Crítica de Barroso ao favorecimento da corrupção incomoda ministros do STF

Brasil mais justo: Em palestra na ABL, Barroso cita decisões emblemáticas  do STF

Barroso esqueceu seus erros e lembrou os erros dos outros

Mariana Muniz
O Globo

A declaração do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, de que algumas decisões da Corte teriam atrapalhado o combate à corrupção no Brasil gerou incômodo entre ministros do tribunal, que entendem a fala do colega como “despropositada”.

Três ministros ouvidos pelo Globo de forma reservada se disseram incomodados com a manifestação, lembrando que a atuação do Supremo é pautada na preservação de valores constitucionais e atendendo a questionamentos que são levados ao tribunal. Esses magistrados lembram, contudo, que essas posições do presidente do STF não são inéditas e já foram externadas por ele em outras ocasiões.

SAIU DERROTADO – A declaração de Barroso ocorreu nesta terça-feira durante encontro na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro, enquanto o ministro citava julgamentos contrários a bandeiras da Operação Lava-Jato em que sua posição saiu derrotada.

— O Supremo anulou o processo contra um dirigente de empresa estatal que tinha desviado alguns milhões porque as alegações finais foram apresentadas pelos réus colaboradores e pelos réus não colaboradores na mesma data, sem que isso tivesse trazido nenhum prejuízo. Também acho que atrapalhou o enfrentamento à corrupção — disse o ministro, sem citar nomes.

Barroso acrescentou que “houve decisões do Supremo em matéria de enfrentamento à corrupção que não corresponderam à expectativa da sociedade”, mas ressaltou que o fato de discordar não o permite “tratar com desrespeito a posição das pessoas que pensam de maneira diferente”.

CASOS CONCRETOS – O ministro foi um dos principais defensores da Lava-Jato no STF. Entre as decisões consideradas contrárias à operação referenciadas por Barroso nesta terça-feira estão o fim da prisão em segunda instância e a anulação de sentenças em razão da ordem da fala de delatores no processo.

Barroso também mencionou a submissão do afastamento do então senador Aécio Neves ao Senado. À época, o hoje presidente do STF disse no julgamento que havia indícios “induvidosos” de crimes cometidos por Neves, que foi acusado de corrupção passiva e obstrução da Justiça, por pedir e receber R$ 2 milhões da JBS, além de ter atuado no Congresso e junto ao Executivo para embaraçar as investigações da Lava-Jato. A decisão colegiada da Corte, porém, acabou derrubada pelo Senado.

Em sua fala, o presidente do STF também apontou que “a importância de um tribunal não pode ser aferida em pesquisa de opinião pública, porque existem na sociedade interesses conflitantes e sempre haverá queixas e insatisfações”.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Excelentes declarações de Barroso, Em tradução simultânea, ele está dizendo que, se dependesse dele, Lula não teria saído da prisão em 2019. No entanto, Barroso fez coisa pior em 2021, ao apoiar a anulação das condenações de Lula, decisão que permitiu a candidatura dele. Na formação do Supremo nos últimos anos, o único ministro que vinha votando sempre na forma da lei era Luiz Fux. Mas acabou se juntando aos demais ao aprovar 17 anos de prisão para quem estava no 8 de janeiro, mas sem nenhuma prova de vandalismo ou enfrentamento com a Polícia. Ou seja, no Supremo atual nenhum ministro deixou de votar fora da lei, não escapa um. (C.N.)

Apregoando “nada de anormal”, Lula comete grande erro ao defender Maduro

Lula disse que cabe à Justiça decidir sobre resultado

Pedro do Coutto

O presidente Lula se manifestou nesta terça-feira pela primeira vez sobre a eleição na Venezuela, após Nicolás Maduro ter sido reconduzido à Presidência em um processo contestado. “Não tem nada de grave, nada de assustador”, disse Lula. A declaração foi feita em entrevista à Rede Matogrossense, afiliada da TV Globo, e antecedeu a viagem do presidente aos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, nesta quarta-feira.

Lula também comentou sobre a nota divulgada pelo PT,que considerou a eleição pacífica, democrática e soberana. Para Lula, o comunicado do partido, que foi criticado por petistas, é um “elogio ao povo venezuelano pelas eleições pacíficas”.

