Lula não sabe calcular se perde ou ganha fazendo cortes nas despesas

Tribuna da Internet | Principal responsável pelo juro alto não é o BC, mas  a elevação do gasto federal

Charge do Junião (Arquivo Google)

William Waack
CNN

Como se previa, os efeitos do furacão Trump nos Estados Unidos bateram aqui no hemisfério sul. E deram ao governo Lula a sensação de que tem de fazer alguma coisa do lado das despesas ao cuidar das contas públicas.

Visto apenas pela perspectiva doméstica, já faz bastante tempo que se espera que o governo equilibre as contas cuidando também de reduzir despesas. Na verdade, espera-se desde que o governo começou.

TUDO ERRADO – Na metade do mandato, os cálculos aparentemente não deram certo — e trata-se dos cálculos sobretudo políticos.

A expansão dos gastos sociais não garantiu a popularidade que o governo esperava colher neste momento. E os resultados das eleições municipais indicam dificuldades para as presidenciais de 2026.

No meio disso tudo, vem a vitória de Trump nos Estados Unidos. Que aperta a situação de Lula e não é por conta de ideologia. É a pressão por uma economia brasileira mais protegida da inflação americana, que se espera que suba com Trump. Com dólar mais caro e protecionismo comercial.

LULA NÃO CEDE – Ministros têm se utilizado desse argumento para tentar convencer o presidente da necessidade de corte de despesas. Mas Lula até aqui não parece convencido. E as razões são políticas.

Ele acha que a demanda por reduzir gastos não passa de conspiração de agentes de mercado para tornar seu governo impopular. Continua agarrado ao dogma — sem qualquer pé na realidade — de que gastos sociais não são gastos, são investimentos. E ainda não terminou de calcular se perde mais politicamente fazendo cortes ou não.

O risco está aumentando. E de fazer pouco, muito tarde.

Musk recupera 134 vezes mais do que gastou na campanha de Trump

Elon Musk pode ter cargo no governo dos EUA com reeleição de Donald Trump -  ISTOÉ Independente

Musk entrou no final da campanha eleitoral de Trump

José Roberto de Toledo
do UOL

Raras vezes na história um ser humano ganhou tanto em tão pouco tempo. Elon Musk ficou US$ 16 bilhões mais rico em menos de 24 horas. Foi do fechamento dos mercados ontem e até a abertura da Bolsa nesta quarta-feira (6). Entre um fato e outro, Donald Trump se elegeu presidente. E as ações do kit Trump de ações dispararam.

Entre elas, as da Tesla Inc. foram das que mais se valorizaram: cerca de 15%. O valor de mercado da fabricante de carros elétricos pulou do dia para a noite de cerca de US$ 800 bilhões para US$ 915 bilhões. Os acionistas da Tesla viram o valor da empresa aumentar US$ 115 bilhões, e Musk – o maior deles, com 13% das ações – ficou com US$ 16 bilhões desse ganho.

É SIMBÓLICO – Claro, isso é mais simbólico do que prático. Musk não vai realizar o lucro vendendo o controle acionário da própria empresa. Afora a euforia do mercado com um resultado que afastou qualquer possibilidade de arruaça, pancadaria e crise institucional nos EUA, nada garante que essa valorização da Tesla vá se sustentar ao longo do mandato de Trump.

O presidente eleito fez campanha prometendo sobretaxar produtos chineses e ameaçando uma guerra comercial com a China. A Tesla de Musk depende de fornecedores chineses para suas baterias.

Independente do que vier a acontecer, fato é que Musk comemorou e com razão a vitória de Trump. Afinal, ele investiu nada menos do que US$ 119 milhões na campanha eleitoral do vencedor. E ganhou US$ 16 bilhões com isso. Talvez tenha sido o investimento mais bem-sucedido – no curtíssimo prazo – de sua carreira de empresário: multiplicou por 134 vezes o valor aplicado.

Os reflexos políticos após a vitória de Donald Trump nas eleições americanas

Charge do Jorge Braga (oantagonico.net.br)

Pedro do Coutto

Depois da vitória de Donald Trump, começaram a surgir reflexos políticos internacionais, como no caso da Guerra na Ucrânia, uma vez que o entendimento dele com Putin pode isolar Zelenski, afastando-o do apoio que o seu país vem recebendo do governo de Joe Biden.

Por outro lado, o Brasil também poderá ser afetado com a ausência de Putin na reunião da cúpula do G20 que reunirá chefes de Estado e de governo das principais economias do mundo. O presidente russo anunciou a decisão de não comparecer, após o procurador-geral da Ucrânia pedir às autoridades brasileiras que cumprissem o mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional em março de 2023, caso ele fosse ao evento.

REPERCUSSÃO – Este será um encontro de suma importância, sobretudo no cenário da Amazônia, e cuja repercussão será imensa ao contar com a presença de líderes de grandes países, focalizando temas relevantes que cada um traz consigo em sua bagagem sobre o encaminhamento para solução do problema do meio ambiente. A soma e também a divisão das questões ambientais é algo de relevância para iniciar a busca de soluções para um tema sobre o qual reside a sobrevivência da própria humanidade se não houver uma política ambiental compatível com a sua existência.

Depois da vitória de Trump, a ala bolsonarista começou a se movimentar no sentido de o ex-presidente recuperar os direitos políticos, entre os quais o de poder através de uma lei de anistia candidatar-se novamente. O governo Lula avalia que a vitória de Trump na eleição americana e seu retorno à Casa Branca alimentará a direita brasileira na busca de suas pautas. O país precisará dar uma resposta institucional a essa tentativa como maneira de mostrar que os Três Poderes do Brasil não compactuam com ataques à democracia.

EUFORIA – Há euforia entre figuras de destaque da direita brasileira com o retorno de Trump ao centro do debate mundial, como Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, que chamou a vitória de Trump como “momento histórico” e Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro, perguntou “qual resposta virá das urnas em 2026”, ao se referir à próxima eleição presidencial brasileira.

Integrantes do governo Lula entendem que a direita brasileira vai fazer de tudo para tumultuar a relação de Lula com Trump, mas que essa movimentação “faz parte do jogo”. Governistas dizem que montagem do governo Trump indicará se o americano vai adotar a postura radical prometida em parte da campanha, mas que não haverá grande impacto na relação institucional com o Brasil.

