Três fatores podem desatar o nó da eleição de São Paulo, na última hora

Indecisos: “Tem muito jogo ainda em Campo Grande” | Política - Conteúdo MS  | Mato Grosso do Sul | Brasil

Charge do Edra (Arquivo Google)

Bruno Boghossian
Folha

Três fatores vão desatar o nó da disputa pela Prefeitura de São Paulo: o voto de última hora, o eleitor silencioso e a abstenção. O apelo final dos candidatos vai levar em conta quem são esses paulistanos e o que eles pensam. As últimas pesquisas dão pistas importantes. Há um atalho para entender esses votos e ausências que serão decisivos.

É o grupo de entrevistados que, poucos dias atrás, não sabiam citar um candidato de forma espontânea, sem ver uma cartela com as opções. Segundo o Datafolha, eles eram 28% dos paulistanos na semana anterior à votação.

JOGO EMBOLADO – A indefinição do voto, representada por esse segmento, é bem maior entre as mulheres (35%) do que entre os homens (20%), assim como entre os mais pobres (39%) em comparação com os mais ricos (17%). O grupo se distribui de maneira equilibrada pelas regiões da cidade, sem distinção relevante entre católicos e evangélicos.

Quando observa a cartela com os nomes dos candidatos, esse grupo de eleitores mantém o jogo embolado. Há apenas uma desvantagem para Guilherme Boulos e Pablo Marçal, que pontuam abaixo da média nesse segmento.

A volatilidade desses eleitores é a chave da questão. Uma maioria notável escolhe um candidato (82%) ou declara voto nulo (8%) após ver a cartela, mas essa é uma decisão frágil: 72% do segmento diz que pode mudar de ideia até o dia da eleição.

É UMA TRADIÇÃO – Em disputas competitivas, três de cada dez eleitores costumam escolher candidatos a prefeito na última semana de campanha. Foi assim nas disputas de 2020 em São Paulo e no Rio.

Os candidatos têm uma barreira um pouco mais baixa para tentar conquistar esses eleitores. A rejeição a Marçal cai de 48%, na pesquisa geral, para 39% nesse grupo de indecisos. Boulos passa de 38% para 29%, e Ricardo Nunes marca míseros 12% de rejeição.

O grupo que “não sabe” em quem votar também oferece uma amostra dos eleitores envergonhados, um desafio para as pesquisas de intenção de voto. Alguns se recusam a falar com os entrevistadores, e outros omitem suas escolhas ou exibem uma indecisão maior.

VOTO SILENCIOSO – Uma fatia do voto silencioso está nesse segmento. A principal suspeita recai sobre potenciais eleitores de Marçal, uma vez que esse comportamento costuma ter uma correlação maior com candidaturas de questionamento à política tradicional e maiores índices de rejeição.

A característica final é a falta de interesse: 36% desse grupo de eleitores dizem ter pouca ou nenhuma vontade de votar. Cruzando os dois números, os indecisos e desinteressados representam 10% do eleitorado total.

Nunes pode sofrer o grande desfalque da abstenção no primeiro turno. Seus eleitores são os menos decididos e seu melhor desempenho está entre os paulistanos de baixa renda, grupo que tem, tradicionalmente, menores índices de comparecimento.

Com a ofensiva lançada contra Israel, o Irã abre novo capítulo dramático no Oriente Médio

Ataque direto atingiu principalmente Tel Aviv

Pedro do Coutto

O ataque do Irã a Israel e a resposta de Netanyahu, garantindo retaliação, formam um novo capítulo dramático da guerra no Oriente Médio que agora pode ser expandida. O Irã disparou cerca de 200 mísseis balísticos em direção ao território israelense nesta terça-feira, no primeiro ataque direto após a escalada de tensão entre Israel e o Hezbollah, grupo extremista, embora atue no Líbano, é financiado pelo regime iraniano.

Na última segunda-feira, um dia antes da ofensiva iraniana, Israel lançou uma ofensiva terrestre no Líbano mirando alvos específicos do Hezbollah. A invasão ocorreu após mais de uma semana em que Israel vem bombardeando diferentes regiões do Líbano, inclusive a capital, Beirute, em uma ação que marcou um novo conflito na guerra do Oriente Médio.

TENSÃO – Há quase um ano, Israel luta também contra o Hamas na Faixa de Gaza, desde que o grupo terrorista invadiu o sul do país, matou 1,2 mil pessoas e sequestrou outras centenas. O Hezbollah tem bombardeado o norte de Israel desde então, em apoio ao Hamas. A tensão na região escalou nos últimos dias, com bombardeios de Israel contra alvos do Hezbollah em vários pontos do Líbano, incluindo a capital Beirute. Um dos ataques provocou a morte do chefe do grupo extremista, Hassan Nasrallah, na sexta-feira.

Em apenas 12 minutos, os mísseis iranianos atravessaram os céus de pelo menos dois outros países do Oriente Médio e chegaram em Israel. Cerca de 20 minutos após uma primeira onda de mísseis, uma segunda leva de artefatos foi lançada. Parte dos artefatos foi abatida pelo Domo de Ferro, um dos poderosos sistemas antimísseis israelenses.

ESPAÇO AÉREO – Alguns mísseis atingiram locais controlados por Israel na Cisjordânia. Além de Israel, Jordânia e Iraque também fecharam seus espaços aéreos, posteriormente reabertos. O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, afirmou também que o ataque desta terça representa somente parte da capacidade ofensiva do Irã, e disse: “não entrem em confronto com o Irã”. Já o porta-voz do Exército israelense disse que o ataque foi “sério” e que “haverá consequências”.

Não já sinalização de nenhum parte envolvida nas ações bélicas de um possível recuo ou acordo de cessar fogo. Novamente, o mundo prende a respiração e se coloca de prontidão diante dos próximos passos da temida guerra no Oriente Médio.

No último poema de Manuel Bandeira, a lembrança da paixão dos suicidas

Eu gosto de delicadeza. Seja nos gestos,... Manuel Bandeira - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O crítico literário e de arte, professor de literatura, tradutor e poeta Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (1886-1968) quando jovem teve tuberculose  e, consequentemente, passou a vida inteira com a ideia de que morreria em breve, mas viveu até seus 82 anos, razão pela qual “O Último Poema” e muitos poemas de sua autoria carregam a melancolia e a sensação de sempre estar à espera do pior.

Vale ressaltar que versos curtos, pensamento objetivo, liberdade no uso das palavras, simplicidade na escrita, ironia e a crítica são características do modernismo que aparecem no poema, que também nos mostra a realidade em “flores sem perfume”, “soluço sem lágrimas” e o improvável quando fala sobre “ilusão”.

Além disso, o título do poema nos indica como Manoel Bandeira gostaria de ser lembrado, conforme revela o último verso todo seu pensamento. Mas também ao citar a paixão dos suicidas ele nos conta sobre a falta de sentido, sobre o paradoxo que é nosso caminho pela vida. Sobre ilusão e desilusão.

O ÚLTIMO POEMA
Manoel Bandeira

Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

Anielle depôs acusando Silvio Almeida, mas não apresentou nenhuma prova

Depoimento de Anielle revela detalhes da acusação... | VEJA

Para tocar o joelho de Anielle, Silvio teria de se curvar muito…

Carlos Newton

A imprensa deu grande destaque ao depoimento que a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, prestou na sede da Polícia Federal de Brasília, nesta quarta-feira (dia 2), sobre o caso em que o ex-ministro Silvio Almeida é investigado por supostamente cometer assédio moral e sexual enquanto comandava a pasta dos Direitos Humanos. O depoimento durou cerca de uma hora. Segundo investigadores, as falas da ministra foram gravadas e serão transcritas.

Antes mesmo de deixar a PF, a Assessoria de Imprensa da ministra informou que Anielle não falaria com os repórteres, e ela deixou a sede da PF minutos depois.

ABRIU EXCEÇÃO – A ministra fugiu da imprensa, mas estrategicamente abriu exceção para a jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, com quem tem relações de amizade. Em seu blog no g1, a repórter e apresentadora global informou que Anielle Franco disse no depoimento que “as ações inapropriadas cometidas pelo ex-ministro Silvio Almeida começaram na transição de governo”. Em seguida, Acrescentou que “os atos foram escalando até chegar à importunação sexual, e que ocorreram também em viagens internacionais”.

