Marcelo Copelli
O segundo turno das eleições para a Presidência da República, em 2022, foi marcado por intensos discursos com apelo religioso tanto pelo atual presidente, Lula da Silva, quanto pelo seu então adversário, o ex-mandatário Jair Bolsonaro. Apesar de o derrotado nas urnas contar com o apoio de vários líderes evangélicos, a preferência de eleitores sem religião pode ter sido decisiva para o retorno do petista ao comando do Executivo.
Lula pode ter aberto uma vantagem superior a cinco milhões de votos para Bolsonaro entre os eleitores que não declararam uma religião específica, o que contribuiu para a vitória do petista na disputa mais apertada desde a redemocratização, segundo estudo divulgado à época.
PESQUISA – Já neste mês, uma pesquisa do Datafolha divulgada no último dia 7, mostrou que Lula ainda continua a enfrentar resistência entre os evangélicos, que compõem 28% do eleitorado brasileiro. A reprovação ao petista nesse grupo é de 38%, enquanto entre os católicos esse índice é de 28% (52% da população ouvida). No geral, segundo o levantamento, Lula fechará o ano em estabilidade, com 38% de aprovação, enquanto 30% consideram seu trabalho regular e outros 30% o definem como ruim ou péssimo.
Mas, voltando ao relacionamento em questão, nas últimas semanas Lula fez duas referências aos evangélicos. A primeira ocorreu durante um ato do PT, no qual reconheceu que a legenda tem dificuldade em se comunicar com o grupo. Já a segunda, foi durante um evento do governo em que Lula reclamou dos ataques da campanha. “Se tem um cara neste país que acredita em Deus, é este que está vos falando”, declarou.
PASSO ARRISCADO – Apesar de Lula muitas vezes extravasar além do que deveria, sobretudo quando improvisa, a disputa do eleitor evangélico no campo da fé é um passo arriscado, pois essa alternativa indicaria empunhar uma bandeira conservadora, o que se afasta do argumento da esquerda.
Existe hoje uma ligação já cristalizada desse eleitor com o bolsonarismo e que não caminha por análises racionais, ainda que o mesmo se depare com resultados positivos na economia ou em outros segmentos. O senso de pertencimento acaba sendo maior do que qualquer realidade, tornando, para uma certa parcela, as ações governamentais advindas sempre como representativas de uma esquerda adversária.
Desta forma, e de olho em uma nova estratégia, o governo incluiu numa campanha publicitária um cantor gospel e uma personagem que dá “glória a Deus” quando recebe o Bolsa Família. Em outra iniciativa, o Ministério do Desenvolvimento Social passou a oferecer financiamento a projetos de combate à fome tocados pelas igrejas e começou a treinar seus integrantes para cadastrar beneficiários de programas sociais. Uma forma de amenizar o domínio dos templos evangélicos nas periferias.
IDENTIFICAÇÃO – A ideia é evitar com que os evangélicos passem a se identificar com a direita de forma definitiva. E, de fato, há espaço para reverter uma parte desse quadro. Exemplo disso é que uma pesquisa recente do PoderData mostra que 52% dos evangélicos acham que o governo Lula é pior que o governo Bolsonaro, enquanto 30% consideram o petista melhor, e 15% veem os dois da mesma maneira.
Discutir que religião e política não deveriam se misturar é inviável. Ao menos por enquanto. O caminho para uma possível dissociação é longo, ainda. E, sabendo disso, vários líderes religiosos barganham benefícios, apostando na persuasão dos seus seguidores.
Porém, ainda que uma perspectiva de mudança se encaixe no longo prazo, é possível acreditar que um dia, sob o cenário democrático, seja possível que cada cidadão escolha de forma individual os seus representantes, analisando sem a influência ou a ameaça da religião, e sobretudo vendo as contradições entre os discursos e as promessas dos falsos profetas e os valores da fé professada.
Não há diferença entre nossos políticos e nossos religiosos: ambos prometem o que não podem cumprir. Mas parece que a população gosta do show.
1) Muito bom artigo !
Igreja que praticasse proselitismo político deveria perder imediatamente isenção tributária. O pastor falou que o político A é enviado de deus: pagou imposto. Que o político B é a encarnação do demônio, pagou imposto. Seria um primeiro e importante passo para acabar com essa moda de religião se imiscuir na política.
Sobre essa tentativa de aproximação com os acéfalos neopentecostais, se a esquerda deixasse de lado a pauta de costumes e se concentrasse naquilo que de fato é importante, alavancar a economia do país, já estaria de bom tamanho.
Perfeito senhor Rafael Santos e só para dar um “pitaco”, a esquerda tem que parar de “comprar consciências” e ao invés de ficar distribuindo “peixe” eternamente, tem que ensinar a pescar e financiar instrumentos de pesca.
Só falta Lula se tornar Evangélico….mas não tem como, pois,ele usa álcool e,a Bíblia condena Vícios….
Lula ainda não percebeu o quanto os ” evangélicos ” e sua camarilha , são extremamente nocivos ao Brasil e a seu povo .
“Se tem um cara neste país que acredita em Deus, é este que está vos falando”, declarou.
Se existe um cara neste país que não acredita em Loola, é este que está vos falando, eu, James.
“Existe hoje uma ligação já cristalizada desse eleitor com o bolsonarismo e que não caminha por análises racionais”
Vou aguardar, mesmo não sendo evangélico, uma boa análise, uma que caminhe por análises irracionais.
A esquerda dividindo.
Aproximadamente o Brasil foi dividido meio a meio, com a margem de erro pendendo para ao lado do $talinácio, a constatação, a metade dos brasileiros evangélicos e bolsonaristas são irracionais e a outra metade, a boa, é composta somente de racionais.
Racionalizar sobre mensalão e petrolão foi e é uma tarefa hercúlea, mais que lavar as cavalariças do rei Áugias, Hercules desviou o curso de dois rios e os passou por dentro daqueles currais medonhos e depois devolveu os rios ao cursos normais, deixando aquele estábulo limpinho e cheiroso bem aos gosto dos deuses do Olimpo. Um trabalho hercúleo.
Seria uma renovada e edílica “tentaçÃO?
“A ideia é evitar com que os evangélicos passem a se identificar com a direita de forma definitiva”.
Caro Marcelo, na verdade, na verdade, o evangélico “consciente de sua missão” aqui na terra, é, em sua essência, de direita.
Obs.: sou evangélico, de direita e não sou bolsonarista, muito menos lulista.
o que quero em 2024?
que crianças
– de nenhum lugar do mundo –
sejam assassinadas.
o que quero em 2024?
que assassinos de crianças
sejam condenados
por crimes contra a humanidade.
o que quero em 2024?
que os senhores da guerra
os donos do grande capital
e seus carrascos
sejam punidos
– ainda nessa existência!
o que quero em 2024?
que o Deus de Amor
dê o ar de sua Graça:
desmascare
o deus-dinheiro
o deus-genocida
o deus-resignação
de capitalistas
de sionistas
e de falsos cristãos
que vivem de enganar
roubar e assassinar
e/ou prestar vassalagem
aos explora-dores desse mundo.
batista filho