Nas entrelinhas, a reforma ministerial vira um jogo de intrigas na Esplanada

Governo define pastas "intocáveis" em reforma ministerial - Blog da Denise

Ilustração do Gomez (Correio Brazíliense)

Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense

É certa a entrada do Centrão no governo Lula, não se sabe ainda em quais ministérios. As conversas de bastidor com os caciques do PP e do PR estão praticamente concluídas, de maneira a garantir uma maioria governista segura na Câmara, onde a governabilidade do país tem seu ponto mais vulnerável.

As pressões para acelerar a mudança refletem as contradições entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e os caciques do MDB e do União Brasil no Senado, principalmente os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Davi Alcolumbre (União-AP).

AINDA HÁ PROBLEMAS – As indicações de Lira estão consolidadas, fazem parte de seu acordo com os presidentes do PP, Ciro Nogueira (PI), e do Republicanos, Marcos Pereira (SP). Cotados para a Esplanada, os deputados Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE) e André Fufuca (PP-MA) têm como características boas relações com o PT nos seus estados.

O aval de Lira e suas bancadas, porém, não garante que os 49 votos do PP e os 41 do Republicanos sejam carreados automaticamente para as propostas do governo. Os dois ministros são políticos muito jovens e terão que exercer uma liderança compartilhada.

O caminho crítico das negociações é a escolha dos ministérios a serem ocupados, ou seja, dos ministros que serão defenestrados no novo desenho político da Esplanada. A entrada de 90 deputados de centro-direita na base do governo muda o perfil político do governo e o peso relativo de todos os partidos na sua composição, principalmente os de esquerda. Essa realidade faz com que uma legenda da base queira fazer cortesia com o chapéu do outro.

ESTÁ TUDO NO AR – Nem o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que conduz as negociações, sabe o que o presidente Lula pretende fazer na recomposição do governo e quando.

A pressa de Lira decorre do fato de que a votação da reforma tributária no Senado aumenta o poder de barganha de Renan Calheiros e Davi Alcolumbre, mas dificilmente Lula decidirá de imediato essa mudança.

Entretanto, com viagem marcada para o exterior, por causa da reunião do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), nos próximos dias 20 ou 21, em Joanesburgo, ou Lula decide nesse interregno ou joga a mudança para setembro. Porque, no dia 27, comparecerá à reunião da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em São Tomé e Príncipe. Tudo isso com uma dificuldade extra: as dores da artrose no quadril e as frequentes idas ao Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, para infiltrações de corticoide.

MUITA BOATARIA – Enquanto isso, as intrigas prosperam. As tentativas de deslocar o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, considerado da cota do PT, e a ministra do Esporte, Ana Moser, escolha pessoal de Lula, até agora fracassaram, mas continuam.

As especulações agora se voltam, também, para os ministérios dos Portos e Aeroportos, ocupado por Márcio França, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, acumulado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, ambos do PSB.

Fala-se em deslocar França para a pasta de Alckmin, que ficaria com a responsabilidade de coordenar o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Ambos, porém, são ex-governadores que ajudam o Executivo a se articular com o empresariado paulista e mitigar a força de Tarcísio de Freitas (PR), principalmente às vésperas de eleições municipais.

TARCISIO É CONTRA – O atual governador de São Paulo é contra a entrada do Republicanos no governo de Lula e pode até deixar o partido, pressionado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

De todas as mexidas possíveis na atual conjuntura política, provavelmente essa seria a mais delicada e com maior repercussão eleitoral.

A primeira consequência seria reforçar a candidatura à reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e isolar de vez o candidato de Lula, Guilherme Boulos (PSol).

MST acusa governo de descumprir acordo e invade centro de pesquisas da Embrapa

Instalações da Embrapa Semiárido foram invadidas pelo MST, à véspera de abertura de feira para pequenos produtores, em Petrolina (CE). Movimento alega que governo não cumpriu acordo

Movimento sem-terra debocha da autoridade do governo Lula

José Maria Tomazela
Estadão

Cerca de 1.500 integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST) voltaram a invadir, no final da tarde deste domingo, 30, um centro de pesquisas da Embrapa Semiárido, órgão ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária, em Petrolina (PE). De acordo com o movimento, a decisão foi tomada porque o governo Lula não cumpriu a promessa de destinar áreas para assentar as famílias acampadas na região.

A negociação aconteceu durante a onda de invasões em abril deste ano, como parte do “Abril Vermelho”, a jornada de manifestações do movimento.

SEMIÁRIDO SHOW – A nova invasão acontece na véspera da abertura do Semiárido Show, um dos eventos mais importantes da região, usado para repasse de tecnologias aos pequenos agricultores do semiárido.

A abertura estava prevista para esta terça-feira, 1º, mas a área de exposições foi totalmente ocupada pelos sem-terra. O MST informou que, desde as negociações para a desocupação em abril, não houve avanço nos acordos, que ficaram estagnados.

As invasões do MST em abril já haviam causado problemas para o governo, afastando o Planalto da Agrishow, maior evento do agronegócio na América Latina, em São Paulo. O ministro da Agricultura e Abastecimento, Carlos Fávaro, chegou a ser “desconvidado” da abertura da feira após ter sido informado pelos organizadores que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria presente.

CPI DO MST – Como reação, a bancada ruralista no Câmara conseguiu apoio para a instalação de uma CPI do MST. As oitivas da comissão serão retomadas nesta semana, com o depoimento do ex-ministro do GSI do governo Lula, general Gonçalves Dias. Ele será ouvido nesta terça-feira, na condição de testemunha.

O presidente da CPI que investiga o movimento, deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), classificou as ações do grupo como um “deboche”. Segundo ele, o governo é “conivente” com as invasões do MST.

A reocupação da área da Embrapa em Pernambuco foi decidida em assembleia. “Nós elegemos o governo Lula e precisamos que o ministério cumpra seu papel em atender as demandas da reforma agrária e possam cumprir as políticas voltadas para os movimentos sociais e não somente servir os interesses do agronegócio”, disse Jaime Amorim, da direção estadual do MST no Estado.

COMPROMISSOS??? – Segundo o movimento, havia sido prometido que parte dos dois mil hectares da fazenda da Embrapa seria destinada para assentar famílias.

O governo também teria se comprometido, segundo o movimento, a levantar áreas de outros órgãos federais, como a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale de São Francisco) e do Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra a Seca) para fazer assentamentos. Também prometeu reativar a superintendência do Incra de Petrolina.

“O MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) rompeu com todos os acordos e tenta fazer o Semiárido Show sem cumprir o que foi acordado. Não queremos atrapalhar o Show, mas ao mesmo tempo não vamos permitir que seja realizado se não for cumprido o mínimo do mínimo para que a gente possa organizar as coisas e as famílias possam ser assentadas”, disse.

CENTRO DE PESQUISAS – A área invadida pelo MST é utilizada para a instalação de experimentos de produção em ambientes com escassez de água e para a multiplicação de material genético de sementes e mudas de cultivares lançados pela empresa.

Já o Semiárido Show, segundo divulgação da Embrapa, é uma grande feira de inovação tecnológica voltada para a agricultura familiar do Semiárido brasileiro. O objetivo é facilitar o acesso a conhecimentos, informações e tecnologias desenvolvidos pela Embrapa e instituições parceiras. O evento vai até o dia 4.

A Embrapa Semiárido confirmou a invasão das instalações pelos sem-terra e disse que vai tomar as medidas judiciais necessárias para a reintegração na posse da área.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) informou que já tomou conhecimento do ocorrido e prepara manifestação oficial a respeito.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O MST finge que apoia o governo Lula, mas o boicota permanentemente. Comporta-se como se o governo existisse par servir aos caprichos dos dirigentes do movimento, que agem como se fossem cafetões dos camponeses, digamos assim. É um movimento de estilo totalmente surrealista, que debocha dos governantes. (C.N.)

