR. No mês passado, a PF concluiu que Alexandre Barci de Moraes, filho do ministro, foi vítima de “injúria real”, praticada por Mantovani.

A injúria real tem pena máxima de um ano de detenção e, por ser um crime de potencial ofensivo menor e ainda praticado no exterior, o delegado Hiroshi Sakaki, que conduziu a investigação, explicou não ser o caso de indiciamento do empresário.

A Polícia Federal destacou que as imagens cedidas pelo aeroporto mostram o início da discussão a partir de uma manifestação de Andreia Munarão, mas que sem os registros sonoros e “da impossibilidade de realizar leitura labial, são insuficientes para atestar a materialidade do crime” por parte de Munarão e Alex Zanatta Bignotto.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Conforme se vê, a Procuradoria-Geral da República não tem medo do ridículo nem se preocupa em ficar consumindo recursos públicos em investigações sem a menor gravidade e o menor sentido. Como dizia o historiador Capistrano de Abreu, a Constituição deveria mandar os brasileiros terem vergonha na cara, revogadas as disposições em contrário. (C.N.)

Investigadores praticaram crime de abuso de autoridade ao pressionar Mauro Cid

Saiba as diferenças entre abuso de autoridade e abuso de poder

Charge reproduzida do Arquivo Google

Deu na Veja

Nos áudios, vazados de reportagem da revista Veja na noite desta quinta-feira, 21 de março, Cid acusou a PF de pressioná-lo a responder “coisa que eu não sei, que não aconteceu”.

“Eles [os policiais] queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu… Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo”, afirmou o tenente-coronel em uma das mensagens.

NARRATIVA PRONTA – “Eu vou dizer o que eu senti: já estão com a narrativa pronta deles, é só fechar, e eles querem o máximo possível de gente para confirmar a narrativa deles. É isso que eles querem”, acrescentou em outro áudio.

A Veja não revelou o interlocutor de nenhuma das mensagens.

Em outra declaração, Cid atacou Moraes. “O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, disse o tenente coronel.

MORAES & BOLSONARO – A declaração mais concreta de Cid nos áudios vazados envolve um trecho de seu depoimento à PF que teria sido retirado do relatório da corporação e envolveria uma suposta reunião entre Moraes e Bolsonaro em uma casa do senador Ciro Nogueira (PP-PI).

“Para mostrar ao interlocutor que haveria uma filtragem das informações que são oficializadas pela PF, Cid fala de um suposto encontro entre o ministro e Jair Bolsonaro, que não ficou registrado nos seus depoimentos”, diz a reportagem.

No áudio em questão, Cid afirma: “Quando eu falei daquele encontro do Alexandre de Moraes com o presidente, eles [agentes da PF] ficaram desconcertados. Eu falei: ‘Quer que eu fale? Não vou botar no papel, porque vou me f*. Mas o presidente [Bolsonaro] se encontrou secretamente com Alexandre de Moraes na casa do Ciro Nogueira. E aí?’.”

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Essa denúncia de Cid compromete e desmoraliza o trabalho da Polícia Federal. Direcionar testemunho é crime de abuso de autoridade, sem a menor dúvida, com pena de um a quatro anos de detenção e multa. Não dá para entender e aceitar que esse tipo de pressão tenha havido em tão importante processo. É uma vergonha para todos os brasileiros. É assim que fazemos justiça neste país? (C.N.)

Mauro Cid diz que a “PF não quer saber a  verdade” e complica as investigações

Mauro Cid confirma depoimento à CPI do Distrito Federal

Cid foi gampeado e pode perder o benefício da delação

Andréia Sadi
GloboNews

Em áudios divulgados pela ‘Veja’, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, criticou a Polícia Federal e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. deve ser ouvido nesta sexta-feira (22). Ele se queixou de que foi obrigado pelos investigadores a confirmar informações que desconhecia.

