Ministro acusa a PF de “perseguição política” e Lula aceita esse argumento

Apoio de Juscelino a Lula contribui para sua permanência - 12/06/2024 -  Painel - Folha

Entre a PF e o ministro, Lula prefere o “indiciado”

Francisco Leali
Estadão

O governo do presidente Lula da Silva tem quase a idade da primeira denúncia que atingiu o ministro das Comunicações. Data do primeiro mês da gestão do petista a revelação de que Juscelino Filho aproveitou do orçamento público para destinar dinheiro ao asfaltamento da estrada que passa na frente da fazenda da família no interior do Maranhão.

O caso foi revelado pelo Estadão no dia 30 de janeiro de 2023. Resultado da apuração jornalística de Julia Affonso, Vinícius Valfré, Daniel Weterman e Tácio Lorran, a reportagem indicou data, local e extensão do gasto com recursos públicos e cheiro de benefício privado. O desvio de destino ocorreu quando Juscelino Filho era deputado. Mas isso foi pouco.

DE JATINHO… – Aí, o mesmo ministro usou jatos da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir assistir leilões de cavalo, uma predileção pessoal. Ainda foi pouco.

Como ministro, Juscelino Filho colocou o sogro, sem cargo no governo, para receber empresas e quem mais batesse à porta do Ministério das Comunicações. Menos ainda. Nem problema ético foi.

Quando as primeiras denúncias vieram a público, Lula anunciou que esperava explicações de seu ministro. A conversa houve e dela o petista diz ter saído convencido.

CGU CONFIRMA – Mais de um ano depois, o que os jornalistas do Estadão revelaram aparece confirmado em relatório de auditores do próprio governo. A Controladoria Geral da União (CGU) produziu documento atestando que o asfalto na estrada lá na cidade de Vitorino Freire, bancado com dinheiro da União, só beneficiou fazendas da família de Juscelino Filho.

O documento foi remetido à Polícia Federal. Responsável por apurar suspeitas de desvios de dinheiro público, a PF concluiu que o ministro tem indício de culpa e, como reza a cartilha policial, indiciou Juscelino Filho.

Lula está fora do País. De lá mandou dizer que indiciamento não é prova e completou: “O fato de que o cara foi indiciado, não significa que o carro cometeu erro”. Uma pessoa indiciada, de fato, ainda não está condenada com prova feita e confirmada. É assim na vida dos processos criminais.

ESPAÇO PARA SUSPEITAS – Na política, contudo, não há espaço para suspeitas. Pelo menos não deveria haver. Se a PF diz que viu algo, deveria ser suficiente para o presidente chamar seu subordinado, agradecer a ajuda até aqui, mas devolvê-lo para a Câmara. E fica o governo livre de carregar o ônus de ter ministro que pode ir parar no banco dos réus.

Quando o presidente da República acha pouco indiciamento da polícia de seu próprio governo e cujo diretor-geral é pessoa da sua estrita confiança, manda mensagem truncada à corporação. Seria o mesmo que indicar que o trabalho da PF não serve de régua para indicar suspeita de crime.

O caso ganha ainda mais relevância porque Juscelino Filho, ao reagir ao indiciamento, diz que houve politização do inquérito e que está sendo vítima de perseguição. De forma bem improvável, mas real, temos um ministro de Lula dizendo que a PF sob Lula não investiga, apenas persegue desafetos. Se a oposição ouvir isso, vai achar interessante.

1 thoughts on “Ministro acusa a PF de “perseguição política” e Lula aceita esse argumento

  1. Fica Juscelino, fica, não abandone este governo, ele adora ter gente como você no ministério. Fica Juscelino, quem sabe um dia você descobre onde estão as provas da sua inocência, é difícil mas quem sabe.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *