Em nome da verdade, quem criou a Universidade de Brasília foi JK

Há 48 anos, morria Juscelino Kubitschek, ex-presidente do Brasil

JK, um político de caráter, que legou grandes obras ao país

Aristóteles Drummond
O Dia/RJ

Veemente protesto nas mídias sociais do jornalista Vicente Limongi Netto procura restabelecer a verdade sobre a criação da Universidade de Brasília, iniciativa, sem sombra de dúvida, do criador da capital, Juscelino Kubitschek.

Trabalho recentemente publicado procura atribuir a Darcy Ribeiro, seu primeiro reitor, por lembrança do ministro Clóvis Salgado, mineiro de Montes Claros como ele, nomeado por JK. Darcy abraçou a função com o entusiasmo que o caracterizava, mas nem por isso foi seu mais marcante reitor. Nem criador. JK e Clovis Salgado criaram e nomearam Darcy. A consolidação da instituição como referência no mundo universitário brasileiro deve-se à longa e eficiente gestão do Comandante José Carlos de Azevedo, um gigante no patriotismo, na personalidade e correção intelectual. Cristovam Buarque foi outro nome relevante na instituição.

GRANDE PRESIDENTE – JK tem sido pouco lembrado pelas iniciativas louváveis para o desenvolvimento nacional. O setor elétrico mesmo registra a fundação da Eletrobras ao presidente João Goulart. O que é um fato, mas as primeiras grandes obras hidroelétricas no Sudeste, pelo Estado, foram Furnas e Três Marias. E a primeira empresa geradora de grande porte foi justamente Furnas, que veio mais tarde a ser incorporada à Eletrobras. E foi criada por JK.

Convém lembrar de que a grande empresa recentemente privatizada viveu seus anos dourados nas memoráveis gestões de Mario Bhering, nos governos Médici e Sarney, e de José Costa Cavalcanti, com Figueiredo, quando foram tocadas as duas grandes obras de Itaipu e de Tucuruí.

No campo político, tem sido pouco lembrado que seu compromisso democrático foi marcado por provas de grande generosidade e grandeza de alma.

REVOLTAS DA FAB – Outro brasiliense ilustre, mineiro de nascimento, Pedro Rogério, publicou importante trabalho sobre os movimentos de militares da Aeronáutica contra o governo JK. A marca foi a rápida anistia e, antes, durante o processo de dominação, a determinação de que a retomada das bases fosse feita sem o sacrifício de vidas.

Por isso, as tentativas – normalmente de origem esquerdista –, de minimizar a presença histórica de JK, não chegam a afetar a memória que se tem de seus anos de ordem e progresso com democracia. As esquerdas não perdoam JK não ter apoiado a legalização do Partido Comunista e terminado com o atestado ideológico exigido desde os anos Vargas para o exercício de funções públicas.

Este dispositivo permitia que a autoridade responsável por nomeação de cidadão com registros ideológicos pudesse fazê-lo, mas assumindo a responsabilidade. Assim é que Roberto Campos nomeou três economistas de esquerda, Roberto Saturnino Braga, Cleanto de Paiva Leite e Juvenal Osório para o então BNDE. JK foi eleito apenas 20 anos depois da Intentona de 35, que traumatizou nossos militares e a sociedade brasileira.

CASSAÇÃO DE LACERDA – Ainda sobre JK, vale lembrar do depoimento publicado de Roberto Campos de que a cassação do ex-presidente se deveu a pressão pessoal de Carlos Lacerda junto ao presidente Castelo Branco. O presidente, casado com mineira de família ilustre, conhecia e nada tinha contra JK.

Anos depois, nova demonstração de homem superior fez com que JK recebesse em Lisboa seu algoz para a criação da Frente Ampla. Neste episódio, quem ficou melhor na história, no meu modesto entender, foi Leonel Brizola, que se negou a entrar no movimento liderado pelo adversário dominado por ambições pessoais e não ideais democráticos.

JK merece a eterna vigilância na defesa de sua obra e memória.

8 thoughts on “Em nome da verdade, quem criou a Universidade de Brasília foi JK

    • Depoimento de quem conhece a história de Minas e de Brasília.
      Aristóteles Drumond, um conservador liberal, intelectual de rara inteligência e cultura enciclopédia. Impossível discordar dele. Aristóteles viveu todos esses momentos de glória e de dramaticidade, envolvendo a construção de Brasília e os meandros do Golpe de 1964.

      É a pura verdade, o movimento de ruptura da Democracia, pelo lado civil, empreendido pelo governador Carlos Lacerda.

      O destino foi cruel, com Lacerda. A Ditadura, que ele ajudou a criar, na espectativa de ser lançado a presidência nas eleições de 1965, ficou no sonho. Foi cassado também, pela Ditadura. Picado pelo veneno que plantou.

      Conseguiu o apoio de Juscelino e Jango, e formaram a Frente Ampla pela volta a Democracia, mas, não obtiveram sucesso.

      O governador, Leonel Brizola, elogiado com muita justiça por Aristóteles Drumond, não quis se ligar ao mais aguerrido responsável pelo Golpe de Estado, o político e empresário, Carlos Lacerda.

      Parabéns, amigo, Aristóteles.

  1. Quem elogiar JK e reconhecer a grandeza de seu governo desenvolvimentista, terá o eterno agradecimento deste imigrante espanhol chegado em 56 e pioneiro de Brasília em 01/60.
    Qualquer hora eu conto uns episódios relativos ao Nonô Pé de Valsa que tive oportunidade de vivenciar.

  2. Aristóteles é o próprio espetáculo.
    Aristóteles foi Diretor da LIGHT do Rio de Janeiro, portanto, sua opinião sobre a incompetência da ENEL, na missão de Distribuição de Energia em São Paulo, seria um serviço para o consumidor. Ele é craque, também no segmento elétrico.

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