A Polícia Federal sugeriu que Mauro Cid seja interrogado pelo juiz instrutor do caso para esclarecer áudios em que o ex-ajudante de ordens ataca o ministro Moraes e a própria PF. De acordo com apuração do colunista Gerson Camarotti, Cid será ouvido nesta sexta-feira (22), às 13h, pelo juiz instrutor do gabinete do ministro Alexandre de Moraes.

GRAVAÇÕES NA VEJA – Os áudios foram divulgados pela revista “Veja” na noite de quinta-feira (21). De acordo com a reportagem, Cid afirmou que a PF está com a “narrativa pronta” e que os investigadores “não queriam saber a verdade”.

Com a divulgação dos áudios, a PF pode reavaliar a delação premiada de Mauro Cid, que foi aceita pela instituição em setembro de 2023, segundo o blog apurou.

Em um primeiro momento, os investigadores queriam chamar Cid para esclarecer questões envolvendo os áudios. No entanto, acharam melhor sugerir que o ex-ajudante de ordens seja ouvido pelo juiz instrutor, já que Cid os colocou sob suspeição.

DELAÇÃO AMEAÇADO – Para fontes ligadas à investigação, Cid só tem a perder, já que a avaliação é a de que a delação do ex-ajudante de ordens só corrobora com as demais provas que a PF já tem, trazendo poucas novidades.

Integrantes da PF avaliam ainda que Cid parece estar tentando mandar recados para o círculo pessoal dele, ao criticar a Polícia Federal e o ministro Alexandre de Moraes.

Entre militares, o movimento de Cid — se confirmado como gesto a Bolsonaro — é considerado um tiro no pé, uma vez que a investigação já se mostrou bastante aprofundada no que diz respeito ao ex-ajudante de ordens.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGA gravíssima a acusação de Mauro Cid. Se a Polícia Federal e o ministro Moraes estiverem agindo tendenciosamente, como ele afirma, as investigações se complicam e embolam o meio de campo. Vamos aguardar o que ele diz ao juiz instrutor da equipe do Supremo. (C.N.)

 

Sidney Miller ficou famoso quando compôs uma belíssima música sobre o circo

História com Gosto: Pois é, pra que ? Sidney Miller

Sidney Miller, grande compositor

Paulo Peres
Poemas & Canções

O compositor carioca Sidney Álvaro Miller Filho (1945-1980), na letra de “O Circo”, nos traz as lembranças dos sonhos infantis, repletos de ilusões e fantasias, onde a vida é mais alegre e colorida.  A música foi gravada no LP Sidney Miller, em 1967, pela Elenco.

O CIRCO
Sidney Miller

Vai, vai, vai começar a brincadeira
Tem charanga tocando a noite inteira
Vem, vem, vem ver o circo de verdade
Tem, tem, tem picadeiro de qualidade
Corre, corre, minha gente que é preciso ser esperto
Quem quiser que vá na frente, vê melhor quem vê de perto
Mas no meio da folia, noite alta, céu aberto
Sopra o vento que protesta, cai no teto, rompe a lona
Pra que a lua de carona também possa ver a festa

Bem me lembro o trapezista que mortal era seu salto
Balançando lá no alto parecia de brinquedo
Mas fazia tanto medo que o Zezinho do Trombone
De renome consagrado esquecia o próprio nome
E abraçava o microfone pra tocar o seu dobrado

Faço versos pro palhaço que na vida já foi tudo
Foi soldado, carpinteiro, seresteiro e vagabundo
Sem juízo e sem juízo fez feliz a todo mundo
Mas no fundo não sabia que em seu rosto coloria
Todo encanto do sorriso que seu povo não sorria

De chicote e cara feia domador fica mais forte
Meia volta, volta e meia, meia vida, meia morte
Terminando seu batente de repente a fera some
Domador que era valente noutras feras se consome
Seu amor indiferente, sua vida e sua fome

Fala o fole da sanfona, fala a flauta pequenina
Que o melhor vai vir agora que desponta a bailarina
Que o seu corpo é de senhora, que seu rosto é de menina
Quem chorava já não chora, quem cantava desafina
Porque a dança só termina quando a noite for embora
Vai, vai, vai terminar a brincadeira
Que a charanga tocou a noite inteira
Morre o circo, renasce na lembrança
Foi-se embora e eu ainda era criança

