Bela Megale
O Globo
O comandante do Exército, Tomás Paiva, fará uma visita ao general da reserva e ex-ministro de Jair Bolsonaro, Walter Braga Netto, na prisão. Na sua próxima viagem ao Rio de Janeiro, Tomás Paiva pretende ir à 1ª Divisão de Exército, na Vila Militar, onde o Braga Netto está preso há um mês. A data ainda não foi marcada.
Interlocutores do chefe do Exército deixam claro que não será um encontro de solidariedade, mas uma agenda que o general costuma realizar com militares presos.
OBJETIVO – Nessas visitas, o comandante averigua fatores como as instalações onde detentos estão alocados, suas condições de saúde e acesso a advogados.
Tomás Paiva já tinha a praxe de visitar militares presos que estão à disposição da Justiça, o que inclui os detidos preventivamente, ou seja, sem data para sair da cadeia, como é o caso Braga Netto.
Quando estava à frente do Comando Militar do Sudeste, o general já adotava a prática e seguiu com ela ao assumir o mais alto posto do Exército. O comandante também costuma fazer esse tipo de inspeção nos hospitais das Forças Armadas.
SEM PROXIMIDADE – Como informou a coluna, no ano passado, Tomás Paiva também visitou o coronel e ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara, quando ele esteve preso. Câmara é outro dos 37 indiciados no inquérito da tentativa de golpe.
Tomás Paiva e Braga Netto não são próximos. O ex-ministro e ex-candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro chegou a orientar ataques ao hoje comandante do Exército nas redes sociais, como revelou a investigação da Polícia Federal em que o general da reserva também foi indiciado por tentativa de golpe de Estado.
Segundo a PF, cinco dias após a diplomação do presidente Lula, em 17 de dezembro de 2022, Braga Netto orientou o ex-capitão Ailton Barros, expulso do Exército em 2006, a “viralizar” ataques contra Tomás Paiva. O período imediatamente posterior à ordem foi marcado pela intensificação da ofensiva contra o oficial em perfis de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É claro que o comandante Tomás Paiva não vai “inspecionar” as condições da prisão. Ele tem quem faça isso. Em tradução simultânea, o objetivo de sua visita será dizer pessoalmente ao ex-colega de Alto-Comando que o Exército não o abandonou e até já pediu ao presidente Lula da Silva que apoie a anistia a ser votada pelo Congresso, para pacificar o país. General de verdade jamais abandona o colega que ficou para trás, não importa se é criminoso ou não. (C.N.)
Que fim levou o ten Cel traíra. Virou um zumbi.