A chuva lava a cidade e molha os olhares que seguiam a poesia

Soneto | Ana Cristina Cesar | Sonoridade LiteráriaPaulo Peres
Poemas & Canções

A professora, tradutora e poeta carioca Ana Cristina Cruz Cesar (1952-1983) é considerada um dos principais nomes da geração mimeógrafo (ou poesia marginal) da década de 1970. O poema “Chove” descreve uma tarde chuvosa e, enquanto a cidade se lava, no coração da poeta passava a chuva dos olhares que a seguiam.

CHOVE
Ana Cristina Cesar

A chuva cai.
Os telhados estão molhados,
Os pingos escorrem pelas vidraças.
O céu está branco,
O tempo está novo.
A cidade lavada.
A tarde entardece,
Sem o ciciar das cigarras,
Sem o jubilar dos pássaros,
Sem o sol, sem o céu.
Chove.
A chuva chove molhada,
No teto dos guarda-chuvas.
Chove.
A chuva chove ligeira,
Nos nossos olhos e molha.
O vento venta ventado,
Nos vidros que se embalançam,
Nas plantas que se desdobram.
Chove nas praias desertas,
Chove no mar que está cinza,
Chove no asfalto negro,
Chove nos corações.
Chove em cada alma,
Em cada refúgio chove;
E quando me olhaste em mim,
Com os olhos que me seguiam,
Enquanto a chuva caía
No meu coração chovia
A chuva do teu olhar.

Bolsonaro posa como “amigo do rei” e demonstra estar superconfiante

Eufóricos, aliados de Bolsonaro dizem que STF não resistirá a "vento  contra" de Trump e deixará ex-presidente disputar as eleições de 2026

Bolsonaro sonha em reencontrar Donald Trump na América

Bruno Boghossian
Folha

Depois do tropeço nas urnas há algumas semanas, Jair Bolsonaro tentou tirar uma casquinha da vitória de Donald Trump. O brasileiro fez propaganda da relação com o republicano, disse que a eleição americana é um “passo importantíssimo” para sua volta ao poder e especulou: “Tenho certeza de que ele gostaria que eu viesse candidato”.

Bolsonaro não explicou o que Trump ganharia. Talvez o americano tenha interesse num governante que, no passado, esteve tão enamorado que ofereceu aos EUA mais benefícios do que receberia. Também é possível que o republicano queira apenas mais um bajulador. “Fui o último chefe de Estado a reconhecer a vitória do Biden, ele não esquece isso”, orgulha-se o brasileiro.

AVALIAÇÃO – Em entrevista à Folha, Bolsonaro fez uma avaliação ambiciosa do impacto da eleição americana sobre sua situação particular.

Deu voz à campanha que conecta a vitória do republicano à reversão de sua inelegibilidade e sugeriu que Alexandre de Moraes deveria liberá-lo para ir à posse de Trump: “Ele vai falar ‘não’ para o cara mais poderoso do mundo?”.

A mensagem tem poucas chances de ressoar no STF, mas o ex-presidente também está interessado em deixar um recado dentro da direita. Nas tensões internas desse campo, Bolsonaro recorre à pose de “amigo do rei” para tentar impressionar colegas e exibir prestígio num momento de questionamentos à sua liderança.

SUPERCONFIANTE – Bolsonaro precisa parecer um político influente e competitivo para que a direita (que inclui o centrão no Congresso) não se acostume com sua saída de cena e trabalhe para reabilitá-lo. Ostentar uma relação direta com o presidente americano passa por aí. Além disso, a vitória de um Trump praticamente sem freios abastece a ideia de que é possível eleger um radical novamente, reduzindo a urgência de fabricação de uma versão moderada.

Exagerando na confiança sobre o retorno às urnas, Bolsonaro chegou a citar a possibilidade de formar uma chapa com Michel Temer.

O emedebista negou os rumores (“achei esquisitíssimo”), disse que a eleição de Trump não muda nada e ainda afirmou que Moraes acertou ao condenar os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. 

Lula vira comentarista da própria gestão no campeonato de cortes

 

O ex-presidente Lula e o cantor e compositor Chico Buarque… | Flickr

Lula pretende  jogar, treinar o time e até fazer os comentários

Josias de Souza
Do UOL

Lula precisa decidir qual é o seu lugar no estádio em que é disputado o campeonato do ajuste fiscal. Pode ficar na tribuna de honra dando palpites e provocando os jogadores. Também pode escolher o time de sua preferência, vestir a camisa e descer ao gramado para disputar a bola. O que não pode é fazer as duas coisas.

Numa conversa com a Rede TV!, Lula se contrapôs à ideia de colocar nas costas do brasileiro pobre todo o peso do ajuste nas contas nacionais. “Não podemos mais jogar, toda vez que é preciso cortar alguma coisa, em cima do ombro das pessoas mais necessitadas”, declarou.

AS DÚVIDAS – Lula perguntou: “O Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores?” Borrifou na atmosfera uma segunda interrogação: “Os empresários que vivem de subsídio do governo vão aceitar abrir mão de um pouco para a gente poder equilibrar a economia brasileira?”

Por enquanto, a tesoura do governo roça o bolso do pobre: abono salarial, seguro desemprego, pensões do BPC, saúde e educação. As dúvidas de Lula são pertinentes. Emendas parlamentares custam R$ 50 bilhões por ano. Mimos tributários a empresários somam mais de R$ 500 bilhões anuais.

O problema é que o Brasil não elegeu Lula para lançar dúvidas em entrevistas. A maioria do eleitorado o escolheu para apresentar soluções. Privilégios de parlamentares e empresários, uma vez obtidos, viram religião no Brasil. Caberia ao Planalto incluir as castas no jogo do ajuste. Do contrário, Lula vira comentarista do seu próprio governo.

Musk e sobrinho de Kennedy devem assumir cargos no governo Trump

Who is Susie Wiles, Donald Trump's new White House chief of staff? - 6abc  Philadelphia

Suzie Wiles será a chefe do Gabinete de Donald Trump

Deu no R7

Ao vivo de Washington, o correspondente José Luiz Filho comentou, nesta sexta-feira (8), sobre os primeiros movimentos de Donald Trump após ser eleito presidente dos Estados Unidos. Segundo José Luiz Filho, Trump já começa a pensar em nomes para compor seu governo a partir de janeiro de 2025 e procura aliados de campanha para assumir os cargos.

