Lula e Bolsonaro frustram muitos eleitores, que hoje evitam participar da política

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Charge do Sponholz (sponholz.arq.br)

José Casado
Veja

É inevitável que Lula e Jair Bolsonaro tentem transformar as eleições municipais de 2024 numa vitrine daquilo que pretendem que seja a disputa pela presidência da República dois anos depois, em 2026. Faz parte do jogo. Líderes têm obrigação de ajudar seus partidos a eleger o maior número possível de prefeitos e de candidatos.

Com Lula e Bolsonaro há algo a mais, a interdependência. Um precisa do outro para abusar da gramática da mútua desqualificação, sem eufemismos. Ela modula a crispação das respectivas torcidas na banalização de conceitos como “comunismo” e “fascismo”.

DESERTO DE IDEIAS – Sua maior serventia, porém, é a de biombo para o deserto de ideias na política que está aí. A tese da “nacionalização” das disputas municipais é recorrente, qualquer que seja o governo, mas é surreal no confronto com o histórico eleitoral do período da redemocratização. Por uma razão elementar: as pessoas não moram na União nem no Estado, vivem nos municípios.

Jogos de poder em Brasília, da forma como Lula e Bolsonaro redesenham para 2024, têm estimulado, sim, descontentamento e distanciamento dos eleitores da política.

São eles que dizem, por exemplo, na mais recente pesquisa do Ipec (antigo Ibope) sobre democracia, com duas mil entrevistas em 127 municípios em setembro, que nada menos que 78% dos consultados declaram não ter “nenhuma vontade” de participar da vida política nas respectivas cidades.

REINA O DESÂNIMO – A frustração com a política e seus protagonistas cresce à medida em que declina o nível de renda familiar, medida em salários mínimos. Chega a 81% entre os mais pobres, sobreviventes em famílias com até um salário mínimo mensal (1 320 reais). Fica em 80% entre os que vivem com até dois salários mínimos.

As queixas sobre a incapacidade estatal em resolver problemas nos serviços essenciais de saúde, educação e segurança atravessam o tempo e governos, não importa quem esteja no poder.

É eloquente avaliação da atuação do governo Lula nessas áreas em 2023, na pesquisa do Ipec feita na primeira quinzena deste mês. Os eleitores seguem órfãos da promessa de democracia — uns mais que outros, até porque alguns são mais iguais que os demais. Sem renovação das ideias e das práticas será cada vez mais difícil atrai-los à política.

11 thoughts on “Lula e Bolsonaro frustram muitos eleitores, que hoje evitam participar da política

  1. Para oxigenar a parceria siamesa a “Máfia Khazariana” introduziu Bolsonaro no lugar do desacreditado FHC, imbuídos de desacreditar e atemorizar nacionalistas e endividar o país e seus exauridos habitantes!

  2. O número de alienados políticos, que não tem nenhum interesse na vida política do país são mais ou menos esses 78% de eleitores incluindo os que torcem por políticos como torcedores de futebol que acham que a melhora ou piora da vida deles independe da política, são em sua maioria os que nasceram no início da ditadura, em que era proibido falar em política, a mídia em regra apoiava a ditadura e só publica futebol crimes etc e nas televisões eram novelas crimes etc.
    Após a ditadura foi de interesse dos governantes manter o povo na ignorância política. O resultado disso reflete nos dias de hoje com uma maioria de alienados políticos.
    Lembro que num debate dos presidenciáveis nos anos 80, FHC perguntou ao Brizola se os CIEPs não eram uma obra muito cara; Brizola respondeu caro meu amigo, caro mesmo é a ignorância.
    O salário mínimo é o retrato da desigualdade social. Agora mesmo na votação da LDO o Congresso aprovou para as emendas parlamentares, R$ 53 bilhões, um aumento de R$16 bilhões proposta pelo governo.
    O governo se vê obrigado a tirar dinheiro do PAC para atender os parlamentares, com isso, querem tomar o lugar do executivo para certamente fazerem obras de fachada em seus redutos eleitorais, pois não têm compromisso com a saúde, moradia, educação e segurança.
    Com esse Congresso vai ser difícil Lula cumprir todas suas promessas.

  3. Infelizmente, são poucos as pessoas que entram para política que tem seriedade. Por isso vemos o que esta ocorrendo há algum tempo nesse País. Fato esse que wsta cada vez mais piorando. O deserto de ideias, é tudo função disso. Por isso que vemos os caras se vendendo por trinta moedas a cada votação

    • Prezado
      “… são poucos as pessoas que entram para política que tem seriedade.”

      Tem toda a razão! Vivencio isto, em estudos e presença, nos últimos 40 anos!
      Poucas, muito poucas pessoas sérias e com boas intenções, mesmo que com pouco conhecimento de estado e política, se prontificam ingressar na vida política.

      Por que será? Vou te dar alguns motivos:
      1. muitos partidos de propaganda, praticamente todos; partidos com donos; sem ideologias e compromissos;
      2. a imensa maioria de eleitores não votam em pessoas sérias – asa campanhas, o que se recebe de pedidos de emprego, dinheiro e outras coisinhas, é de desanimar;
      3. os detentores de mando/mandato não abrem mão de recursos para os novos, em valores suficientes para vencerem. Querem apenas os votos da legenda e dos não eleitos;
      4. as eleições são caras, para quem não recursos;
      5. Os partidos selecionam e eliminam os que não concordam com suas práticas.

      Tem mais outros, mas paro por aqui.

      Abraço.

      Fallavena

  4. Quem tem caráter, boa índole, conhecimento, responsabilidade para com seu voto, diante de dois candidatos como Bolsonaro e Lula (ou até mesmo alguns que eles indiquem) não tem outras saídas que não sejam as utilizadas por mais de 37 milhões de brasileiros: não comparecer, anular ou votar branco. Como declarei em 2022, no segundo turno votei em branco!! Qualquer eleição semelhante, farei o mesmo!!!

    Voto contra candidato ruim, corrupto, mentiroso e tudo mais! Assim, no caso de Lula e Bolsonaro e, possivelmente, de seus indicados, farei o mesmo enquanto vivo estiver.

    O Brasil é muito rico, mas a maioria do povo brasileiro é ruim, desconexo, irresponsável.
    Um dia entenderão que, foram brasileiros com o voto na mão, que ajudaram a levar o país ao buraco em que se encontra!!!

    Fallavena

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