Planalto constata “ataque especulativo” sobre Prates, presidente da Petrobras

 da Petrobras, Jean Paul Prates

Prates quer acabar com as ruinosas importações de diesel

Eduardo Gayer e Roseann Kennedy
Estadão

O Palácio do Planalto quer saber de onde surgiram os novos rumores de que o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, seria demitido. Nesta terça-feira, 19, o boato foi ventilado nos gabinetes de Brasília e nas mesas de operação do mercado financeiro, prejudicando as ações da estatal negociadas na Bolsa.

Para interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar da derrota do ex-senador na queda de braço sobre a distribuição de dividendos da empresa, uma eventual demissão não seria feita neste momento.

PALAVRA DE ORDEM – A sensibilidade de uma troca na Petrobras, argumentam, exigiria outro “timing” – neste momento, a ordem é enfraquecer a narrativa de que Lula faz interferências desmedidas na estatal.

Mais cedo, nas redes sociais, o presidente da Petrobras ironizou a situação. “Trabalho intenso o dia todo em Houston com mais de 15 reuniões por dia, sem olhar o telefone, e agora soube que já andaram me “derrubando” no Brasil… isso só me assegura que estou no caminho certo. Faz parte!”, publicou.

A equipe palaciana quer entender se os ruídos foram plantados por especuladores financeiros, por inimigos do presidente da Petrobras ou se houve a tentativa de criar uma espécie de onda “Fica, Jean”.

ALIADO DE HADDAD – Lula costuma realizar eventuais trocas na equipe de forma lenta e gradual. Foi assim com a substituição de Daniela Carneiro por Celso Sabino no Ministério do Turismo, em julho, e com a minirreforma ministerial de setembro. Além disso, Jean Paul Prates conquistou um aliado de peso frente à artilharia que sofre: o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O ex-prefeito de São Paulo virou um ponto de equilíbrio nas desavenças entre o presidente da Petrobras e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que convenceu Lula a orientar a estatal a não distribuir parte dos dividendos aos acionistas neste momento.

Prates foi senador pelo PT do Rio Grande do Norte, mas sofre resistência até entre correligionários. Ele é visto por aliados como muito ligado ao mercado financeiro.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Prates é profissional do ramo do petróleo e está fazendo uma excelente administração na Petrobras. Como diria Trump, ele está trabalhando para fazer a empresa ser grande de novo. Mas os espertalhões do mercado querem tirá-lo a todo custo, porque ele pretende acabar com as importações de petróleo e óleo diesel, uma das maiores fontes de corrupção na Petrobras. Trabalhei vários anos lá e sei exatamente o que estou falando. (C.N.)

Lula quer manipular a religião para evitar a manipulação dos religiosos

Evangélicos veem chance “de ouro” para Lula se reaproximar de igrejas |  Metrópoles

Lula pretende mesmo expulsar os vendilhões dos templos?

Mario Sabino
Metrópoles

Em mais uma memorável reunião ministerial que honra a república brasileira, Lula minimizou a resistência democrática das Forças Armadas às vivandeiras bolsonaristas que foram bulir nos bivaques para chamar Jair Bolsonaro de “covardão”.

“Não teve golpe não só porque algumas pessoas que estavam no comando das Forças Armadas não quiseram fazer, não aceitaram a ideia do presidente, mas também porque o presidente é um covardão”, disse o atual presidente sobre o presidente anterior que ele não tira da cabeça.

TUDO ERRADO – Eu poderia dizer exatamente isto: “Lula, esqueça o cara, Jair Bolsonaro é uma coisa que só existe na sua cabeça”. Só que não. A Nêmesis de Lula continua a assombrá-lo, não há STF que o derrube.