Haddad e Tebet foram elegantes ao serem atropelados pela nomeação de Porchmann 

Haddad e Tebet vão ao STF discutir julgamento sobre ICMS | Monitor Mercantil

Apanhados de surpresa, Tebet e Haddad não reagiram

Elio Gaspari
O Globo/Folha

O economista Marcio Pochmann foi escolhido para a presidência do Instituto Brasileiro de aGeografia e Estatística numa cavalgada típica do comissariado petista. O IBGE está na jurisdição do Ministério do Planejamento, de Simone Tebet, e, de certa forma, sob o guarda-chuva da Fazenda, de Fernando Haddad. Na quarta-feira, o titular da Comunicação, Paulo Pimenta, anunciou: “Marcio Pochmann será o novo presidente do IBGE e não tem nenhum ruído quanto a isso.”

Ilusão de palaciano. Horas antes, a ministra Tebet havia dito à repórter Miriam Leitão que não conhecia Pochmann e que a escolha do novo presidente do IBGE seria tratada na hora certa.

A MANDO DE LULA – Tebet e, de certa forma, Fernando Haddad foram atropelados pelo comissariado petista. Pimenta fez o anúncio a mando de Lula. Pochmann é um veterano militante da constelação de economistas do PT, tentou um voo como candidato à prefeitura de Campinas e perdeu duas vezes.

O ruído que Pimenta garantiu não existir, aconteceu, mas difere dos demais. Simone Tebet tem as boas maneiras de seu pai, Ramez, que presidiu o Senado. Como ela mesma disse, escolhe suas batalhas. Quem a viu na CPI da Covid, sabe como as trava.

Lula e o comissariado não precisavam atropelar Simone Tebet como fizeram. Até as pedras de Brasília sabiam que o nome de Pochmann estava no tabuleiro e não há sinal de que a ministra do Planejamento batalhasse para barrá-lo.

ONIPOTÊNCIA PETISTA – Isso aconteceu por dois aspectos da onipotência petista. A subjetiva leva-os a pensar que podem tudo. Já a onipotência objetiva leva-os a mostrar que podem fazer de tudo, pois ninguém os contrariará.

Na mesma entrevista em que revelou não conhecer Pochmann, a ministra Tebet lembrou que Lula foi eleito por “milésimos”, graças a uma frente política. (Lula derrotou Bolsonaro por uma diferença de 1,8 ponto percentual.)

Mais: “Sabemos que o embate de 2026 começa em 2024”. Tradução possível: Simone Tebet travará suas batalhas em 2024.

BATALHAS INÚTEIS – Uma coisa seria travar batalhas em torno de temas relevantes. Bem outra será ver batalhas provocadas por atitudes onipotentes embrulhadas em grosserias. Essa receita já explodiu em 2016.

Não custa lembrar que, em julho de 2022, quando ainda era candidata a presidente pelo MDB, Simone Tebet anunciou que se houvesse um segundo turno sem a sua participação, ela apoiaria o candidato que defendesse a democracia.

Caso raro de candidato que, antes do primeiro turno, praticamente declara seu voto no segundo. Questão de elegância.

Pensões de 143 “filhas solteiras” do Senado custam R$ 31 milhões por ano à União

Maitê Proença tem pensão herdada de seus pais, Carlos Gallo e Margot Proença - Reprodução/Instagram

Maitê Proença é a falsa “filha solteira” mais famosa do Brasil

Lúcio Vaz
Gazeta do Povo

As pensões das 143 filhas solteiras de servidores do Senado custam R$ 31,2 milhões por ano aos cofres públicos. Dez delas têm renda vitalícia acima de R$ 40 mil. Um grupo de 30 pensionistas tem renda acima de R$ 30 mil, com média de R$ 36 mil.

Quatro pensionistas batem no teto constitucional, equivalente ao salário dos deputados, senadores e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).  A pensão mais antiga foi concedida em abril 1956 – há 67 anos. A mais idosa tem 91 anos.

SUPERSALÁRIO – Márcia Viana, de 58 anos, filha do analista legislativo Evandro Viana, passou a receber a pensão em janeiro de 1988. A renda do servidor de carreira é formada por R$ 31,2 mil de remuneração básica, R$ 16,7 mil das vantagens especiais e R$ 9,5 mil de função comissionada. Um total de R$ 57,4 mil. Mas a pensão sofre um abate-teto de R$ 15,8 mil.

Verônica Albuquerque, de 46 anos, filha de Antonino de Albuquerque, outro analista legislativo, recebe pensão desde janeiro de 1978 – há 45 anos.

A renda bruta do servidor seria de R$ 49 mil, incluindo R$ 11,8 mil de vantagens especiais – um valor bem acima do teto do INSS (R$ 7,5 mil). Mas a pensão sofre o corte de R$ 7,5 mil para não passar do teto remuneratório constitucional de R$ 41.650,92.

OUTRA PENSÃO – Júlia Chermont, hoje com 91 anos, filha de Victor Chermont, teria renda bruta de R$ 47,7 mil, mas sofre abate-teto de R$ 6 mil e recebe o teto constitucional. Júlia teve a pensão cancelada em 2017 diante da descaracterização da sua dependência econômica em relação ao instituidor da pensão. Mas recuperou o benefício por decisão da 17ª Vara Federal do Rio de Janeiro.

Juntamente com mais 34 pensionistas filhas solteiras, Verônica também teve a sua pensão cancelada em 2017 por decisão administrativa do Senado, com base no Acórdão 2.780/2016 do Tribunal de Contas da União (TCU), pela descaracterização da sua dependência econômica em relação ao instituidor. Ela era sócia-administradora da empresa Onex Confecção de Vestuário, algo considerado irregular pelo tribunal.

TRÊS FONTES – Havia também filhas solteiras em união estável ou recebendo aposentadoria pelo INSS. Tânia Mara Moreira Machado, de 64 anos, tinha duas fontes de renda, além da pensão do Senado. Era sócia da empresa Cobre & Bronze Comércio de Roupas e aposentada pelo Regime Geral de Previdência Social. Ela não conseguiu recuperar a pensão de filha solteira.

Vinte e três filhas solteiras do Senado recuperaram o benefício na Justiça. Quem abriu a brecha foi o ministro do STF Edson Fachin. A recuperação de pensões suspensas por recomendação do TCU aconteceu após de decisão liminar tomada pelo ministro do Supremo em abril de 2017.

O ministro decidiu que o acórdão do TCU não poderia prevalecer porque estabelecia requisitos não previstos em lei.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enviada por Gilberto Clementino, a matéria mostra como funciona o Supremo. No caso das “filhas solteiras”, a lei tinha sido interpretada contra o interesse nacional e as pensões foram cortadas. Mas o ministro Fachin é “garantista”, aceitou recurso e preferiu garantir o prosseguimento desse privilégio asqueroso.

Aliás, a falsa filha solteira mais famosa do Brasil é Maitê Proença, que continua recebendo alta pensão do governo paulista, cerca de 17 mil mensais, embora já tenha vivido maritalmente várias vezes, e seu mais recente relacionamento assumido foi com a cantora Adriana Calcanhoto. Como dizia Ibrahim Sued, em sociedade tudo se sabe. (C.N.)

Justiça suspende o resultado de leilão “sob medida” que já tinha vencedor antecipado

A Ulbra é uma das universidades mais importantes do Sul

Do site Agenda do Poder

Uma reviravolta trouxe novos capítulos à disputa judicial envolvendo a tentativa de venda da Faculdade de Medicina da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), avaliada em R$ 700 milhões. Nesta sexta-feira (28/7), a 4ª Vara Cível da Comarca de Canoas determinou a suspensão da proclamação do resultado do leilão do curso, dentro do processo de recuperação judicial da AELBRA, mantenedora da Rede Ulbra de Educação, instituição de ensino superior localizada no município de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

ATUAÇÃO SUSPEITA – O advogado Fábio Medina Osório, que representa a Universidade Brasil na condição de terceira juridicamente interessada na recuperação judicial da Ulbra, ressalta que a Justiça acolheu os argumentos quanto à atuação suspeita do Fundo Calêndula.

“Nesse sentido, o magistrado concedeu liminar e suspendeu o anúncio do resultado do leilão até que se delibere sobre sua nulidade”, destaca.

A atuação do Fundo Calêndula, único habilitado a participar do leilão, foi considerada “preocupante” pelo juiz Sandro Antônio da Silva. “Eis que se trata do maior cessionário de créditos da recuperanda e poderá utilizar seus créditos no lance, (…) que seguramente superam em muito a casa dos R$ 700 milhões, que vem a ser o preço mínimo do Edital.”

