Mario Sabino
Metrópoles
Uma comissão do Congresso dos Estados Unidos ouviu esta semana, em audiência sobre as manifestações antissemitas nos campi universitários do país, ocorridas depois da eclosão da guerra entre Israel e o Hamas, as presidentes de três das mais prestigiosas universidades americanas: Claudine Gay, de Harvard, Liz Magill, da University of Pennsylvania, e Sally Kornbluth, do Massachussetts Institute of Technology. As respostas delas mostram o apodrecimento moral de uma elite que se guia pelo relativismo progressista.
A deputada Elise Stefanik fez a seguinte pergunta a Claudine Gay, Liz Magill e Sally Kornbluth: “Incitar ao genocídio dos judeus viola o código de conduta ou as regras da sua universidade relativas a bullying ou a assédio?”.
A MESMA RESPOSTA – As três presidentes deram basicamente a mesma resposta, assim resumível: “Depende do contexto, de o discurso se tornar ação”. Ou seja, a incitação ao genocídio só violaria as regras dessas instituições se judeus fossem efetivamente massacrados.
É escandaloso. É de um cinismo nojento. Incitar ao genocídio dos judeus não tem nada a ver com liberdade de expressão, como quiseram fazer supor Claudine Gay, Liz Magill e Sally Kornbluth, por meio das suas respostas abjetas.
É discurso de ódio sob medida para alimentar as violências físicas e psicológicas que vêm sendo cometidas contra estudantes universitários judeus pela horda antissemita que prega a destruição de Israel, em nome de uma Palestina que vá “do rio (Jordão) até o mar (Mediterrâneo)”.
FORTE REAÇÃO – Como não poderia deixar de ser — ainda bem — a indecência causou clamor dentro e fora das instituições que elas presidem. Horas depois, Liz Magill pediu desculpas: “Naquele momento, eu estava focada nas políticas de longa data da nossa universidade alinhadas com a Constituição dos Estados Unidos, que diz que o discurso por si só não é punível. Eu não estava focada, mas deveria estar, no fato irrefutável de um apelo ao genocídio do povo judeu é um apelo a uma das mais terríveis violências que seres humanos podem perpetrar. É o mal, pura e simplesmente”.
Claudine Gay também se retratou: “Há quem confundiu o direito à liberdade de expressão com a ideia de que Harvard tolera incitações à violência contra estudantes judeus. Vou ser clara: incitações à violência ou genocídio contra a comunidade judaica ou qualquer grupo religioso ou étnico são vis, não têm lugar em Harvard, e aqueles que ameaçam nossos estudantes judeus serão responsabilizados.”
Ambas só se desculparam porque se viram obrigadas a fazê-lo (Sally Kornbluth ainda não havia se manifestado até o fechamento deste artigo). Difícil acreditar que a resposta das presidentes das três universidades seria a mesma se a pergunta da deputada Elise Stefanik fosse sobre incitação ao genocídio de negros, como Claudine Gay. É que no relativismo progressista e antissemita uns são mais relativos do que os outros. Podridão moral.