PF manipulou imagens, diz a defesa dos acusados de hostilizar Moraes em Roma

Advogado diz guardar a "sete chaves" imagens do incidente com Moraes | ParadoxoBR

Advogado mostra os exageros na perseguição aos réus

Bruna Aragão
Poder360

A defesa de Roberto Mantovani, Roberto Mantovani Filho, Andreia Mantovani e Alex Zanatta, suspeitos de hostilizar o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), disse nesta quinta-feira, em novo pedido de acesso às imagens de câmeras de segurança do Aeroporto de Roma, que agentes da PF (Polícia Federal) teriam manipulado as imagens.

“Por fim, considerando que as imagens foram manipuladas por alguns agentes da Polícia Federal, não por peritos oficiais, e para que a defesa tenha relativa segurança da idoneidade dessa prova, requer, antes de determinada a intimação dos denunciados para oferecimento de defesa prévia, que lhe seja autorizada a extração da cópia dessas imagens, diretamente das mídias originais recebidas das autoridades italianas, por meio da Cooperação Internacional 613/2023, não por qualquer outro meio”, afirma o documento que o Poder360 teve acesso.

PARECER TENDENCIOSO – Segundo a defesa, um novo relatório foi elaborado em junho de 2024, “com base em parecer tendencioso feito por agente da PF acolhendo cegamente a versão de uma das partes, desprezando as imagens como um todo e as versões dos investigados”.

Disse ainda ser provável que o próprio delegado não tenha assistido à íntegra das imagens antes de fazer o relatório. “Com a devida vênia, sua Excelência, o Delegado de Polícia Federal, em inusual novo relatório (ou seja, temos um inquérito com dois relatórios!), surpreendeu e extrapolou em muito os limites do trabalho investigatório, fazendo ilações, assertivas absolutamente subjetivas e decorrentes, unicamente, da sua interpretação pessoal de imagens que nem sequer possuem áudio!”, afirmou.

O advogado Ralph Tortima aponta que consta no relatório a recusa de comparecimento de Roberto Mantovani Filho que, segundo ele, em momento algum se negou a comparecer para prestar esclarecimentos.

DENÚNCIA EXCESSIVA – A defesa disse ainda que a denúncia ofertada pela PGR (Procuradoria Geral da República) contém “excessos” e é extremamente parcial, uma vez que não foi concedido acesso às imagens. Disseram ainda que só tomaram conhecimento de que a PGR ofereceu denúncia por causa de divulgação dada pela imprensa em 16 de julho.

Segundo apurou o Poder360, as imagens não foram analisadas pela PGR para a apresentação da denúncia, nem disponibilizadas para a defesa dos acusados. Só o ministro relator do caso no Supremo, Dias Toffoli, e um grupo de policiais tiveram acesso à gravação.

Os advogados requerem, “antes de se determinar a intimação dos denunciados para ofertar defesa”, cópia tanto das imagens do aeroporto, como de eventuais mensagens e postagens supostamente identificadas no celular apreendido na investigação. “Sem o acesso integral à principal prova, não há como ser realizada a defesa dos denunciados, por muito evidente”, afirmam. O último pedido da defesa para acessar as imagens foi em 9 de abril de 2024.

POLÍCIA NO VAIVÉM – A PF havia desistido de indiciar a família, mas voltou atrás em 3 de junho de 2024 e decidiu indiciá-los.  O empresário Roberto Mantovani Filho; a sua mulher, Andreia Mantovani; e o seu genro, Alex Zanatta, foram indiciados por calúnia e difamação depois de supostamente terem xingado o ministro de “bandido, comunista e comprado”.

Roberto teria agredido fisicamente o filho de Moraes com um golpe no rosto depois que ele interveio na discussão em defesa do pai.

O delegado anterior, Hiroshi de Araújo Sakaki, então responsável pelo caso na PF, não havia visto indícios de crime, diferentemente do atual delegado, Thiago Rezende, que atribuiu aos três o crime de calúnia, com o agravante de ter sido cometida contra um funcionário público, em razão das suas funções.

O CASO SIMPLES– Em 14 de julho de 2023, Moraes, acompanhado de sua família, retornava de uma palestra no Fórum Internacional de Direito, realizado na Universidade de Siena, quando foi alvo de ofensas proferidas por brasileiros.

Roberto Mantovani Filho estava acompanhado da mulher, Andreia Mantovani, e do genro, Alex Zanatta. Os suspeitos teriam xingado o ministro, que enviou à PF uma notícia-crime detalhando com imagens os suspeitos de hostilizá-lo.

Os três brasileiros desembarcaram no dia seguinte (15.jul) no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Agentes da PF estiveram no local no momento do desembarque. Os suspeitos prestaram depoimentos à Polícia Federal. Eis o que disseram:

EXPLICAÇÕES CLARAS  – Roberto Mantovani, empresário – prestou depoimento em 18 de julho e disse que “afastou” o filho de Moraes com os braços porque sua mulher se sentiu desrespeitada pelo filho do ministro.

Andreia Mantovani, mulher de Roberto – prestou depoimento em 18 de julho e disse ter criticado a possibilidade de a família Moraes ter tido algum privilégio para acessar a sala VIP, enquanto eles chegaram antes e foram barrados.

E Alexandre Zanatta, genro de Roberto e corretor de imóveis – prestou depoimento em 16 de julho e negou as acusações.

Em fevereiro, a PF havia terminado as investigações sobre o caso. A conclusão anterior da corporação foi de que o empresário Roberto Mantovani Filho havia apenas injuriado o filho de Moraes, Alexandre Barci. À época, o delegado do caso, Hiroshi de Araújo Sakaki, não indiciou nenhum dos envolvidos, por se tratar de delito pequeno, sem importância.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Trata-se de uma situação vergonhosa para a Justiça brasileira, que tem questões muito mais importantes para resolver. Mas o ministro Moraes é vingativo e insiste em condenar a família Mantovani, pressionando a Polícia Federal e o ministro-relator Dias Toffoli. Antes, o próprio Moraes é que ia julgar o caso, na condição de vítima, testemunha, assistente de acusação e juiz. Primeiro, negaram-lhe a assistência de acusação, que ele mesmo tinha requerido. Depois, devido ao repúdio crescente, desistiu de julgar. E ainda chamam isso de Justiça. (C.N.)

Lembrando Cândido das Neves, o compositor que emocionava Vicente Celestino

Poucos compositores faziam músicas tão românticas como Cândido das Neves, o  Índio - Flávio ChavesPaulo Peres
Poemas & Canções

O carioca Cândido das Neves (1899-1934), apelidado de “Índio”, era compositor, cantor e instrumentista. “Noite Cheia de Estrelas”, gravada em 1932 na RCA Victor, por Vicente Celestino, mostra as suas características na arte de compor: letras sempre muito extensas, cantavam a natureza duma forma romântica. E ninguém jamais cantou o luar como ele o fez.

###
NOITE CHEIA DE ESTRELAS
Cândido das Neves

Noite alta, céu risonho
A quietude é quase um sonho
O luar cai sobre a mata
Qual uma chuva de prata
De raríssimo esplendor…
Só tu dormes, não escutas
O teu cantor.
Revelando à lua airosa
A história dolorosa desse amor…

Lua!
Manda a tua luz prateada
Despertar a minha amada!
Quero matar meus desejos!..
Sufocá-la com os meus beijos…

Canto
E a mulher que eu amo tanto
Não me escuta, está dormindo…
Canto e por fim
Nem a lua tem pena de mim,
Pois ao ver que quem te chama sou eu
E entre a neblina se escondeu…

Lá no alto a lua esquiva…
Está no céu tão pensativa,
As estrelas tão serenas
Qual dilúvio de falenas
Andam tontas ao luar,
Todo o astral ficou silente
Para escutar:
O teu nome entre as endeixas
A dolorosas queixas
Ao luar.

Maduro é de esquerda ou direita? Não sei nem quero saber; perguntem a ele

Paixão

Charge do Paixão (Gazeta do Povo)

Carlos Newton

Temos publicado aqui na Tribuna da Internet as manifestações contraditórias sobre os fatos de o presidente venezuelano ser de direita ou esquerda, uma discussão séria e ligeira, que logo chegou a Adolf Hitler e Benito Mussolini, com as antigas definições sobre nazismo e fascismo. Chegaram também a Karl Marx e ao comunismo, com suas derivações socialistas.

Uma discussão antiga e arcaica, que movimentou bandeiras tão velhas e carcomidas que se rasgam a qualquer movimento mais brusco. O pior é a conclusão. Examinados os argumentos de cada debatedor, ficou claro que todos são movidos pela paixão. E não houve uma análise menos irada, porque a figura de Nicolás Maduro já ultrapassou todos os limites e se converteu apenas numa ditadura personalista, que nada tem a ver com ideologias.

TENDÊNCIA SOCIALISTA – Quando o coronel Hugo Chávez chegou ao poder, havia uma tendência socialista, porém a luta mais importante era pela defesa das riquezas, basicamente o petróleo, devido à corrupção incontrolável. Foi assim que a PDVSA deu lucro pela primeira vez, depois de tantos anos de seguidos prejuízos.

Chávez errou ao se deixar iludir pela ânsia de poder, que o fez ir mudando as leis para ser sempre o vencedor, como ocorre na falsa democracia de Cuba, que ele ajudou muito após a derrocada da União Soviética. Mas foi levado pelo câncer e Maduro subiu ao poder, sem a menor condição de governo.

E o resultado é esse terrível drama que hoje emociona e revolta o mundo, como acontece sempre que alguma nação tenta se livrar da ditadura e se democratizar.

DISCUSSÃO ARCAICA – Não é mais cabível haver discussão entre direita e esquerda, sobretudo quando baseada num estrupício como Maduro. Já faz tempo que esse debate tornou-se obsoleto. É preciso reconhecer que as teses do marxismo forçaram uma humanização do capitalismo, com a criação dos direitos trabalhistas e depois o estado do bem-estar social.

A humanização do capitalismo inviabilizou completamente o marxismo, como ficou provado pelos exemplos de China e Vietnã, enquanto a democracia-social fizesse com que os países escandinavos alcançassem os maiores índices de bem-estar social.

Nessa conjuntura, que prevalece não é de hoje, como defender antigas ideologias, capitalismo ou comunismo, ou mesmo direita e esquerda. Como diria Padre Quevedo, isso non ecziste mais.

DEBATE DECEPCIONANTE – Nessa vida moderna, em que a evolução tecnológica chega a ser sufocante, como manter essa importante discussão em termos tão antigos? É preciso abandonar os velhos hábitos e raciocinar de uma forma simplista, para definir o que é certo e o que é errado. Apenas isso, seguindo a recomendação de Sidarta Gautama, o Buda, 500 anos antes de Cristo, como sempre nos recorda em seus artigos o mestre Antonio Rocha, grande estudioso das religiões em geral.

Continuar discutindo direita e esquerda a essa etapa da vida é decepcionante, no caso da Venezuela o debate deveria se concentrar entre democracia e ditadura, porque o resto é folclore, como diz Sebastião Nery.

Mercado Livre supera Petrobras como a empresa mais valiosa da América Latina

Fotografia mostra um galpão industrial com esteiras amarelas e uma bandeira do Mercado Livre pendurada no teto. Ao fundo, é possível ver caixas amarelas empilhadas.

Este é um dos centros de distribuição da Mercado Livre

Daniel Cancel
Bloomberg

As ações do Mercado Livre, a gigante empresa latino-americana de comércio eletrônico e pagamentos, dispararam depois que os lucros do segundo trimestre superaram as estimativas dos analistas, e a companhia foi impulsionada à empresa mais valiosa da América Latina, superando a Petrobras.

Os papéis saltaram quase 11%, dando ao Mercado Livre uma capitalização de mercado de US$ 90 bilhões. Isso supera o valor de mercado de US$ 85,5 bilhões da estatal brasileira.

DESDE A PANDEMIA – É a primeira vez desde um curto período em 2021 durante a febre do comércio eletrônico alimentada pela pandemia que o Mercado Livre lidera o ranking da região, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

O CEO do Mercado Livre, Marcos Galperin, publicou um post no X na sexta-feira (2) para comemorar o 25º aniversário da empresa e o feito de se tornar a mais valiosa companhia latino-americana. “Tinha que ser feito… e nós fizemos”, ele escreveu.

A empresa sediada em Montevidéu, no Uruguai, reportou que o lucro dobrou em relação ao ano anterior e que há um número recorde de usuários para sua plataforma fintech, em um sinal de que sua expansão geográfica e de produtos está ganhando velocidade.

SÓLIDO MOMENTO – “Este resultado mais uma vez destaca o sólido momento operacional do Mercado Livre e as fortes perspectivas de longo prazo”, disseram analistas do Itaú BBA liderados por Thiago Macruz em nota, mantendo sua classificação de ‘outperform’ para a ação.

A receita líquida foi de US$ 5,1 bilhões no período de três meses encerrado em 30 de junho, em comparação com a estimativa mediana de US$ 4,7 bilhões em uma pesquisa da Bloomberg. O lucro líquido foi de US$ 531 milhões, superando os US$ 415 milhões esperados pelos analistas de Wall Street. 

O volume bruto de mercadorias aumentou 20% em relação ao ano anterior, para US$ 12,6 bilhões no período, com o Brasil e o México ganhando 36% e 30%, respectivamente, no mesmo período.

EMPRESA STARUP – “Essas são realmente as taxas de uma startup”, disse o diretor financeiro Martin de los Santos em uma entrevista antes dos resultados. “Após 25 anos, estamos muito encorajados por esses números e continuamos a ganhar participação de mercado nesses países.”

Da receita líquida, US$ 3 bilhões corresponderam ao negócio de comércio, enquanto US$ 2,1 bilhões vieram da plataforma de pagamentos Mercado Pago, de acordo com um comunicado da empresa.

Fundado há 25 anos, o Mercado Livre continua a investir em novas áreas, incluindo publicidade e seguros, ao mesmo tempo em que consolida seus negócios principais de comércio eletrônico com entrega rápida. A ação tem 25 recomendações de compra e três de manutenção, com um preço-alvo médio de 12 meses de US$ 2.023.

Acusada de não cooperar em acordo, Odebrecht rebate o procurador Gonet

Odebrecht agora é Novonor. Entenda a mudança! - Anota Bahia

Mudou o nome, mas as armações continuam as mesmas

João Pedroso de Campos
Metrópoles

A Novonor, como se chama atualmente a Odebrecht, rebateu no STF na quinta-feira (1/8) uma manifestação em que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, fez críticas à postura da empresa em torno da cooperação com a Justiça no âmbito do seu acordo de leniência.

Em junho, o chefe da PGR classificou como “paradoxal” a busca da empreiteira por manter os benefícios do acordo, enquanto usa a anulação de provas dele pelo STF para deixar de colaborar com o Ministério Público Federal.

TENTA REVERTER – A manifestação de Gonet foi feita por ele ao tentar reverter uma decisão do ministro Dias Toffoli favorável à empreiteira. Toffoli anulou um pedido de informações feito à empresa pelo MPF do Paraná, para que a empreiteira fornecesse dados sobre duas contas bancárias mantidas em Andorra, na Europa. Segundo o MPF, há indícios de que as offshores eram usadas para pagamentos ilícitos.

A Novonor foi atendida pelo ministro ao alegar que os registros sobre as contas estão entre o material do acordo de leniência invalidado pelo STF: os sistemas Drousys e MyWebDayB, usados pela empreiteira para gerenciar pagamentos ilegais a políticos e autoridades.

Ao rebater a PGR nessa quinta-feira, a companhia classificou os argumentos de Gonet como “indevidos” e “teratológicos”. A Odebrecht ressaltou que não poderia atender ao pedido de informações do MPF por se tratar de provas já anuladas pelo Supremo. Também afirmou que, ao contrário do alegado pela PGR, não seria possível fornecer os dados solicitados por meios que não fossem os sistemas Drousys e MyWebDay B.

ILEGALIDADES – Sobre sua cooperação no acordo de leniência, colocada em dúvida por Paulo Gonet, a empreiteira ressaltou não haver impedimentos a acionar a Justiça em situações nas quais possa ser alvo de ilegalidades — como seria o caso, se fosse obrigada a manusear provas anuladas pelo STF.

Ainda conforme a defesa de Odebrecht, o recurso de Gonet não deve ser nem considerado por Toffoli. Isso porque foi arquivado o procedimento administrativo por meio do qual o MPF lhe pediu as informações sobre as offshores de Andorra.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É impressionante como o ministro Dias Toffoli, seguindo a trilha aberta por Ricardo Lewandowski, conseguiu praticar um crime perfeito, ao cancelar a delação premiada dos diretores da Odebrecht e de mais de 70 executivos. É duro acreditar que todos eles tenham sofrido “perseguição política” da Lava Jato. Com isso, os réus foram automaticamente inocentados. E ainda chamam isso de Justiça. (C.N.)

Parecer da Receita omite irregularidades constatadas em auditoria feita pelo TCU

Flávio Bolsonaro revela ter sido sondado pelo pai... | VEJA

Receita invadiu as contas de Flávio e ele não esboça reação

Guilherme Amado e Eduardo Barretto
Metrópoles

Um parecer da Receita Federal que rebateu acusações contra o órgão feitas pela defesa de Flávio Bolsonaro ignorou uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) que identificou o acesso ilegal de um servidor da Receita a dados fiscais de Flávio e de outras pessoas. A investigação do TCU foi concluída em 2021.

Como mostrou a coluna em 2020, a defesa de Flávio Bolsonaro alegou haver uma organização criminosa na Receita, que poderia ter embasado o relatório que deu origem à investigação das rachadinhas. A acusação aconteceu em uma reunião das advogadas com o então presidente Jair Bolsonaro no Planalto.

REUNIÃO GRAVADA – O então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, também estavam na reunião. A gravação do encontro foi feita às escondidas por Ramagem e apreendida pela Polícia Federal. O áudio veio a público em julho.

Em 2021, uma auditoria do TCU concluiu que pelo menos seis “pessoas expostas politicamente”, a exemplo de autoridades, tiveram os dados fiscais acessados ilegalmente entre 2018 e 2020. Uma das vítimas foi Flávio Bolsonaro.

O parecer da Receita que rebateu a defesa de Flávio e minimizou a reunião no Planalto, divulgado esta semana por integrantes da Receita, não citou a auditoria e suas conclusões. O documento do TCU não foi sequer citado.

PARECER ARDILOSO – “Não há nenhuma novidade no áudio liberado pelo STF em relação à Corregedoria da Receita Federal, tendo sido demonstradas, de maneira fundamentada e motivada, a precariedade e a absoluta ausência de provas por parte das advogadas no que se refere às acusações e ilações por elas elaboradas”, afirmaram os técnicos da Receita à Corregedoria do órgão, a respeito da denúncia feitas pelas advogadas do senador Flávio Bolsonaro, naquela ocasião.

Segundo o documento, as advogadas de Flávio Bolsonaro tentaram “vender acusações infundadas” ao senador, que então as levou à Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em qualquer país minimamente sério, não pode ser tolerado este tipo de grave divergência entre importantes órgãos públicos, como o Tribunal de Contas da União e a Receita Federal. Um deles está mentindo em documento oficial e tudo indica que a irregularidade está sendo cometida pela Corregedoria da Receita. Em qualquer país minimamente sério, o povo exigiria saber se a Receita está mesmo encobrindo ilegalidades de seus servidores e qual será a punição desses funcionários fajutos. Como não há reação alguma e o poderoso SindiFisco (sindicatos dos servidores da Receita) está fechado em copas, confirma-se que este país não é minimamente sério. Pelo contrário, é totalmente esculhambado. (C.N.)

Rebeca Andrade leva ouro e vira maior medalhista da história do Brasil

Num atoleiro moral, Netanyahu prolonga a guerra para obter sua sobrevida política

Without naming Ismail Haniyeh, Netanyahu says Israel will exact 'heavy ...

Se não negociar a paz, Netanyahu acabará afastado

Hélio Schwartsman
Folha

Num intervalo de horas, ataques israelenses mataram um general do Hezbollah em Beirute e o principal líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã. Haniyeh estava no Irã como convidado para a posse do recém-eleito presidente Masoud Pezeshkian, uma desfeita a mais para o regime persa.

O cenário bélico no Oriente Médio ficou mais volátil, mas nenhuma das partes tem interesse num conflito generalizado. Penso que tentarão calibrar suas respostas para não criar nenhuma situação que leve à guerra total. Se vão conseguir é outra história.

ANTES, JULGÁ-LOS – Acho difícil deixar de classificar esse tipo de ação, que em inglês recebe o nome de “targeted killing”, como um caso de assassinato extrajudicial. Para dar-se o direito de matar líderes inimigos fora do campo de batalha, um país deveria no mínimo julgá-los antes, ainda que à revelia.

É fato, porém, que esses assassinatos seletivos foram normalizados nos últimos anos, recebendo até elaboradas justificativas jurídicas.

O “progressista” Barack Obama, prêmio Nobel da Paz, autorizou 542 operações com drones para eliminar suspeitos de terrorismo no Paquistão, no Iêmen e na Somália, deixando um saldo estimado de 3.797 mortos, incluindo 324 civis.

OPÇÃO DE GUERRA – Eu não faria muitas objeções se, na sequência do ataque terrorista de 7 de outubro, Israel tivesse optado por caçar lideranças do Hamas e eliminá-las em vez de pulverizar Gaza com bombardeios maciços, matando cerca de 40 mil palestinos, a maioria dos quais não teve nada a ver com os atentados. Só que o governo de Binyamin Netanyahu fez os dois, matou 40 mil palestinos e agora recorre aos “targeted killings”.

Netanyahu está conseguindo o que parecia muito difícil logo após a brutal falha de segurança do 7 de outubro, que é sobreviver politicamente. Ele vai prolongando deliberadamente o conflito e assim evita a dissolução de seu governo. Ao fazê-lo, porém, enreda Israel num atoleiro moral.

Lula atrai a onda de críticas por um Maluco, quer dizer, Maduro, sem luz no fim do túnel

Charge do Zé Dassilva: Defendendo a Venezuela - NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Eliane Cantanhêde
Estadão

Nenhuma estratégia está funcionando, não há luz no fim do túnel tenebroso da Venezuela, e Nicolás Maduro, isolado e alucinado, é como uma bomba-relógio de um massacre da oposição. Assim como sanções, condenações e pressões internacionais, inclusive notas inócuas da ONU, não deram em nada nas guerras da Rússia e de Israel, Putin e Netanyahu fazem o que bem entendem, também não terão efeito no caos venezuelano.