Para complicar, Lula experimenta queda na popularidade, o motivo da convocação da reunião ministerial (interesse do país não é prioridade). Previsivelmente, o presidente petista disse que tudo o que foi feito até agora não basta e que, portanto, é preciso fazer muito mais.

Nessas horas, eu me lembro de Ronald Reagan. O presidente americano dizia que a frase mais temível que se podia ouvir em inglês era: “Eu sou do governo e estou aqui para ajudar você”. Mas não tem jeito: esquerda no poder é isso, e somos obrigados a conviver com a turma que quer nos salvar de nós mesmos, sempre esperando que consigamos nos salvar dela.

LULA EVANGÉLICO – Lá estou eu fazendo digressões. O que eu gostaria de comentar é a fala de Lula sobre os evangélicos, fationa do eleitorado na qual a aversão ao presidente petista, que já era grande, aumentou ainda mais depois dos ataques antissemitas de Lula a Israel.

O presidente petista está inconformado porque acha que, na verdade, os evangélicos estão sendo manipulados pelos bolsonaristas.

Para Lula, que comparou Israel a Hitler, o Brasil tem de ser “um país em que a religião não seja instrumentalizada por um partido político ou um governo. Que a fé seja exercitada na mais plena liberdade das pessoas que queiram exercê-la. A gente não pode compreender a religião sendo manipulada da forma vil e baixa como está sendo neste país.”

MANIPULAÇÃO – Muito bem, parabéns! E o que Lula quer fazer para que a religião não seja manipulada de forma vil e baixa? Ele quer manipular a religião de forma vil e baixa.

De acordo com o Metrópoles, o Palácio do Planalto pretende “construir uma agenda em comum entre o governo e os evangélicos, com temas em que haja consenso em áreas como proteção da família, segurança e assistência social” e incluir “evangélicos em conselhos setoristas do governo.

Uma das propostas é nomear lideranças desse segmento para o chamado Conselhão de Lula”.

APROXIMAÇÃO – Além disso, o governo federal pretende “melhorar a comunicação com os evangélicos. Para isso, a ideia é discutir com o próprio segmento religioso para tentar entender a melhor forma de dialogar com ele”.

É divertido ver Lula e os petistas se portando como tementes a Deus, tentando manipular a realidade que rejeita aborto, odeia maconha, é contra casamento gay e tem no trabalho uma ética de vida.

Mais do que divertido, é instrutivo assistir a tudo isso.

Bolsonaro encara enormes obstáculos na defesa técnica e na defesa política

Bolsonaro reage a cerco judicial em meio a rumores de sua prisão

Bolsonaro simplesmente alega que o golpe não aconteceu

William Waack
Estadão

É altíssima a probabilidade de Jair Bolsonaro ter a prisão decretada em futuro não distante. As duas linhas de defesa – técnica e política – enfrentam barreiras formidáveis, e o principal problema é ele mesmo.

A defesa “técnica” acha que os inquéritos da Polícia Federal contêm erros de origem, como afirmar que a falsificação de cartões de vacina seria passo rumo ao golpe de Estado. Mas os investigadores apresentaram, no caso específico dos cartões de vacinação, um conjunto bem detalhado que vai dar trabalho à sua equipe de criminalistas.

CONJUNTO DA OBRA – Ainda no âmbito “técnico” da acusação de tentativa de golpe de Estado, a defesa enfrenta depoimentos contundentes de ex-comandantes nas Forças Armadas que falaram como testemunhas – pesa mais do que delações. Supõe-se que a PGR montará uma peça única de denúncia, compondo com os tais cinco eixos de atuação dos investigadores esse “conjunto da obra” que vai de joias e vacinas a golpe de Estado.

O lado “político” da defesa é igualmente complicado. Ela trata obviamente de consolidar a versão de que tudo não passaria de uma perseguição judicial movida pelos mesmos tribunais superiores que o impediram de governar e favoreceram Lula. Essa versão não parece ter conquistado muito mais gente além do núcleo duro do bolsonarismo.