Apoiadores como o empresário Elon Musk e o candidato independente Robert F. Kennedy Jr., que desistiu de sua campanha para declarar apoio ao republicano, são dois dos nomes cogitados para integrar o gabinete de Trump.

CHEFE DE GABINETE – Até o momento, Trump anunciou Susie Wiles, sua gerente de campanha, como chefe de gabinete — cargo semelhante ao de Ministro da Casa Civil. Susie é a primeira mulher a assumir este cargo nos Estados Unidos.

Paulo Velasco, professor de política internacional da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), disse no programa Conexão Record News desta sexta-feira (8) que a escolha de Wiles já era esperada, e que a tendência é que Trump se cerque de “pessoas confiáveis” nesse novo governo.

“Susie Wiles é um desses nomes. Ela teve um papel crucial na vitória eleitoral dele em 2016 e ajudou a blindá-lo, de certa forma, após o episódio do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021”, explicou Velasco.

ESTRATEGISTA – “Além disso, nesta campanha, ela foi fundamental como uma das principais estrategistas. Podemos atribuir em parte a ela a vitória esmagadora de Trump”, assinalou.

Quanto à possibilidade de o presidente Trump, após tomar posse, decidir perdoar os envolvidos no ataque ao Capitólio, isso significará o fortalecimento da impunidade nos EUA, podendo provocar grave crise político-institucional, diz o especialista.

Por fim, destacou que a vitória ampla de Trump deixa evidente a imprecisão das pesquisas eleitorais nos EUA.

Piada do Ano! Lula confirma que aceitará ser candidato em 2026

Lula diz que “justiça divina“ julgará ministros do STF que atuaram contra ele | CNN Brasil

Lula deu entrevista à CNN e confirmou candidatura em 2026

Caio Spechoto
Broadcast

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista à CNN dos Estados Unidos que poderá disputar a reeleição em 2026 contra um candidato de extrema direita, mas que espera não ser necessário. Ele afirmou que essa deve ser uma decisão dos partidos que o apoiam.

“Se chegar na hora [em 2026] e os partidos entenderem que não tem outro candidato para enfrentar uma pessoa de extrema direita, que seja negacionista, que não acredite na medicina, que não acredite na ciência, obviamente eu estarei pronto para enfrentar. Mas eu espero que não seja necessário. Espero que a gente tenha outros candidatos e que a gente possa fazer uma grande renovação política no País e no mundo”, declarou ele.

COM TRUMP – Lula também afirmou que ele e o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, precisam ter uma convivência “civilizada”. Segundo ele, divergências entre chefes de Estado são superadas pelos interesses de Estado.

Além disso, o petista defendeu a taxação dos super-ricos. Lula afirmou esperar que o bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter) trate os países com respeito.

E também criticou Israel por seus ataques ao território palestino depois dos atentados do Hamas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Está fechada a equação para 2026. Se a direita apresentar um candidato forte, e a esquerda não tiver outro nome, Lula e Janja “aceitam” concorrer. Como a direita tem dois fortes candidatos (Bolsonaro e Tarcísio), Lula e Janja “aceitam” duplamente. E a vaga mais disputada será de vice de Lula. Uma brigalhada mais dura do que o Ultimate Fighter, e o neosocialista Geraldo Alckmin, que já esperou tanto, estará proibido de concorrer. (C.N.)

Trump inspira direita e acende alertas no governo Lula

Como fez com Bolsonaro, | Metrópoles

Congresso impõe pautas e vende caro seu apoio a Lula

Caio Sartori e Renata Agostini
Folha

Guardadas as peculiaridades de cada país, a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos deu recados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, provável candidato à reeleição em 2026, e animou a extrema direita brasileira, que demonstrou euforia com o triunfo trumpista.

No cerne do alerta a Lula está a necessidade de melhorar a percepção das pessoas sobre a economia, que não acompanha o bom desempenho do governo em indicadores macroeconômicos — assim como ocorreu com a gestão Joe Biden, da qual a derrotada Kamala Harris era vice.

MUITOS COMPONENTES – Em outra frente, especialistas ouvidos pelo Globo acreditam que “não é só a economia, estúpido”, para parafrasear a célebre máxima do estrategista democrata James Carville. Na eleição dos EUA, entraram em cena componentes como migração e aborto.

O caso americano ilustraria, segundo essa visão, uma mudança no comportamento do eleitorado no mundo todo, com novos temas em jogo e convicções mais consolidadas. Lula, então, até poderia melhorar a avaliação entre os que hoje consideram o governo regular, mas dificilmente vai conquistar quem o avalia como negativo.

No campo econômico, criou-se nos Estados Unidos o termo “vibecession” para se referir ao descompasso entre os indicadores e o que a população de fato sente no dia a dia.

EFEITO PANDEMIA – O neologismo junta as palavras “vibe” e “recessão” para indicar que o país estaria em clima de crise econômica, apesar de os números dizerem o contrário. Trata-se sobretudo de um reflexo da pandemia, período em que a inflação disparou — e é sentida até hoje, a despeito de ter estabilizado.

— Os preços estabilizaram, mas lá em cima — observa o cientista político e sociólogo Antonio Lavareda, especialista em pesquisas eleitorais. — Tem que ver o filme completo: houve um aumento de preços lá atrás, a maior inflação de 50 anos (nos EUA), e hoje os preços não crescem, mas também não caem. E a renda não acompanha, apesar do índice de desemprego baixo.

A pressão sobre os preços já vem sendo utilizada pela oposição para atacar o governo Lula. O preço da picanha — em alusão a uma frase do presidente durante a campanha — é constantemente motivo de embates entre bolsonaristas e esquerda nas redes. Na quarta-feira, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) avaliou que a economia será decisiva em 2026, sobretudo inflação e poder de compra.

EXEMPLO DE SARNEY – Analistas como Lavareda costumam colocar a inflação, ou o preço dos produtos de maneira geral, como o componente econômico mais decisivo para o voto. Um exemplo no Brasil, diz, é o do governo José Sarney. Com o país enfrentando a chaga da hiperinflação, que fez do emedebista um presidente impopular, ninguém se lembra do crescimento médio do PIB de mais de 4% ao ano naquele período.