Insanos não têm limite e quanto mais encapsulados, mais livres para destruir. Do outro lado, do que adianta “manter o diálogo”?

SEM SUCESSO – Argentina, Peru e cinco outros países bateram de frente com Maduro nos primeiros momentos, mas com isso só conseguiram a expulsão de seus diplomatas em Caracas, deixando ao relento seus nacionais, seus interesses no País e os opositores de Maduro que haviam abrigado.

Agora, EUA, Uruguai e novamente Argentina reconhecem a (óbvia) vitória de González, assim como ocorreu com a de Juan Guaidó em 2021. Ok. E daí? São ações sem consequência, para atrair aplausos internos.

E o Brasil? Depois da sucessão de erros graves do presidente Lula, o Brasil aliou-se a México e Colômbia para manter “o diálogo” com a ditadura venezuelana e o sonho de chamar Maduro à razão. É legítimo, mas uma estratégia tão inútil como as demais, apenas mais desgastante. Já no dia seguinte, Maduro invadiu os escritórios da oposição. Há diálogo possível?

TARDE DEMAIS… – O impasse é geral e, no Brasil, Lula atrai um tsunami de críticas internas por um Maluco, quer dizer, Maduro, que desdenha do esforço e não quer soluções, quer guerra.

Emburrado, Lula agora se recusar a atender telefonemas. Tarde demais. Brasil mediou o Acordo de Barbados, pelo qual os EUA retirariam as sanções em troca de “eleições transparentes” na Venezuela.

Maduro assinou e fez todo mundo de bobo. Opositores presos, impedidos de concorrer e, depois, a declaração de “vitória” sem atas e provas. Um acinte.

Exigir as atas de votação foi prudente no início, mas Maduro não irá mostrar atas que confirmam sua derrota e não se pode esperar nada da Justiça, servil à “democracia” de Maduro.

CARDÁPIO DE OPÇÕES – A crise é gigantesca, com as estratégias todas dando com os burros n’água – ameaçar, bater de frente ou, ao contrário, “manter o diálogo”.

Chanceleres de Brasil, Colômbia e México ficaram de apresentar um “cardápio de opções” nesta segunda-feira, depois das manifestações de oposição e chavismo no sábado, com o Exército nas ruas, em que tudo poderia acontecer.

Mas o que esse cardápio pode incluir? Ninguém, e nenhum país, sabe o que fazer. Os opositores, de uma coragem impressionante, estão entregues à própria sorte, ou a um Maduro enlouquecido. Trancados numa arena, com a fera pronta para um mar de sangue.

É simples! Lula decidiu ser cúmplice dos crimes de Maduro na Venezuela

Na charge temos uma competição de marcha atlética onde vemos Nicolás Maduro tentando se aproximar do presidente Lula que aperta o passo.

Charge do Cláudio Mor (Folha)

J.R. Guzzo
Estadão

É raro ver uma escolha indecente ir se tornando menos indecente com o passar do tempo. Decisões desse tipo não são biodegradáveis – na verdade, ficam cada vez mais perniciosas e conduzem a uma espiral crescente de emendas piores que os sonetos. É precisamente este o caso do governo Lula com a sua decisão de apoiar, para todos os efeitos práticos, o roubo das eleições na Venezuela que acaba de ser praticado pela ditadura de seu parceiro e amigo Nicolás Maduro.

O fato é que Lula decidiu ser cúmplice de um crime. Não há remédio para isso: ele está condenado, agora, a trair o comparsa ou trair o Brasil, e mesmo que decida fazer a primeira traição, para salvar o próprio couro mais adiante, a segunda já entrou no seu prontuário.

ATAS DE VOTAÇÃO – Lula, agora, está pendurado nas “atas de votação” que a “justiça eleitoral” de Maduro, um aglomerado de subalternos que até hoje nunca fez nada contra as ordens do ditador, ficou de publicar. A eleição estava obviamente roubada desde o primeiro dia de campanha; nunca foi preciso esperar “ata” nenhuma para saber que Maduro iria se declarar eleito.

A principal candidata da oposição foi proibida de concorrer pela mesmíssima “justiça eleitoral” da ditadura. A oposição indicou uma outra; também foi vetada por Maduro. Os cerca de 4 milhões de eleitores venezuelanos que vivem no exílio foram impedidos de votar. O governo prendeu, reprimiu e censurou oposicionistas. É fraude em modo extremo.

Lula, numa flagrante falsificação dos fatos, disse que não houve “nada de anormal” na eleição. O Itamaraty elogiou o clima “pacífico” da votação – e continua a ignorar a matança de pelo menos 16 oposicionistas e as 1.200 prisões que Maduro, em pessoa, anunciou que estava fazendo.

VIROU ABERRAÇÃO – Mas mesmo com todo esse massacre, as coisas não saíram como a ditadura quis que saíssem. A fraude maciça, na cara de todo mundo, virou aberração: o ditador disse que tinha ganho antes de terminar a apuração, não mostrou nenhuma prova disso e, diante dos protestos de todas as democracias, prometeu divulgar as “atas”.

Lula se jogou de cabeça nessa mentira – com a publicação dos dados, disse ele, ia ficar tudo esclarecido. De mais a mais, quem não concordasse com os números poderia reclamar à justiça do ditador. Qual o problema?

Não veio ata nenhuma no domingo da eleição. Não veio na segunda, na terça, na quarta, na quinta, na sexta – e se vier, vão dizer que Maduro ganhou. O chefe de fato do Itamaraty, Celso Amorim, vem agora com uma tese revolucionária: a oposição tem de “provar que ganhou”. Aparentemente, o ditador está dispensado dessa mesma exigência. É o absurdo ficando cada vez mais absurdo.

Livro critica o excesso de penduricalhos que favorecem as elites dos servidores  

Tribuna da Internet | Novo penduricalho de juízes custará ao país R$ 81,6  bilhões em três anos

Charge do Kemp (Humortadela)

Hélio Schwartsman
Folha

Sou fã de Bruno Carazza desde os tempos em que ele mantinha um blog no qual tentava introduzir medidas objetivas para analisar questões de direito. É com satisfação, portanto, que o vejo agora envolvido no ambicioso projeto de escrever uma trilogia que atualiza “Os Donos do Poder”, o clássico de Raymundo Faoro, que mostrou como alguns estamentos sociais conseguem sequestrar o poder do Estado brasileiro para beneficiá-los.

O título da obra de Bruno é “O País dos Privilégios”, da qual acaba de sair o primeiro volume.

OS SERVIDORES – Neste tomo inicial, Bruno se debruça sobre o funcionalismo público. Esse livro teria potencial de ser um dos mais aborrecidos do mundo. O que Bruno faz essencialmente é comparar tabelas com rendimentos de servidores e outros dados que não despertam entusiasmo. Mas ele consegue transformar isso numa leitura interessante.

Eu exageraria se afirmasse que a obra se lê como um romance de Agatha Christie, mas o texto é agradável e prende a atenção. Até desperta algumas emoções no leitor, quando descreve as formas criativas pelas quais certos estamentos extraem benefícios da sociedade.

O número de funcionários públicos no Brasil não é exagerado –12%, bem menos que o registrado em algumas economias avançadas–, mas empenhamos em suas remunerações a formidável fatia de 13% do PIB, padrão só verificado nos países nórdicos.

MUITA DESIGUALDADE – A distribuição é, como tudo no Brasil, desigual. Enquanto funcionários municipais ganham em média menos que trabalhadores da iniciativa privada em funções semelhantes, grupos de elite do funcionalismo federal ganham bem mais, além de gozar de outros privilégios.

Estamos falando de juízes, membros do Ministério Público, fiscais de renda etc.

O livro não é uma diatribe contra servidores públicos. Bruno é muito cuidadoso ao lembrar que eles desempenham um papel importantíssimo na administração, que justifica alguns (mas não todos) os privilégios.

A humanidade vaga sobre o mundo como uma sonâmbula, em busca de uma janela

As 5 fases do desenvolvimento psicossexual segundo Freud - Psicoativo ⋆  Universo da PsicologiaLuiz Felipe Pondé
Folha

Dicas para manter o pau duro e a vagina umedecida. Dificuldade na penetração. A mulher goza mesmo na penetração? Uma questão escolástica para as mentes ilustradas do século 21. O século ridículo. Aos poucos, os jornais viram revista Capricho. E não para aí.

Quem traiu quem. Quem bate em quem. Quem processou quem por “ghosting” — um desses termos idiotas da moda para a turba infantil das redes — na Nova Zelândia? Aos poucos, o progresso vai mostrando sua boca desdentada e sua deformação facial. E a dita inteligência pública torna-se “inteligentinha”, achando-se avançada.

VELHA HISTERIA – A obsessão pelos gêneros também é parte do ruído geral inútil. No fundo, trata-se de sexo. Quem quer dar, quem quer comer, quem quer dar e comer, quem é indiferente a dar ou comer. Tudo sexo. Freud ri feliz vendo onde foi parar a velha histeria.

O mundo se torna uma grande rede de mexericos. Daqui a pouco, ouviremos as estrelas do universo fofocando. Uma nova forma de apocalipse infame. A luta entre Deus e o Diabo sempre foi mais digna.

Olhemos de longe essa nebulosa de seres risíveis em crescimento espiral. O que aconteceu com essa espécie? “Minha hipótese”: somos uma espécie precária psiquicamente —além de fisiologicamente infeliz—, e a civilização moderna racionalista, tecnológica e, portanto, de uma pobreza espiritual atroz, é um surto neurótico que acometeu a psique de uma espécie que permanece, em muito, intoxicada ou saturada —no sentido químico do termo— por elementos religiosos primitivos e pura e simples irracionalidade.

PATOLOGIA HISTÓRICA – Nesse sentido, sob pressão do surto, nos afogamos no caldo dessa patologia que se assenta na história da própria evolução —ou involução— da psique. O paradigma hermenêutico —interpretativo— da nossa época deveria ser o de uma patologia histórica insuperável em escala e não o de um progresso em curso. Quanto mais emitimos ruídos —nós que evoluímos num mundo habitado em toda parte pelo silêncio— mais doentes ficamos.

O ridículo descrito na abertura desta coluna é apenas um dos fenômenos de uma espécie pré-histórica que vive no exílio do seu habitat natural psíquico, a saber, o mundo dos mitos, dos delírios extáticos, dos sonhos com os mortos que falam, das deusas e dos deuses que gozam e criam o ser por meio de seus óvulos e esperma, como é comum ver nos relatos míticos politeístas.

Ou da busca da graça, de um amor divino que não existe, mas que nos conforta, da luta contra o mal, que não derrotamos nunca porque é, simplesmente, mais forte do que tudo, e o mundo é sustentado nele.

A RAZÃO AFOGADA – A razão não é uma mera estranha a nós — a razão tem suas razões que a própria razão desconhece, não só o coração, como dizia Pascal no século 17—, mas uma neófita, uma recém-chegada, que nada sabe sobre nós e sobre si mesma, afogada num inconsciente que transcende o indivíduo e o mergulha num magma primitivo escuro e assustador, como num abismo de águas profundas.

Antes de pensarmos, já percebíamos. Antes da consciência, já pensávamos e percebíamos, mas, de certa forma, percebíamos esse emaranhado de ideias e imagens —o pensamento em si— como uma visitação do mundo exterior e divino.

Os deuses falavam dentro da nossa consciência, não era ela que pensava nos deuses e em tudo a sua volta. Só os ingênuos pensam que somos o sujeito do “nosso” pensamento, quando, na verdade, somos seu objeto, seu refém.

LIÇÕES DE JUNG – Quem conhece conceitos como “arquétipo” ou “inconsciente coletivo” do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), criador da psicologia analítica, percebe a semelhança entre “minha hipótese” e sua antropologia filosófica ou teoria da psique. Como disse Jung, “a humanidade nada pode contra a humanidade”.

O que decorre de um juízo como esse? Antes de tudo, uma atitude radicalmente oposta ao “páthos” contemporâneo: a mais aterradora humildade. Quando dizemos algo como “a humanidade deveria isso” ou “a humanidade conseguirá chegar àquilo”, não temos a mínima ideia do que estamos a dizer.

Não temos nenhum controle sobre a humanidade, ela vaga sobre o mundo como uma sonâmbula em busca de uma janela.

Brasil terá que resolver impasse com os EUA sobre a questão da Venezuela

Procura-se uma saída para a contradição e o impasse

Pedro do Coutto

A divergência de posições entre os Estados Unidos e o Brasil na questão das eleições na Venezuela poderá trazer problemas para o governo Lula da Silva. O fato de o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, ter reconhecido uma possível vitória de Edmundo González sobre Nicolás Maduro na eleição presidencial da Venezuela dificulta o trabalho conjunto entre os governos norte-americano e brasileiro.

Blinken afirmou que: “dada a esmagadora evidência, está claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia ganhou a maioria dos votos nas eleições presidenciais da Venezuela em 28 de julho”. Dois dias antes, os presidentes Lula da Silva e Joe Biden haviam conversado por telefone e concordado sobre a necessidade de a Venezuela divulgar na íntegra as atas eleitorais.

ATAS – A Casa Branca e o Palácio do Planalto não fizeram, naquele momento, qualquer menção a atestar um dos lados como vencedor. Os governos de Brasil, Colômbia e México reiteraram uma cobrança à Venezuela pela divulgação das atas eleitorais. Os países também instaram todas as partes a resolver por vias institucionais as “controvérsias”.

O apoio que o presidente Lula da Silva transferiu para Nicolás Maduro criou, inclusive, reações contrárias entre integrantes da base do próprio governo, formalizando críticas por ele ter assumido esse posicionamento. A tolerância do presidente brasileiro em relação ao regime autoritário de Maduro tornou-se um dos temas mais desgastantes para o Palácio do Planalto durante o terceiro mandato do petista.

Em meio à repressão militar aos protestos da oposição e às suspeitas de fraude nas eleições venezuelanas, membros do governo, da base aliada e até mesmo do PT manifestaram descontentamento com a postura de Lula, que minimizou a crise venezuelana, e com a decisão de seu partido de reconhecer a vitória de Maduro como “democrática”. O tema também foi explorado pelo bolsonarismo e se tornou uma das principais bandeiras da “guerra cultural” nas redes sociais.

SEM RESPALDO – O desfecho da crise não poderá ser dos melhores para Nicolás Maduro, já que evidentemente os dados fornecidos pelo governo de Caracas não encontram respaldo na realidade. Caso encontrassem ressonância não teriam sido produzidos de forma praticamente secreta e depois de surgirem os dados que apontavam cerca  de 78% dos votos para a oposição. Logo, se os Estados Unidos rejeitam a fraude e o governo brasileiro a aceita, está visto que reflexos poderão surgir .

