Não há chances de consenso sobre como combater o crime organizado

Entre a caneta e o fuzil - Blog do Ari Cunha

Charge do Dum (Arquivo Google)

William Waack
Estadão

Os profissionais que lidam com a questão do crime organizado são unânimes em afirmar que o problema é muito pior do que se imagina. Essa constatação é comum no mundo acadêmico, empresarial, no ambiente dos investigadores, nas polícias e nos executivos estaduais.

O crime organizado é descrito como problema muito maior do que a já preocupante percepção de violência – aquela diretamente atrelada às taxas de criminalidade como assaltos, estupros e furtos. Seu impacto na economia é estimado em torno de R$ 600 bilhões por ano, mais de R$ 1 bilhão por dia.

DIZ CAMPOS NETO – Nas palavras do presidente do Banco Central, em recente evento sobre segurança pública, o crime organizado tem efeitos na economia que podem ser medidos até no spread bancário (leia-se juros ao consumidor).

E é visto por investidores externos como uma espécie de imposto a ser calculado, que torna mais caro ainda o custo de capital no Brasil. Já influi na direção e intensidade do investimento estrangeiro direto (FDI), com o México sofrendo ainda mais.

A questão da atribuição fundamental de combate ao crime foi levantada pelo próprio Ministro da Justiça. A discussão se popularizou em torno da expressão “SUS da segurança pública”, derivada de uma figura de linguagem criada por Raul Jungmann, que já foi ministro nessa pasta. “Imagine um SUS sem Ministério da Saúde, essa é a situação da segurança pública”, alertou.

PACTO FEDERATIVO – Em outras palavras, o que propõe o Ministro da Justiça é uma mexida no pacto federativo para conceder à União um papel definido constitucionalmente de coordenação de políticas no setor. Foi imediatamente combatido por governadores, entre eles possíveis presidenciáveis.

“Não venham dizer aos governadores o que tem de fazer, eles sabem muito melhor”, declarou Ronaldo Caiado, de Goiás.

Foi apoiado por veteranos especialistas como o coronel reformado da PM paulista José Vicente Filho, para o qual a questão não é apenas de verbas mas de capacidade de gestão e criação de serviços de inteligência integrados, e treinamento de polícias estaduais de acordo a padrões mínimos. Que a União poderia fazer sem tirar qualquer autonomia dos Estados.

QUESTÃO POLÍTICA – Ocorre que a questão deixou há muito tempo de ser “técnica” e hoje é exclusivamente política e precisa ser equacionada.

No ambiente atual, há escassa possibilidade de se estabelecer qualquer tipo de consenso sobre causas e possíveis formas de combate ao crime organizado, que já é um tema eleitoral no topo de todas as campanhas.

Em outras palavras, o que já é ruim tende apenas a piorar.

5 thoughts on “Não há chances de consenso sobre como combater o crime organizado

  1. Abrólhos!
    “Os chulos da guerra.”
    Chris Hedges.
    A mesma cabala de gurus belicistas, especialistas em política externa e funcionários do governo, ano após ano, desastre após desastre, presunçosamente esquivam-se da responsabilidade pelos fiascos militares que orquestram. Eles são multiformes, mudando habilmente conforme os ventos políticos, passando do Partido Republicano para o Partido Democrata e depois voltando, mudando de guerreiros frios para neoconservadores e para intervencionistas liberais. Pseudo intelectuais, exalam um snobismo enjoativo da Ivy League enquanto vendem medo perpétuo, guerra perpétua e uma visão de mundo racista, em que as raças inferiores só entendem a violência.

    Eles são os chulos (pimps) da guerra, fantoches do Pentágono, um Estado dentro de um Estado, e o complexo militar-industrial financia generosamente os seus think tanks – Project for the New American Century, American Enterprise Institute, Foreign Policy Initiative, Institute for the Study of War, Atlantic Council e Brookings Institute.

    (Inteiro teor, em Resistir.info

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