A disputa presidencial americana teria sido um embate entre o “sim” e o “não” para a continuidade de um governo, assim como tende a ser a brasileira em 2026. Lavareda, no entanto, coloca Lula em situação menos problemática que a de Biden. Nas pesquisas, o petista chega a ter mais avaliação positiva do que negativa, ao contrário do americano.

CENÁRIO APERTADO — Mas não está confortável, claro. Continua um cenário apertado no cálculo de aprovação versus desaprovação. Isso porque a eleição de 2022 não terminou. As redes sociais, hoje, fazem as campanhas não terminarem — pondera.

Assim como Biden, Lula não vê a percepção econômica melhorar, mesmo com PIB surpreendendo, inflação controlada e desemprego baixo. Em setembro, cresceu na pesquisa Quaest o percentual dos que acham que a economia vai piorar nos próximos 12 meses: 41%, contra 33% que acreditam que haverá melhora.

— O nível de desemprego está muito menor, mas o nível de salários está mais baixo. A inflação está sob controle, mas a inflação dos pobres, do feijão, do arroz, da carne, subiu. Não adianta fazer o discurso de números se as pessoas não acham que a vida está melhorando — diz o jornalista Thomas Traumann, ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social. — Afinal, ninguém come PIB.

Trump eleva tensão na Europa, mas deixa Israel e a Rússia “exultantes”

Donald Trump durante evento de campanha em Nova York em 27 de outubro

Trump silencia e ninguém sabe o que ele realmente vai fazer

Deu no Estadão

Os aliados dos EUA, que haviam sinalizado preferências pela continuidade, mostraram-se resignados, com os líderes europeus dizendo que estavam prontos para trabalhar com Trump. As autoridades russas pareciam satisfeitas com a notícia de uma vitória de Trump, enquanto o presidente da Ucrânia foi um dos primeiros a parabenizar o presidente eleito e manifestou sua esperança de que o apoio dos EUA à Ucrânia em sua guerra contra a Rússia continuasse. A China, por sua vez, não revelou muita coisa.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, estava claramente ansioso pelo apoio incondicional de Trump – e pelo fim de sua disputa com o governo Biden sobre as guerras em Gaza e no Líbano.

RÚSSIA FESTEJA – As autoridades russas tentaram fingir indiferença antes das eleições nos EUA, mesmo com acusações de que o Kremlin dirigiu várias campanhas de desinformação contra Kamala Harris. Mas na manhã de quarta-feira, muitos deles não conseguiram conter a alegria, saudando as perspectivas de um reinício nas relações entre os EUA e a Rússia e o fim da guerra na Ucrânia – nos termos de Moscou.

“Kamala Harris estava certa quando citou o Salmo 30:5: ‘O choro pode perdurar à noite, mas a alegria vem pela manhã’”, escreveu a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, no Telegram. “Aleluia, eu acrescentaria”.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, foi mais cauteloso, dizendo que o Kremlin estava aguardando “ações concretas” e que não sabia se o presidente Vladimir Putin ligaria para Trump para parabenizá-lo. Os Estados Unidos, acrescentou, “são um país hostil que, direta e indiretamente, está envolvido em uma guerra contra nosso Estado”.

TRUMP E PUTIN – Trump sempre falou com admiração de Putin, até ficando ao lado do presidente russo em vez de suas próprias agências de inteligência na questão da interferência da Rússia na eleição de 2016. E criticou a assistência dos EUA à Ucrânia, dando esperança ao establishment russo de que, sob a presidência de Trump, a Rússia conseguiria chegar a um acordo em seus termos.

Leonid Slutski, chefe do comitê de relações exteriores do parlamento russo, disse que a vitória de Trump poderia levar ao colapso do governo do presidente ucraniano Volodmir Zelenski e ao fim da ajuda ocidental à Ucrânia.

“A julgar pela retórica pré-eleitoral”, disse ele, ‘a equipe republicana não vai enviar cada vez mais dinheiro do contribuinte americano para a fornalha da guerra por procuração contra a Rússia’.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
De repente, aumentam as esperanças de um posicionamento favorável a um cessar-fogo na Ucrânia, mas Trump não pretende trabalhar em nada por um cessar-fogo no Oriente Médio. O mundo continua em ritmo de guerra e paz, sem novidades no front ocidental. (C.N.)

Com superpoderes, Trump vive ‘profecia’ e testará a democracia americana

Donald Trump se convierte por segunda vez en presidente

Trump é um ameaça ou mais um presidente fora da validade?

Jamil Chade
do UOL

Quando Donald Trump assumir o poder em 2025, ele retornará à Casa Branca não apenas com um mandato reforçado por uma ampla vitória do voto popular. Mas também com o controle do Senado americano e, possivelmente, com uma maioria na Câmara de Deputados.

Sua presidência, portanto, testará a própria democracia e a capacidade das instituições de barrar uma concentração de poder que ameace o Estado de direito e a república. Não por acaso, em seu discurso reconhecendo a derrota, Kamala Harris fez um apelo aos americanos a manter a lealdade à constituição americana, e não a um presidente.

INIMIGO DE DENTRO – Acusado de ser um “fascista” por parte dos democratas, Trump alertou que poderia usar as forças armadas contra manifestantes e que lutaria contra o “inimigo de dentro”, num recado a dissidentes americanos.

Trump ainda avisou: colocaria seus inimigos políticos na cadeia e, se necessário, seria um “ditador por um dia”.

Desde a eclosão de seus resultados, na madrugada entre terça-feira e quarta-feira, os analistas políticos dos EUA constatam que, apesar de suas aberrações, Trump mostrou que não foi um ponto fora da curva na eleição de 2016. Alimentado por um sistema de desinformação, ele ganhou agora com um movimento de massa, não com uma campanha de propostas políticas.

DIAS MELHORES – Usou a situação econômica e prometeu dias melhores para milhões de americanos abandonados pelo país. Para a surpresa das alas progressistas, Trump conseguiu atrair uma parcela dos votos de latinos e afro-americanos, tradicionais eleitores dos democratas.