Em tradução simultânea, Anielle Franco fez acusações verbais, sem anexar nenhuma prova material nem listar nenhuma testemunha ocular do assédio do então ministro, embora a principal acusação se refira a suposto ato importuno cometido durante uma reunião com a presença de outras dez autoridades.

Nesta reunião, cuja foto é aqui exibida, os participantes estão sentados numa mesa com mais de um metro de largura. Anielle está na cabeceira, presidindo a sessão, tendo à direita o então ministro Silvio Almeida e à esquerda o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

CONSTATAÇÃO – Não é preciso ser cientista do CSI, perito do FBI, especialista do Mossad ou servente da PM de Garanhuns para constatar que Silvio Almeida, na posição em que estava sentado, teria de se curvar muito até tocar o joelho de Anielle, conforme a acusação dela.

Se o ministro Silvio Almeida se curvasse para tocar o joelho dela, é evidente que o ato seria percebido por um delegado federal experiente como Andrei Rodrigues, que afirma não ter notado nada, rigorosamente nada. E nenhuma das outras dez autoridades também percebeu o suposto assédio nem qualquer reação que Anielle Franco deveria ter demonstrado, pois a apalpada seria no mínimo um susto para ela.

Assim, a acusação é toda mal costurada. Se o ministro a assediava desde a transcrição, em novembro e dezembro de 2022, por que uma mulher guerreira como ela demorou tanto a denunciá-lo, e o fez apenas indiretamente?

OUTROS FUROS– Se o ministro era um emérito assediador, por que Anielle o colocou a seu lado, na mesa? Não teria sido mais conveniente fazer com que ele se sentasse na outra cabeceira da mesa, como seria o protocolo em reunião entre dois ministros?

Ora, se essa Anielle fosse uma mulher guerreira igual à irmã Marielle, como antes se julgava, é claro que teria plantado um tapa na cara do assediador e permitido que o delegado Andrei Rodrigues tomasse conta da ocorrência, até servindo de testemunha de acusação. Mas do jeito que as coisas caminham, o diretor-geral da PF pode acabar ser arrolado como testemunha de defesa de Silvio Almeida.

Outro fato importante são as mensagens entre os dois, que revelam uma intimidade pouco recomendável para duas pessoas casadas. Esses diálogos necessitam de tradução simultânea.

Anielle Franco diz em depoimento que assédio de Silvio Almeida começou em  2022 - TNH1

Silvio e Anielle pareciam ser grandes amigos

ESTÁ ESCRITO – Anielle e Silvio ficaram quase três meses sem nenhum contato registrado pelo WhatsApp, entre maio e agosto de 2023. No dia 13 de agosto, há novo registro de contato. Nas conversas — cordiais, mas protocolares –, eles tratam de ações conjuntas de seus ministérios para enfrentamento à violência e respostas emergenciais para casos de chacinas.

Quinze dias depois, em 28 de agosto, Almeida refere-se, às 7h57, a uma suposta conversa pessoal entre os dois na véspera. E Anielle responde: “Minha admiração por você é imensa. A última coisa que eu quero é que a gente se dê mal. Sei que a gente pode não ter começado tão bem, mas eu acredito de verdade, que a gente pode mudar daqui pra gente. Reafirmo tb o nosso combinado. Vou chegar já já no gabinete e vou ver a agenda como tá e te falo.”

Pouco depois, Almeida propõe uma agenda institucional entre os dois ministérios e fala sobre um “jantar para afinar os ponteiros” na semana seguinte: “E, olha: eu quero recomeçar com você. Recomeçar”. E a ministra responde: “Eu também”.

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P.S.
Bem, façam vocês mesmos a tradução simultânea, em função da experiência de vida que cada um tem. Lembrem que o ex-ministro Silvio Almeida  foi imediatamente julgado e condenado pelo incorruptível Lula da Silva, aquele que tinha duas primeiras-damas em seus governos iniciais e fazia questão de dar prioridade à segunda-dama Rosemary Noronha, que o acompanhava nas viagens internacionais, ganhando diárias em dólar. Quanto a Silvio Almeida, ele perdeu o Ministério, a dignidade pessoal e profissional, e agora a universidade está querendo demiti-lo. (C.N.)

Netanyahu prolonga a guerra, porque não tem interesse por qualquer plano de paz

Sem a guerra, Netanyahu já teria sido derrubado

Hélio Schwartsman
Folha

Não importa o que você pense de Binyamin Netanyahu, é preciso tirar o chapéu para sua capacidade de sobrevivência política. Nos dias que se seguiram ao ataque terrorista de 7 de outubro perpetrado pelo Hamas, a situação do premiê israelense parecia insustentável.

Se a democracia é o regime da responsabilização de dirigentes, as falhas de segurança sob seu governo eram grandes demais para ser ignoradas. O fracasso era duplo, operacional e na estratégia de como lidar com os palestinos.

PERTO DO FIM – As pesquisas de opinião em Israel corroboravam a sensação de que a carreira política de Netanyahu seria finalmente encerrada. Mas, como é sempre complicado fazer eleições e trocar o comando do país no meio de uma guerra, o acerto de contas teria de esperar o fim das ações militares em Gaza.

Sabendo disso, Netanyahu apostou em prolongá-las. Chegou a recusar um acordo de cessar-fogo que traria de volta os reféns e ajudaria Israel a normalizar relações diplomáticas com países árabes. Netanyahu jamais hesitou em pôr seus interesses pessoais à frente de quaisquer outras considerações.

Como não seria possível prolongar eternamente a guerra em Gaza, o premiê israelense decidiu agora ampliar o conflito. Resolveu que era hora de agir também contra o Hezbollah, que vinha lançando diariamente foguetes contra o norte de Israel.

CONTRA O IRÃ – É uma escolha de risco, já que pode lançar Israel numa guerra aberta contra o Irã, que financia tanto o grupo libanês como o palestino. Mas, até aqui, Teerã vem evitando um enfrentamento direto, o que vem sendo vendido em Israel como uma vitória.

A impopularidade de Netanyahu vai arrefecendo e, se não houver nenhum novo desastre para os israelenses, não dá para descartar que ele saia vencedor no próximo pleito, que precisa ocorrer até outubro de 2026.

O problema é que não existe solução militar para a disputa. Até dá para enfraquecer Hamas e Hezbollah, mas não para eliminá-los. Só haverá paz sustentável para os israelenses no âmbito de negociações com os palestinos. Para isso Netanyahu não tem nenhum plano.

O Império contra-ataca! Deputados dos EUA miram Moraes e acordos com Brasil

Coronel Chrisóstomo on X: "O deputado Chris Smith, presidente do Comitê de  Direitos Humanos da Câmara dos EUA, disse se comprometer em apoiar os  direitos internacionalmente reconhecidos no Brasil e realizar supervisão

Chris Smith é coronel reformado da linha dura

Johanns Eller
O Globo

Em uma nova ofensiva de congressistas dos Estados Unidos contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, um grupo de deputados do país apresentou nesta terça-feira (1º) um Projeto de Lei que, caso aprovado, pode restringir a cooperação financeira e judicial entre órgãos americanos e instituições do Brasil e barrar o financiamento a entidades voltadas para o combate à desinformação que venham a assessorar a Justiça Eleitoral brasileira.

O projeto foi liderado por um parlamentar do Partido Republicano de Donald Trump, parceiro de Jair Bolsonaro no país aliado, Chris Smith (Nova Jersey), líder do subcomitê de direitos humanos globais no Comitê de Relações Exteriores da Câmara. O texto é coassinado pelos correligionários Jim Jordan (Ohio), presidente do Comitê Judiciário, equivalente à Comissão de Constituição e Justiça no Brasil, e María Elvira Salazar (Flórida), que se tornou uma liderança das causas da direita brasileira no Congresso americano.

PRIMEIRA EMENDA – O texto proíbe que os EUA acatem a solicitação de “entidades estrangeiras” por cooperação em medidas judiciais, caso o procurador-geral, equivalente ao ministro da Justiça no Brasil, constate que o pedido “causará, facilitará ou promoverá a censura” ao direito à liberdade de expressão previsto na primeira emenda da Constituição americana – inclusive solicitações que mirem plataformas digitais sediadas no país, como é o caso da rede social X.