É evidente que o recurso à fraude foi o instrumento utilizado por Maduro para ampliar a sua permanência no poder usando métodos  obscuros e que, por esse motivo, o torna desmoralizado totalmente. Não se entende bem a posição brasileira que não pode insistir em uma tentativa de amenizar o episódio marcado pela falta da verdade. É através do voto que se exerce a vontade popular.  Um político que recorre às manobras usadas por Maduro, legitimamente reconhece  a própria derrota. O problema agora, entretanto, é saber qual será o desfecho na investida de Maduro e o resultado da divergência entre os Estados Unidos e o Brasil. Procura-se uma saída para a contradição e o impasse.

A essa altura, Cecilia Meireles já estava ansiosa, à espera da primavera

Tentei, porém nada fiz... Muito, da... Cecília Meireles - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

A poeta, professora, pintora e jornalista carioca Cecília Meireles (1901-1964), tem na sua poesia uma das mais puras, líricas, bucólicas, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea. A primavera, neste poema em forma de prosa, é descrita numa linguagem “onipotente”, imune a quaisquer condições que impeçam a sua chegada, ainda que efêmera, implanta os seus principais dogmas, que fazem uma festa na natureza.

###
PRIMAVERA
Cecília Meireles

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

Alckmin, o novo socialista, é exemplo do “surrealismo” na política brasileira

Alckmin aparece com líder do Hamas horas antes de Haniyeh ser morto |  Metrópoles

Alckmin à vontade, entre os maiores líderes terroristas

Carlos Newton

Sob certas circunstâncias, acompanhar a política brasileira chega a ser divertido, em função de seu elevadíssimo grau de insanidade. Estamos sempre lembrando aqui na Tribuna da Internet que o nível do surrealismo existente na política brasileira seria capaz de matar de inveja os grandes mestres, como Tristan Tzara, Paul Éluard, André Breton, Hans Arp e Salvador Dali.

Vejam bem o que está acontecendo com o personagem Geraldo Alckmin. Desde que entrou na política, em 1972, quando era estudante de Medicina e se elegeu vereador em Pindamonhangaba com apenas 19 anos, era conhecida sua ligação com a prelazia Opus Dei, uma das mais sectárias da Igreja Católica.

PRIMEIRA MUDANÇA – Anos depois, em entrevista à IstoÉ, ele mesmo confirmou que  seu tio José Geraldo era membro dessa instituição e que seu pai, Geraldo José, era franciscano. Posteriormente, após receber vários ataques, passou a dizer que jamais fizera parte do Opus Dei. Esta foi sua primeira suposta mudança.

Aos 23 anos se elegeu prefeito. Assumiu o cargo em 1977, seu último ano no Curso de Medicina. Após assumir, nomeou seu pai como chefe de gabinete da prefeitura, o que gerou suas primeiras acusações de irregularidades na política.

Nas eleições de 1982, foi eleito deputado estadual de São Paulo com 96 232 votos, e depois se tornou constituinte federal em 1986, tendo depois se tornado criador do PSDB.

MUITAS ACUSAÇÕES – Vice de Mário Covas no governo de São Paulo, Geraldo Alckmin herdou o cargo e depois administrou o Estado três vezes, quando foi acusado de diversos atos de corrupção que não ficam bem para um socialista, inclusive irregularidades na merenda escolar e relações com a Odebrecht, onde recebeu o codinome Belém.

Com muita sorte o escorregadio Alckmin conseguiu se livrar das acusações dos executivos da empreiteira e estava em segundo plano na política, em franca decadência, quando Lula lembrou de seu nome para ser vice pelo Partido Socialista Brasileiro, que não dispunha de nenhum nome nacional.

Não mais que de repente, o ultracarola Alckmin virou socialista e se apresenta nessa situação, sem despertar estranheza, nada de anormal, nada de errado, como costuma dizer Lula.

À VONTADE NO IRÃ – Na última terça-feira, dia 30, Alckmin estava em Teerã confraternizando com os demais convidados para a posse do novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian. Ficou à vontade ao lado de alguns dos maiores líderes do terrorismo islâmico, que comandam o Hamas, o Hezbollah e o Fatah.

Ficou próximo ao então dirigente político do Hamas, Ismail Haniyeh, que algumas horas depois seria assassinado por Israel.

Assim, apenas dois anos depois se filiar ao PSB, Alckmin já está completamente adaptado ao socialismo no Brasil e no mundo.

###
P.S. 1 –
 Segundo o colunista Robson Bonin, da Veja, os candidatos do PSB às eleições municipais fazem fila para gravar material de campanha ao lado do vice-presidente. E a procura tem sido tamanha que a direção do PSB resolveu selecionar os candidatos que Alckmin apoiará, para evitar congestionamentos.

P.S. 2Diga agora: a política brasileira é ou não é surrealista? Aliás, é tão surrealista quanto à ditadura da Venezuela, pois o celebrado jornalista Janio de Freitas está dizendo que Maduro é de direita, conforme artigo que publicamos domingo aqui na Tribuna da Internet. (C.N.)

É um erro absurdo dizer que o ditador Maduro é de direita, não de esquerda

Maduro: Últimas Notícias | GZH

Charge do Iotti (Gaúcha/Zero Hora)

Mario Sabino
Metrópoles

Deve ser mais ignorância do que má-fé, o que não diminui em nada os seus efeitos deletérios. Estou falando do jornalismo que decidiu que a ditadura bolivariana da Venezuela, comandada por Nicolás Maduro, é de direita, não de esquerda.

É como dizer, com sinal invertido, que o fascismo e nazismo eram de esquerda, não de direita, como também se andou afirmando poucos anos atrás nas hostes bolsonaristas: uma tremenda besteira e falsificação histórica. Benito Mussolini, que começou socialista, foi financiado por empresas italianas, especialmente a Pirelli, para conter o avanço da influência soviética nos meios proletários e domar os sindicatos dominados pela esquerda.

A MESMA BASE – Corporativismo e nacionalismo estavam na base do fascismo, bem como na do nazismo — cujo partido tinha a palavra “socialista” no nome apenas para cooptar operários seduzidos pelo bolchevismo. Ao mesmo tempo, para diferenciar-se da esquerda e do seu internacionalismo, Adolf Hitler chamou o partido de “nacional-socialista” — e o nacional, no nazismo, é racismo.

Nicolás Maduro seria de direita, como quer certo jornalismo, porque a esquerda seria sempre democrática. Como assim? A concepção de “ditadura do proletariado” é de quem? Ah, ficou no passado. Ficou coisa nenhuma, só foi edulcorada depois do fracasso da União Soviética.

A esquerda continua a acreditar que uma classe social — a operária, a dos trabalhadores, dê-se o nome que for — é a redentora de uma história que chegará ao seu final quando essa classe chegar ao poder e lá permanecer, eliminando as relações capitalistas. Mesmo para a social-democracia, o capitalismo, que fundamenta a democracia, continua a ser o grande problema a ser enfrentado.

E NA CHINA? – O caso da China é uma peculiaridade, como já escrevi em outras paragens, por ser um totalitarismo que combina comunismo e corporativismo: o patrão é o Estado e a iniciativa privada é uma espécie de franquia a apaniguados que se servem do Estado e servem ao Estado.

Para a esquerda, a democracia é valor relativo, um meio para tomar o poder, não um valor universal, que pressupõe a alternância nos governos.