Para o senador Bernie Sanders, não há motivo para que o partido de Harris se surpreenda com o abandono de seu eleitorado da classe trabalhadora. Para ele, foi o partido que se distanciou de sua base. As urnas foram as consequências disso.

Sanders não foi o único a denunciar que o rei estava nu. Sua declaração reabriu o debate nos EUA sobre o papel dos movimentos políticos e sua relação com os trabalhadores. Movimentos sociais e ativistas também trocaram acusações, enquanto a autópsia da derrota era realizada.

UM ALERTA – Nada, porém, é exatamente novo. No final dos anos 90, Richard Rorty constatou que, “os membros de sindicatos e os trabalhadores não qualificados não organizados perceberão, mais cedo ou mais tarde, que o governo não está nem tentando impedir que os salários afundem ou que os empregos sejam exportados”.

“Na mesma época, eles perceberão que os trabalhadores de colarinho branco dos subúrbios – eles próprios desesperadamente temerosos de serem reduzidos – não permitirão que sejam tributados para fornecer benefícios sociais a ninguém mais”, disse, numa referência à obra do escritor Edward Luttwak.

“Nesse momento, algo vai acontecer”, alertou. “

HOMEM FORTE – O eleitorado não suburbano decidirá que o sistema fracassou e começará a procurar um homem forte em quem votar – alguém disposto a garantir que, uma vez eleito, os burocratas presunçosos, os advogados complicados, os vendedores de títulos superpagos e os professores pós-modernistas não estarão mais dando as ordens”, disse.

Ele lembrou como estudos apontavam para o risco de que democracias industrializadas caminhassem para um período semelhante ao de Weimar, no qual os movimentos populistas provavelmente derrubarão governos constitucionais. O fascismo, assim, poderia ser o futuro americano.

As transformações iriam além. Segundo ele, os ganhos obtidos nos últimos quarenta anos pelos americanos negros e pelos homossexuais seriam eliminados. “O desprezo jocoso pelas mulheres voltará à moda. As palavras “nigger” voltarão a ser ouvidas no local de trabalho. Todo o sadismo que a esquerda acadêmica tentou tornar inaceitável para seus alunos voltará com força total”, disse. “Todo o ressentimento que os americanos mal educados sentem por terem suas maneiras ditadas por graduados universitários encontrará uma saída”, sentenciou. Resta saber se a democracia sobreviverá.

Trump empoderado é esperança de Bolsonaro e desafio para Lula

Donald Trump será presidente mais velho a tomar posse nos Estados Unidos.

Trump tem apenas 4 anos de mandato e metas demais para cumprir

Malu Gaspar
O Globo

Na manhã seguinte à vitória de Donald Trump, Brasília amanheceu tensa, mas as reações no governo Lula seguiram uma espécie de protocolo. O primeiro a falar em nome do governo foi o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, batendo na tecla de que, entre o que é dito em campanha e o que se faz no governo, pode haver um largo espaço.

— Após os primeiros resultados, já é um discurso mais moderado que o da campanha — tentou aliviar Haddad.

O assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, foi na mesma toada, evocando a boa relação que Lula mantinha com George W. Bush em seu primeiro mandato e dizendo que o Brasil fará o “possível para ter uma conversa pragmática”. Nas redes sociais, Lula, que na semana passada afirmou torcer por Kamala Harris por ser “muito mais seguro para fortalecer a democracia”, cumprimentou Trump e pediu diálogo.

ESTRAGOS PARA LULA – Nos bastidores, porém, todo mundo sabe que haverá estragos para Lula, tanto na dimensão política como na econômica. Primeiro, porque a agenda de Trump — aumentar tarifas de importação para dificultar a entrada de produtos estrangeiros, cortar impostos e reduzir a entrada de imigrantes ilegais, aumentando o custo da mão de obra — tende a provocar inflação e retardar a queda dos juros por lá.

É uma agenda péssima para o Brasil, que tem pela frente um espinhoso ajuste fiscal para implementar. A tarefa se torna ainda mais complicada quando não se sabe ao certo a extensão do que vem por aí.

No discurso da vitória, Trump fez questão de dizer que as “promessas feitas serão cumpridas”, e o histórico mostra que não convém subestimar sua disposição.

EMPODERADO – Ao longo da campanha, ele deixou bem claro que tiraria de seu caminho todo e qualquer obstáculo, em especial a burocracia que o impediu de fazer estripulias mais drásticas no primeiro mandato.

Sua enorme votação, a conquista do controle da Câmara e do Senado pelos republicanos e a maioria que já tem na Suprema Corte tornaram Trump um presidente superpoderoso. Não há por que supor que ele aliviará logo agora que pode pegar pesado.

Na política brasileira, isso significa injetar um aditivo no estado de ânimo da direita, especialmente no cercadinho de Jair Bolsonaro. No primeiro mandato de Trump, a relação entre os dois foi bem assimétrica. Bolsonaro bancava o fã, e Trump um ídolo distraído — quem não lembra o dia em que ele disse que amava o americano e recebeu de volta um “legal te ver de novo”?

MUSK NA BRIGA – De lá para cá, as derrotas e processos judiciais aproximaram o bolsonarismo do trumpismo. Elon Musk, o dono do X, entrou de sola no cenário político e comprou briga com o Supremo Tribunal Federal, em especial com Alexandre de Moraes, que mandou suprimir postagens de personagens de direita da rede social.

Noutra frente, parlamentares republicanos apresentaram ao Congresso um projeto de lei para barrar a cooperação financeira e jurídica com instituições brasileiras e o financiamento a entidades de combate à desinformação que venham a assessorar a Justiça Eleitoral brasileira, além de um pedido para que o Departamento de Estado cancele o visto americano de Moraes.

 O senador que capitaneou essas iniciativas, Rick Scott, se reelegeu com larga vantagem e tem boas chances de ser líder da maioria.

AMEAÇA A MORAES – Na noite da vitória, estavam todos confraternizando com Eduardo Bolsonaro no jantar que Trump ofereceu a poucos convidados durante a apuração, em seu resort na Flórida.