MUITA CAUTELA – “Haja vista os detalhamentos contidos no Plano de Recuperação Judicial Substitutivo, facilmente se conclui que a Ulbra Medicina S/A (UMESA) foi considerada um ativo sobremaneira valioso da Recuperanda. Portanto, deve ser gerido com muita cautela”, afirma o juiz Sandro Silva.

O magistrado salientou ainda que as “impressões preliminares exigem a cautela de suspender a proclamação do resultado do certame, conforme aconselhou a Administradora Judicial e o Ministério Público, a fim de melhor ouvir credores e instituições diretamente ligadas ao negócio em pauta, pois o que se desenha não necessariamente será vantajoso para os fins do Plano Recuperacional, credores e mesmo para a Recuperanda”.

Na decisão, o juiz também suspendeu o leilão dos imóveis da AELBRA, avaliados em R$ 251 milhões. Também determinou a requisição de informações detalhadas a respeito das irregularidades apontadas. “A falta de efetiva publicidade e clareza do que será vendido, da regularidade registral imobiliária, assim como do acervo patrimonial residual da Recuperanda, são motivos suficientes para o juízo requisitar informações a quem de direito (dever)”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Como se vê, era mais um “leilão sob medida”, que já tinha vencedor por antecipação. E o juiz Sandro Silva percebeu o lance na chamada undécima hora. (C.N.)

Exército isenta tropas e culpa os governos Lula e Ibaneis pelos vandalismo do 08/01

STF determina que Gonçalves Dias vá à CPI do MST | O TEMPO

General Gonçalves Dias, do GSI, foi omisso e irresponsável

Thaísa Oliveira
Folha

O inquérito policial militar aberto para investigar os militares que deveriam ter protegido o Palácio do Planalto diante dos ataques golpistas de 8 de janeiro livrou as tropas de culpa e apontou “indícios de responsabilidade” da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, que integra a pasta do GSI (Gabinete de Segurança Institucional). O relatório sigiloso, obtido pela Folha, foi finalizado em 2 de março e recebeu uma complementação no dia 14 daquele mês.

A apuração concluiu que, se houvesse tido planejamento “adequado” no início do governo do presidente Lula (PT), seria possível ter evitado a invasão do palácio ou minimizado os estragos.

MANTIDO NO CARGO – À época, a secretaria do GSI era chefiada pelo general Carlos Feitosa Rodrigues. Ele chegou ao cargo em 2021, na gestão do bolsonarista Augusto Heleno. Foi mantido no governo Lula pelo general Gonçalves Dias, ministro do GSI que pediu demissão em abril após a divulgação de imagens que colocaram em xeque a atuação do órgão durante o 8 de janeiro.

Como no caso de Feitosa, a situação se repetia no Departamento de Segurança Presidencial da secretaria. O diretor, coronel Wanderli Baptista da Silva Junior, também havia sido nomeado por Heleno e mantido por Gonçalves Dias. Ele ficava diretamente abaixo de Feitosa na estrutura interna do gabinete.

O inquérito militar afirma que, no âmbito do GSI, “resta evidente” que “o planejamento, o acionamento e o emprego” de militares “no tocante às ações ligadas à manutenção da integridade física do Palácio do Planalto e adjacências” cabe à secretaria.

A QUEM CABIA? – O relatório destaca que, de acordo com o protocolo que define as ações do GSI e do CMP (Comando Militar do Planalto) na defesa do palácio (chamado de Plano de Operações Escudo), competia ao DSeg “acionar o deslocamento” da tropa de choque do Exército.

Também era obrigação da secretaria “buscar informações indispensáveis ao planejamento de ações preventivas” junto à Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e aos órgãos da Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal, o que não foi feito.

No dia 6 de janeiro, uma sexta-feira, o GSI previu situação de “normalidade” no final de semana. Como mostrou a Folha em abril, a Abin diz que o ex-ministro do GSI recebeu 11 alertas em seu WhatsApp do dia 6 de janeiro até o início dos ataques.

EFETIVO MENOR – A título de comparação, o inquérito policial militar constatou que o número de militares no dia 8 de janeiro era menor do que o de 31 de julho do ano passado, quando Jair Bolsonaro (PL) convocou manifestantes contra o STF.

Na ocasião, a segurança do Planalto havia sido reforçada por 110 militares —o equivalente a uma subunidade ou três pelotões. No dia 8 de janeiro, o Comando Militar do Planalto enviou apenas um pelotão (36 homens) por volta das 12h.

“Desta forma, é possível concluir que, sendo realizado um planejamento das ações de segurança adequado, com o acionamento de valor de tropa suficiente, a execução das ações de segurança por parte das tropas do CMP teria melhores condições de êxito”, diz.

PODERIA EVITAR – “Nesse sentido, a invasão ao Palácio do Planalto poderia ter sido evitada ou minimizado os danos patrimoniais sofridos”, completa.

O inquérito militar afirma que, devido à falta de planejamento, as tropas em campo não tinham condições de reagir à investida golpista. Por isso, diz que “não foram encontrados indícios de crime militar ou crime comum na atuação das tropas”.

“Devido a uma previsão de ‘normalidade’ por parte daquele órgão [Secretaria Presidencial] —que não se verificou na realidade—, o efetivo solicitado ao CMP e empregado foi abaixo do necessário diante do grande número de invasores e do comportamento agressivo dos mesmos.”

FALHA NO PLANEJAMENTO – “Noutro vértice, conclui-se que há indícios de responsabilidade da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial/Dseg quanto à invasão do Palácio do Planalto, considerando que houve falha no planejamento e na execução das ações”, aponta o inquérito militar.

Imagens do circuito interno de câmeras do Palácio do Planalto durante a invasão mostraram não só o baixo número de homens no local, mas também falta de comando. A entrada principal do prédio ficou desguarnecida por cerca de 45 minutos.

O inquérito foi aberto em 11 de janeiro para averiguar a atuação da tropa do Comando Militar do Planalto. A investigação foi conduzida pelo coronel Roberto Jullian da Silva Graça, hoje chefe do Estado-Maior do CMP.

FALHAS DO DF – O inquérito policial militar também levanta as falhas da Secretaria de Segurança Pública do Governo do Distrito Federal —embora a pasta não tenha sido foco da investigação nem apareça nas conclusões.

O documento ressalta que o GSI e o CMP não foram chamados para a reunião organizada pela Secretaria em 6 de janeiro, dois dias antes do ataque, nem “comunicados de suas decisões ou relatórios de inteligência”.

O inquérito afirma ainda que a PM-DF —de acordo com o próprio protocolo de ações— deveria ter impedido a chegada dos manifestantes até a praça dos Três Poderes, o que não ocorreu. Outro argumento usado na defesa dos militares é o de que “a única informação” enviada pela Polícia Militar foi a de que as manifestações teriam “animosidade baixa”, com “até duas mil pessoas”.

ATUAÇÃO DO EXÉRCITO – O relatório também minimiza a atuação do Exército no acampamento golpista montado em frente ao quartel-general, em Brasília.

O inquérito afirma que a área foi ocupada a partir de 30 de outubro “de forma intensa, porém pacífica” e que houve “redução gradual no número de manifestantes” a partir de 15 de novembro “em razão da postura restritiva” do Comando Militar do Planalto.

O documento também diz que, diferentemente da “postura restritiva” adotada pelo CMP, “o Governo do Distrito Federal autorizou que os manifestantes realizassem seu desembarque” no Setor Militar Urbano, onde fica o quartel.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, o Exército diz que a culpa institucional do vandalismo no 08 de janeiro cabe ao Gabinete de Segurança Institucional do governo Lula e à Secretaria de Segurança do governo Ibaneis. E agora, José? O que vai acontecer? Nada, rigorosamente nada. O “jus embromandi” entrará em ação e os culpados serão os suspeitos de sempre, como no filme “Casablanca”. (C.N.)