Nesse trecho, os deputados miram diretamente eventuais cooperações entre Brasil e EUA em decisões que envolvam a suspensão de perfis em redes sociais ou de plataformas inteiras, bem como a restrição à liberdade de cidadãos brasileiros em solo americano com base em investigações que apuram supostos crimes digitais, a exemplo dos inquéritos das fake news e o das milícias digitais.

O pano de fundo da nova frente de batalha é a suspensão da rede social X no Brasil há um mês, no fim de agosto, que catalisou os esforços da direita americana em pressionar Moraes e a Suprema Corte brasileira.

BLOQUEIO DO X – A medida, determinada por Moraes após a rede se recusar a nomear um representante no Brasil e referendada pela Primeira Turma do STF, é citada na justificativa da proposição legislativa junto de outras decisões judiciais como a inclusão do dono da plataforma, Elon Musk, que é cidadão americano, no inquérito das milícias digitais e a derrubada de perfis por ordem da Corte. A empresa já indicou um novo representante, mas Moraes cobra a quitação de multas expedidas pela Justiça brasileira para desbloquear o site.

A suspensão das redes do jornalista Paulo Figueiredo, que mantém um canal de direita popular entre bolsonaristas, é citada expressamente na redação do Projeto de Lei como um suposto exemplo de censura promovida pelo Supremo. Paulo, que vive na Flórida, também é cidadão americano e, além da restrição aos seus perfis, teve seu passaporte cancelado por ordem de Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.

O texto também veda qualquer cooperação dos Estados Unidos sob a Lei de Assistência Estrangeira americana de 1961, que prevê programas de ajuda externa e cooperação econômica junto a outras nações onde “entidades estrangeiras” tenham atuado, facilitado ou promovido atos de censura à liberdade de expressão on-line ou planeje fazê-lo de forma “iminente”.

ENTE ESTRANGEIRO – O projeto trata como ente estrangeiro qualquer “agência, ministério, posto ou subdivisão de um governo federal”, bem como entidades internacionais e organizações não governamentais (ONGs) com atividades fora dos EUA.

A legislação dos anos 60 citada no projeto foi usada como base, por exemplo, para formalizar o Brasil como principal aliado dos EUA fora da Otan em 2019, durante os governos Trump e Jair Bolsonaro – designação que facilita a compra de tecnologia e armamentos americanos, além de aprofundar a cooperação militar bilateral. A lei já foi usada em outras ocasiões para firmar tratativas entre os dois países em diferentes setores, como a Defesa.

Smith, Jordan e Salazar fizeram um levantamento de colaborações entre Brasília e Washington no âmbito do combate à desinformação e às fake news – apontadas pelos congressistas como instrumentos para a censura do livre discurso no Brasil.

DESDE TEMER – “O governo Biden-Harris conduziu uma ‘armamentização’ dos programas de assistência a nações estrangeiras e outros meios para promover censura no Brasil e desmantelar a liberdade de expressão que estaria garantida em solo americano sob a Constituição dos EUA”, diz o deputado Smith.

Na lista de cooperações entre Brasil e EUA, está uma cooperação entre o TSE e agentes do FBI, a Polícia Federal dos EUA, e um agente do Departamento de Justiça para debater os esforços das autoridades americanas em defesa da integridade eleitoral e contra notícias falsas ocorrida ainda em 2018, nos governos Trump e Michel Temer.

São citadas ainda a participação da Corte eleitoral brasileira em um estudo internacional contra as fake news financiado por um programa da agência americana para ajuda externa, a Usaid, o intercâmbio entre o TSE e ONGs de combate à desinformação financiadas pelo mesmo órgão e o repasse de US$ 200 mil (R$ 1 milhão em valores atualizados) de uma instituição científica vinculada ao Congresso americano à Universidade George Washington para debelar a desinformação no Brasil e em outros países.

ACUSAÇÃO SÉRIA – “O Comitê Judiciário e o Subcomitê sobre a Armamentização do Governo Federal revelou como o FBI facilitou requerimentos de censura contra americanos por parte de um governo estrangeiro”, acusa Jim Jordan, em referência a Elon Musk e o X, entre outros cidadãos dos EUA na mira da Justiça brasileira. “Esse Projeto de Lei é crucial para impedir que autoridades do exterior silenciem vozes minoritárias a partir [da ajuda] do Departamento de Justiça dos EUA ou do FBI”.

O projeto agora deve ser discutido nas instâncias da Câmara de Representantes, de maioria republicana. As eleições de novembro nos EUA também elegerão os deputados da próxima legislatura, além de decidir entre a atual vice-presidente Kamala Harris, do Partido Democrata, e o ex-ocupante da Casa Branca Donald Trump para o comando da maior potência do planeta.

REVOGAÇÃO DE VISTOS – A nova ofensiva patrocinada pelos republicanos ocorre quase duas semanas após três deputados e um senador pedirem ao secretário de Estado americano, Antony Blinken, a revogação dos vistos de todos os ministros do STF — com destaque para Alexandre de Moraes, descrito no documento como “ditador totalitário”.

Na véspera, outro grupo de deputados também havia protocolado um projeto que, na prática, pode barrar a entrada do ministro Alexandre de Moraes no país ou até mesmo deportá-lo, sempre com a decisão de suspender o X como justificativa.

A trincheira política conta com a participação de bolsonaristas radicados nos EUA, que têm colaborado com os congressistas republicanos na pressão contra o STF. A expectativa destes apoiadores de Jair Bolsonaro é que a opinião pública americana seja sensibilizada em relação ao contexto do Brasil.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO – Embora tenha sido ratificado por uma das turmas da Suprema Corte brasileira, o assunto provoca desconforto no país aliado, mesmo sob o governo democrata de Joe Biden, que mantém boas relações com Lula.

A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, declarou na semana retrasada que o governo dos EUA defende o acesso da sociedade às redes sociais como uma garantia à liberdade de expressão, quando indagada pela correspondente da TV Globo em Washington, Raquel Krähenbühl, a respeito da suspensão da plataforma de Elon Musk.

O tema é considerado sensível nos Estados Unidos porque a defesa da liberdade de expressão, garantida pela primeira emenda da Constituição americana, é uma bandeira suprapartidária na política interna que não costuma abrir brechas para exceções como discurso de ódio ou antidemocráticos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Eu bem que avisei, logo no início da briga, que Moraes iria realizar o belo sonho de se tornar famoso no mundo inteiro. Ele pensou (?) que estava derrotando e destruindo Elon Musk, mas na verdade o buraco era mais embaixo, como se dizia antigamente. E não adianta Moraes se desesperar e se descabelar todo, porque a matriz USA vai tratá-lo como um gerente da filial Brazil que não conhece a Primeira Emenda e quer desobedecê-la. Lá nos States isso é um crime muito grave, contra a democracia. (C.N.)

Testosterona subiu à cabeça da direita ao disputar a Prefeitura de São Paulo

Eleições SP: apoio de funkeiros a Nunes e Marçal racha movimento

Marçal e Nunes se perdem em bobagens de “gênero”…

Josias de Souza
Do UOL

Uma briga como a que Ricardo Nunes trava com Pablo Marçal pelo eleitorado de direita é uma desavença do tipo que pede para não ser apaziguada. Revelador, o confronto precisa ser levado às últimas consequências. Na manhã desta terça-feira, Nunes exibiu na propaganda eleitoral um replay da frase em que Marçal sustentou que mulher não vota em mulher porque é inteligente.

Enganchou na peça um vídeo no qual o rival defende a tese segundo a qual o crânio da mulher é menor que o do homem.

MAIS HOMEM – Horas depois, num encontro com empresários, Nunes referiu-se ao padrinho Tarcísio de Freitas como “o sujeito mais homem” que já conheceu na política. Associou a confiabilidade que atribui ao governador à sua masculinidade. Não é machismo?, perguntou-se a Nunes. Desculpando-se, ele disse que quis apenas realçar que Tarcísio é “ponta firme”. Hummmm…

Fazer-se passar por machão a todo instante é um hábito cultivado por Bolsonaro. É como se o “imbrochável”, “incomível” e “imorrível”, desejasse provar algo a si mesmo. Mais bolsonarista do que Bolsonaro, Marçal forçou Nunes a escancarar sua bolsonarização quando roubou nacos do eleitorado paulistano que votou no mito em 2022.

