Congresso faz primeiro recuo forçado no balcão das emendas parlamentares

Tribuna da Internet | Governo já recua nas emendas PIX e busca novo acordo  com Congresso

Charge do JCaesar (Veja)

Bruno Boghossian
Folha

O Congresso andava mal acostumado com a fartura descontrolada de emendas para os redutos políticos dos parlamentares. Considerando a duração e a dimensão da farra, saiu barato o acordo costurado pelo STF para definir critérios de uso dessa verba. Ainda assim, foi o primeiro recuo forçado em quase uma década.

A negociação teve a solenidade de uma reunião de altos representantes dos três Poderes. Sob o pretexto de evitar uma guerra pelo dinheiro, o Congresso manteve a distribuição de sua bolada. Em contrapartida, finalmente será obrigado a cumprir regras que vem driblando há anos.

DOIS MECANISMOS – A decisão afeta dois mecanismos da desordem instalada no mercado das emendas. O primeiro é a liberdade quase absoluta dada a parlamentares para depositar “emendas Pix” nos caixas de estados e municípios. Esse pagamento continua obrigatório, mas será preciso informar o objetivo do repasse. Antes, o dinheiro chegava sem nenhuma satisfação.

A outra mudança diz respeito ao desequilíbrio provocado pelo avanço do Congresso sobre o Orçamento. A partir de agora, as emendas indicadas por comissões temáticas devem ir para projetos “definidos de comum acordo entre Legislativo e Executivo”. Já o dinheiro direcionado por bancadas estaduais vai para “projetos estruturantes”.

Em outras palavras, o acordo inclui o governo na partilha e pode reduzir a pulverização da verba para as bases eleitorais de deputados e senadores.

MENOS APETITE – A moderação de apetite dos congressistas se deu por uma conjunção de fatores: o interesse do governo Lula em entrar nessa briga, a disposição do Supremo de ficar a seu lado e o surgimento de investigações que, mais cedo ou mais tarde, fariam com que a libertinagem na distribuição de emendas se tornasse insustentável.

O acordo não corrige a distorção criada pelo acúmulo de tanto dinheiro sob o rótulo das emendas parlamentares, mas os negociadores entenderam que esse era o desfecho possível agora.

Fora disso, há questões que só a polícia poderá resolver.

1 thoughts on “Congresso faz primeiro recuo forçado no balcão das emendas parlamentares

  1. O apetite do Congresso não tem limites.
    Os ” representantes do povo” ficaram insatisfeitos com a decisão de Flávio Dino.

    Na reunião entre os Três Poderes, a saia justa ficou evidente.
    Flávio Dino demonstrou conhecimento maior do Regimento da Câmara do que o presidente Arthur Lira. Dino é um craque.

    Suas excelências legislativas, cederam apenas na questão da Transparência. Agora, os recursos oriundos das Emendas PIX, serão fiscalizados pelo TCU. Antes, o dinheiro ia para o deputado, utilizar os recursos públicos, nas suas paróquias, sem nenhum controle do empenhador, do destinatário e das obras, se realmente havia obras de fato.

    No resto, não mudou quase nada. O Equilíbrio entre os Três Poderes foi rompido. Quem está no comando autoritário do país, hoje, são os Presidentes da Câmara e do Senado, respaldados por 513 deputados e 81 senadores.

    Como no Brasil, o dia seguinte costuma ser pior do que a véspera, a partir do ano que vem, será ainda pior. Tudo indica, que Davi Alcolumbre será alçado a presidência do Senado e Elmar Nascimento presidirá a Câmara, respaldado por Arthur Lira.

    As nuvens cinzentas, anunciam tempestade no solo pátrio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *