Brasil esnoba Ocidente e prefere China, Rússia e ditaduras do Oriente Médio

Fotografados, de mãos dadas: Lula, Xi Jinping (China), Cyril Ramaphosa (África do Sul), Narendra Modi (Índia) e Sergey Lavrov (ministro de relações exteriores da Rússia)

Brasil vai abandonando a tradicional política diplomática independente

Merval Pereira
O Globo

O afastamento cada vez maior da política externa brasileira do grupo das democracias ocidentais, em favor de países com governos autoritários, ou mesmo ditaduras como o Irã ou Cuba, faz com que o Brasil perca a capacidade de ser o intermediário nas negociações internacionais, mesmo as que se desenvolvem no nosso continente, como agora na crise da Venezuela de Maduro.

Depois da conversa telefônica pedida pelo presidente dos Estados Unidos Joe Biden, parecia que Lula estava sendo reconhecido como o líder regional. Mas, poucos dias depois, o governo americano surpreendeu o Brasil com uma nota oficial do Departamento de Estado onde declarava que a oposição vencera as eleições.

GANHAR TEMPO – A decisão indica que a postura “cautelosa” do governo brasileiro é interpretada em Washington como uma maneira de ganhar tempo em favor de Maduro. Não foi a primeira vez que Lula foi abandonado pelo governo americano. No último ano de seu segundo mandato, o Brasil tentou intermediar um acordo nuclear entre Irã e Estados Unidos, rejeitado pelos americanos.

O governo brasileiro divulgou uma carta que o presidente americano enviara a Lula querendo provar que o governo dos EUA fugia de compromissos assumidos. Só que na carta de Obama estava definido que o Irã deveria “reduzir substancialmente” seu estoque de urânio de baixo enriquecimento na transição para o acordo internacional.

Como o Brasil permitia que o Irã continuasse a enriquecer urânio por um ano antes dessa transição, o governo americano recusou o acordo, fechado mais adiante, nos termos americanos.

ROMPIMENTO – Em 22 de julho de 2010, em meio a uma crise causada pelas acusações do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe na OEA de que guerrilheiros das Farc tinham estabelecido bases e se escondido atrás da fronteira venezuelana, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou o rompimento das relações diplomáticas entre os dois países.

O Brasil se ofereceu para intermediar um acordo, mas foi vetado pela Colômbia por não ter imparcialidade para tal.

Atualmente, depois de ter assumido uma posição descabida a favor da Rússia na guerra com a Ucrânia, o Brasil perdeu completamente a capacidade de participar de um “grupo de países a favor da paz”.

ESTRATÉGIA ERRADA – A questão do governo brasileiro é manter relação cordial com países que têm importância para a geopolítica de um mundo que no futuro, na visão dos analistas governamentais, será muito mais próximo dos países que hoje são periféricos e tentam se desenvolver, do que da Europa e dos Estados Unidos.

O Brasil está fazendo uma escolha, apostando num futuro que nada indica que vá mudar tão cedo, se afastando das principais potências do Ocidente, para se aliar a ditaduras do Oriente Médio, da Rússia e da China.

O Brasil não deveria estar nesta onda revisionista, de acreditar que o poder hegemônico do Ocidente está sendo superado por estas nações emergentes. É uma política infantil que não vê o Ocidente como potência num futuro próximo.

NO FUTURO – A criação do BRICS, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, levou a política externa brasileira a aprofundar sua crença de que os países do futuro são esses, unidos pela criatividade do chefe de pesquisa econômica global da Goldman Sachs, Jim O’Neill.

Embora a premissa de que os quatro países inicialmente citados – a África do Sul entrou depois – seriam os que mais cresceriam no futuro, o BRICS se concretizou apenas como um reunião política de parceiros, que este ano incluiu Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Irã.

Perderam o acrônimo que em inglês soa como “tijolo”, uma metáfora para a construção de um novo grupo econômico internacional, mas ganharam mais parceiros, cujos pontos em comum são mais próximos do autoritarismo do que da democracia.