Agora, pisando no eleitorado feminino distraídos, Marçal e Nunes atiram bolsonarices contra os próprios pés. Majoritárias, as mulheres já premiam Marçal no Datafolha com uma taxa de rejeição de 53%. Tomado pelas palavras, não se sabe se Nunes abomina ou ambiciona o índice. De concreto, por ora, há apenas a percepção de que a testosterona subiu à cabeça da direita em São Paulo.

Estamos a um passo do momento mais perigoso da História do Oriente Médio

Israel invade el Líbano afirmando que "no permitiremos que el 7 de octubre  vuelva a ocurrir" | Puranoticia.cl

Israel pode estar passando dos limites ao invadir Líbano

Thomas Friedman
(Folha -NYTimes)

Podemos estar prestes a entrar no que poderia ser o momento mais perigoso da história do Oriente Médio moderno: uma guerra de mísseis balísticos entre Irã e Israel, que quase certamente traria os Estados Unidos para o lado de Israel e poderia culminar em um esforço total entre EUA e Israel para destruir o programa nuclear do Irã. Essa é a avaliação que obtive ao conversar com fontes da inteligência israelense.

Conforme previsto, o Irã lançou várias centenas de mísseis balísticos contra Israel por volta das 22h30 (13h30 no Brasil). O ataque foi planejado em duas ondas com 15 minutos de intervalo, e cada onda envolverá 110 mísseis balísticos, disseram os israelenses.

TRÊS ALVOS – Os mísseis iranianos visavam a três alvos. Primeiro, a sede do Mossad, o serviço de inteligência estrangeira de Israel, perto de Tel Aviv. Segundo, a base aérea israelense em Nevatim e, terceiro, a base aérea israelense em Khatzirim; ambas as bases ficam no sul de Israel, no deserto de Negev.

As autoridades israelenses estão particularmente preocupadas com qualquer ataque à sede do Mossad porque ela fica no subúrbio de Ramat Hasharon, região densamente povoada no norte de Tel Aviv. Também não fica longe da sede da inteligência de defesa israelense, a Unidade 8200.

Essas informações foram compartilhadas comigo porque os israelenses insistem que não querem uma guerra balística em grande escala com o Irã e querem que os Estados Unidos tentem dissuadir os iranianos, informando-os de que, se lançarem esse ataque com mísseis, os Estados Unidos não serão espectadores e sua resposta, ao contrário do ataque iraniano com mísseis e drones contra Israel em 13 de abril, não será puramente defensiva.

PROGRAMA NUCLEAR – Em outras palavras, o Irã pode estar arriscando todo o seu programa nuclear se esse ataque com mísseis for adiante. Alguém poderia pensar que Israel está ansioso por esse tipo de guerra com o Irã para finalmente acabar com seu programa nuclear e envolver os Estados Unidos.

Não é essa a minha impressão. Uma guerra de mísseis balísticos poderia causar enormes danos à infraestrutura de Israel, a menos que praticamente todos os mísseis fossem interceptados. Os iranianos poderiam estar blefando e pretendendo pousar os mísseis em áreas abertas de Israel? Essa não é a impressão que os israelenses obtiveram de sua inteligência.

A avaliação da inteligência israelense é que o povo iraniano, em geral, não quer essa guerra com Israel. Há muito tempo existe descontentamento no Irã em relação aos bilhões de dólares que o regime gastou apoiando o Hamas e o Hezbollah em um momento em que a infraestrutura iraniana está tão dilapidada e a economia do país está em dificuldades.

DIANTE DO CAOS – A mensagem que os israelenses esperam que os EUA possam transmitir ao Irã também é que, se eles iniciarem essa guerra e ela levar a uma grande destruição e morte de civis iranianos, isso também poderá desencadear uma revolta contra o regime.

Meu ponto principal: Como americano, espero que os iranianos desistam desse ataque com mísseis. Também espero que os israelenses reduzam seu ataque agora mesmo contra o Hezbollah.

No último ano, vimos linhas vermelhas serem ultrapassadas a torto e a direito – desde o ataque selvagem do Hamas a Israel em 7 de outubro até o ataque israelense com pager contra a liderança do Hezbollah e o assassinato de seu líder, Hasan Nasrallah. Os iranianos sentem que seu poder de dissuasão foi enfraquecido e precisam reagir. Esse é o momento do Código Vermelho. Porque quando você começa a cruzar as linhas vermelhas, todas elas desaparecem.

Ministra Anielle Franco confirma à PF ter sofrido abusos sexuais de Silvio Almeida

Lula dá cinco dias de férias para Anielle Franco após denúncias de assédio  sexual por Silvio Almeida | O Tempo

Anielle prestou depoimento nesta quarta à Polícia Federal

Guilherme Grandi
Gazeta do Povo

A ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) confirmou à Polícia Federal nesta quarta (2) que sofreu abusos cometidos pelo ex-ministro Silvio Almeida, suspeito de assédio moral e sexual enquanto comandava a pasta dos Direitos Humanos. Ela relatou em depoimento que os atos inapropriados teriam começado ainda durante a transição de governo, no final de 2022.

Anielle foi ouvida pela PF na investigação aberta dias depois da demissão de Almeida no começo do mês passado, em uma apuração tocada também pela Comissão de Ética da Presidência da República e pela Controladoria-Geral da União (CGU) a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

TENTOU PARAR – Segundo apuração do G1 e da Folha de S. Paulo, Anielle teria tentado conversar com Almeida – enquanto ainda era ministro – para parar com os atos, mas que os pedidos teriam sido em vão. O ex-ministro sempre negou as acusações.

Durante o depoimento, Anielle tratou dos atos como “abordagens inadequadas” que foram escalonando até a importunação física em si. Os abusos, segundo apontam as apurações, ocorriam inclusive durante viagens internacionais.

Quando as denúncias vieram à tona a partir de uma apuração do site Metrópoles e que foram confirmadas pela ONG Me Too, que apoia mulheres vítimas de abusos, relatos apontaram que as importunações ocorriam também em reuniões, em que Almeida tocava sua perna por debaixo da mesa.

SEM COMENTÁRIOS – O depoimento de Anielle Franco ocorreu a portas fechadas na PF e sua assessoria afirmou que ela não se pronunciaria sobre as declarações dadas à autoridade.

Nesta semana, a CGU e o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) lançaram um “Plano Federal de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e da Discriminação na Administração Pública” para prevenir e enfrentar denúncias.

Na portaria assinada pela ministra Esther Dweck, o plano será aplicado a servidores, empregados públicos e terceirizados, que terão de assumir um “compromisso com o desenvolvimento de políticas de enfrentamento do assédio e da discriminação em suas relações de trabalho, bem como, na sua gestão, e ações de formação para suas empregadas e empregados”.

DIZ A ONG – “Como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional pra a validação de suas denúncias. Diante disso, autorizaram a confirmação do caso para a imprensa”, disse a Me Too em nota.

Já o ministro negou “com absoluta veemência” as denúncias, considerando-as como “mentiras” de um “grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim condutas que eles praticam” – no entanto, sem citar quem ou quais grupos estariam por trás dos relatos.

Almeida, que é professor de Direito, com obras publicadas e carreira internacional, diz que provará ser inocente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
As acusações carecem de provas. Certos detalhes narrados por Anielle Franco chegam a ser inverosímeis. Se for submetido a um julgamento justo, Silvio Almeida tem chances de ser inocentado, pela doutrina da presunção de inocência, embora o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo, para cassar o deputado Deltan Dallagnol, tenham criado a presunção de culpa, uma figura jurídica só existente nas ditaduras mais abomináveis. (C.N.)

No Direito Xandônico vale o que Moraes quiser, com censura prévia e X fora do ar

Moraes se diz “reconfortado” por não ser mais único ministro “comunista”

Moraes criou o Direito Xandônico, que tem leis próprias

Carlos Andreazza
Estadão

O bloqueio ao X no Brasil continua. A empresa já tem representação regularizada; teve transferidos os milhões necessários ao pagamento de multa; cumpriu a ordem de bloqueio de contas na plataforma. E permanece fora do ar. Permanecerá até quando Alexandre de Moraes quiser.

