Pedro do Coutto
Alguma coisa está descoordenada na política financeira do governo, pois não trata-se apenas do aumento do dólar em relação ao real, mas também pelo fato de que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de US$ 24,314 bilhões em dezembro até dia 27, em movimento puxado pela via financeira, conforme informou o Banco Central. Esse movimento negativo é o maior para um único mês da série histórica do BC, iniciada em setembro de 2008 — em plena crise financeira global. O recorde anterior havia sido no último mês de 2019 (com saída de US$ 17,612 bilhões).
Os dados são preliminares. Além do resultado do dia 30 de dezembro, o BC tem até o 5º dia do mês seguinte para contabilizar os fluxos de pequeno valor. Mas os dados finais dificilmente mudarão o quadro. Para se ter uma ideia, o fluxo em dezembro também se compara a anos muito negativos, como 2020, quando teve início a pandemia de Covid-19, em que saída anual foi de US$ 27,923 bilhões — a segunda pior da história, atrás apenas de 2019 (-US$ 44,768 bilhões).
INVESTIMENTO – O fluxo cambial considera tanto o movimento financeiro quanto o comercial, com o saldo de exportações e importações. No caso do segmento financeiro, são contabilizadas operações de investimento direto, no mercado financeiro, remessa de lucros e dividendos e pagamento de juros, por exemplo.
Não se trata apenas da falta de confiança no real, mas também da falta de confiança quanto à presença da moeda americana no Brasil. Caso contrário, não teria ocorrido a evasão do montante citado, mas a sua reaplicação na economia brasileira favorecida com a perda do valor do real. Como podemos interpretar a questão, tivemos a prova da falta de confiança dos empreendedores estrangeiros na aplicação da moeda internacional no Brasil.
De outro lado, reportagem do O Globo revela que, alvo do Supremo Tribunal Federal pela falta de transparência, as emendas Pix tiveram o valor multiplicado por 12 desde 2020, quando o mecanismo passou a ser adotado pelo Congresso. Foram R$ 7,7 bilhões liberados no ano passado, montante que supera em larga escala os R$ 621 milhões da estreia do formato e 10% maior que o de 2023. Parlamentares argumentam que os repasses por meio deste formato têm menos burocracias e, por isso, passaram a ser mais usados.
PREOCUPAÇÃO – Integrantes do governo, por sua vez, veem o crescimento das emendas Pix com preocupação. A avaliação é que, ao possibilitar repasses diretos a municípios e estados, a modalidade aumenta o controle do Legislativo sobre o Orçamento, o que representa um maior desafio para manter a governabilidade. Na prática, é um instrumento a menos que o Palácio do Planalto tem para atrair o apoio de parlamentares para pautas de seu interesse.
O aumento do valor do dólar e a elevação do montante das emendas parlamentares em doze vezes em quatro anos, sinalizam uma descapitalização na moeda estrangeira que circula no país. O estoque de dólares que o Brasil detém é superior a US$ 300 bilhões, resultado do comércio externo que levou a esse superávit, deixando o país numa posição de comodidade em relação à posse da moeda de valor internacional. Porém, pode ser interpretada também como um aviso de que fica nítida uma desconfiança quanto ao êxito da política financeira que está sendo praticada pelo ministro Fernando Haddad.
Caso houvesse uma certeza positiva, não teria havido, como aconteceu, a saída de US$ 24 bilhões no último ano. O fato reflete uma falta de credibilidade no rumo da posição financeira do governo. A saída dos dólares indica que há problemas, sobretudo de confiança nos rumos da política econômica colocados em prática pelo ministro Fernando Haddad.
Não vai demorar muito e o governo vai mostrar o contrário. Basta multiplicar por -1 que o fluxo fica positivo
Desconfiança, ou constatação de barbeiragem alcoólica?
Loola usa a mídia só como auto promoção, se ouvisse os ensinamentos dos jornalistas da causa, já teria deslanchado e colocado Bolsonaro e vários generais na cadeia.
A manchete:
” Nunca antes na história desse país um nordestino pobre que chegou a presidência colocou tantos generais na cadeia como eu.”
Prisão e perda de patente, é o mapa da mina.
Vale a pena me repetir
Em 94 eu tinha que ir a Itália e peguei um Domingo Amigo da TAP e lá em Lisboa, em volta do Mosteiro dos Jerónimos, fui abordado por cambistas querendo comprar reais com dólar, foi um momento de orgulho cívico. Que diferença!
Viva o capitalismo!
Concordo
Contas correntes no negativo? E quando esteve no positivo?