8 thoughts on “Brasil esnoba Ocidente e prefere China, Rússia e ditaduras do Oriente Médio

  1. Merval e sua notória subserviência aos EUA.

    Prefiro ser próximo a ditadura Chinesa e obter vantagens sob a forma de investimentos em infra estrutura ou até transferência tecnológica do que se aliar aos impolutos EUA e receber em troca um tapinha nas costas para virarmos um parceiro exportador de matéria prima barata, e bombas de democracia na cabeça quando tentarmos fazer um governo mais autônomo.

  2. É o khazariano plano, sutil e multilateralmente estender o oculto manto, sob as servis “fraternas” rédeas do logótipo “Escudo Vermelho”, tonalidade identificadora da assim exposta quadrilha!

  3. A mídia sofista, bitolada, alienante, conservadora do sistema apodrecido, vencido, superado e exaurido, é uma das grandes desgraças nacionais que não permitem a libertação e nem a evolução do país, da política e da vida da população, infeliz e desgraçadamente. O PROBLEMA MAIOR, senhores e senhoras noticiaristas e comentaristas políticos do Brasil e do mundo, não é a crise da Venezuela, Nicarágua, Cuba, Brasil, EUA…, América do Sul, Europa, Ásia e o mundo, mas é isto sim a Crise da democracia partidária, indireta, dos donos de partidos, estribada na loucura por dinheiro, poder, vantagens e privilégios, sem limite$, operada à moda todos os bônus para ele$ e o resto que se dane com os ônus, arvorados em detentores da ditadura do monopólio eleitoral, que, infeliz e desgraçadamente, não conseguem ser melhores nem mesmo que as autocracias espalhadas mundo afora. Sistema$ esse$ superados, vencidos, praticados como plutocracia putrefata com jeitão de cleptocracia e ares fétidos de bandidocracia, geradores do estado de coisa$ e coiso$ que aí estão transpirando decadência terminal por todos os poros, do qual vossas excelências jogam de conservadores do dito-cujo vendendo ao distinto público “bandeides”, placebos, sofismas e afins como se fossem o remédio eficaz para curar a ferida gigantesca e estancar a sangria desatada tipo enxurrada gerada pelo dito-cujo. Fossem esses caras, Maduro, Ortega, Castros…, pelo menos desprendidos, seria a hora de dar o xeque-mate na mentira da democracia partidária, tipo faca de dois gumes, face à qual, se tornaram presidentes dos seus respectivos países, e, por conseguinte, trucariam em prol da Democracia de Verdade, Direta, com Meritocracia, como alternativa contra a mentira, a hipocrisia e o cinismo disso tudo que aí está há milênios e, assim, passariam para a história não como ditadores, como querem os seus desafetos (que querem apenas tomar para si os bocados dos me$mo$), mas isto sim como democratas de verdade, porque, pelo amor de Deus, basta dessa história mal contada segundo a qual, entre os me$mo$, a solução é a troca de bandidos de estimação no poder. https://www.facebook.com/cnnbrasil/videos/810598157730800

  4. Lembrete :
    Esses tais países ocidentes que o missivista sugere , não nos vende nada do que realmente precisamos , e sim nos impõe o que bem entendem , com o agravante de que nos taxam e sabotam em nossas exportações , tornando incompatíveis , inviáveis a concorrência com o mercado local , por isso a necessidade de o Brasil negociar com todos os países do mundo , independente de ideologias , bandeiras , com quaisquer com quem quer que seja , o Brasil não pode e nem deve se deixar transformar em mercado , quintal cativo/exclusivo de nenhum outro país do mundo , o país tem que expandir fronteiras além mar , nos quatro cantos do mundo .

  5. Lembrete :
    Esses tais países ocidentes que o missivista sugere , não nos vende nada do que realmente precisamos , e sim nos impõe o que bem entendem , com o agravante de que nos taxam e sabotam em nossas exportações , tornando incompatíveis , inviáveis a concorrência com o mercado local , por isso a necessidade de o Brasil negociar com todos os países do mundo , independente de ideologias , bandeiras e quem quer que seja , o Brasil não pode e nem deve se deixar transformar em mercado , quintal cativo/exclusivo de nenhum outro país do mundo , o país tem que expandir fronteiras além mar , nos quatro cantos do mundo .

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