Deu na BBC
A Espanha votou neste domingo (23/7) nas eleições antecipadas que renderam resultados mais apertados do que as pesquisas indicavam. Com mais de 95% dos votos apurados, o conservador Partido Popular (PP) liderado por Alberto Núñez Feijóo, tem vantagem sobre o Partido Socialista (PSOE) do atual primeiro-ministro, Pedro Sánchez. Apesar de vencer, é muito difícil para Feijóo se tornar presidente. Se não houver acordos, também é possível que sejam convocadas novas eleições dentro de alguns meses.
A partir desta segunda-feira começaram as negociações para os pactos de posse e talvez Sánchez possa continuar como presidente de governo (premiê) com o apoio da coalizão esquerdista Sumar e de forças menores que são independentes.
FAZENDO CÁLCULOS – Depois da intensa recontagem de votos, que deixa um resultado mais apertado do que o esperado, começam os cálculos para ver quem poderá formar um governo. As urnas previam uma vitória contundente do PP, mas sem maioria absoluta, o que o obrigou a recorrer ao partido Vox em busca de apoio para governar.
Mas o PP e o Vox não alcançam maioria suficiente para formar uma coalizão. Então, os socialistas terão a oportunidade de formar outro governo porque têm mais opções para criar alianças com outros partidos.
“Sete anos depois voltamos a ganhar as eleições”, disse Feijoó, líder do conservador PP, que passou de 89 para 136 cadeiras, algo que, no entanto, pode não servir para liderar a Espanha.
DUAS VERSÕES – “Os espanhóis deram confiança ao PP e nos disseram para conversar, e como líder do partido mais votado, devo liderar o diálogo e tentar governar com vitória eleitoral”, disse o político conservador, que defende que o partido que vence as eleições deve liderar o governo.
Sánchez, apesar do segundo lugar, comemorou que melhorou os resultados de quatro anos atrás e que o bloco de direita não alcançou a maioria necessária para governar.
“Temos mais votos e mais assentos do que há quatro anos”, disse Sánchez a seus partidários. Mas o partido mais votado pode não conseguir governar.
FALTA DE APOIO – “Há uma série de forças políticas teimosas para entender que este país mudou e saiu do bipartidarismo que viveu por cerca de 30 anos e agora tem que se adaptar a um parlamento mais variado, com partidos terceiros e forças periféricas. E Núñez Feijóo não consegue chegar a acordos neste novo contexto”, disse o escritor e analista político Daniel Bernabé à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC).
Feijoó exigiu que o PSOE não “bloqueie” o governo da Espanha, ou seja, exigiu a abstenção dos socialistas nas investidas sobre um novo governo, algo que não parece provável.
O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, antecipou as eleições após os resultados das regionais de maio.
ELEIÇÃO INCOMUM – Apesar do caráter inusitado da convocação em meados de julho, a participação superou os 70%, patamar ligeiramente superior ao das eleições gerais de novembro de 2019.
A Espanha nunca havia realizado eleições no auge do verão. Em partes do sul as temperaturas chegaram perto dos 40ºC. Muitos cidadãos votaram antes para evitar o calor escaldante. Muitos outros eram a favor do voto pelo correio. Nos locais de voto, ventiladores elétricos foram ligados para manter as pessoas frescas.
“Fazer a votação nesta época do ano é terrível… deveria ser proibido”, disse Maria Suner, de 80 anos, à AFP em um posto de votação em Madri.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O resultado foi bom para a Espanha. Continuará a ser governada pela centro-esquerda ou passará à centro-direita. Ou seja, um governo sem radicalização nem desesperos ideológicos. Democracia é isso aí. (C.N.)