Bolsonaro acredita que a vitória de Trump abrirá uma porta para reverter a inelegibilidade e lhe dar fôlego para retomar o espaço que começava a perder na direita depois das derrotas na eleição municipal. Tudo isso depende de variáveis que nem o poderoso Trump será capaz de controlar, mas não dá para negar que seu próximo mandato alterará o rumo da geopolítica mundial.

O que Lula fará a respeito, talvez nem ele saiba. Bolsonaro e seus aliados, estes estão prontos para surfar essa onda até 2026, provocando ainda mais instabilidade num cenário que já não é de calmaria.

Vitória de Trump protege blogueiros bolsonaristas que Moraes persegue

Allan dos Santos vira motorista de app e provoca Moraes

Allan dos Santos vira motorista de app e provoca Moraes

Teo Cury
CNN

Vitória de Trump pode dificultar cooperação jurídica internacional com Brasil. Processos com componente político envolvido devem ser afetados; mas o impacto não deve ser significativo na maioria dos casos – considerados técnicos e menos sensíveis

A avaliação de procuradores e integrantes do governo que atuam na área é de que, em casos específicos, nos quais há componente político envolvido, a tendência é que a cooperação seja mais difícil. O impacto, no entanto, não deve ser significativo em casos considerados técnicos e menos sensíveis.

ALLAN DOS SANTOS – Um dos casos de repercussão lembrados é o de Allan dos Santos. O blogueiro está foragido da Justiça brasileira e vive nos Estados Unidos desde 2021.

Fontes ouvidas pela CNN avaliam que na relação entre países com governos ideologicamente contrários há impacto maior em casos com teor político. Processos como esses tendem a ser colocados “na geladeira”.

Há um pedido de extradição de Allan dos Santos em aberto desde o ano passado, ainda na gestão do democrata Joe Biden. O blogueiro é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por calúnia, injúria, ameaça e organização criminosa.

RESPOSTA DOS EUA – Os Estados Unidos responderam ao Brasil no ano passado que não vão analisar o processo de extradição com base nos crimes de honra: calúnia, injúria e difamação.

O governo Biden informou que esses crimes não estão contemplados no tratado de extradição entre os dois países porque podem ser interpretados como liberdade de expressão.

Um desafio adicional é a interpretação da primeira emenda da constituição americana. O texto impede o Congresso de elaborar leis que restrinjam, entre outras medidas, a liberdade de expressão. O princípio é caro aos norte-americanos e é seguido independentemente do governo.

OUTROS CRIMES – O Ministério da Justiça e Segurança Pública pretende reforçar o pedido de extradição do blogueiro sustentando que ele também é investigado por ameaças contra delegados da Polícia Federal e formação de quadrilha com intenção de atacar autoridades.

A maioria dos pedidos de cooperação jurídica internacional, no entanto, não tem repercussão no noticiário. Justamente por isso, o impacto sobre eles não deve ser significativo.

Procuradores e integrantes do governo ponderam que a cooperação é sempre baseada na reciprocidade de tratamento entre dois países. E que fechar as portas para pedidos de cooperação não é considerada uma opção inteligente.

Trump é risco menor perto de avanço da dívida pública, adverte Meirelles

Henrique Meirelles anuncia que será candidato a senador por Goiás em 2022 |  Política | Valor Econômico

A austeridade de Meirelles é vista como negativa por Lula

Julio Wiziack
Folha

A vitória de Donald Trump nos EUA não preocupa mais do que o ajuste fiscal necessário para conter o avanço da dívida pública brasileira. Para Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda de Michel Temer e ex-presidente do Banco Central no governo Lula (2003-2011), a turbulência no câmbio gerada pelo retorno de Trump não preocupa tanto quanto a projeção do aumento da dívida.

Nos últimos dez anos, a dívida pública saltou de R$ 2,7 trilhões, 53,7% do PIB, para R$ 8 trilhões, o 74,4%. Cálculos da IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado indicam que ela pode romper a barreira de 80% do PIB neste ano.

PROBLEMAS – “O país não vai conseguir conviver com esse déficit sem ter problema econômico lá na frente”, disse Meirelles em entrevista ao Painel S.A.

O ex-ministro da Fazenda considera que haverá barreiras tarifárias erguidas por Trump a importados como forma de reverter a desindustrialização. Nesse processo, acha difícil que o Brasil seja prejudicado.

“No caso da desindustrialização americana, ele quer arrebentar. Isso afeta mais os países da Ásia. O alvo maior dele é a China. Agora, o Brasil exporta preferencialmente commodities. Até que ponto vai querer produzir café nos EUA? Na soja, eles são produtores. Mas o aumento da capacidade de produção lá pode gerar pressão inflacionária. É difícil”, disse.

ALTA DO DÓLAR – Para Meirelles, a valorização do dólar logo após a vitória é esperada e reflete ainda uma aposta de investidores de que será mais seguro investir em títulos dos EUA do que de emergentes, uma situação que tende a se acomodar à medida que seu governo tiver início.

“O dólar subiu contra alguns países e foi só isso. É uma pressão de curto prazo. Temos de ver como isso se acomoda.”

A alta do dólar é um problema menor perto do avanço da dívida pública.

DÍVIDA PÚBLICA – “O problema é a dívida pública continuar subindo com esse tipo de déficit [fiscal]. Vai chegar num momento que ficará insustentável. O primeiro problema, a alta do dólar no curto prazo, coloca uma pressão de percepção de curto prazo, de impacto na inflação, taxa de juros etc. Agora, o mais importante, e tem que resolver, é a trajetória da dívida. O país não vai conseguir conviver com esse déficit sem ter problema econômico lá na frente.”

Para ele, a condução da economia pela equipe de Fernando Haddad (ministro da Fazenda) “não é excepcional, nem ruim”, mas conseguem equilibrar a pressão do PT, de um lado, e, de outro lado, com o que precisa ser feito.

“Não dá. Tem que enfrentar [corte de gastos]. Acho que Haddad e Simone Tebet [ministra do Planejamento] estão certos. Tem que ser logo [o anúncio do pacote].”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enfim, aparece alguém preocupado com a dívida pública. Infelizmente, no Brasil a irresponsabilidade reina, junto com a impunidade e a imunidade. Temos todos os motivos do mundo para sermos pessimistas, e Trump nada tem a ver com isso. (C.N.) 

