Tom Jobim tinha razão: o Brasil tem um histórico de atear fogo às florestas

Queimadas no país aumentam 101% em relação a 2023

Queimadas no país aumentam 101% em relação a 2023

 

Roberto Nascimento

Como bem disse o compositor, Tom Jobim, um gênio sempre preocupado com o meio ambiente e que recuperou a natureza em sua propriedade na região serrana do Rio de Janeiro, o Brasil tem histórico de tocar fogo na mata. Devastam tudo, depois chove e o terreno vira uma cerâmica. Aí, reclamam da seca.

Certa vez, quando trabalhei em Mato Grosso do Sul e fazia uma visita ao interior do Estado, um fazendeiro reclamou comigo da seca. Olhei aquela vastidão de terras no horizonte, sem nenhuma árvore e perguntei, por que cortaram todo o Cerrado? Ele respondeu que o pasto tem que estar limpo para a saúde do gado.

Expliquei que, sem as árvores, com o tempo nem o capim existirá mais. Ele fechou a cara, encerrando a prosa. O fazendeiro não sabia que a queimada vai progressivamente empobrecendo o solo.

VEM A SECA – No Nordeste tinha vegetação à vontade. De tanto desmatar e queimar, virou uma região árida, seca, um sertão de lascar. Padre Cícero criou um manual para recuperar os olhos d’água, mandando plantar árvores de espécies resistentes e capazes de alimentar o gado, como a algaroba, mas poucos seguem os ensinamentos do líder religioso ao qual tanto pedem amparo.

Até a Amazônia já enfrenta uma seca terrível. E se continuarem a desmatar e queimar, em poucos anos a floresta estará ameaçada. Calcula-se que, sem novas queimadas, vai demorar, no mínimo, uns 50 anos para a natureza devastada se recuperar totalmente, em reflorestamento natural. Mas isso só acontecerá, mesmo assim, se as áreas de floresta destruídas não virarem pasto e plantações de commodities para exportação de grãos.

É preciso agir rápido, mas o governo está muito lento, em todas as áreas. Tem muita coisa travada na administração federal. De quem é a culpa? É a pergunta de um milhão de dólares. Diria que todos têm a sua parcela de culpa nesse bolo solado.

DINO CLIMÁTICO – Parabéns ao ministro do Supremo Tribunal Federal, magistrado Flávio Dino , que se tornou na prática, a Autoridade Climática que o governo já deveria ter criado e não o fez, até agora. Diante do caos instalado, as autoridades correm atrás do prejuízo, em meio à fumaça que cobria o país de Norte só Sul.

O ministro Flávio Dino mostrou que realmente é uma autoridade que luta pela preservação das florestas nacionais. Mas faço um alerta a ele. É preciso muito cuidado com o Congresso, principalmente no tocante aos senadores da oposição, que estão visivelmente incomodados com as decisões rápidas do ex-governador e senador pelo Maranhão.

Na verdade, Flávio Dino é considerado muito perigoso na ótica canhestra desses senhores, porque tem demonstrado que pode providenciar o que o Congresso e o governo deveriam fazer e não fazem.

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