O ministro já determinou algumas condições para o fim da censura. A cada semana, cria novas exigências, que se desdobram das precedentes. Está sempre faltando algo; lista extra – surpresa! – que conhecemos assim que cumpridas as demandas anteriores. Logo faltarão comprovante de residência e fotos 3×4.

EXAGEROS – Por que multar a recém-nomeada representante legal do X, senão para intimidá-la? Por que a punição personalizada, se age em nome da companhia? A multa de R$ 300 mil talvez tenha o condão de deixar a empresa novamente sem representação formal no país.

A exigência, conforme a lei brasileira, era pela designação de representante legal. Pois ora temos multada – nova pendência – a representante legal indicada.

O direito xandônico é código proativo escrito em tempo real. Seus termos se radicalizam em antecipação ao radicalismo que o ministro – gestor onisciente de inquéritos infinitos e onipresentes – sabe que virá. Em defesa da democracia, vai da censura prévia a contas na rede até a censura total à própria rede. Somos todos usuários extremados do bicho.

EXPECTATIVA – Ninguém sabe se o X será reabilitado antes das eleições – faltam poucos dias e renovadas há pouco foram as obrigações. Sabido é que tratamos – nós, imprensa – por normal, aceitável, a hipótese de juiz de corte constitucional fazer cálculo político para postergar a liberação.

Agora – para o X ser desbloqueado – a companhia terá de pagar multa adicional, por haver burlado a interdição por dois dias. O ponto nem será a nova cobrança, ainda que obscuro seja o critério que definiu o valor em R$ 10 milhões. Mas estar o retorno do X de súbito dependente de condição que inexistia na decisão que o suspendera.

Há mais. Sabe-se que a transferência dos milhões da Starlink para a União não significa o “pagamento final e definitivo” da multa imposta ao X. Não ainda. Porque existe a prerrogativa de recorrer – e porque há recurso contestando essa sanção.

BASTARIA RECORRER? – Aliás, estando a empresa insatisfeita com as ordens do ministro, bastaria recorrer. Não era isso? E quando se recorre, fica suspenso o pagamento da multa.

Mas o ministro Alexandre de Moraes, para suspender a censura ao X, quer também que a empresa antes abra mão do recurso – do direito a recorrer.

É um ministro de corte constitucional que constrange uma garantia e escreve que a volta da plataforma dependerá “unicamente do cumprimento integral da legislação brasileira e da observância às decisões do Poder Judiciário”.

União Europeia adia sua lei ambiental e o pacto com Mercosul fica mais viável

Lula pressionou a União Europeia e foi bem sucedido

Jamil Chade
Do UOL

Após ser pressionada por Brasil e governos de outros lugares do mundo, a Europa decidiu adiar em doze meses a adoção de suas leis ambientais e que, se implementadas, poderiam afetar as exportações brasileiras. A medida, na avaliação de diplomatas brasileiros e europeus, abre caminho para que um acordo comercial entre Mercosul e UE seja finalmente concluído.

A regra aprovada no Parlamento Europeu apontava que, a partir de 2025, produtos agrícolas que causassem desmatamento teriam uma tarifa extra para entrar no mercado da UE. A medida foi denunciada pelo Brasil que, há um mês, enviou uma carta assinada pelo chanceler Mauro Vieira apontando para uma profunda insatisfação por parte do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

ALTO PREJUÍZO – Um dos temores dos exportadores brasileiros era de que a lei, se aplicada, poderia gerar prejuízos de US$ 15 bilhões às vendas nacionais. O tema voltou ao debate durante a passagem de Lula por Nova York, na semana passada. “Considerando as respostas recebidas de parceiros internacionais sobre seu estado de preparação, a Comissão Europeia também propõe dar às partes interessadas mais tempo para se prepararem”, afirmou a UE nesta quarta-feira.

“Se aprovada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho, a lei passaria a ser aplicável em 30 de dezembro de 2025 para as grandes empresas e em 30 de junho de 2026 para as micro e pequenas empresas. Como todas as ferramentas de implementação estão tecnicamente prontas, os 12 meses extras podem servir como um período de introdução gradual para garantir uma implementação adequada e eficaz”, explicou.

“A Comissão reconhece que, três meses antes da data de implementação prevista, vários parceiros globais expressaram repetidamente preocupações sobre seu estado de preparação, mais recentemente durante a semana da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York”, disse a UE.

ADIAMENTO – “Além disso, o estado de preparação das partes interessadas na Europa também é desigual. Enquanto muitos esperam estar prontos a tempo, graças aos preparativos intensivos, outros expressaram preocupação”, apontou.

“Dado o caráter inovador da lei, o calendário rápido e a variedade de partes interessadas internacionais envolvidas, a Comissão considera que um período adicional de 12 meses para a introdução gradual do sistema é uma solução equilibrada para ajudar as

Com o adiamento do projeto, a UE espera criar também um espaço político para fechar um acordo comercial com o Mercosul. O temor dos negociadores era de que, se aplicada, a lei retiraria vantagens que o bloco europeu estava dando para as exportações agrícolas do Brasil e Argentina. Nos últimos meses, o adiamento também foi proposto pela Alemanha, um dos maiores interessados em garantir acesso ao mercado do Brasil e Argentina.

NO G-20 – A esperança de ambos os lados é de que um acordo possa ser fechado nas próximas semanas e anunciado durante a cúpula do G20, em novembro no Rio de Janeiro.

O UOL apurou que a proposta do Brasil é de que o debate sobre o desmatamento seja incorporado no futuro tratado, neutralizando e permitindo um tratamento diferenciado para o Mercosul na futura lei europeia. Outra ideia é de que, no caso de uma aplicação de novas barreiras, o Mercosul também teria o direito de calibrar o acesso dado aos produtos europeus.

Em 2023, o acordo também estava próximo. Mas, por uma questão eleitoral, o presidente da França, Emmanuel Macron, se apressou em tentar bloquear o processo. Seu argumento era de que o acordo permitiria uma invasão de produtos do Mercosul no setor agrícola. Diplomatas apontam que o argumento do francês sobre o risco para a agricultura sequer condiz com a realidade. Os estudos realizados por ambos os lados do processo apontam que, caso o acordo que já é negociado há 25 anos entre em vigor, o volume extra de exportação brasileira prevista não representaria a dimensão do abalo no mercado europeu como alegam os franceses.

X pagará todas as multas, e Moraes manda liberar as contas bancárias

Musk x Moraes: entenda decisão do STF contra rede social - BBC News Brasil

Moares não tem mais motivos para manter bloqueio do X

José Marques
Folha

O X (antigo Twitter) informou nesta terça-feira (1º) ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que irá pagar integralmente multas de R$ 28,6 milhões aplicadas à plataforma e à sua representante judicial no Brasil, sem precisar utilizar recursos da Starlink. O empresário Elon Musk, dono do X, é também acionista da empresa de internet via satélite.

Com o pedido da plataforma, o ministro ordenou que o Banco Central e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) desbloqueiem as contas bancárias da empresa.

RECURSOS DO EXTERIOR – O X afirmou que irá efetuar o pagamento de uma multa fixada em R$ 18,3 milhões por ter descumprido decisões de derrubadas de perfil. Os recursos que ainda faltam virão do exterior.

Esses valores chegaram a ser bloqueados por Moraes tanto das contas do X como da Starlink, como garantia para o pagamento das multas. Segundo o STF, o X tinha cerca de R$ 7,3 milhões em suas contas e a Starlink tinha R$ 11 milhões.

Com o X informando que irá pagar toda a quantia, agora esses recursos da Starlink não serão mais usados.

A OUTRA MULTA – A rede social também diz que irá pagar outros R$ 10 milhões pela manobra que a fez voltar a funcionar no país há duas semanas. Além disso, a empresa irá bancar uma multa de R$ 300 mil aplicada à representante legal da plataforma, Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição.

Em 11 de setembro, Moraes já havia decidido desbloquear as contas bancárias do X e transferir o dinheiro que estava depositado para contas da União. No entanto, isso não ocorreu. Agora, Moraes determinou que o Banco Central e a CVM informem os motivos do descumprimento da decisão.