Houve uma grande discussão dentro do PT, nos 1990, sobre esse ponto. A conclusão de que a democracia é valor universal foi desmentida na prática partidária pelas contínuas tentativas de torpedeamento da democracia brasileira por meio de corrupção e, não menos relevante, pela lealdade ininterrupta aos regimes castrista e bolivariano, principalmente.

AUTORITARISMO – A esquerda é, na sua essência, autoritária, tal como demonstram os regimes venezuelano, cubano, nicaraguense, chinês e norte-coreano. O wokismo da esquerda ocidental replica essa essência ao transformar diferenças a ser protegidas em padrão a ser imposto a todos e ao usar anacronismos para reescrever ou cancelar o passado.

O fato de uma ditadura como a de Nicolás Maduro reprimir também minorias não a torna de direita, apenas ressalta o seu anacronismo: os regimes comunistas, extremamente conservadores, também eram brutalmente repressores contra elas.

Ditaduras são ditaduras. Serem de direita ou de esquerda não as tornam menos ruins. Há certas características que lhes são comuns, como a ojeriza à liberdade de expressão e de imprensa (e a propensão à cleptocracia), e outras que as diferenciam. O regime venezuelano é de esquerda — autodeclarado, inclusive — por ser contra o capitalismo, sacrificar o individual no altar de um suposto coletivo, governar em nome de uma classe e querer exportar o seu modelo. O jornalismo que não enxerga esse fato é ignorante ou de má-fé.

‘Fala na minha cara’, diz Kamala Harris ao desafiar o valentão Donald Trump

Kamala Harris é autoritária e perigosa

Kamala Harris cresce e desafia Trump para fazer debates

Lúcia Guimarães
Folha

Quem nunca sentiu prazer ao observar um valentão da escola amedrontado no momento em que um colega dá um basta na situação? Nesta semana, o valentão que suga o oxigênio do cotidiano político americano há nove longos anos deu sinais de intimidação.

Desde o ano passado, a máquina eleitoral organizada para reconduzir Donald Trump à Casa Branca estava pronta para encenar uma falsa valentia contra um adversário octogenário cada vez mais fragilizado. Agora, pela primeira vez, o nova-iorquino e criminoso condenado perdeu o controle da discussão nacional. Passa parte do tempo justificando as declarações grotescas do vice de sua chapa, J.D. Vance, escolhido pelo primogênito e terminalmente cretino Donald Trump Jr.

No resto do tempo, ele esperneia para fazer insultos colarem na nova adversária, como uma criança que atira papel higiênico molhado na parede.

KAMALA SUBESTIMADA – Não foram só os republicanos que subestimaram Kamala Harris. A imprensa americana se manteve tão fixada no desempenho ruim da vice-presidente como pré-candidata que ela abandonou a campanha de 2020 antes de começar a votação nas primárias.

Se houvesse moscas em estúdios de TV, elas estariam se aproveitando das bocas abertas de comentaristas políticos que previam o pior se a ex-senadora da Califórnia ocupasse o lugar de Joe Biden na chapa democrata. É importante notar que, no momento, a Presidência continua ao alcance do fascista senil. Mas a entrada da vice-presidente fez a campanha que parecia um cortejo fúnebre se assemelhar à parada carnavalesca de Nova Orleans.

A mudança nas pesquisas é real, a motivação entre jovens e negros cresceu, mas ainda não se pode usar pesquisas como termômetro claro para novembro. O problema é que os oráculos de plantão não estavam prestando atenção em Kamala Harris nos últimos dois anos.

KAMALA X TRUMP – A Vice-Presidência é um posto ingrato, definido mais por um trabalho discreto e complementar do que por reconhecimento. Na fidelidade à agenda Biden, Harris passava dias por semana cruzando o país e cultivando comunidades que estavam no seu radar desde que se elegeu promotora distrital pela primeira vez em San Francisco, há duas décadas – mulheres, minorias raciais, jovens e eleitores traumatizados pela violência das armas de fogo. Os números de aprovação eram baixos, sim, mas pouca atenção nacional era dedicada ao varejo rotineiro da vice-presidente.

Quando vazou a informação de que a Suprema Corte voltaria a criminalizar o aborto, em 2022, Kamala mudou o discurso que tinha preparado para um evento e cunhou o bordão “como ousam?”. Nascia seu novo chamado na Presidência Biden.

Na terça-feira (30), na Geórgia, Kamala Harris lotou uma arena, num comício de uma eletricidade nunca vista na campanha de Biden. Diante da ameaça de Trump de faltar ao segundo debate, olhou para a câmera e disparou: “Como reza o ditado, se você tem algo para me dizer…”. E a multidão gritou, antes de ela completar: “Fala na minha cara!”.

Israel continua o massacre e mata ao menos 44 suspeitos em escolas e hospital

A imagem mostra uma criança com cabelo curto e bagunçado, olhando diretamente para a câmera. Seu rosto está sujo, com marcas de sangue. Ao fundo, uma mulher inconsciente deitada em uma cama.

Uma menina ensanguentada diante da mãe inconsciente

Deu na Reuters
Folha

Um ataque aéreo israelense atingiu duas escolas na Cidade de Gaza no domingo (4), matando pelo menos 30 pessoas, disseram autoridades palestinas, enquanto o Exército israelense disse ter atingido um complexo militar do Hamas dentro das escolas. Mais cedo, outro ataque aéreo israelense tinha atingido um acampamento de tendas dentro de um hospital na região central da Faixa de Gaza.

Autoridades de saúde de Gaza disseram que pelo menos 44 palestinos foram mortos no domingo, um dia após uma rodada de conversas no Cairo ter terminado sem resultado.

CORPOS ESPALHADOS – Imagens circularam na mídia palestina mostrando corpos espalhados no pátio de uma das duas escolas destruídas pelas explosões, enquanto os moradores corriam para carregar os feridos, incluindo crianças, e os colocavam em veículos de ambulância que os levaram para pelo menos dois hospitais próximos.

O Serviço de Emergência Civil de Gaza disse que dezenas ficaram feridos além das vítimas nas escolas de Hassan Salama e Al-Nasser, que abrigavam famílias palestinas deslocadas.

O Exército israelense alegou que atingiu combatentes dentro de uma base do Hamas dentro das escolas e que havia tomado medidas para reduzir o risco para os civis no local.

TAMBÉM SÁBADO – No sábado (3), um outro ataque israelense deixou 15 mortos em uma escola no bairro de Sheikh Radwan, na Cidade de Gaza, disse o escritório de mídia do governo do Hamas. O Exército israelense disse que a escola estava sendo usada como centro de comando do Hamas, que negou as acusações.

Israel afirma que o grupo terrorista Hamas regularmente se infiltra em instituições civis, usando a população de Gaza como escudos humanos. O Hamas nega isso.

Mais cedo no sábado, um ataque israelense dentro do complexo do hospital Al-Aqsa iniciou um incêndio e feriu pelo menos 18 pessoas, além de matar cinco, disseram autoridades médicas. O Exército israelense disse que atingiu um combatente que operava no local e que foram identificadas explosões secundárias, indicando a presença de armas na área.

ÁREA LOTADA – O complexo hospitalar fica em Deir al-Balah, uma área lotada com milhares de pessoas deslocadas pelos combates em outras partes do enclave. Em outras partes de Deir al-Balah, três palestinos foram mortos quando um míssil israelense atingiu uma casa.

Outros ataques aéreos israelenses mataram outras oito pessoas dentro de sua casa no acampamento de Jabalia, no norte da Cidade de Gaza, e três dentro de um carro, ainda de acordo com as autoridades do território, ligadas ao Hamas.