Mendonça acha normal dar palestra sobre ação que é relatada por ele no Supremo

Relator da revisão de leniências no STF confraterniza com donos da JBS |  Metrópoles

Mendonça confraterniza com os irmãos Batista em Lisboa

Rafael Moraes Moura
O Globo

Relator de uma ação que contesta acordos de leniência firmados por empresas investigadas pela Operação Lava-Jato, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), vai dar a palestra de abertura de um seminário promovido por um instituto comandado por um dos advogados que movem o processo.

Na manhã do dia 7 de agosto, Mendonça é aguardado em São Paulo para a palestra magna na abertura do seminário “10 anos da Lei Anticorrupção: Desafios e oportunidades”, organizado pelo Instituto para Reforma das Relações Entre Estado e Empresa (IREE).

ANULAR INDENIZAÇÕES – O instituto é presidido por Walfrido Jorge Warde Júnior, um dos 11 advogados que assinam a ação movida por PSOL, PCdoB e do Solidariedade, partidos da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acionaram o Supremo para suspender as indenizações e multas impostas nos acordos de leniência.

Para as legendas, os acordos de leniência das empreiteiras foram feitos sob “absoluta coação”.

Warde também advoga para a J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batistas, que trabalham para anular os acordos de leniência assinados com o Ministério Público Federal ao confessar pagamento de propinas para lideranças do Congresso. Também é autor do livro “O espetáculo da corrupção – Como um sistema corrupto e o modo de combatê-lo estão destruindo o país”, lançado em 2018.

EFEITO CASCATA – Na ação contra os acordos de leniência que ele subscreve, PSOL, PCdoB e do Solidariedade acusam a Lava-Jato – que levou Lula a ser condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro por 580 dias – de promover “a instalação de um Estado de Coisas Inconstitucional em relação não só aos celebrantes dos acordos de leniência, como à própria sociedade civil, que arcou com o efeito cascata da quebra generalizada de companhias estratégicas para a economia brasileira”.

Além do ministro do STF, o evento vai receber também o diretor global de compliance do grupo JBS, José Marcelo Proença, que participa de um dos painéis, sobre “integridade e responsabilidade social no ambiente empresarial”, ao lado do ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida.

A J&F, que controla a JBS, fechou com MP um acordo de leniência que prevê o pagamento de multa de R$ 10,3 bilhões ao longo de 25 anos por seu envolvimento em casos de corrupção. Agora, o grupo quer rever o acordo e diminuir o valor.

APROXIMAÇÃO – Durante viagem por Portugal para participar de um fórum jurídico de um instituto ligado ao ministro Gilmar Mendes, os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do grupo JBS, aproveitaram um coquetel para se aproximar de Mendonça, com quem tiraram uma foto em que aparecem confraternizando.

No último dia 25, Mendonça assinou dois despachos que destravaram a ação: pediu informações à Presidência da República, ao Congresso e ao Ministério Público Federal em um prazo de 10 dias; e aceitou que o partido Novo e o Instituto Não Aceito Corrupção acompanhassem a ação na condição de “amigo da Corte”, uma espécie de interessado que pode se manifestar nos autos, elaborar pareceres e até ser ouvido durante o julgamento.

Não há, no entanto, previsão de quando a ação vai ser enfrentada pelo plenário da Suprema Corte.

OBJETIVO ACADÊMICO – Procurado pela reportagem, o ministro do STF disse que a “palestra não é remunerada e tem objetivo acadêmico, a fim de tratar sobre como a Constituição aborda as relações entre o Estado e as empresas”.

“Não há conflito de interesses, uma vez que não haverá nenhum benefício ao referido advogado, sendo a palestra direcionada a um público amplo e diverso e com participação de vários órgãos públicos”, sustentou Mendonça.

Em abril, a equipe da coluna informou que o governo Lula vai trabalhar, pelo menos oficialmente, contra a ação que está nas mãos de Mendonça. À época, a Advocacia-Geral da União (AGU) disse em nota que “deverá cumprir seu dever constitucional de defesa dos atos impugnados na ação proposta à Suprema Corte, com intuito de preservar os acordos de leniência firmados”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Já houve um tempo, aqui no Brasil, em que juiz só falava nos autos, a Justiça era mais recatada e comedida. Agora, tudo desandou e a promiscuidade passou a ser regra geral. A farta legislação e a jurisprudência que regulavam a suspeição dos magistrados viraram letra morta, como se dizia antigamente. Vivemos hoje uma era de esculhambação institucional, digamos assim. (C.N.)

Complexo de vira-lata faz Guedes perder quase R$ 5 milhões com queda do dólar

Paulo Guedes perdeu quase R$ 5 milhões com queda do dólar

Fortuna de Guedes no paraíso fiscal está diminuindo muito

Vicente Nunes
Correio Braziliense

Ex-ministro da Economia do governo de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes tem motivos de sobra para espernear contra a forte queda do dólar desde que Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência da República. Ele viu o patrimônio que detém em um paraíso fiscal encolher quase R$ 5 milhões.

Quando deixou o ministério, em 31 de dezembro de 2022, com o dólar cotado a R$ 5,217, os US$ 9,55 milhões que Guedes tinha depositados em uma conta nas Ilhas Virgens Britânicas equivaliam a R$ 49,8 milhões.

Agora, com a moeda norte-americana negociada a R$ 4,714, os mesmos US$ 9,55 milhões correspondem a R$ 45 milhões. Ou seja, em sete meses, o patrimônio de Guedes encolheu, em divisa nacional, R$ 4,8 milhões.

Vale ressaltar que esse prejuízo só se realizaria se Guedes sacasse os recursos imediatamente. Não se sabe se ele fez isso antes de deixar o governo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Muito bem sacada essa nota do Vicente Nunes, um dos mais renomados jornalistas do Correio Braziliense. Mostra que o complexo de vira-lata, imortalizado por Nelson Rodrigues, pode custar caro a esses brasileiros meia-sola como Paulo Guedes, que têm a alma forjada em dólares. Outro economista com complexo de vira-lata que sentiu o golpe foi Roberto Campos Neto, bem diferente do avô, que era americanófilo, mas preferia manter seus investimentos no Brasil. (C.N.)

Deputados voltam a pedir doações para Bolsonaro e agora a meta é R$ 22 milhões

Deputados da oposição voltam a pedir Pix para Bolsonaro

Fotomontagem mostra a deputada Tabata Amaral pedindo doações

Luísa Marzullo
O Globo

Após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ter revelado que Jair Bolsonaro (PL) recebeu R$ 17,2 milhões de transações de Pix entre janeiro e julho deste ano, deputados da base de apoio do ex-presidente voltaram a pedir doações nas redes sociais.

Nomes como Carlos Jordy (RJ) e Gustavo Gayer (GO) agora veiculam a imagem da deputada governista Tabata Amaral (PSB-SP) com a legenda: “A meta é de R$ 22 milhões”.

FOTO DE TABATA – Jordy compartilhou a fotografia adulterada de Tabata e ironizou: “Será que é montagem?”. Outros parlamentares como Cabo Gilberto apenas divulgaram a imagem.

No Twitter, o vereador de São Paulo Fernando Holiday questionou a repercussão das doações do ex-presidente: “O problema são 17 milhões? Então vamos chegar nos 22 milhões!! Eu já repeti meu pix”, escreveu o recém-filiado ao PL, acompanhado do comprovante de R$ 222,22 da transação.

No início do ano, a chave Pix do ex-presidente foi amplamente divulgada por seus aliados políticos. O intuito da campanha era arrecadar dinheiro para ajudar o ex-mandatário a pagar multas provenientes de condenações em processos judiciais.

CALDO DE CANA – Neste sábado, em Santa Catarina, durante um evento junto com a mulher Michelle, o ex-presidente Bolsonaro agradeceu os R$ 17, 2 milhões recebidos.

— Muito obrigado a todos aqueles que colaboraram comigo no Pix há poucas semanas. Mais do que o valor depositado, quase um milhão de pessoas colaboraram. Dá para pagar todas as minhas contas e ainda sobre dinheiro para tomar um caldo de cana e comer um pastel com dona Michelle — disse, aos risos.

O dinheiro já está aplicado e rende a Bolsonaro cerca de R$ 5 mil por dia.