Na última sexta-feira (27), Moraes manteve o bloqueio do X no Brasil e condicionou o seu retorno ao pagamento de multas por descumprimento de decisões judiciais.

MAIS EXIGÊNCIAS – Na ocasião, além dos R$ 18 milhões, ele aplicou os outros R$ 10 milhões pela manobra feita pelo X para funcionar no Brasil durante o período de suspensão. Quando a rede social voltou a funcionar, por dois dias, Moraes ordenou que a plataforma suspendesse imediatamente “a utilização de seus novos acessos pelos servidores CDN Cloudfare, Fastly e Edgeuno e outros semelhantes, criados para burlar a decisão judicial de bloqueio da plataforma em território nacional, sob pena de multa diária de R$ 5 milhões”.

Desde a segunda metade de setembro, a rede social tenta retomar suas atividades no país. O X saiu do ar no Brasil no fim de agosto, após a decisão de Moraes que suspendeu as atividades da plataforma após a empresa não indicar um representante legal.

Na semana passada, a plataforma enviou procurações e alterações contratuais que oficializam a advogada Villa Nova como sua representante no Brasil. Ela já havia sido representante do X anteriormente. O X disse ainda que Rachel de Oliveira vai despachar em “escritório físico em endereço conhecido”, onde “poderá receber citações e intimações”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Assim, vai chegando ao final o embate entre Moraes e Elon Musk. Fica faltando apenas o prosseguimento novela com a sequência no Capitólio e na Casa Branca. Comprem mais pipocas. (C.N.)

Sites ilegais de apostas funcionam porque o governo queria aumentar a arrecadação

Mais de 500 bets vão sair do ar nos próximos dias, diz Haddad | CNN Brasil

Haddad deixou 600 Bets funcionarem ilegalmente…

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Estádio do Mineirão, 8 de julho de 2014. Aos 24 minutos do primeiro tempo, Toni Kroos marcou o terceiro gol da Alemanha. Eremildo, o idiota, gritou da arquibancada para que o Brasil atacasse. Depois do desastre, o técnico Felipão teve a humildade de reconhecer que sua equipe sofreu “um apagão”. Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou, com uma gravidade que só os ares de Brasília concedem, que sairão do ar cerca de 500 sites de apostas que funcionam no Brasil sem o devido credenciamento.

Em 2014, todos os jogadores alemães estavam credenciados. Em 2024, os sites ilegais funcionam porque o governo viveu por mais de um ano num esplêndido apagão.

HADDAD PERMITIU – Quando Haddad diz que a Anatel tirará os sites do ar, algum desavisado pode achar que a Anatel já poderia ter feito isso. Quem as deixou no ar foi o Ministério da Fazenda porque, em dezembro de 2023 deu-lhes um prazo até 1º de outubro de 2024 para que regularizassem seus papéis. Prenunciava-se o apagão. (Alemanha 1 x 0).

A única novidade do anúncio de Haddad foi a antecipação do bloqueio. Pois a Fazenda havia estabelecido o limite de 1º de janeiro de 2025. (Alemanha 2 x 0).

A burocracia tem suas astúcias. Criou um Sistema de Gestão de Apostas e deu-lhe uma sigla: Sigap. Em junho passado, o Ministério da Fazenda anunciava que o Sigap era “resultado de trabalho conjunto da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) e da Subsecretaria de Gestão, Tecnologia da Informação e Orçamento (SGTO)”. Tudo bem, mas quem mostrou “as portas do inferno”, nas palavras da doutora Gleisi Hoffmann, foi o Banco Central. (Alemanha 3 x 0).

ARRECADAÇÃO – Os prazos longos para que os sites de apostas regularizassem seus papéis não foram resultado de um apagão. O time estava armado assim porque, com dez meses de prazo, antes de requerer a outorga de uma licença, as empresas poderiam medir o potencial do mercado ou a temperatura do reino de Asmodeu. A sábia ekipekonomika esperava arrecadar até R$ 3,4 bilhões, pois cada licença custaria R$ 30 milhões. Havia cerca de 150 empresas na fila. (Alemanha 4 x 0).

Arrecadado o dinheiro das outorgas, o governo conseguiria algumas dezenas de bilhões taxando os prêmios.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse sobre os efeitos das apostas: “É uma pandemia, guardada a questão da gravidade. Isso precisa ser trabalhado na Saúde”. Precisava, mas até hoje não foi. (Alemanha 5 x 0).

UMA PANDEMIA – A pandemia das apostas guarda várias diferenças com a da Covid. Uma veio de fora, enquanto a outra foi armada em Pindorama. Uma custou bilhões ao governo de Jair Bolsonaro, a outra levaria bilhões para as arcas dos governos de Lula e de seus sucessores. Uma não precisou de publicidade para se propagar, a outra teve campo livre, graças ao silêncio do Sistema de Gestão de Apostas.

A partida de 2014 no Mineirão terminou depois de 90 minutos de jogo. A das apostas continuará e não tem data para terminar. A turma das apostas tem craques para entrar em campo.

O Congresso pode legalizar o jogo do bicho, os bingos e os cassinos. Cada um deles dará ao governo o que ele quer: arrecadação. Olhando-se apenas para o primeiro tempo dessa partida, pode-se antever o que vem pela frente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGDetalhe importantíssimo: sites ilegais não pagam impostos. Só aumentariam a arrecadação quando estivessem legalizados. (C.N.)

Israel começa invasão terrestre contra o Hezbollah no Líbano

Israel invade Líbano em busca do Hezbollah e nova guerra se inicia

Pedro do Coutto

A guerra no Oriente Médio vinha se desenrolando, até agora, por meio de ataques mútuos entre Israel e o Hezbollah. De ataques ao Líbano a atentados na Faixa de Gaza, a tensão se agravava, desde outubro do ano passado, com episódios sucessivos de ações contra hospitais e em importantes centro urbanos, como Beirute. Ontem, porém, uma nova página da guerra começou a ser escrita. As tropas de Israel e do Hezbollah começaram a travar o primeiro confronto direto.

Segundo informações do Exército israelense, o confronto aconteceu no sul do Líbano. Por lá, os soldados israelenses fizeram incursões por terra desde a tarde de segunda-feira.  Até o momento em que escrevo esse artigo, não havia informações sobre mortos ou feridos no confronto direto, mas o Exército israelense comunicou que “há um combate intenso” no sul libanês. Os militares de Israel também informaram a realização de um novo bombardeio em Beirute, capital do Líbano.

ATAQUES – A invasão israelense ao Líbano já era esperada. Desde que os ataques a pagers no país tomaram o noticiário, nas últimas semanas, o agravamento indicava que as tropas de Netanyahu avançaram sobre o território dominado pelo Hezbollah. Outro ponto da guerra diz respeito à morte do chefe do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, no último sábado, após um ataque nos subúrbios do sul de Beirute e que fez o grupo reafirmar que continuaria a batalha com Israel. Agora, em meio à invasão ao território libanês, Israel determinou que os residentes de mais de 20 cidades no sul do Líbano saíssem imediatamente das suas casas.

O Exército israelense também anunciou nesta terça ter mobilizado mais quatro brigadas reservistas para serem destacadas no norte do país. “Isso nos permitirá continuar as atividades operacionais contra a organização terrorista Hezbollah e alcançar objetivos operacionais, acima de tudo o retorno seguro dos habitantes do norte de Israel às suas casas”, disse o Exército em comunicado.

Com a invasão terrestre do Líbano pelas forças de Israel, agravou-se a crise no Oriente Médio, inclusive com a perspectiva da entrada do Irã, que financia o Hezebolah.  Israel não tem linha de recuo e ainda não sabe o que o Irã fará diante da ameaça. Mais uma vez, o terror da guerra sem limites ameaça a vida de milhares de pessoas e a paz mundial.

Esconder o amor perdido é uma piedosa mentira, dizia Del Picchia

Menotti del PicchiaPaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, tabelião, advogado, político, romancista, cronista, pintor, ensaísta e poeta paulista Paulo Menotti Del Picchia (1892-1988) revela o seu total conhecimento sobre o amor e o sofrimento que acarreta. São coisas  nem a “Piedosa Mentira” pode esconder.

