Com Mal de Alzheimer, Antonio Cicero se submete à morte assistida na Suíça

O escritor e poeta Antonio Cicero no programa 'Conversa com Bial' — Foto: Reprodução/ TV Globo

Antonio Cicero queria morrer mantendo a dignidade

Roberta Pennafort
TV Globo

O escritor e compositor Antonio Cicero, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), morreu, na manhã desta quarta-feira (23), na Suíça. Ele sofria de Alzheimer e se submeteu a um procedimento de morte assistida.

O crítico literário e filósofo deixou uma carta explicando a decisão. “Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade”, afirma Antonio Cicero em um trecho.

NA ACADEMIA – Ele era carioca e tinha 79 anos. A informação da morte foi confirmada pela Academia Brasileira de Letras, onde o autor ocupava a cadeira 27 desde agosto de 2017.

Na semana passada, Cicero foi para Paris com o companheiro, Marcelo Pies, e de lá para Zurique.

Marcelo revelou a amigos que Cicero vinha planejando há algum tempo a ida à Suíça, mandando documentos e informações à clínica – e não queria que ninguém soubesse.

DESPEDIR – “Passamos alguns dias em Paris para ele se despedir da cidade que tanto admirava”, disse Marcelo, que mandou aos amigos a carta de despedida.

O artista era irmão da cantora e compositora Marina Lima. Na voz dela, poemas seus ficaram famosos em todo o país. Entre as canções de sua autoria estão “Fullgás”, “Para Começar” e “À Francesa”.

Antonio Cicero também é coautor de “O Último Romântico”, célebre na voz de Lulu Santos. Ele também teve parcerias com Waly Salomão, João Bosco, Orlando Morais e Adriana Calcanhotto.

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGPor que sofrer tanto e fazer sofrer a família e amigos? A morte assistida, com os exemplos do cineasta Jean-Luc Godard, do ator Alain Delon e agora do poeta Antonio Cícero, é uma maneira civilizada de partir. Aliás, todos os seres humanos deveriam ter direito de fazer essa opção, quando viver se torna uma fardo pesado demais para alguns de nós. (C.N.)

2 thoughts on “Com Mal de Alzheimer, Antonio Cicero se submete à morte assistida na Suíça

  1. Escolher morrer é algo fora da realidade do Brasil atual.

    Aqui A GENTE MORRE SEM QUERER MORRER.

    À espera da consulta

    À espera do exame

    À espera da lutadíssima aposentadoria. Quem começa a trabalhar e contribuir jovem, trabalha e contribui durante bem mais de meio século para nada.

    Implorando por socorro nos AÇOUGUES e CAMPOS DE EXTERMÍNIO.

    Vítimas de homicídio de todas as formas.

    Inclusive médico, por negativa injustificável de imprescindível hemodiálise.

    Crime comissivo por omissão de socorro médica.

    Aqui a gente implora, luta muito para viver, para estar e lutar junto com nossos entes amados nesta Terra, mas somos impedidos, assassinados.

    A morte imposta é a regra, sempre contra a vontade da vítima e de toda a sua família.

    Não há dignidade humana na prática deste ordenamento.

  2. Digam-nos , o que exatamente significa ” morrer mantendo a dignidade ” , se a maior dor que nossos entes queridos nos legam é exatamente o ” pós morte ” , quando tudo de bom e ruim da pessoa morta vêm a tona .

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