Infantilmente, Lula declara guerra ao Congresso, por causa do marco temporal

Lula discute com Europa acordo com Mercosul em meio a incertezas com Milei - 20/11/2023 - Mercado - Folha

Lula tenta mobilizar a sociedade civil contra o Congresso

Carlos Newton

Conforme comentamos neste sábado a respeito da entrevista coletiva de Lula da Silva no Dubai, o presidente da República não está nada bem. Com declarações ofensivas, comprou desnecessariamente uma briga feia com o Congresso. Usando uma linguagem nada diplomática, tratou os representantes do povo como se fossem inimigos do país e pediu uma mobilização nacional da sociedade civil contra o Congresso, a pretexto de renová-lo.

Chamou os parlamentares de “os caras” e completou: “Querer que uma raposa tome conta do nosso galinheiro é acreditar demais”.

MARCO TEMPORAL – É sempre difícil saber o que se passa na cabeça de Lula, onde há escassez de neurônios e de cultura, mas existe excesso de soberba e arrogância. No entanto, pode-se dizer, sem medo de errar, que ele não ganha absolutamente nada, ao ofender políticos que compõem a base aliada e ao conclamar a sociedade civil a enfrentá-los.

Usando o linguajar  refinado do socialista que ocupa a Presidência pela terceira vez, podemos dizer que “o cara pirou”.  Até aqui, neste primeiro ano de governo, a maioria absoluta dos deputados e senadores tem votado a favor do governo.

Mesmo assim, Lula está declarando guerra ao Congresso por causa do marco temporal, uma norma jurídica que ele não consegue entender direito e deveria buscar a opinião de juristas independentes, que infelizente inexistem no Supremo e no governo.

SEGURANÇA JURÍDICA – O objetivo da maioria do Congresso é manter o marco temporal, por uma questão de segurança jurídica. A regra beneficia, ao mesmo tempo, os indígenas e os agricultores, porque impede novas invasões das áreas das tribos  e, ao mesmo tempo, protege os direitos dos agricultores que 1988 já estavam lavrando áreas devolutas que não eram ocupadas pelos indígenas.

Vejam o caso que está ocorrendo no Pará, onde as tribos Apyterewa e Trincheira Bacajá conseguiram apoio do Supremo para expulsar pequenos agricultores, mas o ministro Nunes Marques reconheceu que eles já cultivavam as terras antes de 1988.

O presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, não entendeu assim e mandou prosseguir a expulsão. Diante da controvérsia, é obrigatório que  o plenário se manifeste, ouvindo as duas partes, como é praxe em países democráticos.

FAZER JUSTIÇA – Esse tipo de polêmica não significa o fim do mundo. A maioria dos parlamentares pretende apenas que seja feita justiça, respeitando-se não somente os indígenas, mas também os direitos de quem explora a terra e merece ser indenizado, em caso de expulsão, especialmente quando se trata de pequenos agricultores, que são brasileiros humildes e desprotegidos.

Ao invés de comportar como um estadista e
moderar essa importantíssima discussão, o refinado Lula da Silva toma logo partido contra o Congresso, como se os representantes do povo não tivessem direito de opinar em tão grave questão social.

Fica parecendo que, no Brasil, nem direita nem esquerda pretendem que se debatam as grandes questões. Gostam mesmo é de comportamentos ditatoriais.

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P.S. 1Vamos aguardar as respostas de Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, presidentes do Senado e da Câmara, a essa infantil declaração de guerra feita por Lula. Os dois estão em Dubai, no melhor dos mundos. No meio dessa bagunça, o país continua evoluindo a passos de tartaruga, enquando la nave va, cada vez mais fellinianamente. (C.N.)

Cartas embaralhadas

(Arquivo do Google)

Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra não penduraram as chuteiras, mas estão fora de campo. É possível que se componham, mas não mais em torno da candidatura de um deles, como se planejava. Não há tertius entre os três, mas por que não um quartus? No caso, João Dória Júnior, que já não nega com tanta ênfase a possibilidade.

O PSDB tem consciência de permanecer uma força partidária expressiva, em especial porque o PMDB continua, e mais continuará, sem candidato. Quanto ao PT, se perder o Lula para o juiz Sérgio Moro, dará adeus ao sonho de voltar ao palácio do Planalto. A operação Lava Jato embaralhou as cartas e faz emergir uma série de pretendentes sem partido, ou quase isso, tipo Ciro Gomes, Marina Silva, Jair Bolsonaro, Álvaro Dias, Joaquim Barbosa, Ronaldo Caiado e outros.

NÃO DÁ MAIS – Dentro do quadro partidário, porém, os tucanos estão no jogo. Só que com Aécio, Alckmin e Serra não dá mais. Por isso eles poderiam apoiar o atual prefeito de São Paulo.

Meirelles seria ideal para o PMDB, se sua política econômica desse certo, mas como parece cada dia mais difícil, o ministro da Fazenda fica no banco. Só entrará no gramado caso consiga conquistar o meio campo. Traduzindo: aguarda um milagre. Em suma, assim podem ser imaginadas as preliminares da sucessão de 2018, ainda que as cartas se encontrem embaralhadas. Acresce que o curinga não apareceu. Poderá surpreender.