ERRO – Ao dizer que em sua opinião não encontrou nada de anormal na Venezuela, o presidente Lula cometeu um dos maiores erros de sua vida e também de sua visão internacional dos fatos.

Omitiu, por exemplo, os vários atingidos em consequência de protestos em Caracas, com mais de setecentas pessoas presas, multidões no meio das ruas exigindo a verdade das urnas. Como é possível o presidente da República ter dado essa declaração fora da realidade? O assessor especial para política externa do Palácio do Planalto, Celso Amorim, e o Itamaraty afirmaram que o Brasil aguarda a publicação do resultado oficial das eleições na Venezuela pelo Conselho Nacional Eleitoral.

PRAZO –  Segundo o calendário eleitoral, o órgão sob o comando chavista tem até sexta-feira para fazer isso. Ao contrário do que declarou Lula, alegando normalidade nas eleições venezuelanas, o Itamaraty orientou a embaixadora brasileira no país a não ir ao evento de proclamação do resultado da vitória de Maduro.

Lula também prejudicou o seu diálogo com Joe Biden que tem a visão oposta. Vários países do continente estão reprovando o comportamento de Maduro. É uma situação incompreensível essa que se coloca, assim como a posição do PT a favor da vitória de Maduro. Lula aposta no caminho do absurdo nesse caso.  Não há cabimento em suas declarações. Lula sai em socorro de Maduro comprometendo a si próprio.

Um canto de amor ao Brasil que se tornou eterno e jamais será esquecido

Tribuna da Internet | A paixão jovem de Gonçalves Dias, quando a amada  estava entre menina e mulherPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, jornalista, etnógrafo, teatrólogo e poeta romântico maranhense Antônio Gonçalves Dias (1823-1864) é o maior fenômeno de intertextualidade da cultura brasileira.

A “Canção do Exílio” escrita em 1843, em Coimbra, onde o poeta estudava, transformou-se num ícone múltiplo. Representa, antes de tudo, a saudade (e a idealização) da terra natal, um sentimento universal e sem idade. Além disso, tornou-se a expressão do nacionalismo num país que acabara de conquistar sua independência política.

Canto singelo de louvor à pátria, a canção é o poema mais citado na literatura e na música popular brasileira. De quebra, trouxe para nosso imaginário a figura do sabiá, pássaro também identificado com a nação brasileira. Gonçalves Dias já o via como uma referência mítica, além do substantivo comum. Tanto que escreve o sabiá com inicial maiúscula.

CANÇÃO DO EXÍLIO
Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso Céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossas vidas mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá

Na Venezuela, até o Partido Comunista não reconhece que Maduro foi reeleito

Deu noPoder360

O PCV (Partido Comunista da Venezuela) publicou nesta 3ª feira (30.jul.2024) uma nota contrária à autoproclamada vitória de Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda) na eleição à Presidência. Segundo o partido, o anúncio do resultado “contrasta abertamente com o ânimo que existiu durante o processo eleitoral”.

“Alertamos a opinião pública internacional que, assim como o governo de Nicolás Maduro tenha despojado o povo venezuelano de seus direitos econômicos e sociais, agora pretende privá-lo de seus direitos democráticos”, disse o PCV.

MUDAR A POLÍTICA – O Bureau Político do Partido Comunista salientou que o povo venezuelano se expressou nas urnas de domingo com a clara intenção de mudar a política do país.

O partido também pediu que as facções “genuínamente democráricas” unam suas forças para “defender a vontade do povo venezuelano”.

Por fim, a sigla exigiu ainda que o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) divulgue todos os boletins de urna do pleito de domingo (28.jul).

PROTESTOS POPULARES – Nesta 3ª feira (30.jul), tanto a oposição quanto o governo organizaram atos na capital, Caracas, para se manifestarem sobre o resultado das eleições. Os contrários a Maduro ficaram reunidos desde as 12h (horário de Brasília) em frente ao prédio da ONU (Organização das Nações Unidas).

Os apoiadores do governo se concentraram na sede do Executivo a partir das 15h (horário de Brasília). Atos contra o atual presidente e o resultado anunciado já deixaram ao menos 6 pessoas mortas e dezenas de feridas na Venezuela, segundo a ONG (Organização Não Governamental) Foro Penal. Outras 132 pessoas foram presas.