Haddad volta a defender queda dos juros e diz que existe “muito espaço” para corte de 0,50

Ministro Fernando Haddad em 11/07/2023 — Foto: TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Haddad tem toda razão quando defende a redução da Taxa Selic

André Catto
g1 Brasília

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender cortes na taxa de juros do país. Para ele, os ventos estão “favoráveis” para a economia brasileira, e está “mais do que na hora” de um alinhamento entre as políticas fiscal e monetária.

“Os ventos estão favoráveis. O mundo olha para o Brasil com outros olhos, mas está mais do que na hora de alinharmos política fiscal e monetária para o país voltar a sonhar com dias melhores”, disse.

CAMINHO PAVIMENTADO – Na sexta-feira, em coletiva de imprensa no gabinete do Ministério da Fazenda em São Paulo, Haddad afirmou que o caminho para cortes na Selic está “pavimentado”.

“No começo do ano, a pergunta era se o juro ia cair. Depois, passou a ser quando o juro ia cair. E, agora, quanto o juro vai cair”, disse o ministro, que afirmou existir “muito espaço” para um corte de 0,50 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que será realizada nesta quarta-feira, dia 2.

Na última decisão, em 21 de junho, o Comitê decidiu, pela quarta vez em 2023, manter a taxa Selic em 13,75% ao ano – patamar em vigor desde agosto de 2022. O colegiado afirmou, na ocasião, que a conjuntura seguia “demandando cautela e parcimônia”.

AGÊNCIAS DE RISCO – O ministro citou o movimento de elevação da nota de crédito do Brasil por agências de risco como um fator de reforço para a queda da Selic.

Primeiro, foi a Fitch Rating, Depoism nesta sexta-feira, a Austin Rating e a DBRS tamném anunciaram a elevação de perspectiva do país em meio a “melhora do ambiente fiscal”.

“Penso que, nesta semana importante, diante da primeira reunião do segundo semestre do Copom, é importante salientar que o mundo inteiro já compreendeu que está acontecendo alguma coisa boa no Brasil”, disse Haddad.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Realmente, está mais do que na hora de reduzir os juros. Pedir 0,50% é pouco. O Copom deveria cair logo 1%, pelo menos. (C.N.)

NYT exibe Alexandre de Moraes como exemplo à Suprema Corte de Israel

Moraes virou é o novo herói da democracia

Nelson de Sá
Folha

Como outros veículos americanos, o New York Times segue às voltas com o papel do Supremo, mais especificamente, de Alexandre de Moraes, no resgate da democracia ao longo do último ano.

Usando a mesma foto, já havia questionado o ministro antes do segundo turno, por censurar propaganda em mídia social, e agora o apresenta como modelo para a Suprema Corte de Israel. Entre uma e outra, semanas atrás, publicou que o Supremo barrar Bolsonaro não torna o Brasil melhor que os EUA, que não barram Trump.

CRISE EM ISRAEL – Na chamada deste domingo, “Em Israel, muito em jogo para a Suprema Corte: o destino da democracia” (acima).

No segundo enunciado, “Da Hungria à Índia e ao Brasil, a forma como os juízes responderam aos ataques à sua independência ajudou a decidir se os candidatos a autocratas limitariam tribunais”.

Os autocratas venceram na Hungria e estão quase lá na Índia e na Polônia. Mas no Brasil o Supremo reagiu à altura e “alguns saudaram Moraes como o homem que salvou a jovem democracia brasileira”, embora outros tenham argumentado que foi “longe demais”.

TROCA DE PRISIONEIROS – O jornal seguiu discutindo a Justiça brasileira, no caso, o ministro Flávio Dino, sob o título “Brasil nega pedido de extradição dos EUA para suposto espião russo”, que era visto em Washington “como candidato numa troca de prisioneiros com a Rússia”.

Outros veículos também noticiaram, como a CBS, mas a atenção maior foi do Wall Street Journal”, ressaltando que a troca de prisioneiros seria “para libertar repórter do WSJ preso em Moscou”, Evan Gershkovich..

“A rejeição é um golpe nas esperanças”, escreve o jornal, citando o site brasiliense Metrópoles —segundo o qual “pesou para o não” o caso Allan dos Santos, que segue nos EUA e fazendo ataques ao Supremo, sem extradição apesar da prisão determinada por Moraes.

ADEUS À FORDLÂNDIA – O Washington Post voltou à Amazônia para novo relato sobre a Fordlândia, a “utopia” abandonada pela Ford em 1945. O que restava da “cidade perdida na floresta”, sem apoio governamental para preservação, “se dissolve no futuro”, dando lugar à “Fordlândia real”.

O jornal cita uma “casa em estilo americano” que foi demolida por um morador vindo de Minas Gerais e construiu outra “em estilo brasileiro”.

Ele fala, com orgulho: “Aqui é Brasil, e eu sou brasileiro”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Caramba! Alexandre de Moraes e o Supremo já se comportavam como “donos do Brasil”. Agora, com apoio do The New York Times, ninguém mais segura a soberba desses magistrados da democracia Tabajara, como diz José Antonio Perez Jr. (C.N.)

Capital Economics considera “improvável” que governo brasileiro estabilize a dívida pública

Tribuna da internet: "O esquema internacional das dívidas públicas  transforma os países em reféns", por M.L.Fattorelli - Auditoria Cidadã da  DívidaRosana Hessel
Correio Braziliense

A melhora do rating sobre a dívida soberana de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil, anunciado pela da agência norte-americana Fitch, nesta semana, de BB- para BB, fornece outro sinal de que as preocupações fiscais no país estão diminuindo, mas os números das contas do governo brasileiro ainda não convencem os economistas da consultoria britânica Capital Economics, uma das primeiras a alertar sobre os problemas fiscais do governo Dilma Rousseff (PT) e prever a recessão de 2015 e 2016 no país.

De acordo com a entidade, as condições para o país voltar a ter grau de investimento são “improváveis”.

JUSTIFICATIVA – “A Fitch justificou a mudança com perspectivas econômicas melhores do que o previsto, progresso com a nova estrutura fiscal e expectativas de novas reformas. Certamente há algo nisso. Os números do Orçamento, da dívida pública e do crescimento superaram as expectativas recentemente. E, como já observamos, o novo arcabouço fiscal, se implementado integralmente, ajudaria a estabilizar a relação dívida pública/PIB (Produto Interno Bruto)”, escreveu o economista-chefe para Mercados Emergentes da Capital, William Jackson, em relatório enviado aos clientes nesta sexta-feira, dia 28. Ele, no entanto, não acredita que essa relação dívida/PIB vai se estabilizar.

Em seminário sobre estabilização e inflação realizado em Brasília pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon), os debatedores reconheceram que o novo arcabouço fiscal acabou se tornando um “balaio de gatos”, muito complexo e difícil de ser entendido, portanto, difícil de ser executado, dado o enorme número de exceções.

Além de admitirem que será difícil para governo zerar o deficit primário como o previsto na nova regra fiscal, eles destacam que o arcabouço que poderá ser facilmente mudado, pois trata-se de um projeto de lei complementar e não uma emenda constitucional, como o teto de gastos.

PRESENTE A HADDAD – Na avaliação de Jackson, atualização da Fitch na nota do Brasil, um foi um presente para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo o analista, será difícil ver o Brasil recuperando tão cedo o cobiçado status de grau de investimento, perdido em 2015. Atualmente, o país está dois degraus abaixo no nível de selo de bom pagador.

“Quando o Brasil conquistou, anteriormente, o grau de investimento, em 2008, o índice de dívida pública era muito menor e vinha caindo há muitos anos. Isso foi ajudado pela disciplina fiscal – incluindo grandes superávits orçamentários primários – o boom dos preços das commodities e o rápido crescimento. É improvável que as mesmas condições ocorram agora”, frisou Jackson.

O economista diz que que o governo planeja aumentar as receitas para reduzir o deficit orçamentário, como a tributação de fundos offshore e a redução das dívidas fiscais com a mudança no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), mas pode não ser suficiente.

VOTO DE MINERVA – Pelos cálculos do economista e especialista em contas públicas Murilo Viana, analista da GO Associados, a volta do voto de qualidade da União no Carf, ou seja, uma espécie de voto de Minerva para o governo federal, pode render cerca de R$ 50 bilhões em vez dos R$ 90 bilhões inicialmente previstos. 