Com Trump de volta à Casa Branca, o conservadorismo avança

Preste atenção, o mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos, tão mesquinho…

Cartola e Beth Carvalho, parceria fundamental para o samba (Foto: arquivo pessoal)

Beth Carvalho fez a primeira gravação

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor carioca Agenor de Oliveira (1908-1980), mais conhecido como Cartola, considerado por diversos músicos e críticos como o maior sambista da história da música brasileira, ao compor “O Mundo é um Moinho” originou algumas discussões sobre o significado da letra.

Segundo alguns críticos, Cartola teria feito essa música para sua enteada, filha de Dona Zica, que teria o propósito de sair de casa para se prostituir. Ao ouvir os versos escritos pelo mestre, percebe-se o quão plausível pode ser essa versão da lenda. Contudo, há quem defenda que a letra seja mesmo para a enteada, mas motivada por uma decepção amorosa dela.

O samba “O Mundo é um Moinho” foi gravado por Beth Carvalho e depois por Cartola.

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O MUNDO É UM MOINHO
Cartola

Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés

“Analistas” consideram Trump muito pior do que Armagedon e Apocalipse

Um partido desesperadamente corrupto | Exame

Trump em cena, fazendo o papel de presidente na Casa Branca

Carlos Newton

Sinceramente, em quase 60 anos de jornalismo, em exercício diário, posso dizer que jamais se viu nada igual. A vitória de Donald Trump está sendo encarada como se estivéssemos à beira do abismo, para o qual estamos sendo empurrados pelo ex futuro presidente americano, como se ele representasse as forças do mal incorporadas e somadas ao Armagedon e aos quatro cavaleiros do Apocalipse.

É tanto exagero, tanta notícia ruim, que a gente fica até com medo de sair de casa. Mas quando chega na rua, descobre que nada mudou. As crianças saem para ir à escola, os adultos vão trabalhar, os aposentados batem o ponto no boteco para tomar uma gelada, fica até parecendo que nada mudou, e na verdade é justamente isso que espanta, porque nada mudou, mesmo.

PODEM AGUARDAR – Nos jornais da velha imprensa, nos portais e redes sociais, nas rádios e televisões, realmente nada mudou, mas logo irá mudar, porque o assustador Trump vai tomar posse dia 20 de janeiro.

Portanto, esperem mais um pouco que a nova ordem mundial vem por aí, e o maior sinal é Caetano Veloso estar se tornando evangélico, para acompanhar dois de seus filhos já convertidos.

Há outros sinais acontecendo, que precisam estar em linha, como na astrologia. Um deles foi a reeleição dos cinco congressistas americanos que pretendem proibir que o ministro Alexandre de Moraes pise em território norte-americano, igualando-o ao ex-deputado Fernando Gabeira, que até hoje é meio complexado por não conhecer a Disneylândia nem o personagem Pateta.

OUTROS SINAIS – O fato é que a opinião pública aqui no Brasil estará esperando o pior quando Trump tomar posse dia 20 de janeiro, mais bronzeado do que Aristóteles Onassis. Nesse histórico dia, vão surgir outros sinais.

Se Jair Bolsonaro estiver lá, será o significado A; se continuar com o passaporte retido, o significado será B, mas o sábio Olavo de Carvalho não está mais entre nós para destrinchar toda a mensagem.

Outros sinais estarão contidos no pronunciamento de Trump, que o mundo vai parar para ouvir e a imprensa vai fazer um escarcéu danado.

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P.S. –
Quanto a mim, prometo ficar atento aos sinais de que alguma coisa está fora da ordem. Por enquanto, confesso que não estou vendo nada, apenas a posse de um velho cafajeste de 78 anos, já bastante consumido pelo tempo, com uma extraordinária vocação de ator, que não foi aproveitada na hora certa, mas ele seguiu em frente como eterno aprendiz, até se julgar capaz de fazer papel de presidente da república. Ganhou quatro anos de mandato e não fez nada que prestasse, absolutamente nada. Mesmo assim, pediu bis e ganhou mais quatro anos para desenvolver melhor o papel. A única coisa que se sabe é que o único Oscar que pode ganhar é o de Efeitos Especiais, por causa da plataforma de laquê que usa para manter o extravagante topete na posição viagra. (C.N.)

Republicanos que querem barrar ministros do Supremo foram reeleitos

O ministro totalitário

Deputada Maria Salazar perguntou: “É um socialista ou um tolo?”

Sérgio Lima
Poder360

Os cinco congressistas do Partido Republicano dos Estados Unidos que haviam pedido a revogação do visto dos 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) em setembro deste ano foram reeleitos para um novo mandato no legislativo no legislativo norte-americano.

No pedido, endereçado ao secretário de Estado Antony Blinken, Alexandre de Moraes e os demais ministros do STF foram mencionados como “cúmplices de práticas antidemocráticas”.

SEM VISTOS – O projeto de lei apresentado pela deputada norte-americana Maria Salazar tem como proposta barrar a emissão de vistos para os EUA de autoridades que tenham “censurado” norte-americanos.

Os cinco congressistas republicanos que assinaram o pedido de veto do visto dos 11 ministros do STF são: senador Rick Scott (Flórida); deputada Maria Salazar (Flórida); deputado Carlos Giménez (Flórida); deputado Rich McCormick (Georgia); deputado Chris Smith (Nova Jersey).

Os republicanos expressam, no pedido direcionado a Blinken, uma “profunda preocupação quanto à supressão alarmante da liberdade de expressão orquestrada pela Suprema Corte brasileira sob a liderança do ministro Alexandre de Moraes”. Todos os 5 congressistas tiveram reeleição confirmada na eleição de 3ª feira (5.nov.2024).

SEGURANÇA NACIONAL – “É do interesse da segurança nacional dos EUA garantir que qualquer visitante no nosso país não busque ativamente erodir processos ou instituições democráticas. Moraes e seus pares do Supremo Tribunal Federal estão fazendo exatamente isso”, argumentaram os congressistas no projeto.

“Nós, respeitosamente, apelamos para que o senhor [Blinken] negue qualquer aplicação para vistos dos Estados Unidos ou admissão [entrada] nos EUA, incluindo a revogação de qualquer visto existente, no nome do ministro Alexandre de Moraes e de outros integrantes da Suprema Corte do Brasil cúmplices destas práticas antidemocráticas”, diz um trecho do pedido.