TESE DA PERSEGUIÇÃO – A defesa “política” ensaia repetir exemplos históricos nos quais personagens políticos transformaram os tribunais que os julgavam em grandes plataformas de propagação de suas ideias, afirmando-se como profetas perseguidos. Para desempenhar esse papel, falta a Bolsonaro principalmente a capacidade de formulação de um discurso razoavelmente coerente.

Pergunta óbvia é saber se uma provável prisão de Bolsonaro “engrandece” o personagem ou, ao contrário, o diminui como influente figura política. A resposta a essa questão especulativa depende em grande medida das investigações em curso – quanto mais politizadas, mais rápida a desmoralização delas, e uma “salvação” de Bolsonaro.

INCOMPETÊNCIA – O problema para a defesa técnica é a notória incompetência e amadorismo de Bolsonaro, que espalhou rastros.

Diante dos elementos que se acumulam, o próprio ex-presidente parece dirigir as esperanças de seus seguidores para um outro tipo de esperança, que tem contornos de autoengano.

Se Lula foi condenado em três instâncias e o STF o devolveu ao Planalto, seria razoável acreditar, nessa versão, que uma virada de maré no ambiente político proporcionaria a um eventual condenado Bolsonaro destino similar, em nome de “pacificação” ou o que seja. Mas essa maré não parece estar surgindo.

Mercado confia mais em Campos Neto do que em Lula, diz uma nova pesquisa

Jorge Braga - 09/05/2023 | O Popular

Charge do Jorge Braga (O Popular)

Deu na Folha

Para os fundos de investimentos, não há comparação: Roberto Campos Neto é mais confiável do que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em pesquisa realizada pela plataforma de investimentos Genial e pela empresa de inteligência de dados Quaest, 81% dos gestores, economistas, traders e analistas do mercado responderam “confiar muito” no presidente do Banco Central. Apenas 1% tem a mesma visão de Lula.

Para 96% dos entrevistados, o presidente é “pouco ou nada” confiável. Quanto a Campos Neto, o índice cai para 2%.

NOVA PESQUISA – Os números fazem parte da pesquisa “O que pensa o mercado financeiro”, que já havia sido realizada pelas duas empresas em novembro do ano passado. Os dados foram coletados por entrevistas online e por meio de respostas a questionários de 14 a 19 de março deste ano.

Dos 101 fundos com sedes em São Paulo e Rio de Janeiro, 64% têm visão negativa do governo Lula, um aumento de 12% em relação à pesquisa anterior. São 30% os que qualificam como “regular” a atual administração e 6% têm visão positiva.

Também nesse quesito, a avaliação do mercado financeiro é muito mais favorável a Campos Neto. Na pergunta “como avalia a atuação do presidente do Banco Central desde o começo de 2023”, 94% responderam como “positiva” e apenas 1% como “negativa.”

TAXAS DE JUROS – Lula vive às turras com Campos Neto desde o início do seu mandato. Ele se irrita com o que considera excessiva resistência do Banco Central em reduzir as taxas de juros.

Na semana passada, acusou o presidente do BC de “contribuir para o atraso do crescimento econômico” do país. “Não tem nenhuma explicação os juros da taxa Selic estarem em 11,25% [ao ano]. Não existe nenhuma explicação econômica, nenhuma explicação inflacionária, não existe nada, a não ser a teimosia do Banco Central em manter essa taxa de juros”, disse ele, em entrevista ao SBT.

Nesta quarta-feira (20), o Copom (Comitê de Política Monetária), do BC, voltou a se reunir para discutir a Selic e deciciu uma queda de 0,5 ponto percentual, o que levou os juros 10,75% ao ano.

HADDAD POPULAR – A popularidade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também é bem superior à de Lula: 64% avaliam seu trabalho como positivo, enquanto 12% veem como negativo.

Apesar disso, os fundos de investimento são descrentes de que o governo vai atingir o déficit zero neste ano, uma das bandeiras de Haddad na Fazenda: 99% não creem que isso vá acontecer. Mesmo assim, 51% consideram que o ministro está mais forte agora do que no início do mandato e 14%, menos forte.