Viana lembra que o governo, desde 2021, não contabiliza uma bomba fiscal enorme que deve estourar em 2026, que são os calotes nos precatórios, aprovados em emenda constitucional e que devem virar uma bola de neve sem os avanços dos abatimentos como o “encontro de contas” que estava previsto na proposta. 

As estimativas mais otimistas, como as do Tesouro Nacional, são de que esse rombo pode chegar a R$ 200 bilhões.

ROMBO GIGANTE – Mas outras estimativas da época, sem considerar os abatimentos que estão sendo frustrados, por conta da insegurança jurídica, o buraco pode superar mais de R$ 700 bilhões, considerando as multas e juros pelo atraso do pagamento da União de dívidas judiciais que não têm mais recurso.

De acordo com o economista da Capital Economics, apesar desse esforço sinalizado, o governo tem muito trabalho legislativo a fazer para arrecadar receitas suficientes.

“Nossa previsão central continua assumindo que os planos do governo terão de ser diluídos e não conseguirão impedir que o índice de endividamento suba”, frisou William Jackson.

Márcio Pochmann, inimigo dos números, é o pior chefe que o IBGE jamais poderia ter

Pochmann vai torturar os números até que eles “confessem”

J.R. Guzzo
Estadão

O presidente Lula fez das nomeações para o seu ministério e para o “primeiro escalão” uma calamidade nacional – um concentrado inédito de incompetentes incuráveis, transmissores de ideias cretinas, gente enrolada com a Justiça penal e daí para baixo. Como alguém consegue juntar tanta gente ruim num mesmo governo? Não se sabe, mas isso já foi. A questão, agora, é saber se o nível pode cair ainda mais. É difícil – mas não é impossível.

Como nos casos de “superação”, Lula consegue ir além dos seus próprios recordes: confirmou a nomeação, para presidir o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de um dos piores chefes para este tipo de serviço que se poderia encontrar em qualquer lugar do mundo. É simples: o novo estatístico-mor do Brasil é um inimigo dos números. Acha, desde sempre, que a aritmética não pode atrapalhar seus desejos políticos.

BACHA SE OFENDE – “Como ex-presidente do IBGE, estou ofendido”, diz o economista Edmar Bacha, um dos participantes da equipe que montou o Plano Real. “É um dia de luto para a estatística brasileira”, diz a economista Elena Landau.

Marcio Pochmann, o nome imposto por Lula (a ministra do Planejamento, a quem cabe a escolha, foi a última a saber) é um militante da “ala esquerda” do PT; não tem nada a ver com as exigências técnicas do cargo.

“Ele é um ideólogo e não terá problema nenhum de colocar o IBGE a serviço dessa ideologia”, diz Bacha. “É uma pessoa que não entende de estatística e não tem preparo para presidir o IBGE”, diz Elena. O que se sabe de Pochmann não é edificante. Passou a vida no serviço público, do qual se aposentou aos 58 anos de idade – nunca contribuiu para a produção de um único pedaço de rapadura neste país.

PÉSSIMO CURRÍCULO – Sua passagem por uma repartição federal de pesquisa econômica foi “desastrosa”, segundo Elena Landau – demitiu técnicos competentes e interferiu nos trabalhos por razões ideológicas. Fora isso, disputou três eleições, para prefeito de Campinas e deputado; conseguiu perder as três.

A ideologia de Pochmann não tem ideias – é apenas uma declaração de guerra a tudo o que o cidadão brasileiro acha bom. O homem é contra o PIX, que acaba de bater seu recorde: 135 milhões de transações num único dia. Afirma que a possibilidade de converter reais em dólares transformou o Brasil num “protetorado dos Estados Unidos”.

Defende que o Imposto de Renda possa chegar a 60%. Diz que o Brasil deveria explorar “o espaço sideral” para a “geração de riqueza” – e por aí vamos. Mas e daí? Lula quer no IBGE um subalterno que dê um jeito nas suas estatísticas, fazendo sumir os números ruins e fabricando números bons. O consumo da picanha vai bombar.

Lula ainda não digeriu totalmente a natureza do Centrão e espera mantê-lo sob controle

PL une Lula e Lira contra big techs e bolsonaristas - 03/05/2023 - Poder -  Folha

Lula não consegue aprovar nada sem o apoio de Lira

William Waack
Estadão

Lula assim definiu o Centrão: não existe como organização. Não possui endereço ou um gerente. Trata-se, segundo o presidente, de um “ajuntamento de partidos” dependendo da situação.

A definição de Lula ignora, porém, a natureza desse ajuntamento. Consiste, como se sabe há décadas, em manter esses agrupamentos privados (chamados de partidos) o mais próximo possível dos cofres e da máquina pública.

TRAJETÓRIAS OPOSTAS – O Centrão precede Lula em muitos anos, mas ambos ostentam trajetórias opostas. A de Lula, enquanto chefe do Executivo, é a da perda de poder relativo. A trajetória do Centrão exibe a conquista, pelo Legislativo, de poderes inéditos na história política brasileira.

Lula já havia se convencido vinte anos atrás que não governaria sem o Centrão. Mas encontra-se hoje na situação de ter de governar pelo Centrão. É notória a “continuidade” desse ajuntamento de partidos, não importa a alternância no poder de dois personagens tão distintos como Bolsonaro e Lula.

O maior problema para Lula tem sido compreender que o adesismo do Centrão ao governo não significa automaticamente sustentação. As “moedas de troca” continuam em sua essência as mesmas (cargos e emendas). Mas sua relativa perda de valor, pois o Legislativo abocanhou parte do orçamento público (portanto não depende tanto do Executivo), vem de outro fator mais abrangente.

BAIXA REPRESENTATIVIDADE – O sistema eleitoral brasileiro garante a baixa representatividade do Legislativo, enquanto o grande número de partidos e as formas de financiamento perpetuam oligarquias políticas fracionadas, regionalizadas, divididas entre si mesmas dentro do próprio agrupamento político e com pautas carentes de qualquer “visão” nacional.

Daí Lula reconhecer que esse ajuntamento de partidos chamado Centrão se dá em torno de “situações determinadas”.

Em outras palavras, tem conformações distintas conforme as questões tratadas, sejam elas econômicas, de costumes ou regionais. O que dificulta – e encarece – negociações em torno de qualquer votação relevante.

NÃO SERÁ FÁCIL – Dadas as conhecidas características dos sistemas de governo e político seria mesmo utopia supor que fosse fácil a vida de Lula ou de qualquer outro governo.

O que a torna tão mais complicada, porém, é a falta de um plano bem definido – a tão falada “agenda” própria.

O presidente parece esperar que as moedas de troca finalmente tragam a esperada “tranquilidade” nas votações no Congresso. Terá de aguardar sentado.

Itaipu patrocinou reunião da Assembleia de Deus num resort de luxo no Paraná 

Ex-presidente Jair Bolsonaro ao lado do pastor Perci Fontoura, da Igreja Evangélica Assembleia de Deus

Bolsonaro com o pastor Fontoura, organizador do evento

Tácio Lorran
Estadão

No apagar das luzes do governo Bolsonaro, a Itaipu Binacional repassou R$ 75 mil em patrocínio para uma filial da Igreja Evangélica Assembleia de Deus organizar a realização de cultos e de uma eleição de lideranças religiosas no Paraná. O evento ocorreu entre os dias 5 e 8 de dezembro do ano passado, em um resort de luxo em Foz do Iguaçu (PR), próximo às divisas com Argentina e Paraguai. O espaço alugado conta com piscinas, jacuzzis e salas de jogos para os hóspedes.

Os organizadores do evento são aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e chegaram a declarar, publicamente, apoio à reeleição do então chefe do Executivo federal.

APOIO A BOLSONARO – Presidente da Convenção das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus no Estado do Paraná (Cieadep), uma das entidades organizadoras, o pastor Perci Fontoura é filiado ao Republicanos, acumula fotos em suas redes sociais com Bolsonaro e foi recebido mais de uma vez pelo então chefe do Executivo federal no Palácio do Planalto, em Brasília.

Ele foi reeleito presidente da convenção durante a Assembleia Geral Ordinária (AGO) patrocinada pela Itaipu. Havia apenas uma chapa na competição, segundo interlocutores.

