Popularidade de Lula está desabando, num cenário triplamente adverso

Popularidade de Lula despenca | Charges | O Liberal

Charge do J.Bosco (O Liberal)

José Roberto de Toledo
do UOL

A popularidade de Lula tomou um tombo histórico no meio do seu terceiro mandato. Pesquisa presencial e nacional de uma das melhores casas do ramo identificou perda de cinco pontos da avaliação positiva do presidente neste começo de janeiro em comparação a dezembro.

Mas a sondagem revelou coisas ainda mais doloridas para o presidente. Pelo menos três.

1) GOVERNO RUIM – Os cinco pontos perdidos entre quem aprovava o desempenho de Lula 3 não foram para quem está em cima do muro; isto é, não se somaram a quem acha o governo regular.

Os pontos perdidos engrossaram o lado de quem avalia mal a atual administração. Ou seja, os cinco pontos da ponta de cima foram para a ponta de baixo sem escalas. Contando dobrado, fizeram surgir um saldo negativo inédito de dez pontos.

Resultado: Lula entrou no vermelho, tem mais gente achando seu governo ruim/péssimo do que ótimo/bom. Em 2024, Lula estava no zero a zero. Começou 2025 devendo. Daí os pitos todos dados aos ministros antes, durante e depois da reunião ministerial.

2) SEMPRE DEVENDO – Ter um governo com mais dívidas do que créditos junto à população já seria ruim o suficiente para um presidente, que podia se gabar de ter deixado o cargo com a maior popularidade já registrada por um locatário do Palácio do Planalto (em 2010). Mas a notícia é ainda mais dolorosa para Lula.

Desde que tomou posse como presidente em 2003, é a primeira vez que o saldo de popularidade de Lula fica negativo para além da margem de erro nesses dez anos (não consecutivos) no cargo.

No auge do mensalão, em dezembro de 2005, Lula chegou a ter três pontos a menos de ótimo/bom do que de ruim/péssimo: 29% a 32%, mas a diferença estava dentro da margem de erro. Poderia ser 31% a 30%, considerando dois pontos a mais ou a menos. Era discutível. E foi passageiro.

3) NO CORAÇÃO DO PT – Mas talvez a pior das três notícias reveladas pela pesquisa é que a queda de popularidade do presidente aconteceu no coração do lulismo. Algumas das maiores perdas de aprovação foram entre: os mais pobres; os menos escolarizados e os moradores do Nordeste.

São três dos segmentos da população que mais ajudaram Lula a derrotar Jair Bolsonaro nas urnas em 2022. Pareciam sustentar uma fortaleza inexpugnável. Apareceram trincas nas muralhas.

Perder apoio entre os seus eleitores mais tradicionais e convictos é especialmente grave. São eles que sustentam o presidente na cadeira. É a quem o governante pode recorrer quando a oposição ameaça conspirar com um presidente da Câmara mais afoito. Lula ainda tem três vezes mais apoio do que Dilma Rousseff tinha dez anos atrás. Mas o alarme soou.

POR QUE AGORA? – A pergunta sem responsa da pesquisa é por quê? O maior evento político do período foi o tsunami de fake news sobre taxação do Pix.

Houve tanta repercussão negativa no Instagram, WhatsApp e, depois, nos meios de comunicação, que provocou um atabalhoado recuo do governo em portaria da Receita Federal sobre fiscalização de transações de baixo valor em instituições financeiras até então fora do radar do Leão.

Agora não há dúvida. Há mais brasileiros achando o governo ruim ou péssimo do que bom ou ótimo. Isso é inédito para Lula. É também histórico: ocorre quando Donald Trump toma posse como presidente dos EUA com um discurso mais agressivo e xenofóbico do que nunca, dizendo, entre outras coisas, que não precisa do Brasil.

9 thoughts on “Popularidade de Lula está desabando, num cenário triplamente adverso

  1. Governo Lula com prazo de validade vencido

    Lula descobriu tarde demais que “conversa fiada não enche barriga”, e está agora acuado e desnorteado com os preços exorbitantes de alimentos.

    E não será certamente com discursos infames, como o da ‘picanha’ etc., que se sairá dessa situação.

  2. Mais dessas pesquisas inócuas.
    O brasuca atira no que vê e acerta no que não vê.
    O episódio Pix foi somente o chamariz para a realidade nefasta do país. Enxergaram o tapete, mas só expiam pelas bordas.

  3. Sem esquecer que a queda de popularidade é só isso por que o Bolsa Família é um mecanismo permanente de ‘compra de votos’

    O Bolsa Família, que foi transformado num ‘mecanismo institucionalizado de compra de votos’, conforme Zé Dirceu, é uma marca reconhecida pelo eleitorado como ‘propriedade’ exclusiva de Lula e do PT, e intransferível portanto.

    Tanto que Bolsonaro, mesmo tendo mudado o nome do programa para ‘Auxílio Brasil’ e mais do que triplicado o seu valor médio, de R$ 191,00 para R$ 676,00, além ampliar o número de famílias beneficiárias de 14 milhões para 21,6 milhões, com fins eleitorais, não conseguiu se reeleger com essa ‘jogada’.

    E mais: Com a ‘estratégia’ de fortalecer o programa e ampliar o número de beneficiários, pensando em ganhar a eleição, Bolsonaro acabou ironicamente beneficiando Lula, seu principal concorrente e ‘dono da marca’ Bolsa Família, que se elegeu com a ‘grife’.

    Acorda, Brasil!

  4. Enquanto a popularidade de Lula está desabando, os preços nos supermercados e farmácias estão subindo.

    “It’s the economy, stupid” (É a economia, idiota) é uma pequena variação da frase “The economy, stupid” (A economia, idiota), cunhada em 1992 por James Carville.

  5. Será muito melhor para o pais se a reeleição for abolida de vez, nos 3 níveis de governo. Quem tem memória deve lembrar que ela só foi imposta no governo FHC a preço de 200 mil reais por cabeça. E o denunciante da tramóia foi cassado. Coisas nossas, como a jabuticaba…

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