O projeto de lei, que leva o nome de “Sem censuradores nas nossas praias”, determina que qualquer estrangeiro que atue como agente de algum governo e que seja considerado responsável por ações que violem a 1ª Emenda da Constituição dos EUA, que estipula a liberdade de expressão, terá a permissão para entrar no país vetada.

SOCIALISTA OU TOLO – Em maio deste ano, a deputada Maria Salazar havia mencionado Alexandre de Moraes durante uma sessão da subcomissão de assuntos exteriores, referenciando-se ao ministro como “tolo“. Ela disse:

“Nós não sabemos se o ministro é um socialista, ou se ele é um tolo, ou se ele é um tolo útil para os socialistas. Mas sabemos que ele está cerceando um dos direitos fundamentais de uma democracia que é a liberdade de expressão”.

Na ocasião, a deputada exibiu aos jornalistas uma foto ampliada de Alexandre de Moraes.

Afinal, por que Lula e Bolsonaro apoiam Alcolumbre para presidência do Senado?

Cursos 'facilitam' mau uso de diárias

Charge do Benett (Folha)

Vicente Limongi Netto

Em março, o presidente Lula da Silva fez questão de se antecipar e anunciou apoio do PT a Davi Alcolumbre para a presidência do Senado. Agora, Jair Bolsonaro e Rodrigo Pacheco embarcam na mesma canoa furada. É a importância constitucional do Senado indo para o ralo da insensatez.  É a qualificação pessoal e profissional do bom político indo para a lata do lixo. É o apoio velado entre cretinos e dissimulados.

Rodrigo Pacheco, com a cara manjada de bebê chorão no carnaval dos Bonecos de Olinda, não engana ninguém.  É um esmerado demagogo, num trio de vestais grávidas. A grandeza política da cadeira outrora ocupada por eminentes figuras como Nelson Carneiro, José Sarney, Humberto Lucena, Jarbas Passarinho, Antônio Carlos Magalhães, Mauro Benevides, tudo indica que novamente será ultrajada pelo torpe, medonho e desqualificado senador pelo Amapá. É o fim da picada.

BATORÉ DE NOVO – O balofo Alcolumbre, vulgo “senador Batoré”, como é conhecido no Amapá, voltará a deslustrar a presidência do Senado e do Congresso. Alcolumbre é inoperante, farsante, incapacitado. Sujeito ruim. Incapaz de gestos de grandeza. A Câmara Alta será vilipendiada. O busto de Rui Barbosa, no plenário, fechou os olhos, envergonhado.

Custo a crer, é inacreditável, que entre 81 senadores não existam nomes melhores para presidir a Casa.  Bolsonaro, por sua vez, deixa claro que o apoio velado ao roliço Davi, objetiva cargos na futura Mesa Diretora da Câmara Alta, para senadores apaniguados do ex-presidente inelegível.

É o fim da picada. Bolsonaro, Pacheco e Alcolumbre seguem a cretina cartilha que depõe contra a saudável e boa política, a descarada e desprezível barganha por cargos e vantagens.

Não foi Trump quem inaugurou, mas ele aprofunda a era das incertezas

Donald Trump, eleito presidente dos Estados Unidos pela segunda vez

Donald Trump, um personagem a ser estudado a fundo

William Waack
Estadão

Uma das imagens mais poderosas que orientou os estrategistas republicanos nas três últimas eleições foi a do voo 93, título de um famoso (para a direita americana) artigo publicado em 2016. “Voo 93″ se refere ao episódio, durante os ataques terroristas do 11 de setembro, no qual os passageiros de um dos voos sequestrados se rebelam contra os terroristas e tentam invadir a cabine.

Os republicanos tinham de tomar o cockpit do avião Estados Unidos ou morrer, pregava a doutrina eleitoral. Pois eles acabam de conseguir exatamente isso. Tomaram o Legislativo, o Executivo e a Suprema Corte já era conservadora antes das últimas eleições. Mas assumiram o comando do voo no meio de uma era das incertezas.

O SONHO ACABOU – A primeira delas é doméstica e tem profundas raízes culturais, daí a gravidade da crise política americana. Trata-se da perda do consenso sobre o que é ser americano, reflexo direto de visões contrárias e irreconciliáveis sobre o que de fato constitui o país.

É esse fenômeno abrangente que explica em boa parte a desconfiança em relação às instituições, ao sistema eleitoral, mídia, políticos, “a Washington” e, especialmente, às elites tecnocráticas, liberais e ideológicas dissociadas do “homem comum”.

A segunda grande incerteza vem de fora e na sua expressão mais simples é o desafio apresentado pela China à potência até aqui hegemônica. Não há diferenças entre republicanos e democratas sobre o fato da China ser considerada uma inimiga, e não apenas uma competidora, nem quanto as ferramentas para “sufocá-la”. Mas não existe uma estratégia “comum”.

HOMEM ERRÁTICO – O voto popular e o colégio eleitoral têm como vencedor a figura de um “homem forte” que construiu em boa medida seu sucesso pregando o desrespeito à regra e ao que se poderia chamar de convencional.

Em seu primeiro mandato, porém, Donald Trump exibiu comportamento errático, mudanças abruptas de julgamento e opiniões, um estilo no mínimo caótico de administração do próprio pessoal e uma profunda desconfiança quanto ao próprio aparato de Estado montado para servi-lo (como os serviços secretos, por exemplo).

Pode-se discutir ad infinitum quanto Trump é responsável ou apenas sintoma do que os acadêmicos passaram a chamar de “políticas do ressentimento cultural”.

FRASE DO CAPITÃO – O fato é que ele soube melhor do que qualquer outro personagem político expressar a raiva frente às elites privilegiadas (à qual sempre pertenceu, aliás), o tal “campo progressista” e seu apego às ideias identitárias, a mídia, aos circuitos da educação superior e até mesmo à indústria do entretenimento e, claro, o governo federal.

Daí a realizar as promessas empenhadas, dentro e fora dos Estados Unidos, é também uma grande incerteza. E já que se trata de tomar o cockpit, paira sobre tudo isso a frase do capitão Sully, quando pousou seu Airbus no Rio Hudson: “Brace for impact”