O maior temor do mercado é o intervencionismo do governo federal na economia. Para 50% dos entrevistados, este é o maior risco para o governo Lula, mais do que o dobro em relação a estouro da meta fiscal (23%). Bem superior também à perda de popularidade do presidente (19%), baixo crescimento (3%), deterioração no cenário externo (2%), confronto com o Congresso Nacional (2%) e volta da inflação (1%).

DIREÇÃO ERRADA – Apenas 19% dos integrantes de fundos de investimento esperam que a inflação aumente neste ano, e a maior parte (46%) acredita em redução. São 36% os que possuem expectativa de índice semelhante ao de 2023 (4,62%).

As opiniões são pessimistas também quanto ao rumo da economia: 71% consideram que a política econômica está na direção errada.

No cenário para os próximos 12 meses, 47% avaliam que a economia vai seguir como está hoje, 32% que continuará igual, e 21% acreditam na piora.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Esse tipo de pesquisa vale quase nada, porque os gestores dos fundos de pensão torcem por juros altos, para aumentar seus lucros. Roberto Campos Neto é homem de mercado e defende o mercado. Lula decidiu enfrentá-lo, ao invés de cativá-lo. E o resultado foi a farra dos juros, que eleva muito a dívida. Nem sempre Lula está errado quando defende queda dos juros. Por falar nisso, e os juros nos cartões de crédito, que ainda podem chegar a 430% ao ano?  (C.N.)

É desanimador notar que quase todos os bolsonaristas iriam apoiar o golpe

Charge Clayton | Charges | OPOVO+

Charge do Clayton (O Povo/CE)

Hélio Schwartsman
Folha

Os depoimentos do general Antônio Freire Gomes e do brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior dão cor e textura à tentativa de golpe capitaneada por Jair Bolsonaro e seus seguidores, mas não creio que mudem muito as perspectivas penais do ex-presidente.
O Supremo, afinal, em todas as decisões relativas aos ataques de 8 de janeiro, já dera sinais de que uma eventual condenação de Bolsonaro era questão de tempo. Um placar de 9 a 2 me parece verossímil.

ELEITORES CONFUSOS – As falas dos dois ex-comandantes também não devem mudar muito o pensamento dos cerca de 25% de eleitores que se dizem bolsonaristas convictos. Já comentei aqui o trabalho do psicólogo Drew Westen, que mostra que militantes políticos parecem sentir prazer sempre que conseguem apaziguar uma dissonância cognitiva relativa a seu líder. Os circuitos cerebrais utilizados, os sistemas de recompensa, são os mesmos envolvidos na dependência de drogas.

A grande dúvida é sobre como reagirão os eleitores que, sem ser bolsonaristas radicais, engrossavam a votação no capitão reformado. Para esse grupo, dissonâncias cognitivas às vezes levam a mudanças de posição.

Pelo Datafolha, 74% dos brasileiros dizem que a democracia é sempre a melhor forma de governo. Conciliar tal convicção e os depoimentos dos dois oficiais-generais com as atitudes do ex-presidente pode ser desafiador para quem não despreza fatos nem a lógica.

E OS POLÍTICOS – Outra incógnita diz respeito aos políticos que se perfilavam ao lado de Bolsonaro. Para uma parcela deles, que devem quase todos os seus votos ao capitão reformado, é muito difícil desligar-se do ex-presidente sem alijar a maior parte da sua base. É pouco provável que rompam com o golpista frustrado.

Mas, para lideranças que não estão tão umbilicalmente ligadas ao ex-presidente, um afastamento é não apenas factível como necessário.

Deixar de fazê-lo significará normalizar o golpe de Estado, o que seria muito ruim para a democracia.

###
P.S. –
Acredito que Hélio Schwartsman esteja certo no seu cálculo. Quase todos os bolsonaristas apoiariam um golpe de estado, para se livrarem de Lula e do PT. O tema é irresistível e vamos abordá-lo novamente. (C.N.)