Moradores em áreas a sudeste da Cidade de Gaza, em Khan Younis, e ao norte de Rafah, onde houve intensos combates no mês passado, relataram ter recebido ordens do Exército israelense para que abandonassem essas áreas.

ORDEM DE RETIRADA – O porta-voz do Exército israelense postou ordens em X, pedindo aos moradores desses distritos que se dirigissem para a zona humanitária, dizendo que as forças agiriam em breve com firmeza contra os combatentes que operam nessas áreas.

No sul de Israel, sirenes soaram na área de Ashdod e o Exército israelense disse que cinco foguetes foram lançados do sul de Gaza. Ninguém ficou ferido. O Hamas disse que o lançamento de foguetes foi em resposta aos “massacres israelenses contra os civis”.

Israel se prepara para uma escalada séria após o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã na quarta-feira (30), um dia após um ataque israelense em Beirute matar Fuad Shukr, um comandante militar de alto escalão do grupo armado libanês Hezbollah.

Lula não pretende acompanhar México e Colômbia na pressão sobre Maduro

Estratégia de Lula é seguir embromando, embromando…

Demétrio Magnoli
Folha

Menos de 48 horas depois da descarada fraude eleitoral, Lula declarou que “não tem nada de anormal” na Venezuela. Verdade: a corrupção dos processos eleitorais é o normal no regime “cívico-militar-policial” de Maduro. Dessa vez, contudo, o ditador companheiro ultrapassou os limites aceitáveis por quase todos –mas não, claro, por Lula.

Também não há “nada de anormal” nas sentenças do presidente brasileiro, que dissolveu cedo demais a farsa diplomática montada por Celso Amorim.

NA CONTRAMÃO – “Mostrem as atas!” — exigiu a oposição, secundada pelos governos democráticos com um mínimo de vergonha na cara. O governo do Brasil somou-se ao pedido, embora aos murmúrios, em posição contrastante à do PT, que correu para o abraço com o ditador.

Nos amplos círculos do jornalismo oficialista, disseminou-se a tese benevolente de que a posição brasileira equilibrava prudência e firmeza. Lula desfez o equívoco, antecipando um roteiro previsível.

“Como vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida, a oposição entra com recurso e vai esperar na Justiça andar o processo. E aí vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar.” Atas eleitorais são documentos cuja autenticidade é facilmente verificável por peritos. Mas Lula prefere transferir a prerrogativa aos juízes amestrados da ditadura, os mesmos que encarceram opositores ou vetam suas candidaturas. Qualquer ata falsificada serve —eis a mensagem que, sem corar, Lula enviou a Maduro.

VETO NA OEA – São atos, além de palavras. A abstenção brasileira impediu a aprovação de uma resolução da OEA que solicitava não só a apresentação das célebres atas mas, sobretudo, a análise delas por observadores independentes. O veto tácito, mais um serviço prestado pelo governo Lula ao regime venezuelano, oferece amparo ao plano de Maduro de confiar o veredito eleitoral a seus juízes de estimação.

A valsa do apoio ao tirano desmoraliza a denúncia lulista do golpismo de Bolsonaro, desencanta os eleitores atraídos pela frente democrática no Brasil e divide até mesmo as bancadas do PT e do PSOL.

Por que Lula não segue o exemplo do chileno Boric e denuncia o golpe contra a soberania popular na Venezuela?

CASCA DE BANANA – Um tanto envergonhados, os áulicos lulistas na imprensa recorrem à proverbial “casca de banana” que, rotineiramente, provocaria “escorregões” de seu ídolo distraído.

Contudo, bananas na calçada não pertencem ao domínio da análise política. Lula move-se por um cálculo de prioridades: em nome de uma razão estratégica, aceita o pesado desgaste doméstico provocado pelo abraço em Maduro.

No passado, a aliança do lulismo com o regime chavista derivava da parceria ideológica com a ditadura castrista cubana. O cenário mudou desde a inauguração de Lula 3, em meio à tormenta que desloca o edifício da ordem mundial. A política externa do atual governo, conduzida mais por Celso Amorim que por Mauro Vieira, emana do dogma “anti-imperialista” e busca alinhar o Brasil ao “Sul Global”, rótulo quimérico aplicado ao eixo China/Rússia.

PROTEÇÃO A MADURO – Lula cava uma trincheira de proteção ao redor de Maduro pelo mesmo motivo que mantém solidariedade à guerra imperial russa na Ucrânia. Ao contrário de Cuba, que é economicamente irrelevante, a Venezuela possui as maiores reservas de petróleo do mundo.

A ditadura venezuelana estreitou laços com a China, sua maior parceira comercial, e com a Rússia, principal fornecedora de material militar, transformando-se no mais importante ponto de apoio geopolítico das duas potências na América Latina. É nessa moldura que Lula organiza suas prioridades.

A revista The Economist depositou suas esperanças no passo inicial da valsa lulista, sugerindo que, depois de pedir a exibição das atas, o Brasil articule-se com o México e a Colômbia para endurecer o jogo diplomático com Maduro. Não acontecerá: para Lula, democracia é um bem supérfluo.

Netanyahu avisa que Israel terá “dias desafiadores” pela frente

Mais da metade dos israelenses crê que motivações políticas de Netanyahu  estão estendendo a guerra, diz pesquisa | Mundo | Valor Econômico

Netanyahu usa a guerra total para continuar no poder

IstoÉ
(ANSA)

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que as forças militares do país realizaram “golpes devastadores” contra os inimigos. O chefe de governo alertou que Israel terá “dias desafiadores pela frente” e garantiu que “cobrará um alto preço por qualquer agressão”, como a ofensiva atribuída ao Hezbollah que matou 12 jovens nas Colinas de Golã anexadas.  

“É uma guerra de sobrevivência contra o anel de mísseis terroristas que nos rodeia. Desde o início do conflito temos lutado contra o eixo do mal do Irã”, comentou Netanyahu.  

TRÊS FRENTES – O premiê analisou que as Forças de Defesa de Israel (IDF) lutam atualmente contra o Hamas, os Houthis e o Hezbollah, organizações que foram definidas por Netanyahu como os “três H’s”.  

“Nos últimos dias desferimos golpes importantes em nossas três frentes. Há três semanas atacamos o líder militar do Hamas Muhammad Deif, há duas lançamos um dos ataques de maior distância da Força Aérea [Hodeida, no Iêmen] e ontem foi a vez do chefe do Hezbollah”, comentou.  

Netanyahu afirmou que Fuad Shukr, um dos principais comandantes do Hezbollah, morto em uma ofensiva israelense no sul de Beirute, no Líbano, foi responsável pelo “massacre” das crianças nas Colinas de Golã e de outros civis. O falecimento dele foi confirmado pelo grupo.  

QUALQUER CENÁRIO – Pregando união e determinação “contra qualquer ameaça”, o primeiro-ministro reconheceu que está há tempos sob pressão, mas garantiu prontidão para “qualquer cenário”.  

“Todas as conquistas dos últimos meses foram alcançadas porque não desistimos e tomamos decisões corajosas diante da grande pressão interna e externa”, concluiu.  

Em razão das elevadas tensões entre Hezbollah e Israel, os Estados Unidos pediram para que seus cidadãos não viajem para o Líbano. As autoridades também recomendaram que os americanos que estão na nação se preparem para encontrar abrigos.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Netanyahu é um cão de guerra. Como sabe que eleitoralmente perdeu força, joga suas fichas na continuidade de uma guerra que ameaça o futuro do país. Com isso, vai tornando Israel uma nação cada vez mais isolada. Mas ele não se importa com nada, a não ser com o próprio orgulho.
(C.N.)