PIEDOSA MENTIRA
Menotti De Picchia

Ontem na tarde loura e de aquarela,
alguém me perguntou: “Como vai ela?
Como vai teu amor?” – Eu respondi:
“Não sei. Uma mulher passou na minha vida,
mas não lembro…”. E nessa hora comovida,
como nunca lembrava-me de ti!

E menti por pudor… A mágoa que alvoroça
nosso peito é tão santa, tão pura, tão nossa
que se esconde aos demais.
E se uma voz indaga contristada:
“Estás sofrendo?” – “Não, não tenho nada…”
E é quando a gente sofre mais…

Escândalo das Bets mostra que o governo não existe, é apenas uma “peça de ficção”

Lula sanciona lei que regulamenta apostas esportivas | Geral

Há Bets que funcionam sem autorização. Você sabia?

Carlos Newton

O Brasil não sabe o que é um presidente de verdade desde o mineiríssimo Itamar Franco, que nem mineiro era, pois nasceu em mar alto, quando sua família viajava de navio para o Rio de Janeiro, de onde seguiria para Juiz de Fora. Seu nome diz tudo: o navio era da frota Ita e o mar estava ali mesmo – Itamar, um político formado em Engenharia, com experiência direta no Executivo e no Legislativo, equilibrado e conciliador, como todo bom político mineiro. Ficou apenas dois anos no poder, mas deixou saudades.

Seu governo era chamado de República de Juiz de Fora, porque o chefe da Casa Civil também era de lá, Henrique Hargreaves, seu amigo de infância. E nomeou mais alguns mineiros, como o ministro da Justiça, Maurício Corrêa. Assim, mineiramente, colocou este país em ordem.

MÃOS LIMPAS – Itamar era um político de mãos limpas, implacável contra a corrupção. Quando a imprensa ensaiou uma acusação contra o ministro Hargreaves, demitiu-o imediatamente. Disse-lhe que saísse, provasse a inocência e voltaria ao cargo, com direito a tapete vermelho. E foi o que aconteceu.

Este país jamais pode esquecer isso, porque agora estamos na fase justamente oposta, de perdoar e descondenar os corruptos que confessaram terem desviado recursos públicos.

Reina a esculhambação nos três Poderes da República, que nos perdoe o conde de Montesquieu. Basta conferir o tal escândalo das Bets.

“INCLINADO” – Nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o presidente Lula da Silva está “inclinado” a decidir pelo bloqueio do cartão do Bolsa Família para pagamento de apostas on-line.

“Inclinado”?…. Ora, todos já pensavam que uma canetada iria bloquear imediatamente o Bolsa Família, mas agora sabemos que o presidente ainda está apenas “inclinado”.

E o ministro acrescenta que Lula ainda vai discutir também a questão da dependência psicológica dos apostadores. O quê? Dependência psicológica? Parece que o presidente nem percebe que se trata de dependência alimentar, vejam a que ponto caímos.

TIRAR DO AR? – Assim, o ministro da Fazenda se desnuda e mostra que também é um idiota completo, pois anuncia a divulgação da lista com as bets autorizadas a funcionar no país, dizendo que os sites que não pediram autorização vão começar a ser retirados do ar em dez dias, para que os apostadores tenham tempo de sacar os recursos que ainda estejam vinculados às suas contas.

Quer dizer que havia Bets funcionando sem autorização e o governo não fazia nada, absolutamente nada? Tudo errado. Além disso, o ministro da Fazenda revela que ainda vai discutir com os bancos como restringir demais meios de pagamento, como o Pix.

Em tradução simultânea, pode-se dizer, sem medo de errar, que a regulamentação das Bets, feita pelo governo Lula através de Medida Provisória, foi uma grande falácia, uma tremenda conversa fiada, com tudo preparado para as Bets lucrarem bilhões, estivessem ou não autorizadas a funcionar, e o resto não tem pressa.

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P.S. –
Se voltasse por aqui apenas para dar uma olhada, Itamar Franco ficaria horrorizado. Certamente ele repetiria um famoso político mineiro que nasceu no Piauí, Francelino Pereira, perguntando: “Que país é esse?”. E nenhum de nós poderia responder, porque ninguém sabe ao certo. (C.N.)

Governos são cada vez mais pesados e incompetentes, diz The Economist

2023: O ANO-OSTENTAÇÃO COM DINHEIRO PÚBLICO | JORNAL DA BESTA FUBANA

Charge do Schmock (Revista Oeste)

Deu na The Economist

É possível sentir que os governos não são tão competentes quanto já foram um dia. Ao entrar na Casa Branca em 2021, o presidente Joe Biden prometeu revitalizar a infraestrutura americana. Na verdade, os gastos com estradas e ferrovias diminuíram. Um plano para expandir o acesso à internet banda larga rápida para americanos em zonas rurais até agora não ajudou absolutamente ninguém. O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido consome cada vez mais dinheiro e oferece um cuidado cada vez pior.

A Alemanha desativou suas últimas três usinas nucleares no ano passado, apesar das incertezas sobre fornecimento de energia. Os trens do país, que uma vez foram fonte de orgulho nacional, agora frequentemente atrasam.

GASTANÇA – Você também pode ter notado que os governos estão maiores do que já foram. Enquanto em 1960 os gastos estatais pelo mundo desenvolvido eram equivalentes a 30% do PIB, agora estão acima de 40%. Em alguns países, o crescimento do poder econômico do Estado tem sido ainda mais dramático. Desde meados dos anos 1990, os gastos governamentais do Reino Unido subiram seis pontos porcentuais do PIB, enquanto os da Coreia do Sul aumentaram dez pontos. Tudo isso levanta um paradoxo: se os governos são tão grandes, por que são tão ineficazes?

A resposta é que eles se tornaram o que pode ser chamado de “Leviatãs Pesadões”. Nas últimas décadas, os governos supervisionaram uma enorme expansão nos gastos com direitos. Como não houve um aumento correspondente nos impostos, a redistribuição está deslocando gastos em outras funções do governo. Isso, por sua vez, está prejudicando a qualidade dos serviços públicos e das burocracias.

DESENCANTO – O fenômeno pode ajudar a explicar por que as pessoas pelo mundo desenvolvido têm tão pouca fé nos políticos. Isso também pode ajudar a explicar por que o crescimento econômico pelo mundo desenvolvido é fraco pelos padrões históricos.

Os Estados Unidos, que tem alguns dos melhores dados fiscais, mostra como um governo se tornou um “Leviatã Pesadão”. No início dos anos 1950, os gastos estatais com serviços públicos, incluindo tudo, desde pagar salários de professores a construir hospitais, equivaliam a 25% do PIB do país. Ao mesmo tempo, os gastos com direitos, definidos de forma ampla, eram um pequeno item, com despesas tanto em pensões quanto em outros tipos de assistência social equivalentes a cerca de 3% do PIB.

 Hoje, a situação é bem diferente. Os gastos do governo americano com direitos aumentaram, e os gastos com serviços públicos despencaram. Ambos igualam cerca de 15% do PIB.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Percebam que a The Economist não está sugerindo privatizações. A solução é enxugar os governos, torná-los mais baratos e produtivos, reduzindo os gastos e os penduricalhos. Mas no Brasil isso não vai acontecer. Ao invés de reduzir os custos do governo, o sonho dessa gente é privatizar a Petrobras, como fizeram com a Vale do Rio Doce. É lamentável. (C.N.)

Principal responsável pelo juro alto não é o BC, mas a elevação do gasto federal

Tribuna da Internet | Governo Lula acredita que o grande problema do país é  o povo brasileiro

Charge do Junião (Arquivo Google)

Alexandre Schwartsman
Folha  

O BC voltou a elevar a taxa básica de juros (Selic), e deverá continuar a fazê-lo nos próximos meses, porque vê uma economia mais aquecida do que deveria estar para trazer a inflação para a meta de 3%, dos atuais patamares próximos ao limite superior, 4,5%.

O que deveria parecer natural no contexto de gestão da política de juros, subir quando a inflação está acima da meta e baixar no caso oposto, traz certa perplexidade quando consideramos que, mesmo antes da decisão do Copom, a taxa básica de juros se encontrava em 10,5% ao ano. Deduzida a expectativa de inflação à frente, em torno de 4%, a taxa real de juros seria pouco superior a 6%.

