Catarina Scortecci
Folha
Autor do atentado em Brasília na noite de quarta-feira (13), Francisco Wanderley Luiz, o “França”, como era conhecido em Rio do Sul (SC), nunca foi engajado ou interessado em política, o que só aconteceu nos últimos anos, a partir da chegada de Jair Bolsonaro (PL) ao Planalto, em 2019.
O relato é da cuidadora Margarete Versino, 57 anos, que se casou com “França” no final da década de 1980. Eles viveram juntos por 17 anos e tiveram dois filhos.
OUTRA PESSOA – “Nunca se envolveu com política. Era outra pessoa. Com o tempo, começou a mudar de atitude. E quando o Bolsonaro perdeu [em 2022], ele enlouqueceu. Acho que foi ali que começou um problema mais forte, sabe?”, afirmou a ex-esposa em entrevista por telefone à Folha na manhã desta sexta-feira (15).
“A gente tentava dizer para ele: França, isso não é normal. Mas não tinha outra conversa. Ele estava indignado com a política. Víamos um fanatismo”, diz.
“Quando a filha [dela e dele] esteve no Brasil, em julho, e passamos o dia juntos, ele expressava bastante indignação com as pessoas presas [em função dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023]. Falava demais. A gente comentou com ele que tinha que mudar. Até falamos de Jesus para ele, minha filha é missionária. Mas, enfim, ele só falava de política”, afirma.
FUGIR DOS PROBLEMAS – Margarete diz que não sabe se França participou dos atos golpistas de 2023 e afirmou que sua mudança para Brasília foi interpretada como uma tentativa de “fugir dos problemas” em Rio do Sul, onde enfrentaria uma separação tumultuada com a segunda companheira, Daiane Dias.
Em depoimento à Polícia Federal nesta quinta (14), Daiane disse que o plano de França era matar o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Mas Margarete disse que a família não acredita nisso.
“A intenção dele não era matar ninguém, como já falaram aí. Tenho certeza que não. Ele era uma pessoa do bem. Fez mal para ele”, afirma Margarete.
ÓTIMO PAI – Segundo ela, França “sempre foi um ótimo pai”. A filha que é missionária tem 37 anos e está morando na Tailândia. O outro filho, de 34 anos, é engenheiro mecânico e tem residência em Itapema (SC). França também tem um enteado, filho de Daiane Dias, que o ajudava no trabalho, no “França Chaveiro”.
“A gente nunca deixou de ser amigo depois da separação. Ficamos alguns anos distantes no início, mas depois a gente se tornou amigos, pelos filhos. Ele sempre frequentou minha casa. E eu nunca saí da família do França. Vou todos os dias na casa da minha sogra, que é uma mãe para mim. E estamos todos em choque”, relata Margarete.
Segundo ela, a mãe de França, de 89 anos, precisou ser levada ao médico duas vezes desde o episódio.
SEPULTAMENTO – A família contratou um advogado para atuar em Brasília, mas ainda aguardava informação sobre a liberação do corpo para o sepultamento.
“É um choque para os filhos terem que aceitar isso, um fim tão trágico para o pai deles, e uma coisa que ele escolheu. A gente acaba se culpando por não ter visto que ele estava tão doente”, lamenta.
“A gente nunca esperava isso dele. Se você for em Rio do Sul inteiro, você só vai ouvir bem dele.”
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – E ainda aparece que diga que é um perigoso terrorista, capaz de explodir os jardins da Babilônia e o caixão de Vladimir Lênin. Sinceramente… (C.N.)
Revolta com as condenações extratosféricas só de peixes pequenos do oito de janeiro, liberando com impunidade os responsáveis, todos nós brasileiros temos.
Mas a ex mulher, distante há tanto tempo, não tem nada a ganhar além da fama momentânea.
A herança dos filhos é que corre perigo com esse falatório sem pudor.
O cara “endoidou”, isso é fato, mas a obsessão por Xandão, vendo a safadeza e a arbitrariedade acontecer diante dos próprios olhos, não pode ser generalizada.
Tudo o que a ação não teve foi objetivo, organização, lógica.
Ninguém em estado normal seria burro o bastante para dar um tiro tão devastador contra o próprio pé e a favor do opressor.
*estratosféricas
O Sr. França é mais uma vítima, da paranóia que a política se tornou.
Apesar das desavenças entre pessoas por vieses políticos, este triste episódio nos mostra muita coisa.
É o mais importante, é que o extremismo não é saudável em nenhum âmbito,
Digo e repito que bolsonaro não tem culpa direta pela morte do Sr. França, mas ele (bolsonaro) tem culpa por mexer demais no psicológico das pessoas. Ele exagerou no tom e tem gente na cadeia por conta disso.
Terminou num suicídio inacreditável, que deve levar os psiquiatras a analizar isto com muita acuidade.
bolsonaro, destampou uma panela onde há de tudo, inclusive de intolerantes ao extremo.
Talvez se o ex presidente tivesse reconhecido a derrota e acalmasse paralelamente os ânimos dos ensandecidos, tudo estaria melhor, inclusive para o próprio bolsonaro.
Ele esticou a corda demais da conta, e nesse ambiente, também há pessoas com certo desequilíbrio emocional que não aguentam tanta pressão e atravessam facilmente a fronteira da sanidade e acabam cometendo barbaridades de todo tipo.
Os baderneiros, como gostam de chamar muitos participantes da TI, também extrapolaram e bolsonaro poderia ter evitado isso
Mas não, continuou com a conversa ensandecida e com viés autoritário, não vou usar a palavra golpista porque muitos dos participantes da TI não gostam desse rótulo.
bolsonaro, foi seguido pelos seus fiéis correligionários, inclusive, muitos não se vacinaram e deu no que deu, vieram a óbito por seguirem seu líder e acreditar piamente que a cloroquina era a salvação, a cura certeira pra uma doença que levou milhares de pessoas a serem um Sr. França, e morreram, por acreditar nas palavras do seu líder, morreram de forma anónima e silenciosa.
Muito triste!
Que tudo isto nos sirva de lição e que aquelas pessoas com uma personalidade mais frágil, reflitam e descubram por elas mesmas, que nenhum político vale absolutamente, nada!
Que nenhum deles vale que cortemos apenas uma unha por eles.
Só sei de uma coisa, o Brasil não precisava estar passando por isto.
Estamos à beira de um colapso e ninguém sabe quais serão as consequências desta desgraça que está nos abatendo.
Enquanto isso: Educação, saúde é segurança, viraram iguarias das castas
E o povo?
O povo, que se exploda!
José Luis