O patrocínio da Itaipu Binacional foi autorizado pela gestão passada, cuja diretoria-geral brasileira era exercida pelo vice-almirante da Marinha Anatalicio Risden Junior. As contas, contudo, já foram aprovadas pela atual gestão petista do ex-deputado federal Enio Verri, porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem procurado reatar laços com o setor evangélico.

FORA DAS REGRAS – O manual de patrocínios da Itaipu estabelece o envio de recursos para ações que “fomentem os valores preconizados em sua missão institucional e que fortaleçam e valorizem a sua imagem corporativa”.

Além disso, o patrocínio deve possuir relação com o plano estratégico da estatal. Dessa maneira, segundo o documento, é preciso que o evento fomente a discussão da geração de energia elétrica e segurança hídrica; ou contribua para o desenvolvimento social, econômico, turístico, tecnológico e sustentável da região.

Durante o início da gestão Bolsonaro, na direção do general Joaquim Silva e Luna, a estatal reviu patrocínios e chegou a suspender, por exemplo, o apoio financeiro dado à Fundação Getúlio Vargas (FGV) para a realização do Fórum Jurídico de Lisboa, evento organizado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo.

USO POLÍTICO – Ainda segundo o manual de patrocínios, a Itaipu proíbe o envio de recursos para ações que possuam caráter político, eleitoral ou partidário.

A assembleia contou com a participação do governador do Paraná, o bolsonarista Ratinho Júnior (PSD). O político discursou no evento, de acordo com registros públicos. Ao mesmo tempo, o governador emprega a filha do pastor Perci Fontoura na Casa Civil do Estado com um salário de R$ 12,6 mil, conforme folha de pagamento.

O evento contou com cerca de 2 mil pastores, que levaram ainda suas esposas – convidadas para participarem de programações paralelas junto à União da Mocidade das Assembleias de Deus no Estado do Paraná (Uemadepar) – e filhos. A organização do congresso cobrou uma taxa de R$ 240 por ministro, além de R$ 120 por esposa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A reportagem demonstra que vivemos numa república altamente esculhambada, em que os recursos podem ser aplicados em eventos que nada tenham a ver com o interesse público. A regra é a inversão de valores. Ou seja, tudo conceder aos aliados, sabendo-se que a impunidade é garantida. (C.N.)

Na vida, tudo muda. Mas a Justiça brasileira está mudando para pior, sem a menor dúvida

Injustiça Brasileira: Charges sobre a Justiça Brasileira | Cartum e charge,  Eduardo e monica, Memes hilários

Charge do Duke (O Tempo)

Duarte Bertolini

Estamos diante do oportunismo secular da esquerda. Depois de tanto choro e indignação sobre o tratamento “cruel” aos presos da Lava Jato, agora são coisas diferentes, em relação aos presos de 8 de janeiro. Diferentes como? Na cor dos presos? Na conta bancária deles? Ou na matriz ideológica, que sempre é a mesma, tipo faça o que eu digo e defendo, mas esqueça o que eu realmente faço?

A Lava Jato exagerou ao fazer prisões preventivas, mas desde o início de janeiro temos centenas de pessoas de ficha limpa, sem antecedentes criminais, cumprindo pena antecipada no Presídio da Papuda, sem terem sido julgadas, ou usando tornozeleiras, como se fossem perigosos meliantes.

TUDO TEM LIMITES – Na forma da lei, tudo tem limites. Mas agora a lei tem valor relativo, porque pode ser “interpretada”. Queimar na fogueira da inquisição petista um parlamentar eleito com 345 mil votos demonstra ser ato de “elevada democracia”? Manter réus indefinidamente na cadeia, sem irem a julgamento, seria “eficiência de método policial?

Mas tudo precisa ter limites. Não se compreende também o comportamento do ministro Alexandre de Moraes, que atua como se fosse dono da Justiça no país. Ao invés de dar queixa na polícia, procedimento normal de todo brasileiro, e prestar depoimento, mandou abrir inquérito no Supremo, uma determinação claramente fora da lei, pois nenhum brasileiro sem foro privilegiado pode ser julgado direto no STF.

Outro aspecto interessante (pelo menos para mim) foi o depoimento em si. Demorou 10 dias para fazê-lo, com o inquérito ilegalmente em andamento, pois só poderia ser aberto após depoimento da(s) vítima(s).

DEPÕS EM SÃO PAULO – E Moraes mora mesmo em Brasília? Ou vive em São Paulo e só comparece à capital quando há sessão no plenário, algo cada vez mais raro?

Se mora realmente em Brasília, então por que o depoimento (atrasado diante da urgência, relevância e fundamento de um caso que afrontaria a segurança nacional) ocorreu em São Paulo? Foi para mostrar quem manda?

Por fim, interessante registrar que o jornal da Band ressaltou que todos são iguais perante a lei e que o ministro Moraes precisava ser um dos que deveriam dar este exemplo, ao invés de reforçar a desigualdade. E a TV Globo sequer mencionou essa distorção em seus telejornais.

Com Fufuca no Ministério, nossos problemas acabaram, porque será um governo Tabajara

Pai do deputado Fufuca já esteve na Lista Suja do Trabalho Escravo - De Olho nos Ruralistas

Fafuca pai está vaidoso com  Fufuca filho

José Antonio Perez Jr.

Enquanto a mentalidade do povo brasileiro não se aprimorar, nada feito! Só mudarão os nomes, mas as práticas continuarão as mesmas. Décadas atrás, após o escândalo dos anões do Orçamento, em que o líder da quadrilha comprava prêmio das loterias para esquentar o dinheiro da corrução, pensei que fossem passar o cadeado no cofre.

Depois, veio o mensalão e julguei que o sistema estivesse até se moralizando. Em seguida, surgiu a Lava Jato, para que julgássemos que a corrupção seria mesmo combatida com todo rigor, mas o sonho acabou se transformando em pesadelo, porque a Justiça trocou de lado, os criminosos foram sendo soltos e até “descondenados”, escancarou-se a corrupção novamente.

TUDO DOMINADO – Empreiteiros e empresários já retomaram tudo de novo, os acertos com governantes e políticos seguem normalmente, agora sob o signo das emendas parlamentares do orçamento secreto. Já criaram até as emendas Pix, onde já se viu!

Como todos sabem, essas emendas beneficiam prioritariamente prefeituras do interior do Norte/Nordeste, onde parlamentares levam recursos públicos para comprar kits de robótica e equipar escolas onde não há sequer banheiro, quanto mais computadores.

Em meio a tudo isso, agora, chegaremos à perfeição, quando mais um político nordestino será alçado ao Ministério de Lula. Desta vez, ele é conhecido como Fufuca e será mais um a tomar conta da mufuca num governo Tabajara, em que nossos problemas acabaram.

Estragar o IBGE, não vai. Mas a nomeação de Márcio Pochmann pegou mal, muito mal…

Correio do Brasil | Capa

Se tentar interferir no IBGE, Pochmann estará liquidado

Carlos Alberto Sardenberg
O Globo

Numa boa: se era para colocar o economista Marcio Pochmann no governo, a presidência do IBGE foi uma saída de pouco dano. Lá, o potencial de estragos é menor, quase nada. Com todo o respeito que o IBGE merece, o fato é que lá não se formula nem se pratica política econômica. Trata-se de um órgão que pesquisa e elabora dados. Mede e calcula população, inflação, emprego, desemprego e renda, o Produto Interno Bruto, contas nacionais.

Mais: o IBGE tem tradição e estruturas consolidadas, além de um corpo técnico profissional e gabaritado.

MANIPULAR DADOS? – Algumas pessoas levantaram hipóteses de manipulação dos dados, de modo a criar uma imagem mais favorável do país, beneficiando a propaganda do governo. Por exemplo: martelar os índices de inflação, “produzir” números bem baixinhos, circunstância que favorece o governo de diversas maneiras. Ajudaria a pressionar o Banco Central para uma redução mais acentuada da taxa básica de juros.

Cristina Kirchner fez isso na Argentina. Maduro ainda faz na Venezuela. Aqui mesmo, já houve pressões sobre o IBGE; isso nos anos 80, governo Sarney, para mudar os métodos de cálculo da inflação. Não deu certo. Houve reações políticas e sociais, permitidas pelo ambiente democrático.