UM ENIGMA – Como é possível que uma economia sobreaqueça com uma taxa real de juros desta magnitude? Em países “normais”, o consumo deveria estar caindo, o investimento não existente e a economia sofrendo uma recessão bíblica.

Aqui, porém, a demanda interna segue firme e forte, graças à expansão do consumo das famílias, responsável por cerca de 80% do aumento da demanda nos últimos dois anos e meio, o restante igualmente dividido entre o consumo do governo e o investimento.

Há dois suspeitos a serem investigados. Um deles é a permanência do crédito direcionado, que, segundo dados do BC, responde por mais de 40% do crédito total, mas, ao contrário do chamado crédito livre, é pouco afetado pela Selic. Isto reduz a potência da política monetária, já que o BC precisa aumentar a Selic mais do que o necessário para compensar o impacto das taxas direcionadas.

GASTO FEDERAL – O outro suspeito, que parece desempenhar papel mais relevante, é o rápido crescimento do gasto federal, em particular as transferências feitas a famílias.

Já corrigidas pela inflação, tais transferências (pensões, aposentadorias, Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada, abono salarial, seguro-desemprego, seguro-defeso) pularam de R$ 1 trilhão no início de 2022 para R$ 1,3 trilhão nos 12 meses terminados em julho deste ano.

Essa situação turbina o consumo, logo, a demanda interna e o PIB, na contramão da taxa de juros, com uma complicação adicional: ao contrário do estímulo temporário à demanda, como ocorreu com o auxílio emergencial durante a pandemia, falamos de gastos permanentes, que não podem ser reduzidos rapidamente em caso de excesso na dose.

O CULPADO – Portanto, a principal responsável pelo juro alto e pela alta dos juros não é a diretoria do BC, apesar da estridência do governo, mas a elevação persistente do gasto federal.

Se quisesse mesmo juro mais baixo, o governo teria que reverter o estado de coisas, proposta que permanece completamente fora de seu radar.

STF nega recursos e mantém bloqueio dos perfis de Monark nas redes sociais

Monark defende o impeachment coletivo do Supremo

Gabriela Boechat
Da CNN

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou dois recursos apresentados pelo influenciador Bruno Aiub, conhecido como Monark, e manteve, por unanimidade, a decisão que bloqueou os perfis nas redes sociais. A defesa de Monark afirmou, nos recursos, que ele teria exercido a garantia constitucional da liberdade de expressão e sofrido censura prévia.

No voto, o ministro Alexandre de Moraes, presidente da Primeira Turma da Corte, afirma que não foram apresentados novos argumentos para reverter a decisão.

DISCURSOS DE ÓDIO – Segundo ele, o bloqueio segue necessário para interromper a propagação de discursos de ódio e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática.

Os perfis do influenciador foram bloqueados em junho de 2023, por decisão de Moraes, no âmbito da investigação sobre os atos do 8 de Janeiro.

O STF considerou que Monark usou os próprios perfis on-line para difundir notícias falsas sobre a Corte e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Após o primeiro bloqueio, Monark criou novas contas nas redes sociais, o que resultou em uma multa de R$ 300 mil e na abertura de um inquérito por descumprimento de decisão judicial.

OUTRAS CONTAS – Um novo bloqueio foi determinado por Moraes em junho deste ano. O ministro considerou que parte das contas não foi bloqueada pelas plataformas e que outra parte não constava na primeira decisão e estariam “sendo utilizadas para prática de ilícitos”.

Foi determinada a exclusão dos perfis nas seguintes plataformas: Instagram, Facebook, X (antigo Twiiter), Rumble, Telegram, TikTok, YouTube e Discord, além de plataformas de streaming de áudio como Deezer e Spotify.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O problema é que, nos Estados Unidos, as postagens de Monark são consideradas “liberdade de expressão”. Ou seja, ele tem de ser processado e julgado por crimes relacionados à liberdade de expressão, enquanto no Brasil ele responde até por terrorismo, vejam a que ponto chegam nossas “interpretações” jurídicas. E assim a Interpol nem se importa com ele, porque tem criminosos de verdade para perseguir. (C.N.)

Ao atacar Israel, o Irã agora corre o risco de enfrentar também os Estados Unidos

Irã ameaça dar 'resposta esmagadora' a Israel, caso país revide contra ataque de mísseis | O Tempo

Irã ataca Israel lançando cerca de 180 mísseis à noite

Igor Gielow
Folha

O violento ataque que despedaçou a cúpula do Hezbollah, a começar pelo homem que tornou o grupo fundamentalista libanês numa potência regional, é uma vitória tática indiscutível para Israel e uma redenção parcial para Binyamin Netanyahu. Há quase um ano, o premiê viu sua política de tentar dividir os palestinos estrangulando a Autoridade Nacional na Cisjordânia e abrindo cofres seus e do Qatar para o Hamas render o mais horrendo ataque a Israel na história.

Agora, pode falar com certa hipérbole, mas não sem motivos, que está conduzindo o Oriente Médio a uma nova configuração. Em vez da reconciliação buscada há 30 anos por Ytzhak Rabin, a paz de Netanyahu é forjada a fogo.

GANHOU PONTOS – O premiê continua sendo uma figura amplamente odiada, em especial por seu fracasso na questão dos reféns. Mas ganhou pontos, não menos por causa da percepção de que o Hezbollah teria de ser confrontado alguma hora.

Isso não torna esses ganhos permanentes, por óbvio. Em termos puramente militares, Israel parece extremamente cauteloso em relação à sua invasão do Líbano. Há motivos históricos para isso, dado que é um filme antigo que se vê nas telas de celular hoje.

Em 1978, Tel Aviv invadiu o sul do Líbano até a o rio Litani para expulsar as forças da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) que de lá operavam ataques contra Israel. Alguém falou Hezbollah? Pois então, o grupo xiita nem era nascido e a questão já estava colocada.

MILÍCIAS CRISTÃS – Bem-sucedido, apesar de reveses como um massacre de represália perto de Tel Aviv, o governo israelense acabou saindo e deixando a segurança na mão de um aliado, o Exército do Sul do Líbano, formado por milícias cristãs que lutavam na guerra civil do país árabe.

O cenário, como se vê, era mais matizado ainda do que agora, mas alguns elementos subsistem. A Unifil, a impotente força da ONU para o sul libanês, foi formada naquele ano para em tese estabilizar a região.

Quatro anos depois, ainda atrás de Yasser Arafat e os seus, Israel atacou novamente, chegando desta vez até Beirute. Entre idas e vindas, ficou 18 anos em solo libanês, vendo nascer no processo o Hezbollah por meio do Irã, que em 1979 virou uma república fundamentalista islâmica e passou a exportar seu modelo.

MODIFICAÇÃO – O grupo, formado em 1982 no vale do Bekaa pelos minoritários xiitas libaneses com a mão do Irã por trás, era um grupo lateral nessa história até a chegada de Hassan Nasrallah ao poder, cortesia do assassinato de seu antecessor por um míssil israelense em 1992.

O fracasso do acordo de retirada israelense em 2000, com o Hezbollah tornando o sul libanês numa base de lançamento de mísseis e foguetes contra Israel, ajudou a formar o quadro atual. No meio do caminho, em 2006, a guerra entre os rivais encerrada em empate levantou a moral dos extremistas.

Com o ataque do Hamas falhando em levar a uma operação frontal no norte pelo Hezbollah, surgiram dúvidas acerca das capacidades e da disposição dos libaneses. O pé no freio, ironicamente, estava em Teerã, que comanda a rede de rivais de Israel e dos EUA na região.

MORTE DO SUCESSOR – Enfraquecida por crises social e econômica, a teocracia viu o sucessor presumido do líder supremo, o presidente Ebrahim Raisi, morrer num estranho acidente de helicóptero em abril.

Isso explica o dilema do Irã, que foi encurralado pela velocidade com que Israel apertou o torniquete no pescoço do seu maior ativo regional.

Ao sair da retórica e voltar a atacar Israel com mísseis na noite desta terça-feira (1º), o Irã agora arrisca-se a ver o peso de Tel Aviv e de Washington combinados contra si — no mínimo, perderiam seu precioso programa nuclear.