Prepare-se! Lula repetirá juros errados, dólar caro com inflação acima da meta

Gilmar Fraga / Agencia RBS

Charge Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Alexandre Schwartsman
Estadão

A pergunta que ficou da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando o BC decidiu pela manutenção da taxa Selic em seu atual patamar, 10,50% ao ano, diz respeito aos próximos passos da autoridade monetária, em particular se irá reverter a rota e elevar a taxa de juros ainda em 2024. Da forma como entendo, não, mas pelas razões erradas.

O BC chamou a atenção, corretamente, para o efeito que o descontrole do gasto tem sobre a inflação. Por um lado, o aumento da despesa federal põe mais lenha da fogueira da demanda.

MOMENTO ERRADO – Se estivéssemos numa situação de enorme folga de capacidade na economia, isto não seria um problema grave; todavia, as estimativas do próprio BC sugerem uma economia operando já no seu limite potencial (para mim, provavelmente acima).

Neste contexto, estímulos adicionais ao consumo tendem a se materializar mais do lado dos preços do que da produção, em particular daquilo que não conseguimos importar, como serviços.

Não por outro motivo, as leituras mais recentes da inflação revelam aceleração do crescimento de preços de serviços. Estes funcionam como o “canário na mina”, revelando as pressões de demanda antes dos demais.

DÍVIDA DISPARADA – Por outro lado, o desequilíbrio fiscal leva ao aumento contínuo da dívida pública, agora próxima a 80% do PIB. Embora o nível em si não queira dizer muito, a falta de perspectiva de estabilização (o que dirá de queda!) da dívida se transforma em piora da percepção de risco. Este é o principal combustível para o encarecimento do dólar, que também alimenta a inflação, como mostrei aqui há duas semanas.

Desta forma, as previsões do BC – normalmente mais otimistas do que as do mercado – apontam para inflação acima da meta no final do ano que vem, quase daqui a um ano e meio.

Todavia, aproveitando a mudança da sistemática de aferição da meta, o BC indicou que nos 12 meses terminados em março de 2026 a inflação ficaria só um pouco além do requerido. Isto permite ao Copom manter tanto a Selic como certa dignidade.

VAI PIORAR – No entanto, o cenário deve piorar nos próximos meses, criando um dilema para o Comitê. Com a mudança da presidência da casa, parece provável que se deixe o problema para seu próximo dirigente.

À luz, porém, dos ataques de Lula ao BC e a Roberto Campos, será difícil para seu indicado subir a Selic, sob pena de desmoralizar a atual narrativa presidencial.

Moral da história, teremos muito possivelmente a repetição do experimento de Tombini no BC, ou seja, juro errado, dólar caro e inflação persistentemente acima da meta. Seguimos imunes ao aprendizado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Alexandre Schwartsman é um dos mais respeitados e experientes economistas brasileiros. Ele toca no ponto principal de nossos problemas  – a incapacidade dos governantes entenderem como funciona a economia. O pior: não entendem nada, mas fazem questão de atrapalhar, e esta é uma estratégia na qual Lula é mestre. (C.N.)

7 thoughts on “Prepare-se! Lula repetirá juros errados, dólar caro com inflação acima da meta

  1. Se os EUA baixarem a sua taxa de juros, o dólar cairá e consequentemente a inflação. Não vivemos em uma ilha. E corte em despesas onde? Em benefícios sociais?

  2. “teremos muito possivelmente virado uma argentina em 6 meses”, “teremos muito possivelmente virado uma venezuela em um ano e seis meses”. Adoro essas mães Dinah do mercado financeiro prevendo o apocalipse e como de costume errando.

    Agora a moda é reclamar que aumento da renda da população e níveis de desemprego baixos são ruins pra economia pois pressiona a inflação.

    Esses pseudo economistas são a escoria da humanidade, seres desprezíveis.

  3. Entonces a solução é contratar economistas de esquerda, a economia planificada como na União Soviética é o caminho para acabar com a pobreza e miséria.
    Os economistas do mundo socialista estão aí para dar o exemplo de expertise e de sabedoria.

    • Não, o caminho certo são os Chicago Boys, Paulo Guedes que o diga, nossa economia foi de vento em popa, de modo que o seu patrão foi o primeiro presidente do país a perder uma reeleição.

  4. O problema dos socialistas é que eles misturam política com economia, que são duas coisas totalmente diversas, que nem sempre andam de mãos dadas. Aí querer fazer fundamentos econômicos, como preço e juros entenderem as idiossincrasia dos políticos como Stalinácio e a sua trupe pretendem. Mas vai dar ruim.

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