PRISÃO DE EX-DEPUTADO – De acordo com o partido Voluntad Popular (centro-esquerda), de oposição, o dirigente e ex-deputado Freddy Superlano foi detido por agentes do governo na capital. A legenda classificou o ato como “sequestro”. Outras duas pessoas também foram levadas.

O CNE informou na madrugada de 2ª feira (29.jul) que Maduro obteve 51,2% dos votos válidos contra 44% de Edmundo González Urrutia (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita).

A oposição questionou o resultado e afirmou poder provar que houve fraudes na reeleição de Maduro. Segundo María Corina Machado, principal nome da oposição venezuelana e que afirma ter tido acesso aos boletins de urna, Maduro teve 2.759.256 votos, abaixo dos 6.275.180 de González.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Importantíssima matéria enviada por José Guilherme Schossland, sempre de olho no lance. Quando um líder ultraesquerdista, do tipo Maduro, é denunciado pelos comunista e pela centro-esquerda, conforme se constata, com apelo à opinião pública internacional, é sinal de que se chegou ao fim da picada. Portanto, Lula, Gleisi e Amorim perderam boas oportunidades de ficar de boca fechada, onde não entram moscas nem saem asneiras em série. (C.N.)

TSE manda concluir a investigação contra Bolsonaro por ataques às urnas

charge carmem lucia boa | Jornal Ação Popular

Charge da Pryscila (Arquivo Google)

Carlos Newton

A ministra Cármen Lúcia, que assumiu a presidência do Tribunal Superior Eleitoral em 3 de junho, já mostrou que vai conduzir o TSE em estilo bem diferente do adotado por seu antecessor Alexandre de Moraes. Uma de suas decisões foi mandar concluir as investigações pendentes e que se arrastam no âmbito do chamado Inquérito do Fim do Mundo, aquele que não acaba nunca.

Dentro dessa nova estratégia, o corregedor-geral eleitoral, ministro Raul Araújo, fixou um prazo de cinco dias para a Polícia Federal concluir o inquérito administrativo que tem como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por ataques ao sistema eleitoral brasileiro. 

FICOU NA GAVETA – Araújo tomou a decisão em 28 de junho, mas estranhamente ela só foi publicada no Diário de Justiça Eletrônico na última quarta-feira, 24 de julho, e dois dias depois a Polícia Federal anunciou ter encontrado documentos ligando o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, delegado Alexandre Ramagem, a um complô para desmoralizar a urna e abrir caminho para um golpe de estado, caso o então oposicionista Lula da Silva vencesse a eleição de 2022, como viria a acontecer.

Realmente, desde 2021, quando foi aberto o inquérito, o então presidente Jair Bolsonaro vinha alegando que havia obtido votos suficientes para ganhar o pleito de 2018 já no primeiro turno, mas teria sido vítima de um complô. 

Esses novos documentos encontrados na última busca e apreensão mostram que o incentivador de Bolsonaro era Alexandre Ramagem. Como diretor-geral da Abin, ele incitava Bolsonaro, dizendo estar convicto de que tinha havido fraude eleitoral em 1028.

BOLSONARO ATACA – Ao invés de exigir que a Abin provasse a fraude eleitoral, Bolsonaro partiu logo para o confronto com o TSE e o Supremo.

Sem que Ramagem lhe passasse qualquer prova, o então presidente transformou o ataque à urna eletrônica num escândalo internacional, que Nicolás Maduro acaba de citar, na semana passada, ao  denunciar as tais fraudes inas eleições brasileiros, vejam bem o problema que se criou pela irresponsabilidade de Ramagem e pela insensatez de Bolsonaro.

Agora, a Polícia Federal, atandendo à ordem de Cármen Lúcia, enfim vai concluir o inquérito e encaminhá-lo ao Ministério Público Federal, para denunciar Bolsonaro, Ramagem e quem mais estiver envolvido.

###
P.S. –
A grande dúvida é saber se a Procuradoria pedirá a prisão preventiva de Bolsonaro e Ramagem. Na minha opinião, não haverá prisão e será permitido que os réus respondam a processo em liberdade. (C.N.)