Mas, no tempo da ditadura, houve manipulação. Ao final do governo Médici, em 1974, o então todo-poderoso ministro da Fazenda, Delfim Netto, exibia crescimento econômico de milagre, com inflação moderada para a época, 12% ao ano, isso para 1973.

SIMONSEN RECALCULOU – Muita gente desconfiava, mas como reclamar na ditadura? Só de dentro do regime. Foi o que aconteceu no governo Geisel. Nomeado ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, entre suas primeiras medidas, providenciou uma revisão da inflação de 1973: não havia sido de 12%, mas de 26,6%, um salto e tanto.

Não foi propriamente uma falsificação, mas um truque. Para conter as óbvias pressões inflacionárias, Delfim havia imposto um controle de preços. A Fazenda fixava os preços, digamos, oficiais, dos principais produtos.

E como sempre acontece nessas circunstâncias, o mercado continua funcionando. Ou seja, havia o preço da tabela e o real, maior, claro. O truque: considerar, na medida da inflação, os preços oficiais. Ocorre que se mediam também os preços reais, que ficavam no armário. Simonsen mandou abrir, e a inflação de verdade era mais que o dobro da oficial.

ATÉ O BANCO MUNDIAL – Seguiu-se um debate entre os dois economistas, mas ficou claro, especialmente para a população, que 26% era o número. O Banco Mundial também fez uma revisão dos dados brasileiros e chegou a uma inflação de 22,5% para 1973. Era por aí.

Qual a chance de acontecer de novo? Zero. Imagine que o presidente do IBGE tente interferir na coleta de preços e cálculo do índice. Em menos de um dia o caso estará na imprensa. Será vazado por funcionários do instituto, zelosos de seu trabalho e sua moral.

Além disso, os índices do IBGE são acompanhados com lupa por centenas de analistas. Há economistas de banco cujo trabalho é adivinhar os números.

COM BASE NO IBGE – Nas consultorias, equipes especializadas até fazem coleta de preços essenciais, além de seguir o detalhe das pesquisas do IBGE, de modo a antecipar cenários para seus clientes.

Basta acompanhar o noticiário. Na véspera da divulgação de qualquer indicador importante, jornais e sites trazem as estimativas do mercado. E sempre bate, não na mosca, mas no alvo.

Tudo considerado, o mercado, os analistas, os jornalistas perceberão qualquer tentativa de manipulação. Quer dizer, então, que a escolha de Pochmann para o IBGE não tem importância alguma?

TEM IMPORTÂNCIA – Trata-se de um mau sinal. Indica que a ideia foi colocar um companheiro numa boa posição, mesmo ele não tendo o currículo e a expertise para o cargo.

Ele não interferirá na gestão da política econômica, como sugeriram pessoas ligadas à ministra Simone Tebet e ao ministro Fernando Haddad. Algo do tipo, deixa pra lá, mal não fará.

Mas pode fazer algum estrago administrativo ou técnico num órgão tão importante. Mede-se um governo pelo que faz e pelo que não faz. Não mexer no IBGE seria melhor. Sobretudo porque a mexida sugere que podem existir coisas piores em andamento.

Flávio Dino boicota a CPMI do 08/01 e nega acesso a imagens das câmeras 

Após ser chamado de “obeso”, Dino espera retratação • Blog do Jorge Aragão

Flávio Dino é exibicionista e se sente cheio de poder

Eduardo Gayer
Estadão

O ministro da Justiça, Flávio Dino, negou pedidos da CPMI do 8 de janeiro para ter acesso às imagens das câmeras de segurança da pasta no dia dos atos golpistas em Brasília. Dino alegou que os arquivos não podem ser divulgados para preservar as investigações criminais em andamento.

“Esta decisão administrativa visa preservar a autoridade do Poder Judiciário no que se refere ao compartilhamento de provas constantes de Inquéritos com eventuais diligências em curso”, afirma o Ministério da Justiça em resposta a ofícios enviados por deputados e senadores do colegiado.

MORAES AUTORIZOU – A CPMI, porém, é um órgão investigativo com poder de polícia. As imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto no dia dos atos golpistas foram disponibilizadas à imprensa e ao Judiciário por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após um vazamento parcial dos arquivos que levou à queda do ex-ministro Gonçalves Dias, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

As câmeras mostram o militar, então nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para fazer a segurança do Palácio, circulando inerte pela sede do Executivo e sem reagir aos invasores.

STF TERIA NEGADO – No despacho, o Ministério da Justiça ainda destaca que a presidente do STF, ministra Rosa Weber, igualmente negou pedido da CPMI para compartilhamento de arquivos de inquéritos hoje em tramitação na Corte.

À Coluna, Flávio Dino afirmou que o pedido de acesso às imagens deve ser feito à polícia. “As imagens estão em inquéritos policiais. Tem que cumprir o artigo 20 do Código de Processo Penal. Basta pedir para quem preside o inquérito. Portanto, não há negativa”, defende o ministro.

O artigo 20 do Código de Processo Penal diz que “a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO MUNDO
Há muito não se via um ministro tão exibicionista quanto Flávio Dino. É um pavão de grande porte, que gosta de se exibir. Sabe que a CPMI tem poder de polícia, mas finge não entender o que isso significa. E que ganha com tal comportamento? Ora, ele não ganha nada, apenas sente uma ligeira e fugidia sensação de poder, que pode ser chamada de soberba. Mas que logo passa e ele percebe que na verdade nada o distingue dos demais. É igual aos outros, apenas um pouco mais volumoso, digamos assim. (C.N.)

Incêndio do mercado em Salvador inspirou uma canção de protesto de Gil e Capinan

José Carlos Capinan faz 80 anos como bravo poeta guerrilheiro da canção  popular brasileira | Blog do Mauro Ferreira | G1

José Carlos Capinan, grande poeta baiano

Paulo Peres
Poemas & Canções

O médico, publicitário, escritor, poeta e letrista baiano, José Carlos Capinan, em parceria com Gilberto Gil, retrata de modo romântico um dos locais mais tradicionais de Salvador, a feira popular “Água de Meninos” e insinua em forma de protesto seu incêndio, na década de 60, pelos poderes públicos para dar vazão a especulação imobiliária. Essa música foi gravada por Gilberto Gil no Álbum Louvação, em 1967, pela Philips.

ÁGUA DE MENINOS
Gilberto Gil e Capinan

Na minha terra a Bahia
Entre o mar e a poesia
Tem um porto, Salvador
As ladeiras da cidade
Descem das nuvens pro mar
E num tempo que passou, ô
Toda a cidade descia
Vinha pra feira comprar.

Água de Meninos, quero morar
Quero rede e tangerina
Quero o peixe desse mar
Quero o vento dessa praia
Quero azul, quero ficar
Com a moça que chegou
Vestida de rendas, ô
Vinda de Taperoá.

Por cima da feira, as nuvens
Atrás da feira, a cidade
Na frente da feira,  o mar
Atrás do mar, a marinha
Atrás da marinha, o moinho
Atrás do moinho. o governo
Que quis a feira acabar…

Dentro da feira, o povo
Dentro do povo, a moça
Dentro da moça, a noiva
Vestida de rendas, ô
Abre a roda pra sambar.

Moinho da Bahia queimou
Queimou, deixa queimar
Abre a roda pra sambar.

A feira nem bem sabia
Se ía pro mar ou subia
E nem o povo queria
Escolher outro lugar
Enquanto a feira não via
A hora de se mudar.

Tocaram fogo na feira
Ai, me diga, mi’a sinhá
Pra onde correu o povo
Pra onde correu a moça
Vinda de Taperoá ?…

Água de Meninos chorou
Caranguejo correu pra lama
Saveiro ficou na costa
A moringa rebentou
Dos olhos do barraqueiro
Muita água derramou.

Água de Meninos chorou
Quem ficou foi a saudade
Da noiva dentro da moça
Vinda de Taperoá
Vestida de rendas, ô
Abre a roda pra passar.

Moinho da Bahia queimou
Queimou, deixa queimar
Abre a roda pra sambar
Pra sambar…Pra sambar…